Rio-2016 – Blog Saída de Rede http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br Reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Tue, 31 Dec 2019 12:02:55 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Alison: “O momento não é meu, mas eu quero muito mais que eles” http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2019/07/24/alison-o-momento-nao-e-meu-mas-eu-quero-muito-mais-que-eles/ http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2019/07/24/alison-o-momento-nao-e-meu-mas-eu-quero-muito-mais-que-eles/#respond Wed, 24 Jul 2019 09:00:49 +0000 http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/?p=17770

Alison: “Se não aguenta o peso do País nas costas, não tem de estar entre os melhores” (Foto: Marcelo Maragni/Red Bull Content Pool)

A exatamente um ano da abertura da Olimpíada de Tóquio, a vaga ainda não está garantida. Com uma parceria formada apenas no mês de março com Álvaro Filho, o campeão olímpico Alison Cerutti sabe que não ostenta mais o favoritismo de antes. A confiança, porém, continua em alta.

“Eu não chego como favorito, mas chego como nome de peso. O momento, agora, não é meu, mas eu quero muito mais do que eles. O que me conforta e me dá tranquilidade é que eu treinei para aquilo já. Eu já estudei para a prova, então, eu sei como chegar lá. Eu quero muito chegar lá. E não tem nada que vai me parar”, comenta o atleta, que, por coincidência, está em Tóquio para mais uma etapa quatro estrelas do Circuito Mundial. “Eu gosto de momentos decisivos. E esse momento da minha carreira é decisivo”, avisa.

O torneio no Japão, aliás, não só é um evento-teste pra Olimpíada como mais um dos que contam pontos para a corrida olímpica brasileira, que definirá as duas duplas representantes do país em Tóquio 2020. Atualmente, ele e Álvaro Filho ocupam a segunda posição na lista, com 3.830 pontos, pouco à frente de André Stein e George, que somam 3.520 – as duas duplas, inclusive, fizeram a final da etapa de Portugal, no último fim de semana, com vitória do time de Alison. A liderança da corrida olímpica é de Evandro e Bruno Schmidt, que tem com 4.640 pontos.

E mais:

– Ouça o Voleicast, podcast de vôlei do Saída de Rede

– Curta o Saída de Rede no Facebook

– Siga-nos no Twitter: @saidaderede

Curiosamente, Bruno foi justamente o parceiro com quem Alison conquistou o ouro olímpico há três anos. Ambos decidiram seguir novos rumos e, neste período, o “Mamute” ainda tentou uma dupla com André Stein. Em âmbito internacional, duplas como os noruegueses Mol/Sorum, os alemães Thole/Wicker e os russos Krasilnikov/Stoyanovskiy são as maiores ameaças.

“Não vai ser fácil. O estresse físico é muito grande. O emocional também. Se você não aguenta pressão, se não aguenta torneios grandes, se não aguenta o peso de um país nas costas, você não tem de estar entre os melhores”, avisa Alison, antes de acrescentar: “Tem de ter humildade para saber que vai recomeçar, para saber que vai ser tudo de novo. Tem de saber o peso de você ser o Alison, dos títulos que você tem… humildade de encarar isso tudo e olhar para frente”.

PROTAGONISTA DE SÉRIE

Quem quiser ficar por dentro do dia a dia de Alison pode acompanhar a série “Se Prepara”, feita por um dos patrocinadores do atleta, a Red Bull. Em vídeos curtos e divertidos, Alison revela suas paixões, como a pelos seus cachorros, as superstições, os rituais, a composição da alimentação e os principais aspectos do treinamento para se manter no auge. Os episódios com Mamute pode ser acessados pelo link https://www.redbull.com/br-pt/videos/se-prepara-acao-alison-cerutti.

O episódio principal, inclusive, pode ser visto abaixo:

]]>
0
Le Roux: “França merecia mais no Mundial e nas Olimpíadas” http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/12/18/le-roux-franca-merecia-mais-no-mundial-e-nas-olimpiadas/ http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/12/18/le-roux-franca-merecia-mais-no-mundial-e-nas-olimpiadas/#respond Tue, 18 Dec 2018 08:00:45 +0000 http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/?p=15366

Le Roux disse ter sido procurado pelo Sada nas finais da Liga das Nações: “Não podia negar” (Foto: Divulgação/Sada Cruzeiro)


(Entrevista concedida a Euclides Bomfim Neto)

Aos 29 anos, o francês Kevin Le Roux tem desfrutado de sua primeira experiência no voleibol brasileiro. Apesar da queda precoce do Sada Cruzeiro no mais recente Campeonato Mundial de clubes e da saudade dos familiares, o central de 2,09m garante estar desfrutando do que o país e, mais precisamente, Minas Gerais podem oferecer. “A vida é muito, muito boa no Brasil”, comenta o atleta, em entrevista exclusiva para o Saída de Rede.

Um dos representantes mais destacados da talentosa geração francesa que também conta com o ponteiro Earvin N’gapeth, o levantador Benjamin Toniutti e o líbero Jenia Grebennikov, Le Roux admite que as eliminações precoces na Olimpíada de 2016, no Europeu de 2017 e no Mundial de 2018 foram decepcionantes, mas não atribui os maus resultados à pressão do favoritismo. “A ausência de bons resultados foi por causa dos erros que cometemos e não por causa de um eventual status de favorita”, assegura o jogador, que lamenta também as lesões que afetaram companheiros de equipe e ele mesmo nestas competições. “Sabemos que poderíamos ter feito melhor e que merecíamos mais ”, afirma. 

Na visão do meio-de-rede, a França preciso seguir em frente e tentar compensar os maus resultados em grandes competições nos próximos anos. Um dos principais rivais, claro, será o Brasil, equipe que, para o jogador, continua com o mesmo poderio mesmo após a troca do técnico Bernardinho por Renan Dal Zotto, há quase dois anos. “Se os brasileiros tiverem vontade de continuar a ter bons resultados –  e eles são capazes disso –, eles o farão, jogarão ao máximo”, avalia o atleta.

Confira a entrevista completa:

Saída de Rede: Qual a sua avaliação do Mundial de clubes?
Kevin Le Roux: Foi uma bela experiencia, mas infelizmente perdemos duas partidas onde nós poderíamos ter um melhor resultado. Fiquei decepcionado

SdR: Quando te convidaram para jogar pelo Sada Cruzeiro? Qual foi a sua primeira reação diante desta proposta?
Le Roux: Foi logo após a final da Liga das Nações, em Lille. Eu fiquei muito feliz. Quem não quer jogar no Brasil? Só tem duas vagas por equipe (o regulamento da Superliga limita a contratação de estrangeiros a dois por equipe) e essas vagas são muito caras. Não podia negar. Fiquei surpreso, mas muito feliz!

SdR : Sua adaptação ao Brasil está sendo boa? Como você foi recebido pelos colegas de equipe?
Le Roux : A adaptação tem sido muito boa. A vida é muito, muito boa no Brasil. Tudo está indo realmente bem. Eu fui muito bem recebido pelos colegas de equipe, fiquei bastante contente.

 

Para o central, foram as lesões e não o favoritismo que pesou contra a França no Mundial e na Olimpíada (Foto: Divulgação/FIVB)

SdR : Tecnicamente falando, o que você acha da Superliga brasileira até o momento?
Le Roux : É um bom campeonato: são cinco ou seis grandes equipes disputando os quatro primeiros lugares. No geral, o campeonato é muito bom. As viagens são tranquilas porque as equipes ficam mais ou menos na mesma região, entre São Paulo, Rio, Belo Horizonte e Paraná. Tudo está indo muito bem.

SdR : Foi difícil de sair da França pela primeira vez para jogar em um país estrangeiro (a primeira experiência de Le Roux fora da França foi em 2013, quando ele defendeu o Piacenza, da Itália. Desde então, ele já passou pela Coreia do Sul, Turquia e Rússia)?
Le Roux : Nunca é fácil. Primeiro, é preciso ter a boa oportunidade para poder ir para o exterior, através de um bom clube e não ir para qualquer país. Nunca é fácil. Por exemplo: agora eu estou no Brasil, mas você sempre sente saudade da namorada, da família, dos amigos… Ainda que eu seja um pouco “mais velho”, é difícil morar sozinho no exterior, ainda que tudo esteja bem no clube e em sua vida cotidiana.

SdR : Em 2007, você chegou a ser contratado pelo Dínamo Moscou, mas a experiência foi curta. Por que ficou tão pouco tempo por lá?
Le Roux : Não fui eu quem foi embora, mas sim fui mandado de volta. Machuquei as costas e eles não ficaram muito contentes em me ver parado. Não queriam que eu parasse de jogar, de forma que não pude descansar e nem me tratar. No final, eles se encheram e me mandaram de volta. Mas valeu pela experiência, ainda que ela tenha sido curta.

SdR : O cotidiano com o grupo da seleção francesa é sempre descontraído nas concentrações ?
Le Roux : Sim, claro. É muito prazeroso de rever todo mundo na temporada de seleções ou em qualquer outra competição. A gente sabe que cada um deu duro em seus respectivos clubes, então é muito legal se reencontrar e ver que o nosso nível evoluiu. É sempre uma festa.

SdR : Quais foram suas maiores alegrias e tristezas na seleção?
Le Roux : As grandes alegrias são várias, como quando ganhamos a Liga Mundial no Brasil pela primeira vez em 2015 e o Europeu logo depois. É uma enorme alegria quando a gente ganha uma grande competição.

Já as tristezas foram ter perdido as Olimpíadas, o Europeu de 2017 e também o Campeonato Mundial. Não traçamos a trajetória que deveríamos ter feito, então, é sempre um pouco decepcionante e, claro, triste.  Eu digo triste, pois sabemos que poderíamos ter feito melhor e que merecíamos mais.

 

Meio-de-rede francês está bem adaptado à nova vida no Brasil (Foto: Agência i7/Divulgação Sada Cruzeiro)


SdR : A França viveu um longo período sem grandes resultados e essa geração da qual você faz parte mudou radicalmente o nível de jogo, colocando o país como favorito em todas as competições que participa. Esse status foi um peso para o grupo?
Le Roux : Todo mundo esperava muito de nós, com certeza, visto que já vínhamos trazendo bons resultados há alguns anos. Mas, pessoalmente, eu não me senti na posição de equipe favorita. Eu fiz meu trabalho intensamente, ao máximo. A ausência de bons resultados foi por causa dos erros que cometemos e não por causa de um eventual status de favorita.

SdR : Esse talentoso grupo foi mal nos últimos Mundiais e Olimpíadas. Na sua opinião, o que faltou nessas competições?
Le Roux : Fomos nós mesmos. Durante as competições, alguns jogadores sofreram lesões, como eu (no Mundial de 2018), por exemplo.  E, quando você não está com a equipe completa, é sempre muito complicado. Infelizmente, a gente não ganhou, mas são coisas que acontecem. Todo atleta acaba falhando em alguma competição. Cabe a nós de continuar a evoluir e seguir em frente.

SdR : O que N’gapeth trouxe de mais importante para a seleção francesa?
Le Roux : Earvin costuma fazer jogadas inesperadas, o que deixa os jogadores adversários malucos. Isso é o melhor que traz para a equipe, além da sua técnica e vigor em quadra.

 

Meio-de-rede sonha com a redenção francesa em Tóquio 2020 (Foto: Divulgação/FIVB)

 

SdR : Como você vê seleção brasileira antes e depois da saída do técnico Bernardinho?
Le Roux: Ele era um ótimo técnico e o Brasil teve muitas conquistas com ele, mas equipe continua a mesma, tirando um ou dois jogadores a mais. Se os jogadores tiverem vontade de continuar a ter bons resultados –  e eles são capazes disso –, eles o farão, jogarão ao máximo. Eu não acho que a mudança de técnico atrapalhe isso.

