Paula Pequeno – Blog Saída de Rede http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br Reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Tue, 31 Dec 2019 12:02:55 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Mari sobre o primeiro torneio na praia: “Experiência enriquecedora” http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2019/11/22/mari-sobre-o-primeiro-torneio-na-praia-experiencia-enriquecedora/ http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2019/11/22/mari-sobre-o-primeiro-torneio-na-praia-experiencia-enriquecedora/#respond Fri, 22 Nov 2019 09:00:58 +0000 http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/?p=19129

Duda e Mari fizeram uma parceria improvisada apenas para a etapa de Ribeirão Preto (Foto: Divulgação/CBV)

Campeã olímpica com a seleção brasileira feminina de vôlei, Mari Steinbrecher disputou, esta semana, seu primeiro torneio oficial como jogadora de vôlei de praia. Atuando ao lado de Duda na etapa de Ribeirão Preto do Circuito Brasileiro, ela foi eliminada após duas derrotas na fase de grupos da disputa, mas, apesar disso, se disse satisfeita com a oportunidade.

“Foi uma experiência muito enriquecedora, avalio de maneira positiva. Sempre queremos vencer quando somos atletas de alto rendimento, mas seria muita pretensão minha, com esse curto período de experiência, ainda montando uma estrutura, achar que estaria no mesmo nível das demais equipes. Mas houve um salto muito positivo, conseguimos dificultar os dois jogos”, comentou a atleta, de 36 anos. “Tenho várias coisas para melhorar, mas foi bom ter a dimensão de que é possível, sentir que a melhora pode acontecer com rapidez”, analisou.

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Depois de passarem por Emanuely/Lara (21-13, 21-11) e por Ari Melo/Débora (21-16, 21-14) no qualifying, a dupla formada por Mari e Duda acabou superada por Josi e pela experiente Juliana, bronze em Londres 2012, com parciais de 17-21, 21-19 e 15-10, e por Rosimeire Lima/Naiana (22-20, 13-21 e 15-10). “Para o vôlei de praia é algo muito legal ter alguém como a Mari vindo e a Duda fazendo esta ponte com ela. O nosso esporte só tem a ganhar”, comentou Juliana.

A parceria de Mari e Duda foi válida apenas para esta etapa, uma vez que a campeã olímpica em 2008 tem dupla firmada com outra jogadora gabaritada no vôlei indoor, Paula Pequeno – o objetivo de ambas é a classificação para os Jogos de Paris, em 2024. Duda, por sua vez, joga rotineiramente ao lado de Agatha, que está aprimorando a forma física visando a próxima temporada e, por isso, não foi a Ribeirão Preto – juntas, as duas foram campeãs do Circuito Mundial em 2018 e estão classificadas para Tóquio 2020, onde são uma das esperanças de medalha para o Brasil.

Os jogos da etapa de Ribeirão Preto do Circuito Brasileiro de vôlei de praia podem ser vistos ao vivo pelo site da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV).

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Paula Pequeno participará do Power Couple, reality show da Record http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2019/04/13/paula-pequeno-participara-de-reality-show-na-record/ http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2019/04/13/paula-pequeno-participara-de-reality-show-na-record/#respond Sat, 13 Apr 2019 09:00:07 +0000 http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/?p=16428

Paula Pequeno e Alexandre Folhas são pais de uma menina, Mel (Foto: Reprodução/Instagram)

O fim da temporada de clubes significa, para os atletas de voleibol, a negociação de novos contratos, férias e, no caso de alguns, convocação para a seleção brasileira. A bicampeã olímpica Paula Pequeno, porém, terá uma programação diferente este ano: participar de um reality show, o “Power Couple”, da TV Record.

O Saída de Rede soube, com exclusividade, que a atacante estará no programa ao lado do marido, Alexandre Folhas, que, depois de encerrar carreira como jogador de handebol, passou a atuar como empresário no meio esportivo. Juntos, os dois possuem uma filha, Mel, que no próximo mês de junho completará 13 anos.

No “Power Couple”, cuja estreia está programada para o dia 30 de abril, Paula e Alexandre ficarão confinados em uma mansão em Itapecerica da Serra (SP), ao lado de outros casais famosos – os ex-BBBs Mariana Felício e Daniel Saullo devem estar entre os concorrentes. Além da convivência 24 horas por dia, os casais também participam de competições onde disputam a permanência na casa e prêmios em dinheiro. O reality é apresentado por Gugu Liberato.

Eliminada na semifinal da atual Superliga com o Vôlei Osasco-Audax, a jogadora de 37 anos ainda não anunciou o próximo passo de sua carreira esportiva. Apesar da inclusão no mundo artístico, ela ainda não pretende se aposentar das quadras – as boas atuações nas quartas de final da última Superliga provam que a jogadora ainda pode ser útil aos principais clubes do Brasil.

Paula não é a primeira atleta de vôlei a se aventurar na televisão. Em 2017, a também bicampeã olímpica Jaqueline Carvalho participou do “Dancing Brasil”, também da Record, sendo eliminada pouco antes da final.

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Macris, sobre a seleção: “Me firmar será uma consequência desse trabalho” http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2019/04/08/macris-sobre-a-selecao-me-firmar-sera-uma-consequencia-desse-trabalho/ http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2019/04/08/macris-sobre-a-selecao-me-firmar-sera-uma-consequencia-desse-trabalho/#respond Mon, 08 Apr 2019 09:00:39 +0000 http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/?p=16387

Cinco vezes eleita a melhor levantadora da Superliga, Macris acredita que sua afirmação na seleção brasileira será consequência do trabalho que vem fazendo (Foto: Orlando Bento/MTC)

Muito se comenta sobre a ótima fase vivida pelo Itambé Minas. Afinal, o tradicional clube de Belo Horizonte vem empilhando títulos ao longo da temporada. E, como se não bastasse, a equipe, apontada por muitos como aquela que joga o melhor voleibol feminino na atualidade, segue firme no propósito de levantar a taça da Superliga pela terceira vez.

Uma das grandes responsáveis por todo esse sucesso é justamente a levantadora Macris, eleita a melhor jogadora em quadra no triunfo do time em casa contra o Osasco Audax no primeiro jogo da semi.

Para a armadora, apesar de fundamental, a vitória diante do adversário na abertura da série melhor-de-três não é garantia de nada. A épica virada da equipe de Luizomar de Moura sobre o Hinode Barueri nas quartas de final do torneio, serve de alerta sobre aquilo que o rival é capaz de fazer, ainda mais jogando no José Liberatti, em Osasco (SP), local do segundo confronto da semi, nesta segunda-feira (8).

“Com certeza a primeira vitória foi muito importante, mas sabemos pelo histórico não só dos playoffs, mas também dos jogos que tivemos contra Osasco, que vai ser difícil. Nosso técnico [Stefano Lavarini] falou sobre o quanto elas dão esse bom exemplo, de lutar pelo jogo independente do que estiver acontecendo, dessa força de reação delas”, avisa a levantadora.

Segundo Macris, é preciso cautela e preparo para enfrentar as dificuldades que poderão aparecer na casa do rival. “Sabendo que elas têm essa capacidade, ainda mais jogando em casa, diante da torcida que sempre empurra o time, nós entendemos as dificuldades que podem surgir e precisamos saber bem o que deve ser feito para não deixar o jogo ‘incendiar'”.

Apesar de ter feito a melhor campanha do campeonato na fase classificatória e continuar como um dos favoritos ao título, ao lado do adversário regional Dentil Praia Clube, o Minas tem oscilado na recepção e vem cometendo erros bobos em alguns jogos. Para a jogadora, no entanto, o mais importante é não permitir que estas falhas se avolumem e determinem negativamente os rumos da equipe na competição.

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“(…) A gente sabe da importância de ter aprendido com os erros e oscilações durante o torneio. Agora tudo tem que ser colocado em prática da melhor maneira possível. Não somos máquinas e temos a possibilidade de cometer falhas, erros, mas quanto mais a gente puder minimizar isso, mais fácil será nossa caminhada nessa fase decisiva”, analisa a atleta que passou por São Bernardo, Pinheiros e Brasília antes de chegar ao Minas, onde está em sua segunda temporada.