SdR : Quem era o seu ídolo no início da carreira?
Le Roux : No início da minha carreira, eu gostava muito do Dominique Daquin, um dos maiores centrais franceses e, talvez, até da Europa. Eu até o vi recentemente. Adorava o jogo dele, ele era realmente meu ídolo.

SdR : E hoje em dia, qual jogador você admira?
Le Roux : Para falar a verdade, hoje em dia eu não tenho um ídolo. O momento atual é de total dedicação ao meu vôlei.

Curta o Saída de Rede no Facebook!

Siga-nos no Twitter: @saidaderede

——————————————

(Versão em francês)

Le Roux: “la France méritait de meilleurs résultats pendant la Coupe du monde et les Jeux olympiques”

(Interview accordée à Euclides Bomfim Neto)

À l’âge de 29 ans, le français Kevin le Roux connaît sa première expérience en volley-ball brésilien. Malgré la chute précoce de l’équipe Sada dans le plus récent Championnat du monde des clubs et la nostalgie de la famille, le central de 2,09 m assure profiter de ce que le pays et, plus précisément, Minas Gerais peut offrir. “La vie est très, très bonne au Brésil”, dit l’athlète, dans une interview exclusive pour Saída de Rede.

L’un des représentants les plus éminents de la talentueuse génération française, qui a également le réceptionneur attaquant Earvin n’Gapeth, le passeur Benjamin Toniutti et le libéro Jenia Grebennikov, Le Roux admet que les éliminations précoces dans les Jeux olympiques de 2016, les championnats européens de 2017 et les championnats du monde de 2018 étaient décevantes. Mais il n’attribuait pas les mauvais résultats à la pression du favoritisme. “L’absence de bons résultats a été en raison des erreurs que nous avons faites et non pas à cause d’un statut possible de favori”, assure le joueur, qui regrette également les blessures qui ont affecté les coéquipiers et lui-même dans ces compétitions. “Nous savons que nous aurions pu mieux faire et mériter plus”, dit-il. 

Dans la vision du central, la France doit aller de l’avant et essayer de compenser les mauvais résultats dans les grandes compétitions dans les années à venir. L’un des principaux rivaux, bien sûr, sera le Brésil, une équipe qui, pour le joueur, conserve son statut de favori dans les compétitions, même après le départ de Bernardinho remplacé par Renan Dal Zotto, il y a près de deux ans. “Si les Brésiliens ont envie de continuer à avoir de bons résultats – et ils en sont capables – ils feront le maximum”, évalue l’athlète.

Concernant le championnat du monde des clubs: “Une belle expérience mais malheureusement on a raté deux matchs qui étaient je pense à notre portée. Déçu malgré tout mais c’était une belle expérience”

Consultez l’interview complète:

Saida de Rede: quand vous a –t-on proposer de jouer pour Sada Cruzeiro? Quelle a été votre première réaction à cette proposition?
Kevin Le Roux: C’était juste après la finale de la League des Nations à Lille. J’étais super content. Qui ne veut pas jouer au Brésil ??? Il n’y a que deux places par équipe, les places sont très chères. Je ne pouvais qu’accepter. J’étais surpris mais super content !

SdR: Votre adaptation au Brésil se passe-t-elle bien? Comment avez-vous été reçu par vos coéquipiers ?
Kevin Le Roux: L’adaptation est super bonne. La vie est très très belle au Brésil. En tous cas, là où je suis, ça se passe vraiment très bien. J’ai été très bien accueilli par les coéquipiers, franchement ça fait plaisir.

SdR: Techniquement parlant, que penses-tu de la Super League jusqu’à présent?
Kevin Le Roux: C’est un bon championnat : il y a 5-6 grosses équipes qui se disputent les 4 premières places. Le championnat est très très bon dans l’ensemble. Les voyages sont corrects parce qu’en général toutes les équipes sont plus ou moins dans le même secteur : à São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Paraná pour certains, donc ça se passe super bien.

SdR: Était-il difficile de quitter la France pour la première fois pour jouer à l’étranger?
Kevin Le Roux: Ce n’est jamais simple. Il faut déjà avoir la bonne opportunité pour pouvoir partir à l’étranger, que ce soit un bon club d’une part, que ce ne soit pas n’importe quel pays. Ça n’a jamais été simple, encore maintenant tu vois je suis au Brésil mais tu as toujours le manque de ta copine, de ton entourage, de ta famille, de tes amis. Même si je suis un peu « plus vieux », ce n’est jamais facile de vivre à l’étranger seul, même si tout se passe très bien dans le club et dans la vie de tous les jours.

SdR: Au cours de la saison suivante, vous avez joué pour le Dynamo Moscou, mais l’expérience fut de courte durée. Quelle raison vous a poussé à partir en Russie et pourquoi y être resté si peu de temps ?
Kevin Le Roux: Non ce n’est pas moi qui suis parti, c’est eux qui m’ont renvoyé. Je m’étais blessé au dos donc ils n’étaient pas contents que je sois en arrêt. Ils ne voulaient pas que j’arrête de jouer, donc je n’ai pas pu me reposer, me soigner. Au final, ils en ont eu marre et ils m’ont renvoyé. C’était une expérience comme une autre même si elle a été courte.

SdR: La vie de groupe dans l’équipe de France est-elle toujours une fête avec les rassemblements pour préparer les compétitions ?
Kevin Le Roux: Oui bien sûr, ça fait toujours plaisir de se revoir en équipe de France l’été ou dans n’importe quelles compétitions. Ça fait toujours plaisir vraiment parce qu’on sait qu’on a taffé fort dans nos clubs respectifs et quand on revient pour une saison estivale c’est agréable tu vois de se retrouver, de voir que notre niveau a progressé. C’est toujours une fête.

SdR: Pouvez-vous nous parler des plus grandes joies et chagrins de l’équipe de France?
Kevin Le Roux: Les plus grandes joies, il y en a plein : que ce soit quand on a gagné la World League au Brésil la première fois en 2015 ou les championnats d’Europe juste après. Quand on remporte une grande compétition c’est une grande joie.

Les chagrins c’est d’être passé à côté des Jeux olympiques, des derniers championnats d’Europe en 2017 et de ces championnats du monde aussi. On n’a pas fait le chemin qu’on devait faire, c’est toujours décevant c’est sûr, c’est toujours triste. Je dis triste parce qu’on savait qu’on pouvait mieux faire, qu’on méritait mieux.

SdR: La France connaissait un période importante d’absence de résultats et cette génération à laquelle vous participez a radicalement changé le niveau en la plaçant comme favorite dans toutes les compétitions auxquelles elle participe. Ce statut de favori a-t-il pesé sur le groupe?
Kevin Le Roux: Tout le monde nous attendait, c’est sûr, puisqu’on faisait des résultats depuis quelques années. Après, personnellement, je ne me suis pas mis dans la peau de leader, de favori. J’ai fait mon taf à fond, au maximum. Le manque de résultats c’est des erreurs qu’on a faites et pas la faute d’un éventuel statut de favori.

SdR: Ce groupe talentueux est passé au travers lors de 2 coupes du monde et aux Jeux olympiques. A votre avis, qu’a-t-il manqué lors de ces compétitions ? Le statut de favori aux Jeux de Rio et au championnat du monde a-t-il pesé sur le groupe?
Kevin Le Roux: Non, non ce n’est pas par rapport à notre statut qui a changé, c’est juste nous. Lors des compétitions, il y a eu quelques blessures pour certains, moi y compris, donc quand tu n’as pas tout le collectif c’est toujours compliqué. Malheureusement, on est passé à côté. Ce sont des choses qui arrivent. Tout sportif passe à côté de certaines compétitions. À nous de continuer à avancer, de passer à autre chose.

SdR: Qu’a apporté N’Gapeth à l’équipe de France?
Kevin Le Roux:  Earvin fait souvent des coups qui ne sont pas attendus. C’est ce qui crée l’exploit et qui rend un peu fou les joueurs adverses, c’est ce qu’il amène à l’équipe. Outre sa technique, sa vivacité sur le terrain, c’est surtout ses beaux coups joués.

SdR: Comment vois-tu l’équipe brésilienne avant et après Bernardo?
Kevin Le Roux: C’était un très beau coach, le Brésil a fait de belles choses avec lui. L ’équipe reste la même à part un ou deux joueurs de plus. Si les joueurs ont envie de continuer à faire des résultats, ils en sont capables, ils le feront, ils joueront à fonds. Je ne pense pas que le changement de coach, je n’espère pas, que ça les dérange tant que ça.

SdR: Quel joueur était ton idole au début de ta carrière? Aujourd’hui quel est le joueur que tu apprécies?
Kevin Le Roux: En début de carrière, c’est vrai que j’avais un penchant pour Dominique Daquin, l’un des plus grands centraux de France et peut être même d’Europe. Je l’ai encore vu récemment. J’ai apprécié son volley-ball, c’était vraiment mon idole.

Aujourd’hui, pour être honnête, je n’ai pas d’idole. Là où j’en suis, je me consacre à fond sur mon volley.

]]>
0
“Ganhar do Brasil na 1ª fase do Mundial é crucial”, diz técnico da França http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/02/27/ganhar-do-brasil-na-1a-fase-do-mundial-e-crucial-diz-tecnico-da-franca/ http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/02/27/ganhar-do-brasil-na-1a-fase-do-mundial-e-crucial-diz-tecnico-da-franca/#respond Tue, 27 Feb 2018 09:00:02 +0000 http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/?p=12172

França e Brasil terão confronto importante no dia 13 de setembro, na segunda rodada do Mundial (fotos: FIVB)

No comando da seleção masculina da França desde 2013, o técnico Laurent Tillie formou uma equipe respeitada, dona daquele que para muitos é o voleibol mais bonito da atualidade, mas que ainda se ressente pela irregularidade e que nas principais competições – Jogos Olímpicos e Campeonato Mundial – está devendo. Com dois títulos da extinta Liga Mundial e um europeu, conquistados nas três últimas temporadas, a França quer provar no Mundial 2018 que merece o crédito que tem.

Siga @saidaderede no Twitter
Curta o Saída de Rede no Facebook

Chegar ao sonhado título mundial já soa complicado em razão do torneio longo, desgastante, mas torna-se ainda mais difícil quando o treinador se debruça sobre a tabela, analisando os cruzamentos a partir da segunda fase. A competição será disputada de 9 a 30 de setembro, na Itália e na Bulgária. “Ganhar do Brasil na primeira fase do Mundial é crucial”, afirmou Tillie em entrevista ao Saída de Rede.

Explico a agonia do homem: quem for segundo na chave B (Brasil, França, Canadá, Holanda, Egito e China) cai no grupo mais difícil na segunda fase, aumentando as chances de ir embora mais cedo. Assim, o confronto entre Brasil e França no dia 13 de setembro, em Ruse, na Bulgária, pela segunda rodada da fase inicial, cresce em importância (veja no final do texto).

Ponteiro de destaque na seleção de meados dos anos 1980 ao início dos 1990, Tillie comanda o time desde 2013

Favoritos
Diante da pergunta sobre os principais adversários dos franceses na luta pelo título mundial, Laurent Tillie diz que, analisando os atletas à disposição, vê mais consistência nas seleções dos Estados Unidos, Brasil, Sérvia, Rússia e Itália. Destaca ainda a Polônia, apesar da ausência de bons resultados recentes e das constantes trocas de técnico. “Os poloneses têm bastante potencial, é possível extrair mais dali”, comentou.

Sobre a seleção brasileira, que a França derrotou na final da Liga Mundial 2017, em Curitiba, e para quem, desfalcada, perdeu mais tarde na Copa dos Campeões, ele enfatiza as poucas mudanças em relação ao ciclo olímpico anterior. “O Brasil é como nós, preservou a base, mas tem que encontrar uma nova dinâmica diante das mudanças que vão ocorrendo no vôlei. A equipe ainda gira em torno do Bruno, do Wallace, do Lucarelli e do Lucão. Quero ver como vai ficar quando puder contar com o Leal a partir do ano que vem”.

Tillie abraça N’gapeth: “Na seleção francesa caminhamos juntos”

N’gapeth
A conversa agora é sobre o ponta Earvin N’gapeth, o grande astro da equipe e que chama atenção tanto pelo talento como pelas presepadas extra quadra, seja na seleção ou no clube italiano Modena. Lembramos ao técnico do fiasco francês no Europeu 2017. Vindo do título na edição passada, a França sequer chegou às quartas de final no torneio disputado na Polônia. Nem parecia o time que no mês anterior havia conquistado a Liga Mundial. N’gapeth recuperava-se de uma lesão na região lombar e jogou no sacrifício no Europeu.

Independentemente da presença de outros grandes atletas no time, profissionais das demais equipes diziam nos bastidores que a seleção francesa, quando sob pressão, caía bastante sem o ponteiro. A França havia ficado sem ele a maior parte da fase de classificação da Liga Mundial 2017, mas enfrentou quase sempre equipes B e jamais foi pressionada antes das finais, quando N’gapeth estava de volta. O treinador Laurent Tillie, que no Europeu chegou a agradecer ao jogador por atuar mesmo abaixo das condições ideais, admite a dependência.

“Quando você tem um dos melhores jogadores do mundo, você acaba, de certa forma, sendo dependente dele, claro, porque o time cria vínculos na forma de jogar e ainda existe um aspecto importante que é a liderança. Mas durante o Europeu houve uma grande fadiga mental que minou o time e provocou falta de concentração. Nosso jogo exige muita energia e confiança. Infelizmente, não tivemos força para jogar do nosso jeito, apesar de termos feito diversas mudanças durante o torneio”, explicou o técnico.

Questionado sobre o comportamento de N’gapeth fora das quadras, com envolvimento em vários incidentes, Tillie saiu pela tangente. “Na seleção francesa caminhamos juntos, todos com o mesmo objetivo e sempre trabalhando pelo bem da equipe. Ele é parte desse grupo”.

Brasil venceu a França em partidas decisivas no Mundial 2014 e na Rio 2016

Melhorar o bloqueio
A França surpreendeu o mundo em 2014 com uma defesa cujo desempenho era superior ao dos oponentes. A surpresa se dava especialmente porque seu sistema não contava com tanto apoio assim do bloqueio, considerado pouco efetivo, mesmo defensivamente, pela maioria dos técnicos adversários. Tillie afirma que houve evolução na Liga Mundial 2017, embora ressalte que é preciso melhorar a sincronia. “Temos que cometer menos erros no bloqueio e principalmente ajustar sua relação com o saque e a defesa. Certamente não é o nosso melhor fundamento, temos condições de ser mais fortes nisso”.

Vôlei num estádio de futebol outra vez
Antes do Mundial 2018, as seleções terão a Liga das Nações, nome novo para a velha Liga Mundial. Classificada para as finais como país-sede, a França terá a chance de mais um título numa disputa em um estádio de futebol, de 4 a 8 de julho, na cidade de Lille. Anteriormente crítico a essas experiências da Federação Internacional de Vôlei (FIVB) para promover a modalidade, o agora anfitrião Tillie assumiu uma postura diplomática.

“O resultado esportivo é muito importante, mas também é fundamental promover o nosso esporte e, portanto, o espetáculo é relevante. Devemos tentar fazer o melhor possível, como o Brasil fez em 1983 para enfrentar a União Soviética no Maracanã, como a Polônia na abertura do Mundial 2014 e do Europeu 2017, e como as finais da Liga Mundial em Curitiba no ano passado. O voleibol tem de trabalhar sua imagem e eventos assim ajudam nisso”, avaliou o treinador.

Se a Rússia for terceira em sua chave e o Brasil segundo na dele, os dois times se enfrentam na fase seguinte

OS CAMINHOS PARA BRASILEIROS OU FRANCESES NO MUNDIAL 2018
O segundo colocado na chave do Brasil no Mundial 2018 vai enfrentar na etapa seguinte o primeiro do grupo A, o terceiro do C e o quarto do D. Serão quatro chaves de quatro times nessa fase. Avançam à terceira os líderes e os dois melhores segundos colocados. Veja aqui a fórmula.

É bem provável que nesse grupo estejam Brasil ou França; Itália (apoiada pela torcida); Estados Unidos, Rússia ou Sérvia; e como franco-atirador, possivelmente Finlândia ou Cuba. Imagine uma chave com Brasil, Itália, Sérvia e Finlândia. Lembre-se, somente o primeiro tem vaga garantida na fase seguinte. É para ficar preocupado mesmo.

Se a Itália não for primeira no seu grupo na fase inicial, que tem ainda Argentina, Bélgica e Eslovênia entre os principais adversários, a dificuldade deve diminuir, mas quem quer que supere os anfitriões deve vir animado – e ainda há o terceiro daquela chave que tem americanos, russos e sérvios.

Agora, caso o Brasil seja o primeiro da chave na fase inicial, a vida será mais tranquila na próxima etapa. Vai enfrentar o segundo e o terceiro do grupo A (Itália, Argentina, Bélgica, Eslovênia, Japão e República Dominicana) e o quarto do C (aquele que tem EUA, Rússia e Sérvia, mas cuja quarta posição deve ser decidida entre Austrália, Tunísia e Camarões).

]]>
0
De Cecco cita Ricardinho, William e afirma: “Aprendi com os melhores” http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/02/21/de-cecco-cita-ricardinho-william-e-afirma-aprendi-com-os-melhores/ http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/02/21/de-cecco-cita-ricardinho-william-e-afirma-aprendi-com-os-melhores/#respond Wed, 21 Feb 2018 09:00:54 +0000 http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/?p=12068

Luciano De Cecco: ascensão rápida na seleção e carreira consolidada na liga italiana (foto: FIVB)

O pai, treinador de basquete, sonhava em ver o filho seguir caminho em seu esporte. Desde menino, Luciano De Cecco passava horas num clube em Santa Fé, cidade onde nasceu, 500 quilômetros ao norte de Buenos Aires. O voleibol dividia espaço com o basquete, a ginástica e a natação. A presença paterna o inibia, até que aos 15 anos decidiu: queria mesmo ser jogador de vôlei.

A ascensão foi rápida. Dois meses antes de completar 18 anos já estava na seleção adulta da Argentina e naquela mesma temporada, 2006, disputava o primeiro de três Mundiais. Esteve em duas Olimpíadas, um de seus maiores orgulhos, e já faz algum tempo que ele, um dos astros do time italiano Perugia, é saudado como um dos melhores levantadores do mundo. Acumula prêmios individuais na seleção e no clube, mas mantém o foco no coletivo.

Siga @saidaderede no Twitter
Curta o Saída de Rede no Facebook

Na época de infantojuvenil, chegou a jogar brevemente como central, apesar da pouca altura para a posição. Tentou também a entrada de rede, mas voltou para onde havia começado. O garoto tinha mesmo que ser levantador. Não demorou a ser considerado um virtuose – em um país que havia revelado craques da posição como Waldo Kantor e Javier Weber.

“Eu cresci vendo vídeos do Lloy Ball, tive a chance de jogar contra o Ricardinho, tive o Javier Weber como treinador, fui colega de time e treinei com o William Arjona, então posso dizer que aprendi com os melhores”, afirma De Cecco em entrevista ao Saída de Rede.

Fã de Serginho e Bruno, líbero dos EUA vê Brasil forte em todos os aspectos
Histórias contadas em cliques: os fotógrafos do voleibol

Aos 29 anos, capitão na seleção e no clube, De Cecco ressalta a maturidade. “Aprendi a me adaptar para alterar o meu jogo dependendo dos companheiros que tenho e do que a equipe precisa”, comenta o levantador de 1,94m.

O atleta está na sua nona temporada na Itália, a sétima consecutiva, tendo jogado também na Rússia, além do seu próprio país. No Perugia, onde atua desde 2014 e tem contrato até 2020, brilha numa constelação que inclui ainda nomes como o oposto sérvio Aleksandar Atanasijevic, o ponta/oposto italiano Ivan Zaytsev e o ponta americano Aaron Russell. O levantador já teve propostas para jogar no Brasil, mas não se interessou, sequer quis saber quais eram os clubes.

Confira a entrevista que Luciano De Cecco concedeu ao SdR:

Agachado (camisa 15), aos 18 anos, no Campeonato Mundial 2006 (FIVB)

Saída de Rede – Você começou a jogar pela seleção adulta quando ainda tinha 17 anos. Hoje, perto dos 30, o que mudou em sua maneira de jogar? Como foi seu amadurecimento?
Luciano De Cecco –
Poxa, é muito tempo no vôlei… Passei por muitas coisas boas, outras ruins, mas sempre tive como meta jogar em alto nível. Eu mudei radicalmente minha maneira de jogar, minha forma de pensar não apenas dentro de quadra, mas até fora dela. Tudo isso para ser mais do que um simples levantador e oferecer algo mais aos times em que jogo. O foco é sempre o coletivo.

Saída de Rede – Quem era sua referência na posição quando decidiu que seria levantador? Algum ídolo na Argentina ou no exterior? Há alguém na função atualmente que você admire?
Luciano De Cecco –
Eu cresci vendo vídeos do (americano) Lloy Ball, tive a chance de jogar contra o Ricardinho, tive o Javier Weber como treinador, fui colega de time e treinei com o William Arjona (no Bolívar), então posso dizer que aprendi com os melhores. Cada levantador tem seu estilo, sua marca registrada e isso faz de cada um deles especial.

O levantador comemora o segundo título da Coppa Italia: ganhou o torneio 2013/2014 no Piacenza e a edição 2017/2018 pelo Perugia (foto: Lega Pallavolo Serie A)

Saída de Rede – Como você avalia o seu jogo? O que de melhor tem a oferecer à Albiceleste e ao Perugia? E quais seriam suas principais deficiências?
Luciano De Cecco –
Com as mudanças que tive na minha maneira de atuar ao longo do tempo, aprendi a me adaptar para alterar o meu jogo dependendo dos companheiros que tenho e do que a equipe precisa. Isso me ajudou a me tornar mais forte mentalmente também. Dois fundamentos em que melhorei bastante foram o saque e a defesa. Não sou muito bom no bloqueio, mas também não sou um buraco (risos). Posso melhorar mais nesse aspecto. Agora, deficiências… Tenho que melhorar minhas decisões táticas em determinados momentos da partida.