Com cinco prêmios de melhor levantadora da competição no currículo, Macris vem sendo novamente elogiada como a principal jogadora de sua posição nesta 25ª edição da Superliga.

“Eu sempre busco a evolução a cada temporada. É uma maneira de me fortalecer como atleta e pessoa. E tento estar o mais preparada possível para as oportunidades que aparecerem. Apesar desse crescimento ao longo das temporadas, nesse ano ficou mais evidente principalmente por conta dos bons resultados, e o que o grupo pôde apresentar e me proporcionar. Sempre foco no presente e nos passos seguintes que estou fazendo para crescer”, comenta.

Diante de tal performance, muitos fãs torcem para que a talentosa levantadora seja convocada pelo técnico Zé Roberto Guimarães e possa ter mais espaço para se firmar na seleção brasileira. Concentrada, a jogadora, que acaba de renovar seu contrato com o Minas por mais um temporada, acredita que um lugar na seleção será resultado do trabalho que vem realizando.

“Nesse momento, meu foco está no próximo jogo, para tentar chegar à final da Superliga. Sobre a seleção, sempre vou dar meu melhor, ficando preparada para contribuir da melhor maneira. Me firmar será uma consequência desse trabalho”, conclui.

Minas e Osasco Audax voltam a se enfrentar nesta segunda-feira (8), às 21h30, no José Liberatti, em Osasco. Mais cedo, às 19h, o Dentil Praia Clube receberá, em Uberlândia, o Sesi Bauru, buscando também vencer para encerrar a série e chegar à grande decisão pela segunda vez consecutiva.

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Sereno, Zé Roberto elogia Paula Pequeno, minimiza virada e foca 3º jogo http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2019/03/24/sereno-ze-roberto-elogia-paula-pequeno-minimiza-virada-e-foca-3o-jogo/ http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2019/03/24/sereno-ze-roberto-elogia-paula-pequeno-minimiza-virada-e-foca-3o-jogo/#respond Sun, 24 Mar 2019 09:00:48 +0000 http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/?p=16244

Zé Roberto tenta levar o Hinode à semifinal da Superliga pela primeira vez (Foto: William Lucas/Inovafoto)

A decepção das jogadoras do Hinode Barueri era visível após a derrota por 3 a 2 diante do Vôlei Osasco-Audax na última sexta-feira (22). Também pudera: depois de vencer com autoridade os dois primeiros sets da segunda partida da série melhor-de-três, ficando a uma parcial da semi da Superliga feminina de vôlei, o time tomou uma virada histórica e chega ao último confronto das quartas-de-final vendo o adversário ostentar grande empolgação.

Mas o mesmo não se pode dizer de José Roberto Guimarães. Treinador da equipe, ele mostrou serenidade ao conversar com exclusividade com o Saída de Rede sobre o resultado adverso no ginásio José Liberatti.

“Eles acertaram a armação do time com a entrada da Paula Pequeno. Ela deu uma estabilidade boa, bloqueou e atacou bem, aí começamos a ter um pouco mais de dificuldade. Mas o jogo foi bom, a gente sai daqui de cabeça erguida. É o que eu estava falando pra elas: alguns detalhes, erros, principalmente de saque, que cometemos em cadeia, complicaram um pouco”, analisou o técnico, que luta para colocar o Hinode pela primeira vez entre os quatro melhores da Superliga.

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Para ele, “atípico foram os 25-05 e 25-17 dos dois primeiros sets contra o time de Osasco”. “O jogo foi um 3 a 2, o mesmo que aconteceu em Barueri (na primeira partida das quartas-de-final). Só tenho que enaltecer o comportamento do meu time e agora é se preparar para jogar em casa, diante da nossa torcida, que eu acho que será um fator importante”, destacou.

Ao analisar o duelo decisivo da série, programado para terça-feira (26), Zé Roberto ressaltou que é preciso pensar além do aspecto emocional. “Quando você perde uma partida, tem que trabalhar tudo (…) Sempre tem um detalhe ou outro que pode fazer a diferença em algum momento. Tanto de um lado como do outro, são jogadoras versáteis e habilidosas que podem mudar o contexto de um jogo”, comentou o treinador, citando novamente Paula Pequeno (“A conheço desde que era juvenil aqui em Osasco e, mesmo assim, teve uma performance muito boa”), Mari Paraíba (“extremamente habilidosa”) e Destinee Hooker (“Estava em uma noite inspirada”).

Paula Pequeno mudou o segundo jogo, na visão de Zé Roberto (João Pires / Fotojump)

Por fim, Zé deixou um recado para quem acha que o Hinode vai se abalar depois da derrota em Osasco: “O importante é que estamos vivos e vamos nos preparar para o outro jogo. Agora vai zerar tudo de novo”.

Hinode Barueri e Osasco-Audax voltam a se enfrentar na terça-feira (26), às 19 horas, no ginásio José Correa, em Barueri. O vencedor do duelo encara o Itambé Minas na semifinal da Superliga feminina de vôlei. Na outra chave, o atual campeão Dentil/Praia Clube espera o vencedor do playoff entre Sesc-RJ e Sesi/Bauru, que também realiza a terceira partida na terça, só que às 21h30 no ginásio do Tijuca, no Rio de Janeiro.

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Paula Pequeno, após virada histórica sobre Barueri: “agora é coração puro” http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2019/03/23/paula-pequeno-apos-virada-historica-sobre-barueri-agora-e-coracao-puro/ http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2019/03/23/paula-pequeno-apos-virada-historica-sobre-barueri-agora-e-coracao-puro/#respond Sat, 23 Mar 2019 09:00:42 +0000 http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/?p=16235

Paula Pequeno se emociona ao receber o Viva Vôlei das mãos de Hooker (Fotos: João Pires/Fotojump)

A segunda rodada das quartas de final da Superliga feminina reservou para os amantes do vôlei uma partida de tirar o fôlego que, sem dúvida, já entrou para a história da competição. O que se viu no Ginásio José Liberatti, em Osasco (SP), na noite desta sexta-feira (22), foi uma virada épica das donas da casa diante do rival local Hinode Barueri.

Após perder o primeiro set por inacreditáveis 20 pontos de diferença, o tradicional Osasco Audax, capitaneado pela força da sua combativa torcida, virou o jogo e derrotou Barueri por 3 sets a 2, com parciais de 5-25, 17-25, 25-22, 25-20 e 15-11.

Mesmo antes do início, o confronto já significava tudo ou nada para as comandadas de Luizomar de Moura. A equipe precisava da vitória para forçar a terceira partida das quartas de final, uma vez que Barueri detinha a vantagem por ter derrotado o rival na última terça-feira na primeira batalha da série de três. Assim, o massacre da primeira parcial e a queda no set seguinte acabaram dando contornos ainda mais dramáticos ao jogo, deixando o pentacampeão Osasco à beira da eliminação.

Para a bicampeã olímpica Paula Pequeno, uma das protagonistas da equipe na virada, a força mental e a capacidade de superação foram determinantes para o triunfo.

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“A gente começou a noite de uma maneira muito atípica, né? O primeiro set realmente aconteceu de uma maneira que a gente não esperava, mas eu dizia para as minhas companheiras que a gente precisava esquecer. Mas aí perdemos o segundo novamente. Só que enquanto não acaba o resultado não está definido. O que eu mais pedia era que a gente se conectasse e acreditasse. Nós passamos por isso no Paulista. Então eu falava para que a gente trouxesse isso à memória para sair daquela situação”, comentou a ponteira, que substituiu a peruana Angela Leyva, dando mais estabilidade e segurança à linha de passe osasquense.

Segundo a atacante, nesta fase da competição, mais relevante do que qualquer planejamento tático ou técnico será este espírito de luta que a equipe precisará ter para alcançar a classificação para as semifinais.

“Eu acredito que daqui para frente é sangue circulando muito quente na veia. É um momento de tensão. Porém, é o melhor momento do campeonato. É a hora da decisão onde o estômago embrulha e a adrenalina vai lá em cima. É um momento em que o espírito vai ajudar muito. A parte técnica e tática já foi se aperfeiçoando ao longo da competição. Agora é coração puro, controle emocional para os momentos difíceis, muita energia, raça e entrega”, destacou a jogadora.

Para a oposta norte-americana Destinee Hooker, maior pontuadora do confronto, com 25 acertos, o nervosismo foi o grande adversário de Osasco no começo da partida, mas a entrada de Paula Pequeno deu novo ânimo ao time.

Time terá a batalha decisiva contra Barueri na próxima terça-feira (26)

“Eu acho que no começo a equipe estava muito nervosa com a possibilidade de ser eliminada em casa, uma situação que a gente não tinha vivido antes. Mas a Paula, quando entrou, mudou completamente o ritmo do jogo. A energia dela contagiou todo o time e fez com que a gente revertesse a situação”, mencionou a oposta, que entregou o seu troféu Viva Vôlei para a companheira, acrescentando que a ponteira fez toda a diferença para o êxito do grupo.

Osasco já havia superado duas vezes o time de José Roberto Guimarães na fase classificatória. Nos playoffs, o desempate acontecerá na próxima terça-feira (26), no Ginásio José Correa, em Barueri. O vencedor enfrentará o já semifinalista Itambé Minas.

Segundo Luizomar de Moura, o confronto desta sexta-feira não poderia ter tido outro desfecho. “A gente não podia sair do Liberatti fazendo a última partida da temporada. Esse time só existe por causa dessa sinergia. Isso aqui é um exemplo para o esporte brasileiro. Uma cidade que tem o voleibol como a sua grande ferramenta de diversão. E a gente não poderia deixar um ginásio lotado como esse tão triste”, finalizou.

*Colaborou Janaina Faustino

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Na força de Tiffany e Diouf, Sesi Vôlei Bauru conquista o Paulista invicto http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/11/05/na-forca-de-tiffany-e-diouf-sesi-volei-bauru-conquista-o-paulista-invicto/ http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/11/05/na-forca-de-tiffany-e-diouf-sesi-volei-bauru-conquista-o-paulista-invicto/#respond Tue, 06 Nov 2018 00:38:02 +0000 http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/?p=14909

O Sesi Bauru quebrou uma sequência de seis títulos do Vôlei Osasco e sagrou-se, pela primeira vez, campeã estadual (Foto: Marcelo Ferrazoli/Assessoria Sesi Vôlei Bauru)

Por Daniel Rodrigues

O Sesi Vôlei Bauru definitivamente escreveu o seu nome na história do voleibol Paulista. Na noite desta segunda-feira (05), a equipe do interior de São Paulo quebrou uma sequência de seis títulos do Vôlei Osasco e sagrou-se, pela primeira vez, campeã estadual diante de 7.500 torcedores que lotaram o Ginásio Panela de Pressão, em Bauru (SP). Assim como na primeira partida da série final, o resultado só foi definido no tie-break, com parciais de 25-21, 15-25, 21-25, 28-26 e 15-12. O triunfo por 3 sets a 2 coroa a campanha invicta das bauruenses na competição.

As mandantes da noite começaram o confronto com Fabíola, Diouf, Palacio, Vanessa Janke, Valquíria, Saraelen e a líbero Tássia. Pelo lado do Vôlei Osasco-Audax, o técnico Luizomar de Moura escalou as titulares Claudinha, Lorenne, Mari Paraíba, Angela Leyva, Nati Martins, Walewska e Camila Brait. Vale destacar que o hexacampeão paulista teve os desfalques da campeã olímpica Carol Albuquerque, lesionada, e da recém-chegada Destinee Hooker, sem sua documentação regularizada.

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Disposto a faturar seu primeiro título paulista, o Sesi Vôlei Bauru começou o embate com muita agressividade, embalado por efetivas ações ofensivas da oposta italiana Valentina Diouf. O bloqueio bem postado e os erros do rival também foram pontos cruciais para as donas da casa abrirem vantagem no placar.

A partir do segundo set, o que se pôde ver foi um crescimento do, até então, acuado time de Osasco. Com o saque desestabilizando a linha de passe das anfitriãs e, consequentemente, dificultando a virada de bola do rival, as comandadas de Luizomar passaram a atuar mais soltas e o ritmo de jogo começou a fluir. Liderado por grandes atuações de Mari Paraíba e Lorenne, o grupo ainda contou com a entrada enfática da experiente Paula Pequeno (36 anos) no lugar da peruana Angela Leyva, para a emblemática vitória da segunda e terceira parciais.

Como no duelo anterior, o técnico Anderson Rodrigues (44 anos) não titubeou ao solicitar suas atletas suplentes. Ainda no terceiro set, o mineiro arriscou ao colocar Tiffany, oposta de origem, na ponta, além da central Andressa no lugar de Saraelen. Aos poucos, as alterações foram surtindo efeito e a partir da quarta parcial o ataque de Bauru voltou a funcionar com maior efetividade, levando o jogo ao set desempate.

Anderson arriscou ao colocar Tiffany, oposta de origem, na ponta (Foto: Ayrton Vignola/Fiesp)

No tie-break, a grande apresentação de Tiffany, responsável por 17 pontos na partida, foi fundamental para a conquista do primeiro título de seu clube. As 20 bolas no chão colocadas pela gigante Diouf (2,02m), também não podem ser esquecidas. A jogadora foi um dos destaques da campanha impecável do Sesi Vôlei Bauru no Campeonato Paulista e promete ser uma das boas atrações da Superliga.

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Com a conquista da taça assegurada e muito comemorada, a líbero Tássia, protagonista de belas defesas, não conteve as lágrimas em entrevista ao Sportv. “Nosso time é sensacional e trabalhou muito para isso. Passamos por vários perrengues e sabemos que é complicado, por Osasco ser uma grande equipe. E para mim é um gosto especial, porque nesta mesma época do ano passado eu descobri que minha mãe estava doente e vai fazer um ano que a perdi. Foi um momento muito difícil para mim, pois eu passei a temporada no Osasco nesse momento e agora relembrei isso tudo”, completou a jogadora que atuou em Osasco na temporada 2017/2018.

O Sesi Vôlei Bauru definitivamente escreveu o seu nome na história do voleibol Paulista (Foto: Ayrton Vignola/Fiesp)

O título do Paulista eleva ainda mais as expectativas em relação ao time de Anderson Rodrigues, que se firma entre os grandes do cenário nacional. O técnico demonstra ter o grupo em suas mãos e sabe extrair o melhor de cada atleta, titular ou reserva, que comanda. A apresentação desta noite ainda revelou a possibilidade de uma formação extremamente ofensiva com as estrelas Diouf e Tiffany atuando lado a lado no time titular. Os adversários que tratem de ir estudando uma forma de parar esse poderoso arsenal de ataque do Sesi Bauru para a Superliga.

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Liderado por Fabíola e Diouf, Sesi Bauru vence primeira decisão do Paulista http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/11/03/liderado-por-fabiola-e-diouf-sesi-bauru-vence-primeira-decisao-do-paulista/ http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/11/03/liderado-por-fabiola-e-diouf-sesi-bauru-vence-primeira-decisao-do-paulista/#respond Sat, 03 Nov 2018 03:29:45 +0000 http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/?p=14890

Crédito: Luiz Pires / Fotojump

Por Daniel Rodrigues 

O Sesi Vôlei Bauru deu um importante passo rumo ao título do Campeonato Paulista de 2018. Atuando na casa de suas adversárias, o grupo comandado pelo técnico Anderson Rodrigues confirmou sua boa fase, manteve a invencibilidade no torneio e derrotou o Vôlei Osasco-Audax por 3 sets a 2 (26-24, 25-22, 21-25, 17-25 e 17-15), no primeiro duelo da série final da competição, com atuações marcantes da levantadora Fabíola e da oposta Diouf, maior pontuadora, com 27 pontos.