Saída de Rede – A seleção argentina já mostrou que é capaz de jogar de igual para igual com qualquer equipe do mundo. No Mundial 2014, eliminou os Estados Unidos. Na Rio 2016, foi a primeira do grupo e fez uma excelente partida contra o Brasil nas quartas de final. Em 2017, derrotou o Brasil na Liga Mundial. Embora, em todos esses momentos, não lidasse com a pressão de ser a favorita. Teve também momentos ruins, como na semifinal do Sul-Americano 2017, quando perdeu para uma frágil Venezuela. Como você explica essas oscilações?
Luciano De Cecco –
Todas as equipes vão vivendo situações distintas, momentos que dependem às vezes de pequenos ajustes, além do estado de ânimo dos atletas. A Argentina é uma seleção que para jogar bem precisa de todos os seus jogadores no melhor nível possível, precisa estar muito bem treinada para poder brigar com as principais equipes. Sim, em 2017 fomos de uma vitória sobre os brasileiros na Liga Mundial a uma derrota para os venezuelanos no Sul-Americano. Esse tipo de coisa, essa oscilação pode acontecer naquelas temporadas imediatamente após um ano olímpico, quando as equipes passam por mudanças ou sentem a ausência de um ou outro jogador. Mas mesmo nesses momentos ruins seguimos lutando para que a equipe saia com uma vitória, não esmorecemos.

“Não sou muito bom no bloqueio, mas também não sou um buraco” (FIVB)

Saída de Rede – O que falta para a Argentina avançar à elite mundial? Do que a equipe sente mais falta: um bloqueio mais ofensivo ou um atacante de definição na saída de rede?
Luciano De Cecco –
Olha, vou te dizer que precisamos de mais defesa, embora já sejamos bons nesse fundamento. Nosso bloqueio, embora não seja tão ofensivo, amortece, vai tocando na bola. No ataque nunca fomos fisicamente muito fortes, mas compensamos com bastante técnica. Então eu gostaria de mais defesa, ampliando o tempo dos ralis, nos dando uma chance a mais de marcar.

Saída de Rede – Durante quatro temporadas você esteve acima do peso, sendo alvo constante de comentários por causa disso. De alguma forma isso te afetou?
Luciano De Cecco –
Não, não… Digo isso de verdade. Eu me sentia bem com meu corpo. Obviamente, eu sabia que precisava melhorar meu físico, sou um atleta. Porém, aquilo era reflexo de alguns problemas particulares que tive. Com o tempo e com a ajuda de algumas pessoas, eu consegui mudar e hoje estou em plena forma física.

Com os pais e a irmã no Maracanãzinho durante a Rio 2016 (FIVB)

Saída de Rede – Mesmo tendo há alguns anos vários jogadores de renome, o Perugia ainda não conquistou o scudetto (título da liga italiana). Como o time lida com essa pressão?
Luciano De Cecco –
Ganhamos duas copas (Supercoppa e Coppa Italia) muito importantes esta temporada, somos uma equipe competitiva, estamos prontos para brigar com qualquer um. Eu espero realmente poder conquistar o scudetto ou até mesmo a Champions League algum dia com o Perugia.

Saída de Rede – Quais os momentos mais importantes da sua carreira, nos clubes e na seleção?
Luciano De Cecco –
Até agora, disputar duas Olimpíadas e três Mundiais representando a Argentina foi a melhor coisa que já me aconteceu. Nos clubes, ganhar títulos, disputar finais, o que sempre quis alcançar.

O levantador em ação na liga italiana pelo Perugia (Lega Pallavolo Serie A)

Saída de Rede – Seu contrato com o Perugia vai até 2020 e você tem muito prestígio no mercado italiano. Ainda assim, não cogita atuar depois fora da Itália?
Luciano De Cecco – Sempre estive muito bem desde que vim para a Itália e não tenho planos de sair daqui.

Saída de Rede – Você já recebeu proposta de algum clube brasileiro nos últimos anos?
Luciano De Cecco – Sim, já recebi algumas propostas do Brasil (por meio de agentes), mas nunca cheguei a avaliar.

Saída de Rede – Que clubes brasileiros te fizeram propostas?
Luciano De Cecco Como não tinha intenção de deixar a Itália, nem perguntei que times estavam interessados em mim.

]]>
0
Fim da novela: belga é o novo técnico da Polônia http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/02/07/fim-da-novela-belga-e-o-novo-tecnico-da-polonia/ http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/02/07/fim-da-novela-belga-e-o-novo-tecnico-da-polonia/#respond Wed, 07 Feb 2018 15:30:29 +0000 http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/?p=11762

A seleção polonesa tem tido resultados ruins, como a eliminação precoce no Europeu 2017 (foto: CEV)

Foram quatro meses e meio de muita especulação, flertes que incluíram o técnico do Sada Cruzeiro, Marcelo Mendez, discussões acaloradas nas redes sociais, debates na TV, mas finalmente foi anunciado nesta quarta-feira (7), em Varsóvia, o novo técnico da seleção de vôlei masculino da Polônia: o belga Vital Heynen, 48 anos.

Siga @saidaderede no Twitter
Curta o Saída de Rede no Facebook

O homem que levou uma ajustada equipe alemã ao bronze no Mundial 2014 tem a missão quase impossível de defender o título que a Polônia conquistou naquele torneio. A tarefa será em setembro, no Mundial cuja organização será dividida entre Itália e Bulgária.

Heynen ao ser anunciado como novo técnico da Polônia (PZPS)

Fardo pesado
Esse é apenas um dos fardos que o histriônico Heynen terá que carregar. O contrato dele vai até o final da Olimpíada de Tóquio, em 2020. Ele deverá classificar a Polônia e, se quiser se manter no cargo pelo qual lutou com um lobby pesado, terá de conseguir uma medalha. Nas últimas quatro edições dos Jogos Olímpicos os poloneses foram eliminados nas quartas de final. Sonham em repetir o ouro alcançado há mais de 40 anos, em Montreal 1976, quando o voleibol só despertava interesse no leste europeu, no Japão e em Cuba.

Desde que o argentino Raul Lozano cumpriu um ciclo olímpico inteiro, de 2005 a 2008, culminando nos Jogos de Pequim, nenhum profissional ficou mais do que três temporadas no cargo de técnico da seleção polonesa.

O circo armado para a escolha do segundo treinador neste ciclo culminou numa apresentação dos conceitos propostas pelos três finalistas no final desta manhã, na sede da Federação Polonesa de Vôlei (PZPS). Os outros dois candidatos remanescentes eram poloneses: Piotr Gruska e Andrzej Kowal, sem currículos expressivos.

O treinador orientando a seleção belga durante um pedido de tempo na Liga Mundial 2017 (FIVB)

Histórico
Heynen, além do bronze no último mundial com a Alemanha, havia assumido a seleção belga em 2017 e obteve resultados inéditos: sétimo lugar na finada Liga Mundial e um honroso quarto lugar no Europeu. Treina o clube alemão Friedrichshafen, com o qual manterá o contrato, com o aval da PZPS, que até então exigia exclusividade dos técnicos da seleção. Já havia passado pela liga polonesa, no período 2013-2015, no comando do modesto Luczniczka Bydgoszcz.

Agora vem a lua de mel, que deve durar até algum tropeço na Liga das Nações – nome dado ao retrofit que a Federação Internacional de Vôlei (FIVB) realizou na antiga Liga Mundial.

A Polônia, de Kurek e Bieniek, teve um desempenho ruim na Liga Mundial 2017 (FIVB)

Decadência
O novo treinador vai se deparar com uma equipe em baixa. Depois da conquista do Campeonato Mundial 2014 na condição de anfitriã, a Polônia decaiu – seu melhor resultado foi o bronze na esvaziada Copa do Mundo 2015. Na Rio 2016, por exemplo, o momento mais marcante foi um bate-boca na rede com os iranianos após uma vitória por 3-2. Despediu-se eliminada pelos Estados Unidos em sets diretos. No ano passado, campanhas melancólicas na Liga Mundial e no Europeu – este disputado em casa, sem que chegasse às quartas de final.

O time tenta conseguir um segundo ponteiro que ajude o capitão Michal Kubiak e o líbero Pawel Zatorski a equilibrar a linha de passe. Também procura um oposto confiável – o inconstante Bartosz Kurek voltou para a entrada e Dawid Konarski jamais se firmou.

Outro problema está no levantamento, sem que Fabian Drzyzga ou Grzegorz Lomacz tenham consistência. A mídia polonesa festeja o novato Lukasz Kozub, campeão mundial nas categorias infanto e juvenil. Com apenas 20 anos, falta rodagem ao garoto, que jamais jogou pela seleção adulta, mas ao menos ganha experiência como titular na liga polonesa pelo razoável MKS Bedzin.

Vital Heynen foi técnico das seleções masculinas da Alemanha e da Bélgica (PZPS)

Cobrança
No Mundial 2018, a Polônia caiu no grupo da anfitriã Bulgária, uma seleção que apesar de limitada vem surrando os poloneses seguidamente desde Londres 2012. Ainda na chave, com seis equipes, das quais quatro avançam, está o Irã, time que costuma complicar a vida da Polônia, além de render brigas memoráveis como aquela na Rio 2016. Uma vez que na segunda fase o afunilamento é maior, não será surpresa se os poloneses ficarem por ali, levando em consideração seu histórico recente.

É aguardar para ver se Vital Heynen terá mais competência e sorte do que seu antecessor, o italiano Ferdinando De Giorgi, que chegou ao posto incensado e saiu pela porta dos fundos após apenas nove meses.

A cobrança na Polônia é alta, irreal até para o nível da seleção, que não justifica tamanha expectativa. O francês Stéphane Antiga a levou ao título mundial em 2014, mas caiu dois anos depois, mesmo com a equipe passando por várias mudanças em razão de aposentadorias e lesões. A tolerância da PZPS é baixa. Resta saber se o treinador belga dará conta do recado.

]]>
0
Fã de Serginho e Bruno, líbero dos EUA vê Brasil forte em todos os aspectos http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/01/29/fa-de-serginho-e-bruno-libero-dos-eua-ve-brasil-forte-em-todos-os-aspectos/ http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/01/29/fa-de-serginho-e-bruno-libero-dos-eua-ve-brasil-forte-em-todos-os-aspectos/#respond Mon, 29 Jan 2018 08:00:25 +0000 http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/?p=11580

Erik Shoji está na seleção principal dos Estados Unidos desde 2013 (foto: Daniel Bartel/USA Volleyball)

O voleibol parecia inevitável na vida do americano Erik Shoji. Ele nem lembra quando foi o primeiro contato. Os pais, ambos treinadores, costumam dizer que aos 2 anos Erik e seu irmão Kawika, então com 4, faziam da sala de estar da casa da família em Honolulu, no Havaí (EUA), uma quadra de vôlei.

Não bastasse os pais serem técnicos, a irmã Cobey, dez anos mais velha do que Erik, praticava a modalidade. Havia ainda em torno dele um tio e um primo que eram treinadores. “Desde pequeno, eu vivia no ginásio brincando com uma bola de vôlei. Mas jamais me forçaram a jogar, eu me apaixonei muito cedo por esse esporte. Foi algo natural para mim”, contou o líbero da seleção americana, em entrevista ao Saída de Rede.

Siga @saidaderede no Twitter
Curta o Saída de Rede no Facebook

Fãs dos brasileiros Serginho e Bruno Rezende, Erik Shoji, 28 anos, fez reflexões sobre seu jogo e, mesmo sendo considerado um dos melhores do mundo na posição, demonstrou resignação com a dificuldade que os líberos têm para se colocar no mercado. “Com as regras que limitam a participação dos estrangeiros nas principais ligas, os clubes tendem a priorizar mesmo a contratação de atacantes. Faz sentido”, comentou o atleta, que já jogou na Áustria, na Alemanha, na Rússia e nesta temporada está no Latina, da Itália.

O Brasil, onde tem atuado pela seleção americana a cada ano desde que ascendeu ao time principal em 2013, é um lugar do qual tem boas lembranças. Além da medalha de bronze na Rio 2016, foi em Manaus que ele viveu aquela que chamou de “talvez a experiência mais marcante da minha vida”.