As bauruenses entraram em quadra com Fabíola, Diouf, Palacio, Vanessa Janke, Valquíria, Saraelen e a líbero Tassia. Pelo outro lado, a equipe que busca o sétimo título paulista consecutivo escalou as titulares Claudinha, Lorenne, Angela Leyva, Mari Paraíba, Nati Martins, Walewska e Camila Brait.

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Empurrado por sua fanática torcida, o tradicional time de Osasco protagonizou ótimas apresentações no início do primeiro e segundo sets. Na parcial inicial, Luizomar e suas atletas chegaram a abrir 20 a 17 no placar, mas permitiram a virada das visitantes, marcada por bons saques da central Valquíria e ataques certeiros de Valentina Diouf. No set seguinte a história se repetiu: as anfitriãs lideravam por 12 a 6, quando o técnico Anderson Rodrigues colocou as ponteiras Gabi Cândido e Edinara nos lugares da cubana Palacio e de Vanessa Janke, conseguindo se recuperar no marcador e abrir 2 a 0 no embate.

Quando tudo parecia estar definido, o enredo foi revertido. O Sesi Vôlei Bauru dominou boa parte da terceira parcial, mas a entrada da ponteira Paula Pequeno, no lugar de Angela Leyva, deu um novo ânimo às donas da casa. Com a bicampeã olímpica em quadra o time osasquense cresceu e voltou a contagiar seus torcedores com o triunfo no set. Embaladas e com muita agressividade as jogadoras do Osasco mantiveram o padrão de jogo elevado e conseguiram levar o confronto para o set desempate.

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No tie-break foi só emoção. Do lado do Vôlei Osasco prevaleceram as boas ações ofensivas da ponteira Paula, enquanto as rivais eram lideradas por Diouf e uma excelente distribuição de Fabíola. Mas, mais uma vez, as alterações do técnico Anderson Rodrigues foram decisivas. As entradas da experiente Arlene (48 anos) e da central Andressa foram cruciais. A primeira entrou para sacar, executou uma boa sequência e ainda fez belas defesas. Já Andressa pontuou no ataque, no bloqueio e foi a responsável pelo ponto que levou à vitória suada ao time visitante por 17 a 15.

O duelo decisivo será na próxima segunda-feira (05/11), às 19h15, no Ginásio Panela de Pressão, em Bauru. Caso as mandantes vençam, o título paulista irá pela primeira vez na história ao time bauruense. Para o Vôlei Osasco resta tentar um triunfo para levar a disputa ao Golden Set, a ser disputado no mesmo dia.

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Zé Roberto conta bastidores do ouro na Olimpíada de Pequim http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/08/24/ze-roberto-conta-bastidores-do-ouro-na-olimpiada-de-pequim/ http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/08/24/ze-roberto-conta-bastidores-do-ouro-na-olimpiada-de-pequim/#respond Fri, 24 Aug 2018 09:00:33 +0000 http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/?p=14166

Apesar da confiança no time, Zé Roberto diz ter dormido mal na véspera da final: “Foi uma noite difícil” (Fotos: Cameron Spencer/Getty Images)

Mari ou Paula Pequeno: uma delas deveria ter ficado no banco de reservas ao longo da Olimpíada de Pequim. Ao menos esse era o planejamento inicial da comissão técnica da seleção brasileira feminina de vôlei para a competição, mas quis o destino que ambas fossem titulares, tornado as pontas um dos destaques da vitoriosa campanha na China, que completou dez anos nesta quinta-feira (23).

Essa foi uma das revelações feitas pelo técnico José Roberto Guimarães ao relembrar a trajetória que levou o time ao ouro com apenas um set perdido em oito jogos. “Na nossa cabeça, no início, era para ter Jaque e Paula ou Jaque e Mari”, comentou o treinador, referindo-se ao fato de Jaqueline ser uma especialista em passe, fundamento no qual tanto Mari quanto PP4 possuem mais dificuldades. “Acontece que no Grand Prix de 2008, a Jaque se machucou e tivemos que jogar com Mari e Paula. Vencemos o campeonato, a Jaque estava melhor, mas não quisemos mudar porque em time que está ganhando não se mexe. A equipe se encaixou muito bem”, complementou.

A aposta era especialmente arriscada porque Mari jogava como ponteira há pouco tempo, numa mudança promovida naquele ciclo olímpico pelo próprio Zé Roberto. Ele explicou como se deu a decisão de tirar a jogadora da posição de oposta, onde ela se destacava. “Precisávamos de uma jogadora de 1,90m, 1,88m como ponteira em função do bloqueio. Sabia que a Mari não era excepcional passadora, era de razoável para boa, mas, como era muito eficaz no ataque pelas pontas, acabava compensando”, afirmou.

Some-se isso à, nas palavras do próprio Zé Roberto, “cobertura muito grande da Fabizinha”, “uma levantadora que consertava tudo” (Fofão) e muito treino contra bloqueios duplos e triplos. Pronto: aí está a receita do sucesso. Um sucesso tão grande que fascina o técnico até hoje: “Dos 25 sets que a gente jogou, em 18 não conseguiram fazer mais de 20 pontos na gente. Para você ver o nível que jogamos…”.

Mari começou o ciclo olímpico de Pequim como oposta, mas Zé Roberto a transferiu para a ponta para melhorar o bloqueio do time

Curiosamente, um dos jogos que mais marcaram o treinador naquela Olimpíada aconteceu ainda na segunda rodada da primeira fase, o 3 a 0 diante da Rússia, com parciais de 25-14, 25-14 e 25-16. “Quando se fala de Rússia, ficou na memória o 24 a 19 (da virada sofrida na Olimpíada de Atenas), mas pouca gente se lembra que na outra Olimpíada ganhamos delas com um placar absurdo. A Gamova fez dez pontos. Os jogos contra as russas eram sempre difíceis, mas aquele me marcou pela facilidade. Como conseguimos ganhar assim? Porque o time estava voando, muito forte. Já tínhamos vencido o Grand Prix, a autoestima estava muito alta e acreditávamos piamente na condição do grupo”, comentou.

Nem mesmo o início complicado da semifinal contra a dona da casa China, cujo primeiro set foi encerrado somente em 27 a 25, foi suficiente para abalar tamanha confiança. “Elas botaram 24 a 23 naquele set e, se perdêssemos, o resultado do jogo poderia ser completamente diferente. Foi uma prova importante que o time deu naquele momento de maturidade e de tranquilidade, em função do placar que era adverso naquele momento”, avaliou.

Apesar disso, na véspera da final Zé Roberto admite ter dormido mal. “É sempre assim. Não consigo relaxar, não consigo ficar tranquilo, não consigo não pensar no que está por vir. Foi uma noite agitada, difícil, dava outra olhada no vídeo, via se estava tudo fresco na minha cabeça, como os Estados Unidos estavam jogando. Foi bem agitado, dormi mal e acordei muito cedo, já queria fazer as coisas”, relembra.

Passados dez anos e com outro ouro no currículo, o de Londres 2012, o técnico ainda falou sobre o legado que o primeiro lugar na China deixou. “Eu acho que foi essa forma de o Brasil jogar e se comportar, porque era muito descrente, nunca havíamos ganho uma grande competição. Mostramos para o mundo que tínhamos valor, que podíamos lutar por coisas maiores e que a nossa escola, construída ao longo de anos, é vencedora. É gratificante fazer parte dessa história”, finalizou.

*Colaborou Demétrio Vecchioli

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Dez anos do ouro em Pequim: como o Brasil se superou e calou os críticos? http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/08/23/dez-anos-do-ouro-em-pequim-como-o-brasil-se-superou-e-calou-os-criticos/ http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/08/23/dez-anos-do-ouro-em-pequim-como-o-brasil-se-superou-e-calou-os-criticos/#respond Thu, 23 Aug 2018 09:00:18 +0000 http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/?p=14149

Campanha brasileira na China teve apenas uma derrota em 25 sets disputados (Foto: Cameron Spencer/Getty Images)

O placar apontava 19 a 19 com o Brasil vencendo a final olímpica de Pequim 2008 por 2 sets a 1 quando o técnico José Roberto Guimarães colocou Sassá em quadra para sacar no lugar de Paula Pequeno. A reserva, porém, lançou a bola um pouco longe demais, comprometendo o movimento, acertando a rede e dando um ponto de graça para os Estados Unidos. A tensão, inerente a um jogo daquele quilate, era ainda maior por conta do histórico de “quases” que deu ao longo daquele ciclo olímpico a cruel alcunha de “amarelonas” à seleção brasileira feminina de vôlei.

Estar tão perto e não subir ao ponto mais alto do pódio havia sido a trajetória do time na final do Mundial de 2006, que terminou com vitória da Rússia no tie-break e nos Jogos Pan-americanos de 2007, quando diante de um Maracanãzinho lotado o time sucumbiu para Cuba novamente no quinto set. Isso sem contar a semifinal da Olimpíada de Atenas, em 2004, quando a virada veio mesmo após a equipe ter ficado a um ponto da vitória, com um 24 a 19 na quarta parcial. O fantasma da falha no momento decisivo perseguia as brasileiras, especialmente Mari, Fofão, Walewska, Sassá, Valeskinha e Fabiana, remanescentes da tragédia grega, além do treinador José Roberto Guimarães e sua comissão técnica.

Mas por que na China a história da seleção teve um outro final, bem mais feliz? “Parecia que estava todo mundo em estado alfa. Todo mundo ligado para não deixar escapar a nossa meta. Poucas vezes na minha carreira senti um grupo em tão grande sintonia”, relembra Paula Pequeno, eleita a melhor jogadora da competição. De fato, após o erro de Sassá em um momento estratégico, o grupo não se abalou e, com três bloqueios encaminhou a vitória sacramentada em um erro de ataque de Logan Tom, melhor jogadora americana na ocasião. Final: 3 sets a 1, parciais de 25-15, 18-25, 25-13 e 25-21.

Paredão: bloqueio foi um dos pontos fortes da seleção no torneio (Foto: Cameron Spencer/Getty Images)

A jogada que resultou em um dos bloqueios naquela reta decisiva de set, no 21 a 20, é emblemática para mostrar a superação do Brasil. Após saque de Walewska, a líbero Davis recepciona e manda na mão da levantadora Berg. A armadora aciona pela posição 4 Tayyiba Haneef-Park, gigante de 2,01m, que ataca em diagonal por cima do bloqueio. No fundo da quadra, a própria Walewska consegue fazer a defesa, mas sem o controle da bola, que escapa para fora. Ainda em quadra por uma decisão ousada de Zé Roberto (o esperado seria que Paula Pequeno, em grande forma, tivesse voltado), Sassá dá um pique de quatro metros e salva a jogada. Mari manda para o outro lado. O time se recompõe rapidamente e Fabiana consegue um bloqueio na china executada por Danielle Scott-Arruda.

Termômetro de um time bem treinado e focado, o bloqueio foi um dos pontos altos daquela campanha brasileira que teve apenas um set perdido, justamente o da final. E olha que o Brasil não teve facilidade no torneio: de todas as grandes seleções do mundo à época, a única que não esteve no caminho verde-amarelo foi Cuba, que terminaria na quarta colocação. “Essa geração foi muito resiliente, soube esperar a hora certa. Caiu várias vezes, mas sempre teve força para se levantar. Acho que resiliência resume bem o que passamos antes da conquista”, resume a central Walewska.

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Foi um daqueles raros momentos esportivos em que todo mundo de uma equipe joga muito bem – Sheilla, por exemplo, atacante de talento incontestável, destacou-se mesmo no bloqueio, formando um paredão ao lado de Fabiana. No ataque, as ponteiras Mari e Paula Pequeno viveram momentos sublimes, premiando o arrojo da comissão técnica em escalar as duas como titulares, ainda que ambas tivessem claras dificuldades no passe. Tamanha confiança pode ser explicada porque a levantadora e líder do time era Fofão, veterana habilidosa que sabia viver ali sua última grande chance de ganhar o ouro.

E pensar que, por pouco, Fofão não esteve ali. Sentindo-se injustiçada pela opção de Zé Roberto em dar a titularidade de Atenas 2004 para Fernanda Venturini, a paulista havia decidido deixar a seleção após o quarto lugar naquela Olimpíada. O treinador, porém, pediu que ela voltasse e foi atendido. A exigência era que a situação não se repetisse, o que foi reforçado quando Fernanda, com o apoio da opinião pública e do então presidente da CBV, Ary Graça, se ofereceu para voltar à seleção a apenas quatro meses do início da Olimpíada chinesa. Ali Fofão foi clara: era ela ou Fernanda. Zé ficou do lado dela e certamente não se arrepende de sua escolha.

Semi contra a China foi complicado, apesar do 3 sets a 0 (Foto: Jeff Gross/Getty Images)

Em sua biografia, “Toque de Gênio”, Fofão lembra que o jogo mais decisivo da campanha em Pequim não foi a final, mas sim a semi contra a China. É que, não bastasse estar diante do forte time de casa, que estava em busca do bi, ainda havia o fato de a seleção feminina ter perdido nas quatro tentativas de chegar à decisão olímpica até então, em Barcelona 1992, Atlanta 1996, Sidney 2000 e Atenas 2004. “Aquele era o jogo mais importante das nossas vidas”, define Fofão. Nervosos, ambos os times erraram demais no primeiro set, mas a vitória por 27 a 25 deu a confiança necessária para o Brasil embalar e calar os 13 mil torcedores que lotavam o ginásio de Pequim com uma vitória por 3 sets a 0.

LEVANTAMENTO DE PESO E MENSTRUÇÃO

Os resultados obtidos em quadra são resultado direto da boa preparação física feita ao longo de todo o ciclo olímpico. Profissional responsável por essa área até hoje, José Elias de Proença conta que, após a derrota para a Rússia em 2004, a comissão técnica se reuniu e chegou à conclusão que faltava potência e força física às brasileiras. Iniciou-se então um trabalho de levantamento de peso intenso, semelhante ao executado pelos atletas que vão às Olimpíadas justamente para disputar o halterofilismo.

“Trabalhamos muito as técnicas de arranco, arremesso e agachamento. Algumas meninas suplantaram 130 kg de agachamento, o que é uma marca considerável para o peso corporal delas, por volta de 75 kg. Elas ficaram muito fortes e potentes”, conta Zé Elias. Junto com o departamento médico, passou-se também a monitorar o ciclo menstrual das convocadas, com o objetivo de aumentar o trabalho de força no período pós-menstruação contando com a ajuda dos hormônios.

Zé Elias trabalha com a seleção até hoje e auxilia na recuperação de jogadoras como Thaisa em sua clínica, a Dois Andares (Foto: Divulgação)

Por fim, os níveis de cortisol e testosterona também foram acompanhados e trabalhados via alimentação para que o stress não chegasse a um índice prejudicial às jogadoras. “Foi um trabalho conjunto sobre o qual o Zé Roberto costuma dizer que todas as variáveis foram favoráveis: elas estavam fortes fisicamente, mais seguras psicologicamente e havia um comprometimento do grupo. A gente notava na Vila Olímpica que era uma pessoa só andando enquanto grupo”, destaca.

Uma década depois, Paula Pequeno resume o sentimento gerado por aquele torneio: “Foi um momento especial para todas nós, que trabalhamos tanto e estávamos focadas na meta de conquistar a primeira medalha olímpica do vôlei feminino para o Brasil”. Já Walewska, que também tem o bronze em Sidney 2000 no currículo, lembra que a conquista pertence a muito mais atletas que as 12 convocadas na ocasião: “Esse ouro foi construído por muitas jogadoras. Por muitos anos, elas se sacrificaram sem nenhuma estrutura para que em 2008 toda essa dedicação e persistência fossem coroados. Todas merecem ser lembradas através desse símbolo de ouro”.