Histórias contadas em cliques: os fotógrafos do voleibol
Celebridades, times mistos e escândalo: o vôlei já chamou a atenção nos EUA

O respeito à seleção campeã olímpica, Shoji demonstra ao falar da equipe, que avaliou como completa. “O Brasil não é o número um do ranking mundial à toa. Os brasileiros são muito bons em todos os fundamentos”. O ataque do oposto Wallace, por exemplo, ele considera “assustador”.

Se o bronze conquistado na Olimpíada do Rio de Janeiro com uma virada sobre a Rússia o enche de orgulho, a derrota na semifinal para a Itália por 2-3 ainda o incomoda. Não é para menos: o time americano estava perto da final, quando o oposto italiano Ivan Zaytsev engatou uma sequência de saques devastadora. “Aquela é uma derrota difícil de superar. Eu poderia ter sugerido alguns ajustes na composição da nossa recepção, na divisão das zonas, mas não fiz. Penso nisso de vez em quando”, lamenta o líbero, que não conseguiu passar os petardos de Zaytsev.

Confira a entrevista que o campeão da Liga Mundial 2014 e da Copa do Mundo 2015 concedeu ao SdR:

Quando criança, no Havaí, Erik (à direita) com o pai e o irmão (Reprodução/Instagram)

Saída de Rede – Seus pais eram treinadores. Você cresceu jogando voleibol?
Erik Shoji –
O voleibol é realmente parte da nossa família. Meus pais, Dave e Mary, eram treinadores. Desde pequeno, eu vivia no ginásio brincando com uma bola de vôlei, assim como meu irmão Kawika e minha irmã Cobey. Tenho um tio e um primo que também são técnicos. Mas jamais me forçaram a jogar, eu me apaixonei muito cedo por esse esporte. Foi algo natural para mim.

Saída de Rede – Quando você começou a treinar regularmente, a posição já existia. Quando é que decidiu ser líbero? Pensou em ter outra função?
Erik Shoji –
Dos 9 aos 18 anos, joguei em todas as posições, exceto central, por motivos óbvios. Adorava atacar. Porém, sempre soube que acabaria sendo um líbero por ser muito baixo. Eu me destaquei cedo, fui líbero nas seleções americanas infantojuvenil e juvenil.

O havaiano Clayton Stanley foi um dos maiores opostos de todos os tempos (FIVB)

Saída de Rede – O estado do Havaí, onde você nasceu e foi criado, é uma fonte constante de jogadores para a seleção. Quais são as principais diferenças do voleibol jogado lá, em estilo e técnica, em comparação com a parte continental dos Estados Unidos?
Erik Shoji –
Esse esporte é definitivamente parte da cultura havaiana. É semelhante ao Brasil, onde as pessoas jogam na praia ou nos parques. O clima é perfeito para o voleibol em qualquer lugar no Havaí. No que diz respeito ao jogo, as crianças havaianas geralmente são um pouco menores do que as do continente. Devido a isso, treinamos mais aspectos como recepção e defesa, e aprendemos a vencer equipes simplesmente fazendo o jogo seguir, apoiados no nosso controle de bola. Isso realmente me ajudou porque eu me tornei um líbero, não sou um jogador alto (tem 1,84m) ou forte. Sempre tive que confiar na minha habilidade e no meu conhecimento para melhorar.

Saída de Rede – Para você, quem foram os maiores jogadores que o Havaí revelou para a seleção americana?
Erik Shoji –
Os atacantes Jon e Clayton Stanley (pai e filho, respectivamente), mais altos e mais fortes do que a média dos jogadores havaianos, e também as levantadoras Robyn Ah Mow-Santos e Lindsey Berg. Todos eles foram aos Jogos Olímpicos, eram grandes atletas e são ótimas pessoas também.

Os EUA foram ouro na Liga Mundial 2014 e na Copa do Mundo 2015, além de bronze na Rio 2016 (FIVB)

Saída de Rede – Você joga na seleção principal dos Estados Unidos desde 2013. Qual foi a sua melhor temporada até agora?
Erik Shoji –
Para ser sincero, não tenho certeza de qual foi meu melhor período. Todos os anos tivemos algumas mudanças. No ano passado, por exemplo, tivemos uma seleção renovada, para que novos atletas ganhassem experiência e fossem avaliados. Cada ano foi diferente, com vários companheiros de equipe e competições distintas. Tudo isso interfere no meu jogo, então fica difícil fazer essa autoavaliação. Agora, se eu levar em consideração o quanto trabalhei, quanto tempo fiquei concentrado com a seleção, 2016 foi o meu melhor ano. E ainda ganhei uma medalha olímpica.

Saída de Rede – A seleção americana esteve muito perto de chegar à final na Rio 2016, quando o oposto italiano Ivan Zaytsev teve aquela sequência no saque no final do quarto set. Sendo um dos responsáveis pela linha de passe, como você analisa a virada italiana? Aquela partida ainda te incomoda?
Erik Shoji –
Aquela é uma derrota difícil de superar. Zaytsev é um jogador fora de série, especialmente quando está sob pressão. Ele reverteu o placar e jogou a pressão sobre nós. Infelizmente, não soubemos lidar com aquilo. Eu poderia ter sugerido alguns ajustes na composição da nossa recepção, na divisão das zonas, mas não fiz. Penso nisso de vez em quando. No entanto, foi incrível como nos recuperamos e, dois dias depois, vencemos a Rússia de virada na disputa da medalha de bronze.

[Nota do SdR: Ivan Zaytsev sacou cinco vezes seguidas para empatar, virar e fechar o quarto set, de 20-22 a 25-22. Os EUA permaneceram com três jogadores na recepção. O técnico John Speraw não alterou a composição. O ponta/oposto Matt Anderson (jogou na saída na Rio 2016), um bom passador, poderia ter ampliado momentaneamente a linha de recepção, diminuindo a área para os demais, aumentando as chances do time receber o serviço naquela sequência. Os dois primeiros saques de Zaytsev foram sobre o ponta Taylor Sander, que não conseguiu passar. Os três últimos foram sobre Shoji, que decidiu cobrir uma área ainda maior do que já teria e também falhou.]

Sequência do italiano Zaytsev no saque na Rio 2016 ainda mexe com Erik Shoji (FIVB)

Saída de Rede – Depois da eliminação na segunda fase do Campeonato Mundial 2014, qual é a sua expectativa para o Mundial 2018? Os EUA vão encarar um grupo forte, com Rússia e Sérvia.
Erik Shoji –
Em 2014, na Polônia, a gente estava a um set de chegar à terceira fase, o top 6. Acabamos perdendo aquele jogo para a Argentina. Vamos para uma medalha este ano, mas vai ser muito difícil. O formato do torneio é complicado porque os pontos da primeira fase são transferidos para a segunda. Nossa chave é bastante difícil, teremos que jogar o nosso melhor para ficar na primeira colocação do grupo.

Saída de Rede – Além da Itália, cujo jogo encaixa com o de vocês e tem sido um obstáculo no caminho dos americanos em vários torneios importantes nesta década, quais são as seleções mais difíceis para a equipe dos EUA?
Erik Shoji –
O Brasil não é o número um do ranking mundial à toa, é um time muito forte, complicado de se enfrentar, com um jogo consistente, com poucos erros. Outra coisa que me impressiona nos brasileiros é que são muito bons em todos os fundamentos. A França exige demais de qualquer adversário, pois é sólida na defesa, tem bastante controle de bola, trabalha bem no contra-ataque. Essas duas seleções são oponentes bem difíceis.

O líbero defende atualmente o Latina, na liga italiana (Lega Pallavolo Serie A)

Saída de Rede – O limite de estrangeiros nas grandes ligas, como a italiana e a brasileira, para citar apenas duas, faz com que os clubes priorizem os atacantes, depois os levantadores, deixando os líberos por último. Embora você seja um dos melhores na posição, nunca jogou em um time de ponta. Quando foi para o russo Lokomotiv Novosibirsk, que havia sido campeão da Champions League três anos antes, a equipe já não tinha o mesmo poderio. Agora joga no italiano Latina, que é um time modesto. Essa situação te aborrece?
Erik Shoji –
É difícil mesmo para um líbero se colocar no mercado, é raro que esteja entre as prioridades quando se pensa em contratar alguém de fora. Com as regras que limitam a participação dos jogadores estrangeiros nas principais ligas, os clubes tendem a priorizar a contratação de atacantes. Faz sentido, é como o mercado funciona. O que eu tenho que fazer é trabalhar para jogar o melhor que posso e continuar a evoluir. Fui muito feliz em cada clube onde joguei, em diversos países, trabalhei muito duro em cada um deles. Eu adoraria jogar no Brasil. A liga é tão forte e os jogadores da seleção brasileira são muito legais, mas sei que o limite de estrangeiros é um fator complicador. Talvez um dia, quem sabe.

Saída de Rede – Treinadores do Brasil e da Europa fizeram, a pedido do blog, algumas observações a seu respeito. Apontaram a leitura do jogo como sua principal habilidade, além do passe muito consistente, assim como a defesa na posição 6. Para eles, suas maiores fraquezas seriam o levantamento e uma certa dificuldade de defender na posição 5. Você concorda com essa avaliação?
Erik Shoji –
Quero saber agora quem são esses técnicos (risos). Eu concordo, sim. Além de treinar muito passe e defesa, me dedico também para levantar melhor, com mais precisão. Agora, defender na paralela pode ser perigoso. Imagina ficar de frente para o Wallace, ele vindo com tudo, fugindo do bloqueio… É assustador (risos).

Shoji levanta para a entrada de rede: ele admite que o fundamento é um de seus pontos fracos (FIVB)

Saída de Rede – Quem te inspirou? Teve um ídolo na posição?
Erik Shoji –
Três líberos me vêm à mente. Os americanos Erik Sullivan e Rich Lambourne, e o melhor libero de sempre, Serginho. Erik e Rich foram mentores para mim na seleção, cresci vendo-os jogar. Eles são ótimos e sempre compartilharam muito conhecimento comigo. O Serginho é simplesmente incrível. Ele faz coisas com as quais só posso sonhar. Sempre foi uma honra jogar contra ele.

Saída de Rede – Quem são os seus jogadores preferidos?
Erik Shoji –
Os meus companheiros de seleção são fantásticos. Além deles, admiro muito o Bruno Rezende e o (argentino) Luciano De Cecco. Ambos fazem coisas incríveis e elevam o nível de jogo de suas equipes. Gosto demais deles porque não são somente grandes levantadores, são muito bons também nos outros fundamentos.

Saída de Rede – E seus líberos favoritos hoje em dia?
Erik Shoji –
O (francês) Jenia Grebennikov e o (polonês) Pawel Zatorski. Eles têm estilos diferentes entre eles, mas os dois são sólidos tanto na recepção quanto na defesa. Alguns dos lances que esses caras já proporcionaram são simplesmente extraordinários.

O líbero americano em ação, fazendo um passe (Getty Images)

Saída de Rede – De todos os treinadores que você teve, quais te influenciaram mais e por quê?
Erik Shoji –
Tenho sorte, todos os treinadores que tive me influenciaram positivamente. Além do meu pai, diria que o meu treinador no ensino médio, Peter Balding, teve uma grande influência sobre mim, lembro disso com clareza. Quando eu tinha 15 anos era muito preguiçoso e não entendia que poderia fazer a diferença no time como um líbero. Ele me incentivou para que eu melhorasse o meu jogo, mas também para que jogasse de forma a me tornar uma influência positiva ao meu redor. Essa energia e entusiasmo que eu demonstro em quadra vêm dos ensinamentos de Balding.