MVP da Olimpíada, Paula Pequeno voltará a defender o Osasco Audax nesta temporada(Foto; Cameron Spencer/Getty Images)

POR ONDE ANDAM AS CAMPEÃS OLÍMPICAS?

Carol Albuquerque – reserva no Osasco Audax, clube no qual vai para a terceira temporada seguida
Fabi – despediu-se das quadras ao término da última Superliga e virou comentarista da Globo/SporTV
Fabiana – Capitã do Praia, atual campeão brasileiro. Parou de jogar pela seleção com a derrota na Olimpíada do Rio
Fofão – Jogou até 2015, quando se aposentou das quadras aos 45 anos; tem participado de eventos sobre violência contra a mulher e lançou uma biografia este ano
Jaqueline – anunciou sua despedida da seleção em julho, mas ainda negocia com clubes para permanecer jogando
Mari – tirou 2017/2018 como temporada sabática e abriu uma loja de alimentação saudável em São Paulo
Paula Pequeno – depois de passagens discretas pelo Brasília e Bauru, volta ao Osasco nesta temporada
Sassá – Joga desde 2016 pelo Fluminense, onde passou a também exercer a função de líbero
Sheilla – grávida de gêmeas, não atua desde a Olimpíada do Rio 2016, mas não descarta voltar a jogar
Thaísa – única a seguir na seleção, tenta voltar à melhor forma após graves lesões no tornozelo e joelho
Valeskinha – foi campeã da Superliga B pelo Curitiba na última temporada e segue treinando com a equipe
Walewska – importante no título do Dentil/Praia na Superliga 17/18, transferiu-se para Osasco

CAMPANHA BRASILEIRA EM PEQUIM 2008

Primeira fase
Brasil 3 x 0 Argélia – 25-11, 25-11 e 25-10
Brasil 3 x 0 Rússia – 25-14, 25-14 e 25-16
Brasil 3 x 0 Sérvia – 25-15, 25-13 e 25-23
Brasil 3 x 0 Cazaquistão – 25-13, 25-06 e 27-25
Brasil 3 x 0 Itália – 25-16, 25-22 e 25-17

Quartas-de-final
Brasil 3 x 0 Japão – 25-12, 25-20 e 25-16

Semifinal
Brasil 3 x 0 China – 27-25, 25-22 e 25-14

Final
Brasil 3 x 1 EUA – 25-15, 18-25, 25-13 e 25-21

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Uma nova Gattaz: aos 36 anos, ex-central da seleção vive grande fase http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/02/15/uma-nova-gattaz-aos-36-anos-ex-central-da-selecao-vive-grande-fase/ http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/02/15/uma-nova-gattaz-aos-36-anos-ex-central-da-selecao-vive-grande-fase/#respond Thu, 15 Feb 2018 08:00:13 +0000 http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/?p=11857

Carol Gattaz: “Tenho muita gratidão pelo Minas” (foto: Guilherme Cirino/Camponesa/Minas)

Sorte do vôlei que o Rio Preto Automóvel Clube não tinha time de basquete feminino naquele ano. Caroline de Oliveira Saad Gattaz ficou mesmo com o voleibol. A menina alta, então com 14 anos, sempre havia praticado esporte em sua cidade natal, São José do Rio Preto (SP). “Na escola eu jogava futebol, basquete, handebol, tudo… O vôlei era o que eu menos jogava, não me interessava muito”, conta a central Carol Gattaz, capitã do Camponesa/Minas, ao Saída de Rede.

Aos 17 anos já disputava sua primeira Superliga, pelo São Caetano (SP). Era o final de 1998, lá se vão quase 20 anos. Chegou à seleção brasileira juvenil. Mais algum tempo e, aos 22, com seu 1,92m, estreava na adulta. Duas vezes vice-campeã mundial, cinco vezes campeã do Grand Prix, três vezes campeã da Superliga, até hoje não superou o trauma de não ter participado de uma Olimpíada e perdido a chance do tão sonhado ouro. A dispensa antes dos Jogos de Pequim, em 2008, é uma ferida que não cicatriza. “O corte de Pequim foi sem dúvida o maior baque da minha vida. Até hoje eu ainda sinto muito por ter sido cortada. Tive grandes conquistas na minha carreira, mas nenhum título supre a falta do ouro olímpico”.

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Hoje, aos 36 anos, Carol Gattaz é um dos grandes nomes da Superliga. O Camponesa/Minas, diz ela, a ajudou a se reinventar. Chegou em 2014, depois de algumas temporadas em baixa, quando tudo indicava que o fim da sua carreira estava próximo. “Fui contratada em setembro quando geralmente em maio você já sabe onde vai jogar na próxima temporada”, relembra a capitã. “Tenho muita gratidão pelo Minas, por todo mundo que me acolheu”, completa.

Gattaz não desistiu da seleção, mas não é sua prioridade. “Claro que se me convocassem para o Mundial, eu aceitaria na hora. Mas também não é uma coisa que eu fique pensando, ‘ah, será que vou ser chamada?’. O meu objetivo é estar bem no clube, fazer uma boa temporada, para que na próxima eu possa fechar um contrato bom e, claro, manter a minha longevidade, que é o que eu mais quero, venho trabalhando para isso”.

Fã de Serginho e Bruno, líbero dos EUA vê Brasil forte em todos os aspectos
Histórias contadas em cliques: os fotógrafos do voleibol

A mudança na rotina inclui mais cuidado com a alimentação. Já vão longe os dias em que, nas suas palavras, “era gordinha” e chegou a ser chamada de “mão de pantufa”, vejam só. “A própria mudança pela qual meu corpo passou, com mais massa magra, ajudou a melhorar minha potência”, comenta.

Gattaz bateu um longo papo com o SdR. Falou ainda sobre Bernardinho, Zé Roberto, Tifanny, seu relacionamento com a também jogadora de vôlei Ariele Ferreira (atualmente no Hinode Barueri). Apontou as melhores centrais do País, comentou sobre as temporadas no exterior, seu jeito de liderar, seu ídolo, se pensa em parar de jogar e o que pretende fazer depois disso.

Confira a entrevista que a central concedeu ao blog:

Gattaz diz que não desistiu da seleção, mas não é sua prioridade (Guilherme Cirino/Camponesa/Minas)

Saída de Rede – Como foi o seu começo no voleibol?
Carol Gattaz –
Na escola eu jogava futebol, basquete, handebol, tudo… O vôlei era o que eu menos jogava, não me interessava muito. Eu comecei a jogar basquete pelo Automóvel Clube e também passei a praticar voleibol porque me chamaram. Quando foram inscrever o time de vôlei do clube na Federação Paulista, eu acabei optando por esse esporte porque aí eu já gostava bastante, tinha 14 anos. Também fiquei com o vôlei porque não tinha mais basquete feminino na época no clube. Aos 17 anos estava disputando minha primeira Superliga, na temporada 1998/1999, pelo São Caetano, mas era reserva, entrava pouco. Nossa, faz tanto tempo.

Saída de Rede – Carol, você sempre foi central ou chegou a jogar noutras posições nas categorias de base?
Carol Gattaz –
Joguei como ponteira ainda muito menina, mas foi uma fase bem curta, em São José do Rio Preto, quando eu era infantojuvenil. Meu negócio mesmo era ser central.

Saída de Rede – Quando foi sua primeira convocação para a seleção na base?
Carol Gattaz –
Foi no juvenil, em 1999, para o Mundial daquele ano. Fomos vice-campeãs, perdemos na final para a Rússia (0-3), a (Ekaterina) Gamova era a principal jogadora delas, já jogava bem demais, virava muita bola.
[Nota do SdR: naquela seleção brasileira jogavam também Érika Coimbra, Fernandinha e Paula Pequeno.]

Saída de Rede – No segundo semestre de 2003, quando o Zé Roberto assumiu a seleção feminina, ele te chamou. Como foi sua primeira participação na seleção adulta?
Carol Gattaz –
Eu treinei com o grupo que ia para a Copa do Mundo, mas não fui. No ano seguinte fui para o Grand Prix.

Técnico Zé Roberto conversa com Gattaz durante partida da seleção (FIVB)

Saída de Rede – Em 2005 começava um novo ciclo olímpico e você foi convocada todos os anos. Foi ao Mundial 2006, participou de quase tudo, exceto pelos cortes nas equipes que foram ao Pan, em 2007, e à Olimpíada de Pequim, em 2008. Quase dez anos depois, como é que você analisa o corte antes dos Jogos de Pequim?
Carol Gattaz –
Ainda vejo como um baque, afinal eu participei de todos os anos daquele ciclo olímpico, estive em todos os torneios importantes, só não fui ao Pan do Rio em 2007 porque eu tive um problema de saúde e perdi muito peso. O corte de Pequim foi sem dúvida o maior baque da minha vida, pra ser bem sincera. Até hoje eu ainda sinto muito por ter sido cortada. Tive grandes conquistas na minha carreira, mas nenhum título supre a falta do ouro olímpico. Claro que antes dos Jogos ninguém sabia quem ia ganhar, mas elas ganharam. Não ter esse ouro pesa muito para mim. Eu acho que não merecia ser cortada, mas foi uma decisão da comissão técnica. O grupo foi lá, ganhou o ouro. Então se era para ter feito alguma coisa certa, eles fizeram.

Saída de Rede – O Zé Roberto chegou a conversar contigo logo após o corte?
Carol Gattaz –
Nem houve conversa. Dias depois que nós ganhamos o Grand Prix foi divulgada a lista das 12 jogadoras que iam a Pequim. Eu estava na casa dos meus pais, em São José do Rio Preto. Vi a notícia e fiquei muito mal, arrasada.

Saída de Rede – Você guarda alguma mágoa do Zé Roberto pelo corte de Pequim 2008?
Carol Gattaz –
De jeito nenhum. Tenho um relacionamento muito bom com o Zé, com a família dele. Tenho gratidão pelas oportunidades que ele me deu. Eu acho que a principal qualidade de um ser humano deve ser a gratidão, pois isso faz com que você ande pra frente. Nunca tive raiva dele. Sou grata por tudo que ele me ensinou.

A central ataca durante uma partida contra os EUA no Mundial 2006 (FIVB)

Saída de Rede – No ciclo seguinte, a partir de 2009, lá estava você de novo na seleção. Como foi voltar ao time depois de não ter ido a Pequim?
Carol Gattaz –
Na temporada de clubes 2008/2009 eu fui campeã da Superliga pelo Rexona, fiz um campeonato muito bom e aquela equipe me trouxe alegria. Eu estava muito mal antes do torneio, o corte da Olimpíada tinha sido traumático. O Rexona recuperou minha vontade de vencer, voltei à seleção com bastante pique. Infelizmente, no final de 2009, início de 2010, tive uma lesão que atrapalhou muito a minha carreira, uma fascite plantar no pé direito. Fui ao Mundial 2010, de novo vice-campeã. Depois, ainda no Rexona, fiquei no banco, aí já não fui mais chamada para a seleção naquele ciclo.

Saída de Rede – Voltou à seleção em 2013 para a disputa da Copa dos Campeões, o Zé Roberto chamou veteranas como você e a Walewska. Na época, logo depois do título, você disse que estaria sempre disposta a jogar pela seleção. Aquela foi sua última convocação. Este ano você completa 37. Se vê em condições de defender a seleção, é algo que ainda quer?
Carol Gattaz –
Eu não fico pensando muito nisso porque se eu tivesse que ser chamada, ter uma oportunidade mais recente, já teria tido. Nunca vou dizer não. Eu gostei muito de jogar pela seleção e serviria ao time novamente com certeza. Quem tem que ver se ainda sou útil ou não é o Zé Roberto e a comissão técnica dele. Hoje a seleção está muito bem servida de centrais. As jogadoras dessa posição estão muito bem, se mantêm num nível forte. Claro que se me convocassem para o Mundial, eu aceitaria na hora. Mas também não é uma coisa que eu fique pensando, “ah, será que vou ser chamada?”. O meu objetivo é estar bem no clube, fazer uma boa temporada, para que na próxima eu possa fechar um contrato bom e, claro, manter a minha longevidade, que é o que eu mais quero, venho trabalhando para isso.

Gattaz vira mais uma na Superliga: central é uma das referências no Minas (Guilherme Cirino/Camponesa/Minas)

Saída de Rede – Você disse que a seleção está bem servida de centrais. Quem são as melhores da posição hoje no Brasil na sua avaliação?
Carol Gattaz –
Walewska, Fabiana, Thaisa… A Thaisa não está jogando agora, mas vai voltar logo. Sempre que penso nas melhores, nas que mais gosto de ver jogar, são essas três. Tem a Adenizia, ela joga demais. Tem a Juciely, que não está melhor no momento porque se recupera de uma lesão, isso atrapalha. Tem também a Bia e a Carol, que são mais novas e têm bastante potencial, devem se destacar por muito tempo.

Saída de Rede – Entre as centrais estrangeiras, quem chama sua atenção?
Carol Gattaz –
Olha, eu tenho acompanhado muito pouco os campeonatos internacionais, tanto de clubes quanto de seleções.

Saída de Rede – Quem foi ou quem é o seu grande modelo enquanto atleta? Há alguém em quem você se espelha, um ídolo?
Carol Gattaz –
A Walewska é a pessoa que mais me inspira, ela é uma motivação pra mim. Vejo a Wal aos 38 anos jogando em alto nível, com um físico muito bom, isso é fantástico. Ela é super disciplinada e realmente me inspira, não só como atleta, mas como pessoa também.

Bloqueando o ídolo, a também central Walewska Oliveira (Guilherme Cirino/Camponesa/Minas)

Saída de Rede – Depois daquele problema há alguns anos, a fascite plantar, você chegou a ficar no banco, teve algumas temporadas não tão boas, mas aí foi para o Minas Tênis Clube, na temporada 2014/2015, e voltou a jogar em alto nível, surpreendendo muita gente. O que foi que aconteceu para que você desse uma guinada em sua carreira?
Carol Gattaz –
Mudou tudo praticamente. É até engraçado. Primeiro, o Minas me acolheu. Eu estava sem time e fui contratada em setembro de 2014, quando geralmente em maio você já sabe onde vai jogar na próxima temporada. O time da Amil, de Campinas, tinha acabado e eu estava sem equipe, não tinha para onde ir. Estava treinando no Pinheiros na época, para manter a forma e porque eles abriram as portas para que eu tentasse conseguir um patrocinador. De repente, pintou o convite do Minas. Eu topei e acho que foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida.

Saída de Rede – Por quê?
Carol Gattaz –
Aqui no Minas eu me encontrei, não só como atleta, mas houve algo fantástico na minha vida pessoal também e tudo mudou para melhor. Eu me tornei mais madura, me sinto outra pessoa, outra jogadora. Sou muito mais calma em quadra, sei aproveitar minha experiência. Hoje eu gostaria de estar na seleção porque sei que poderia contribuir, por estar bem fisicamente e por tudo que acumulei, tudo que entendo de jogar vôlei. O que pesou muito em todas essas mudanças é que eu encontrei o amor da minha vida, né. Tenho muita gratidão pelo Minas, por todo mundo que me acolheu. Por ter encontrado a Ariele, que me deu tranquilidade. Nós duas temos muita cumplicidade, muito amor uma pela outra, muito respeito. Isso tudo me deixa muito mais calma dentro de quadra. A Ariele me deu uma paz, uma tranquilidade que eu precisava. Eu devo muito a ela… Essa minha maturidade, essa vontade de jogar. Ela me deu um gás a mais.