Saída de Rede – Você pensa em se tornar técnico quando encerrar a carreira de jogador? Colocou no ar em novembro passado um site de consultoria de vôlei. Conta como nasceu essa ideia, como tem sido o retorno até agora.
Erik Shoji –
Não sei se vou ser técnico mais tarde. O site Erik Shoji Volleyball Consulting foi criado para atender principalmente jovens. Eu adoro jogar e treinar voleibol, então decidi abrir o site e criar essa consultoria para chegar até os jogadores mais novos e ajudá-los a evoluir. Ofereço três pacotes (valores em dólar). Até agora está indo bem, muita gente tem me enviado e-mails, estou achando ótimo. Atendo atletas do mundo todo, desde que me escrevam em inglês. Enviam vídeos, aí assisto mais de uma vez, avalio detalhadamente e respondo. Faço recomendações sobre formas deles melhorarem o jogo. Pode ser individual ou uma equipe.

Com os pais, Dave e Mary, após uma partida da Liga Mundial 2017 na França (Reprodução/Instagram)

Saída de Rede – Seu pai, Dave, parou de trabalhar em 2017 após 42 anos como treinador no Havaí. Ele ainda exerce muita influência sobre você? A avaliação dele, por ser a de um profissional, te deixa nervoso?
Erik Shoji –
Recentemente, ele e minha mãe estiveram aqui na Europa por cinco semanas e ficaram um tempo comigo e com meu irmão (Kawika, levantador do Monza, na liga italiana). Às vezes meu pai me dá alguns conselhos e eu lido bem com isso. É normal porque ele foi técnico e não consegue deixar de analisar o jogo. Mas agora ele é mais um fã. Ele gosta muito de ver a seleção e até nos ajuda nos treinos, quando tem chance.

Saída de Rede – Além da seleção, você jogou ao lado do seu irmão Kawika (levantador reserva dos EUA) em alguns times. Faz diferença para você a presença dele em quadra?
Erik Shoji –
Jogamos dois anos juntos na Universidade de Stanford, na Califórnia, depois tivemos uma temporada em Berlim (Berlin Recycling), na Alemanha, e outra em Novosibirsk (Lokomotiv Novosibirsk), na Rússia. Amo jogar com o meu irmão. Nós nos conhecemos tão bem dentro e fora da quadra que as coisas fluem naturalmente. Adoro quando estamos juntos numa partida.

Ao lado do levantador Micah Christenson, também havaiano, durante passeio no rio Amazonas (Reprodução/Instagram)

Saída de Rede – Soube que vocês dois sofreram bem mais do que esperavam com o frio de até 45 graus Celsius negativos do inverno siberiano em Novosibirsk. Como foi essa experiência?
Erik Shoji –
Aquele foi definitivamente o lugar mais desafiador em que já vivi, por causa do frio intenso e da neve. Não parava de nevar. O que era aquilo? Somos do Havaí, não estávamos no nosso habitat natural (risos). Mas o clube foi sensacional, nos deu roupas de inverno apropriadas para o clima da Sibéria, ficamos bem aquecidos, isso ajudou muito. A cidade de Novosibirsk (a terceira maior da Rússia) é agradável. Apesar do frio congelante, eu gostei de ter tido aquela experiência.

Saída de Rede – Desde que você chegou à seleção principal dos EUA, veio ao Brasil todos os anos. Houve alguma experiência ou história marcante aqui, além dos Jogos Olímpicos?
Erik Shoji –
Amo jogar no Brasil. Os fãs são incríveis, a atmosfera é fantástica. No ano passado, houve um amistoso em Manaus. Numa manhã de folga, tivemos a oportunidade de fazer um passeio pelo rio Amazonas e comer comida típica. Cara, aquilo foi inesquecível. Talvez a experiência mais marcante da minha vida, considerando todos os lugares em que eu estive. Conhecer o rio Amazonas, um pouco da cultura local… Tudo tão lindo. Eu fiquei muito emocionado. Claro que a Olimpíada no Rio de Janeiro me tocou também, foi outro momento importante da minha vida e que se passou no Brasil. Gosto demais daí.

]]>
0
Zé Roberto diz que Lloyd está pronta: “A ideia é não aguardar muito” http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/01/23/ze-roberto-diz-que-lloyd-esta-pronta-a-ideia-e-nao-aguardar-muito/ http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/01/23/ze-roberto-diz-que-lloyd-esta-pronta-a-ideia-e-nao-aguardar-muito/#respond Tue, 23 Jan 2018 08:00:26 +0000 http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/?p=11501

Carli Lloyd: “Agora meu ombro está igual a antes da cirurgia, como se nada tivesse acontecido” (foto: FIVB)

A levantadora Carli Lloyd, recém-contratada pelo Hinode Barueri, não vê a hora de entrar em quadra. Quatro meses após uma cirurgia para reparar uma lesão no ombro esquerdo, a americana de 28 anos diz que tem plenas condições de voltar a jogar. O técnico José Roberto Guimarães, numa conversa com o Saída de Rede, endossou: “Está pronta e, embora precise de entrosamento, a ideia é não aguardar muito”. No entanto, ele não quis dizer se Lloyd entrará em quadra logo mais, nesta terça-feira (23), às 19h30, quando sua equipe enfrenta, em casa, o Camponesa/Minas, em partida antecipada da décima rodada do returno. “Ela é muito inteligente, capta as coisas com rapidez”, completou.

Siga @saidaderede no Twitter
Curta o Saída de Rede no Facebook

O Barueri ocupa a sexta posição na Superliga 2017/2018, com oito vitórias em 15 jogos, totalizando 24 pontos. Se o returno terminasse com a classificação atual da tabela, o time do treinador tricampeão olímpico enfrentaria nos playoffs o Vôlei Nestlé, terceiro colocado – a equipe de Osasco vive boa fase, acabou de conquistar a Copa Brasil com vitórias convincentes sobre o Dentil/Praia Clube e o Sesc-RJ, respectivamente líder e vice-líder da Superliga. A expectativa de Zé Roberto antes da competição era chegar às semifinais. Encarar o Vôlei Nestlé nos playoffs tornaria esse objetivo mais complicado.

Zé Roberto quer levar sua equipe pelo menos às semifinais da Superliga (William Lucas/Inovafoto/CBV)

Mais ritmo
Lloyd é a atual titular da seleção dos Estados Unidos. Bronze na Rio 2016 como reserva de Alisha Glass, que deu um tempo na carreira para ser mãe, veio para tentar ajudar a dar mais ritmo ao Hinode Barueri. É a quarta levantadora da equipe na temporada – sem contar a juvenil Jackeline Moreno, 18 anos, da base do clube e que treina também no adulto, pois o técnico vê muito potencial na atleta e acredita que ela deve despontar nos próximos anos.

O time teria apenas Naiane e Ana Cristina, mas a primeira, que seria titular, sofreu uma lesão no joelho. Com as finais do Campeonato Paulista em disputa e a Superliga prestes a começar, Zé Roberto decidiu contratar Francine, que estava no Rio do Sul, equipe desfeita às vésperas do campeonato nacional. Como a recuperação de Naiane está levando mais tempo do que o esperado, o treinador optou pela contratação de Lloyd, pensando nos playoffs. Naiane, convocada para a seleção em 2017, era uma das grandes apostas de Zé Roberto para a temporada, mas a lesão no joelho da jogadora atrapalhou os planos do técnico.

Lloyd dias após a cirurgia, recuperando-se nos EUA (Reprodução/Instagram)

Apreensão
“Foi minha primeira cirurgia na carreira, então fiquei muito ansiosa para saber o que aconteceria, mas correu tudo bem. A comissão técnica da seleção americana me ajudou demais, todos tiveram muita paciência comigo. Tive quatro meses para me recuperar e voltar gradualmente. Agora meu ombro está igual a antes da cirurgia, como se nada tivesse acontecido e eu apenas tivesse tido um tempo maior de férias”, contou Lloyd ao SdR.

A levantadora sofreu a lesão num choque durante uma defesa, na estreia dos EUA na Copa dos Campeões 2017 contra a China, no dia 5 de setembro. Tinha pré-contrato com o Fenerbahçe, da Turquia, onde jogaria ao lado da ponta brasileira Natália. Tendo que se submeter a uma cirurgia, não pôde cumprir o acordo com o clube turco.

Carli Lloyd foi contratada na segunda-feira da semana passada e chegou a Barueri na quinta-feira, fazendo seu primeiro treino no dia seguinte. Desde então, tem treinado normalmente, sem se queixar de dores.

Ela foi eleita a melhor levantadora da edição 2015/2016 da Liga dos Campeões, quando se sagrou campeã europeia com o Pomì Casalmaggiore. O clube italiano, que faz campanha ruim na liga nacional, tentou recontratar a jogadora, mas ela optou pelo Hinode Barueri. A levantadora será a terceira da última campanha olímpica dos Estados Unidos a atuar na Superliga: Alisha Glass jogou no Vôlei Futuro (2010/2011) e Courtney Thompson, no então Rexona Ades (2015/2016).

]]>
0
Agora é oficial: Carli Lloyd assina com Hinode Barueri http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/01/15/agora-e-oficial-carli-lloyd-assina-com-hinode-barueri/ http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/01/15/agora-e-oficial-carli-lloyd-assina-com-hinode-barueri/#respond Mon, 15 Jan 2018 13:26:23 +0000 http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/?p=11410

Bronze no Rio, Lloyd vai atuar na Superliga (foto: FIVB)

A novela – que nem era novela – chegou rapidamente ao fim. A levantadora norte-americana Carli Lloyd vai defender o Hinode Barueri. Como informou o técnico José Roberto Guimarães ao Saída de Rede, o contrato foi assinado nesta segunda-feira e vai até o fim da temporada. A jogadora, de 28 anos de idade, tinha pré-contrato com o Fenerbahçe, onde jogaria ao lado de Natália. No entanto, por causa de uma lesão no ombro, nem chegou a entrar em quadra na Turquia, está parada desde setembro.

Siga o @saidaderede no Twitter
Curta a página do Saida de Rede no Facebook

Medalhista de bronze na Rio 2016, Lloyd foi eleita a melhor levantadora da edição 2015/2016 da Liga dos Campeões feminina, quando se sagrou campeã europeia com o Pomì Casalmaggiore. O clube italiano, que faz campanha muito ruim na liga nacional, tentou contratar a jogadora, mas sem sucesso.

Com o acordo assinado com o Barueri, Lloyd será a terceira levantadora da última campanha olímpica norte-americana a atuar na Superliga: Alisha Glass jogou no Vôlei Futuro (2010/2011) e Courtney Thompson, no Rexona (2015/2016).

Vale ressaltar que, neste ciclo olímpico, com a pausa de Glass na carreira por conta da maternidade, ela tem sido a principal jogadora norte-americana na posição. Ela atuou no Grand Prix e na Copa dos Campeões.

Além de Lloyd, o Hinode Barueri tem as levantadoras Ana Cristina, que tem sido a titular da equipe, Naiane, que se recupera de uma lesão no joelho, e ainda Francine. O time ocupa a sexta posição na Superliga, com oito vitórias em 15 jogos.

Colaborou Sidrônio Henrique

]]>
0
Com Mendez excluído e exposto, novela polonesa segue até fevereiro http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/01/13/com-mendez-excluido-e-exposto-novela-polonesa-segue-ate-fevereiro/ http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/01/13/com-mendez-excluido-e-exposto-novela-polonesa-segue-ate-fevereiro/#respond Sat, 13 Jan 2018 08:00:16 +0000 http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/?p=11363

Marcelo Mendez é tricampeão mundial, tetra sul-americano e penta brasileiro com o Sada Cruzeiro (foto: FIVB)

Marcelo Mendez, do Sada Cruzeiro, está oficialmente fora da corrida para ocupar o cargo de técnico da seleção masculina da Polônia. O argentino tricampeão mundial com o clube mineiro foi excluído da disputa, que até então envolvia sete treinadores, pela Federação Polonesa de Vôlei (PZPS). A entidade informou que o escolhido será anunciado no dia 7 de fevereiro.

Apenas três estão no páreo: o belga Vital Heynen e os poloneses Piotr Gruszka e Andrzej Kowal. Os nomes dos finalistas foram divulgados pelo presidente da PZPS, Jacek Kasprzyk.

Siga @saidaderede no Twitter
Curta o Saída de Rede no Facebook

Indagado pelos jornalistas poloneses por que Mendez, que na segunda quinzena de dezembro despontava como favorito, não estava mais sendo considerado, o dirigente deu uma explicação prosaica. Segundo ele, o técnico do Sada Cruzeiro não tem conhecimento sobre o voleibol polonês e, de forma indiscreta, expondo Mendez, acrescentou que o argentino “não foi capaz de citar quem eram os jogadores campeões mundiais juvenis em 2017”. As informações foram divulgadas em veículos de prestígio naquele país, como o jornal Przeglad Sportowy e o canal de TV Polsat, entre outros.

Jacek Kasprzyk, presidente da PZPS, expôs o técnico argentino (PlusLiga)

Ex-favorito
O Saída de Rede procurou Marcelo Mendez, que não quis comentar o assunto. Durante a disputa do Mundial de Clubes na Polônia, em dezembro, ele se reuniu por 45 minutos com o presidente da PZPS, que não poupou elogios ao treinador após o encontro. Mendez, por sua vez, havia confirmado o interesse em conciliar suas obrigações no Sada Cruzeiro, onde tem contrato até maio de 2019, com a seleção polonesa. Era apontado pela imprensa local como o favorito. Em 2016, foi chamado e recusou o convite.

A princípio, caso assinasse com a PZPS, ele comandaria a seleção polonesa somente em 2018, na Liga das Nações e no Campeonato Mundial. Dependendo dos resultados, haveria prorrogação até o final dos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020. A Federação Polonesa sempre exige que os treinadores da seleção sejam exclusivos, mas estava disposta a abrir uma exceção para contar com o argentino, que ao longo desta década fez do Sada Cruzeiro uma equipe multicampeã, reconhecida internacionalmente.

Poloneses campeões mundiais sub-21: para a PZPS, o técnico do Sada deveria conhecê-los (FIVB)

Avaliações
O problema é que a PZPS não se contentava apenas em ter Mendez na temporada de seleções. Queria que, eventualmente, ele fosse até a Polônia para reuniões e avaliações de atletas. Durante essas viagens, o Sada Cruzeiro ficaria sem o técnico. Sem poder deixar o clube e tendo avisado a Jacek Kasprzyk que só estaria disponível após o término da Superliga 2017/2018, o argentino foi descartado. Esse seria o real motivo para desistir de Marcelo Mendez, conforme três jornalistas poloneses que cobrem a PZPS e foram consultados pelo SdR.

Imaginar que alguém abriria mão de um profissional do nível do treinador do Sada Cruzeiro porque ele não foi capaz de declinar os nomes de um grupo de juvenis soa como piada. E de mau gosto. Mesmo que não tenha visto uma partida sequer desses promissores jovens poloneses, Mendez tem tarimba para se cercar de quem possa lhe passar informações e, mais adiante, verificar in loco quem é quem.

Vital Heynen no comando da Bélgica em 2017: resultados inéditos para seu país (FIVB)

Nova geração
Em dezembro, o técnico argentino disse que para alcançar bons resultados com a seleção da Polônia apostaria na mescla entre experiência e juventude, referindo-se aos talentos da nova geração. É bom que se diga que esses atletas ainda estão em processo de maturação, ou seja, teria que haver uma renovação gradativa. A imprensa polonesa constantemente exalta os juvenis que conquistaram o Mundial sub21 em 2017 – derrotaram o Brasil na semifinal por 3-2. Essa mesma equipe venceu o Mundial sub19 em 2015, o Europeu sub20 em 2016 e o Europeu sub19 em 2015 – está invicta há 48 partidas.

A deselegância da PZPS em relação a Mendez não surpreende. O também argentino Daniel Castellani, atualmente técnico do EMS Funvic Taubaté e que treinou aquela seleção em 2009 e 2010, foi demitido via mensagem de texto. O seu sucessor, o italiano Andrea Anastasi, no cargo de 2011 a 2013, viu sua demissão ser vazada pela federação para a imprensa antes de ser oficialmente comunicado.

O técnico Piotr Gruszka é um dos ídolos do voleibol polonês (PlusLiga)

Cobrança
Na Polônia, o vôlei perde em popularidade apenas para o futebol, mas tem bem mais prestígio do que no Brasil. Vida de treinador por lá não é nada fácil, as cobranças são feitas como no universo futebolístico. A paciência com maus resultados é mínima. O último a ocupar o cargo, o italiano Ferdinando De Giorgi, foi nomeado em dezembro de 2016 e caiu em setembro do ano passado – não chegou às finais da Liga Mundial e sequer às quartas do Europeu, este último disputado em casa.

Desde que o argentino Raul Lozano cumpriu um ciclo olímpico inteiro, de 2005 a 2008, culminando nos Jogos de Pequim, nenhum profissional ficou mais do que três temporadas no cargo de técnico da seleção polonesa. Depois da conquista do Campeonato Mundial 2014, a Polônia decaiu – seu melhor resultado foi o bronze na esvaziada Copa do Mundo 2015. Na Rio 2016, foi eliminada nas quartas de final, mesmo desempenho das três edições anteriores dos Jogos Olímpicos.

Andrzej Kowal conquistou três vezes a PlusLiga com o Resovia (PlusLiga)

Por amor
Segue a novela da escolha do novo treinador e Vital Heynen, que antes era apontado como o único capaz de ameaçar a escolha de Mendez, é a bola da vez. Heynen levou a seleção alemã a um inesperado bronze no Mundial 2014. No comando da Bélgica a partir de 2017, conseguiu dois resultados inéditos para seu país: sétimo lugar na Liga Mundial e quarto no Campeonato Europeu. Tem feito lobby para ficar com a vaga. Já prometeu que vai aprender polonês e disse que trabalha por amor, não pelo dinheiro. Atualmente, além do contrato para dirigir a seleção masculina belga, que ele aparentemente mandou às favas, treina o clube alemão Friedrichshafen – sairá se for escolhido pela PZPS. Tem passagem pela liga polonesa, no período 2013-2015, no comando do modesto Luczniczka Bydgoszcz.

Os poloneses Piotr Gruszka e Andrzej Kowal acompanham tudo de forma discreta. Os dois se mantém na corrida porque uma ala da PZPS quer ver alguém do país no comando da equipe, que vem sendo treinada por estrangeiros desde 2005.

Gruszka começou na função de técnico na temporada 2014/2015, sem muito destaque. Seu clube na liga local, GKS Katowice, chegou a perder seis partidas seguidas – está na 11ª colocação entre 16 equipes. Foi imposto como assistente técnico de Ferdinando De Giorgi na seleção. Tem status de ídolo no país. É um dos grandes nomes do voleibol polonês, inicialmente como ponteiro, depois oposto – jogou pela seleção de 1995 a 2011.

Kowal tem um forte vínculo com o Resovia Rzeszow, clube no qual trabalha desde 2004. Primeiro como auxiliar e mais tarde, a partir de 2011, como treinador. É também técnico da seleção sub-23 da Polônia desde 2014. Ganhou três vezes a liga polonesa com o Resovia, mas nesta temporada o time vem derrapando e ocupa apenas o sexto lugar na tabela.

Seleção polonesa: decadência após a conquista do Mundial 2014 (Piotr Sumara/CEV)

Sem lastro
Se Heynen, apesar do seu histrionismo, tem um currículo de respeito, pelo trabalho feito com alemães e belgas, os dois poloneses, principalmente Gruszka, apresentam pouca bagagem para o desafio que pretendem encarar.

Ver que Kowal e Gruszka foram mantidos na disputa enquanto Marcelo Mendez foi descartado mostra que a PZPS nem sempre é regida pela lógica. Melhor para o Sada Cruzeiro.

]]>
0
Bernardinho: há um ano terminava a era mais vitoriosa do vôlei brasileiro http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/01/11/bernardinho-ha-um-ano-terminava-a-era-mais-vitoriosa-do-volei-brasileiro/ http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/01/11/bernardinho-ha-um-ano-terminava-a-era-mais-vitoriosa-do-volei-brasileiro/#respond Thu, 11 Jan 2018 08:00:49 +0000 http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/?p=11326

Bernardo Rezende na Rio 2016: técnico comandou a seleção masculina em quatro ciclos olímpicos (foto: FIVB)

Não chegou a ser uma surpresa, a espera já se arrastava havia quase cinco meses, até que no dia 11 de janeiro de 2017, há exatamente um ano, a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) anunciou que a seleção masculina não seria mais treinada por Bernardo Rezende. Era o fim de uma era iniciada em 2001. Foram 45 torneios oficiais, 28 títulos, incluindo dois ouros olímpicos e três mundiais. Sob seu comando, o Brasil subiu ao pódio 42 vezes. Bernardinho é, em toda a história da modalidade, o técnico mais vencedor. Sua despedida, em grande estilo, foi com um ouro em casa, nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016.

Bernardo Rezende chegou ao time masculino credenciado pelo bom trabalho com a seleção feminina (1994-2000), que sob sua batuta evoluiu de coadjuvante para uma das grandes equipes do mundo, conquistando dois bronzes olímpicos (1996 e 2000), um vice-campeonato mundial (1994) e três títulos do Grand Prix (1994, 1996 e 1998).

Siga @saidaderede no Twitter
Curta o Saída de Rede no Facebook

O voleibol masculino do Brasil já havia sido campeão olímpico antes dele, pelas mãos de José Roberto Guimarães, na Olimpíada de Barcelona, em 1992. No entanto, foi após a chegada de Bernardinho que a seleção brasileira atingiu um nível de excelência difícil de ser igualado por qualquer equipe no mundo.

A constelação da década passada, com nomes como Giba, Ricardinho, Dante, Gustavo, Serginho, Nalbert, entre outros craques, foi um time esférico, beirando a perfeição, meticulosamente armado pelo treinador. Logo de cara, no primeiro torneio, a Liga Mundial 2001, um ouro. Da conquista do Mundial 2002 até a da Copa do Mundo 2007, o Brasil venceu simplesmente todos os torneios globais que disputou.

Carismático e brilhante, ele é sinônimo de vôlei de alta qualidade. Em quatro ciclos, o homem marcado pela tensão quase constante e pelos gestos crispados, foi a todas as finais de Mundiais e Jogos Olímpicos, um feito incrível, somando cinco ouros e três pratas.

Histórias contadas em cliques: os fotógrafos do voleibol
Celebridades, times mistos e escândalo: o vôlei já chamou a atenção nos EUA

Seu sucessor, Renan Dal Zotto, teve uma primeira temporada positiva, com dois ouros (Sul-Americano e Copa dos Campeões) e uma prata (Liga Mundial), mas foi pouco exigido em 2017, um ano morno, com a maioria dos adversários competindo com equipes B, como analisamos aqui.

Para lembrar a era Bernardinho, um ano depois do seu fim, o Saída de Rede destaca seis momentos marcantes da passagem do treinador pela seleção masculina.

Nalbert, Maurício, Giovane e Ricardinho no pódio da Liga Mundial 2001 (FIVB)

LIGA MUNDIAL 2001
O próprio Bernardo sempre ressaltou a importância que o primeiro título teve para o grupo. Sua estreia com os homens foi no dia 4 de maio de 2001, em um amistoso contra a frágil Noruega, em Portugal, vencido por 3-0. A partida valia como preparação para a disputa da Liga Mundial daquele ano. O Brasil havia passado quase em branco no ciclo anterior, com Radamés Lattari como treinador, tendo vencido, além de dois Sul-Americanos e de duas Copas América, apenas a desimportante Copa dos Campeões 1997, diante de rivais desfalcados. No Mundial 1998, quarto lugar. Na Olimpíada de Sydney, em 2000, a seleção foi despachada nas quartas de final pela esforçada Argentina.

A expectativa não era muito alta para a Liga Mundial 2001, mas o Brasil deslanchou. Perdeu apenas uma partida na fase de classificação – um apertado 2-3 para os Estados Unidos, como visitante. Na final, em Katowice, na Polônia, num rápido 3-0, atropelou a Itália, melhor time da década anterior e vinda de um tricampeonato mundial. A seleção brasileira mostrava ao mundo seu cartão de visita, agora sob nova direção.

Ocupar o lugar mais alto do pódio seria uma constante para aquela geração. Somente na Liga Mundial viriam mais sete títulos (2003, 2004, 2005, 2006, 2007, 2009 e 2010). Antes, em 1993, com Zé Roberto, a seleção havia obtido seu primeiro ouro na competição. O Brasil, com nove conquistas, foi o maior vencedor do torneio, extinto em 2017 e substituído a partir deste ano pela Liga das Nações.

Treinador abraça Giovane logo após o ace que fechou a decisão e deu ao Brasil o ouro do Mundial 2002 (FIVB)

CAMPEONATO MUNDIAL 2002
A seleção de Bernardinho havia conquistado a Liga Mundial 2001. Naquele mesmo ano, desfalcada de Giba, Gustavo e Serginho, foi vice-campeã na Copa dos Campeões. Veio a temporada 2002 e, em pleno Mineirinho, em Belo Horizonte, o Brasil caiu por 1-3 contra a Rússia. Surgia a dúvida se aquele time seria capaz de trazer o tão esperado título mundial.

Vinte anos antes, em Buenos Aires, na Argentina, a equipe treinada por Bebeto de Freitas, na qual Bernardo Rezende era levantador reserva, havia batido na trave, ficando com a prata ao perder para a União Soviética. A história, em 2002, foi diferente. Na decisão, diante dos russos, herdeiros dos títulos da antiga URSS, o Brasil venceu uma das partidas mais emocionantes de todos os tempos, no mesmo palco de duas décadas atrás, o histórico ginásio Luna Park. O jogo foi decidido apenas no tie break, pela diferença mínima, com um ace inesquecível do ponteiro Giovane Gavio no match point. A seleção brasileira fez uma campanha quase impecável, perdendo apenas uma partida na primeira fase, em cinco sets, contra os EUA – eles outra vez.

No caminho para o título, uma das sequências mais difíceis já encaradas. Nas quartas de final, a tricampeã mundial Itália (vitória por 3-2). Na semifinal, a campeã olímpica Iugoslávia (3-1). Finalmente os russos na final.

A conquista foi o triunfo de um grupo fantástico e deu a Bernardinho um título de primeira grandeza – ele que havia sido barrado do lugar mais alto do pódio em Mundiais e Olimpíadas com a seleção feminina por uma lendária geração cubana.

O bicampeonato viria em 2006 e o tri em 2010. Mas o primeiro ouro em um Mundial teve, é claro, um sabor especial.

Grupo campeão olímpico em Atenas. Bernardinho está à direita na imagem (FIVB)

ATENAS 2004
O Brasil chegou aos Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004, como favorito absoluto ao ouro e não decepcionou. Ao longo daquele ciclo, o time havia provado que era, de fato, o melhor do mundo. Na Copa do Mundo 2003, uma competição difícil com 12 seleções jogando entre si em duas semanas, a equipe havia cedido apenas quatro sets em 11 partidas. Na Liga Mundial 2004, também de forma invicta, outro título, desta vez superando, em Roma, a arquirrival Itália por 3-1 na final.

A seleção de Bernardinho sobrou em Atenas. Se deu ao luxo de, já classificada para as quartas de final como primeira da chave, colocar reservas em quadra e perder por 1-3 para os EUA na fase de grupos. Reencontrou os americanos na semifinal e aplicou uma surra por 3-0, na sua melhor exibição na capital grega. Na decisão, o aguardado confronto contra a Itália, já derrotada na etapa inicial em cinco sets. Na final, 3-1 para o Brasil e a consagração definitiva daqueles atletas e do treinador e sua comissão técnica.

Ricardinho e Bernardinho fizeram as pazes em 2012 (FIVB)

CORTE DE RICARDINHO
“O Brasil tem um time excepcional, mas Ricardo faz a diferença. Ele consegue sempre, mais do que qualquer outro levantador no mundo, deixar o time em condição de matar a jogada, distribui a bola como ninguém, numa velocidade incrível”. A frase dita em 2004 pelo americano Doug Beal, técnico campeão olímpico com a seleção masculina dos EUA em 1984 e que redefiniu a estrutura dos times de voleibol, demonstra bem a genialidade do levantador Ricardinho. Mas em meados de 2007, o maestro daquela estelar equipe brasileira e o comandante Bernardinho viviam às turras.

Até que antes da estreia do Brasil nos Jogos Pan-Americanos do Rio veio a notícia surpreendente: Ricardo Garcia havia sido cortado. O reserva Marcelinho foi elevado à condição de titular e Bruno, então com 21 anos, convocado para a vaga aberta. O SdR relembrou essa história, que você pode conferir aqui. Ricardinho havia sido o MVP da Liga Mundial 2007, mas o desgaste era muito grande. Na campanha do bicampeonato mundial, em 2006, levantador e técnico haviam discutido asperamente diante das câmeras, durante a segunda fase, mas ninguém imaginava que a tensão entre eles pudesse crescer a ponto de Ricardo ser dispensado.

O atleta ainda retornaria, mas somente em 2012. Participou da Liga Mundial daquele ano, porém longe da melhor forma física não conseguiu tirar a titularidade de Bruno, que também permaneceu no sexteto principal no vice-campeonato na Olimpíada de Londres. Com a prata olímpica no peito, entrando pouco em quadra, encerrou de forma discreta sua trajetória na seleção.

O corte de Ricardinho gerou um imenso desgaste para Bernardinho, tanto entre os torcedores quanto na mídia. Principalmente no ano seguinte, quando o time perdeu o ouro nos Jogos Olímpicos de Pequim para os EUA.

Deslocado para a saída de rede, Muserskiy foi o grande nome da final de Londres 2012 (AFP)

VIRADA INESQUECÍVEL EM LONDRES 2012
O central russo Dmitriy Muserskiy, 2,18m, povoa o imaginário dos fãs brasileiros de vôlei. Numa bela sacada do técnico Vladimir Alekno, o gigante mudou de função após sua seleção estar perdendo por 0-2 para o Brasil na final da Olimpíada de Londres, em 2012. Muserskiy foi deslocado do meio de rede para a saída e se transformou no carrasco da equipe comandada por Bernardinho. Vitória épica russa por 3-2, numa das derrotas mais doloridas para o técnico multicampeão. Os brasileiros chegaram a ter dois match points no terceiro set.

Quatro anos antes, em Pequim 2008, o time perdeu de virada por 1-3 para os EUA, mas os americanos chegaram àquela final em melhor forma física e técnica. A Rússia de 2012 estava no mesmo nível do Brasil. Dmitriy Muserskiy já havia atuado na saída em seu clube, o Belogorie Belgorod, mas nunca na seleção.

Na decisão em Londres, depois de marcar apenas quatro pontos pelo meio de rede nos dois primeiros sets, Muserskiy fez outros 27 nas três parciais seguintes como oposto. O titular da posição, Maxim Mikhaylov, foi para a entrada de rede. Uma contusão no joelho direito do ponteiro brasileiro Dante Amaral agravou-se durante a partida e colaborou para o triunfo russo, mas a atuação de Muserskiy foi excepcional.

Jogadores e comissão técnica jogam Bernardinho para o alto depois da conquista do ouro na Rio 2016 (FIVB)

DESPEDIDA EM GRANDE ESTILO NA RIO 2016
Tendo conquistado seu último grande título no Mundial 2010, Bernardinho chegou aos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016, sob muita pressão. O único ouro desde então era o da secundária Copa dos Campeões 2013. Ao longo desta década, o Brasil seguia como presença constante nas finais dos grandes torneios, algo extremamente importante, mas agora colecionava medalhas de prata. Havia sido assim na final do Mundial 2014, quando o tetra escapou. Semanas antes da Rio 2016, na decisão da Liga Mundial, mais um vice-campeonato – a exemplo de 2011, 2013 e 2014.

Se a geração anterior, da qual o líbero Serginho então com quase 41 anos era o único remanescente, foi composta de gênios, Bernardinho definia a atual como “um time de operários”. E foi assim, mesmo perdendo duas vezes na fase de grupos, contra Itália e EUA, classificando-se de forma dramática para a etapa seguinte numa vitória por 3-1 em um jogo intenso contra a França, tendo dificuldade nas quartas de final contra uma aguerrida Argentina, que o Brasil foi galgando degraus. Triturou a Rússia em sets diretos na semifinal. Na decisão, mais emocionante do que o placar de 3-0 pode fazer supor, superou a Itália e levou o Maracanãzinho ao delírio.

Após duas pratas seguidas, seu segundo ouro olímpico finalmente havia chegado. Era a hora de sair de cena na seleção. Durante os meses seguintes, Bernardinho dava a entender que poderia deixar o cargo, mas não confirmava. Até que veio o adeus, sem fazer alarde.

Ele deixou o PSDB e filiou-se ao Novo em abril de 2017 (Reprodução/YouTube)

Candidato a governador?
O treinador mais vitorioso da história do voleibol segue à frente da equipe feminina do Sesc, time com o qual venceu 12 vezes a Superliga e alcançou dois vice-campeonatos mundiais.

Filiado desde abril do ano passado ao Partido Novo, fundado em 2015, ele, que já foi do PSDB, admitiu que pode ser candidato a governador do Estado do Rio de Janeiro nas eleições de 2018. Há outra possibilidade. Bernardinho também foi sondado para sair em uma chapa como o vice do banqueiro João Amoêdo, fundador do Novo e pré-candidato à vaga na corrida presidencial este ano. Bernardo Rezende em Brasília? Seu futuro estará na política, seja no Rio ou na capital federal? Mesmo que não ganhe nas urnas, vai deixar de vez o vôlei? Incertezas.

Mas o que quer que venha a fazer, onde quer que esteja, ele será lembrado sempre como um dos maiores nomes da modalidade. Sua presença no Hall da Fama é apenas uma questão de tempo. Porém, o maior reconhecimento, aquele que vem dos fãs do esporte, aqui ou no exterior, ele já tem. Com talento, inteligência e uma dedicação inquebrável, Bernardinho é o cara que tantas vezes transformou em ouro o sonho do torcedor brasileiro.

]]>
0