Carol com a esposa, a ponteira Ariele Ferreira, do Hinode Barueri (Reprodução/Instagram)

Saída de Rede – Mas houve alteração na sua rotina de treinos, no modo de se cuidar para melhorar seu desempenho?
Carol Gattaz –
Fiz mudanças na minha alimentação, no cuidado com o meu corpo, dou mais atenção ao meu descanso. Isso tudo é reflexo do meu amadurecimento. Antes eu gostava muito de sair, ir pra balada… Não que eu não goste mais, mas agora eu saio com uma frequência muito menor. Hoje eu descanso mais, sei que meu corpo precisa. Não que fosse largada antes, sempre ralei, me cuidei, mas acho que se eu tivesse a postura que tenho hoje desde os meus 19 anos, por exemplo, eu teria aprendido algumas coisas mais cedo, coisas que aprendi muito tarde. Eu estou colhendo os frutos somente agora. Só fui tomar suplementos, que são importantes, em 2013 quando eu jogava pelo Amil. São coisas que te ajudam a se recuperar mais rápido. Quanto antes você começa, seu corpo responde melhor. Aí você constrói um corpo melhor.

Saída de Rede – Na época de juvenil você estava acima do peso ideal. O quanto isso te incomodava?
Carol Gattaz –
Muito, muito, muito… Eu pesava 90 quilos, hoje eu peso 78 e minha taxa de gordura é baixíssima. Antes eu pesava 90 e minha taxa de gordura devia ser sei lá quanto. Eu era gordinha, sabe, meu quadril, minhas coxas, minha barriga… Se naquela época eu tivesse a cabeça que tenho agora e o acompanhamento necessário, teria mudado antes, com certeza. Lá pelos 21 anos foi que comecei a emagrecer. Em 2003, quando cheguei à seleção adulta, aos 22 anos, já estava bem mais leve, mas ainda não era o ideal, que é o que tenho hoje.

Com Ariele, as duas irmãs e a mãe, em São José do Rio Preto. As irmãs, ambas mais novas e com 1,81m, nunca tiveram interesse pelo esporte, segundo Carol Gattaz (acervo pessoal)

Saída de Rede – Você jogou duas temporadas no exterior, uma na Itália (2007/2008) pelo Monte Schiavo Jesi e outra, interrompida, no Azerbaijão (2012) pelo Igtisadchi Baku. Por que não seguiu na Itália e o que houve no Azerbaijão?
Carol Gattaz –
Meu ano na Itália não foi bom, acabei não fazendo um bom campeonato. Recebi um convite do Rexona para a temporada seguinte e decidi voltar. O time no Azerbaijão foi o mesmo em que a Fernandinha tinha jogado. Ela havia me avisado que o clube era problemático. Tive alguns problemas burocráticos, mas estava bem fisicamente. Só que eles foram antiprofissionais. Não os processei porque o meu empresário disse que seria difícil ganhar um processo contra eles lá. Recebi o equivalente pelo mês que fiquei e voltei para o Brasil. Depois disso fiquei sem time o restante da temporada. Preferi ficar sem porque já era dezembro quando voltei, e se esperasse acabar a temporada na próxima estaria zerada. Na época eu ainda tinha a pontuação do ranking. No ano seguinte fui contratada pelo Amil.

Saída de Rede – De uns anos para cá, é possível ver que o seu ataque está mais potente. Como é que você melhorou seu desempenho?
Carol Gattaz –
Sempre fui habilidosa, mas não tinha força. Então muitas vezes eu virava bola porque sabia tirar do bloqueio ou então explorava. Diziam que eu tinha mão de pantufa, que não sabia atacar com força. A própria mudança pela qual meu corpo passou, com mais massa magra, ajudou a melhorar minha potência. Claro que eu me valho da minha técnica, nunca vou ser aquela jogadora com muita explosão, mas hoje em dia bato bem mais forte do que quando era mais nova.

Gattaz: “Hoje eu gostaria de estar na seleção porque sei que poderia contribuir” (FIVB)

Saída de Rede – Desde o juvenil você sempre se destacou como bloqueadora, mas no ataque te viam durante muito tempo como alguém que ficava restrita a duas jogadas, o tempo atrás e principalmente a china. Você tinha dificuldade em atacar pelo meio?
Carol Gattaz –
A minha china sempre foi muito melhor do que os ataques pela frente, como o tempo ou a chutada, e essas minhas bolas não eram boas mesmo. Como a china era muito boa e as da frente eram bem medianas, ninguém queria que eu atacasse pela frente. Aí acabava atacando só por trás da levantadora, o tempo atrás e a china. No Rexona eu passei a treinar bastante com o Bernardinho os ataques na frente, batendo pelo meio. Ele acreditava muito em mim, que eu poderia atacar por ali. Então eu comecei a melhorar essa bola. O Bernardo ficava um tempão comigo no caixote, treinando muito. Como naquela época eu fazia rede de 3 (Fabiana fazia a de 2), eu tinha que atacar pela frente. Eu melhorei demais. O meu percentual de aproveitamento nos ataques pelo meio é bem parecido com os feitos por trás. Claro, tem menos marcação, eu não faço tanto.

Saída de Rede – Ao chegar no Minas, para o período 2014/2015, você se alternava com a Walewska nas redes de 2 e de 3. A partir da temporada seguinte, com a saída dela, você tem feito sempre a de 2, quer dizer, tem um trabalho mais pesado como bloqueadora, que é não apenas cobrir a diagonal, mas também ajudar a levantadora a reduzir o espaço da atacante. Com o voleibol cada vez mais rápido, como é fazer a rede de 2?
Carol Gattaz –
O bloqueio da levantadora é bem menor e para ajudá-la é bastante complicado (ela faz apenas uma passagem com a oposta na rede). Imagina, a central tem que chegar, precisa fechar o meio, cobrindo também a diagonal. A gente tenta o máximo, faz muito esforço. Você também combina a marcação com a defesa, “vou fechar um pouco mais lá e vocês defendem mais aqui” ou então “vou deixar esse espaço aberto, fiquem atentas ali”. Tem que combinar o tempo todo com a defesa porque os jogos estão muito rápidos e isso tem tornado cada vez mais difícil bloquear. A defesa tem que trabalhar bastante. Claro que as bloqueadoras devem pelo menos tocar na bola, mas é bem complicado numa rede de 2 chegar montada no bloqueio.

A meio de rede diz que gostaria de ajudar mais o time (Orlando Bento/MTC)

Saída de Rede – Carol, você tem recebido muitos elogios, se mantém há várias rodadas entre as atacantes com melhor aproveitamento na Superliga. Que avaliação faz das suas atuações esta temporada?
Carol Gattaz –
Olha, meu jogo tá fluindo, venho tentando colocar em prática o que a comissão técnica pede. Porém, uma lesão no joelho esquerdo tem me acompanhado e sou muito exigente comigo mesma. Não estou conseguindo cumprir meus objetivos que são treinar todos os dias e ajudar mais a equipe. Muitas vezes tenho que ficar fora de treino para poder jogar. Claro que tenho conseguido dar o meu melhor dentro de quadra, mas ao mesmo tempo essa lesão está me incomodando muito. Se não tivesse esse problema, eu poderia estar melhor do que estou. Estou satisfeita, mas não totalmente porque poderia render ainda mais.

Saída de Rede – Qual é a lesão no seu joelho esquerdo?
Carol Gattaz –
Tenho tendinite patelar.

Saída de Rede – Recentemente a ponteira Gabriela Guimarães, do Sesc, passou por isso e se submeteu a uma cirurgia. Isso vai ser necessário no seu caso?
Carol Gattaz –
Não, o meu caso não é cirúrgico, já foi avaliado pelos médicos. Eu vou tentar outro tipo de intervenção, mas isso somente depois do final da temporada porque eu não quero ficar de fora, preciso ajudar o meu time na Superliga. Estamos bem perto dos playoffs e eu não posso ficar parada, não me dou esse direito. Estou jogando à base de remédios, mas vou dar o meu máximo para ir até o final da Superliga. Quando acabar, faço o que tiver de fazer para voltar 100% na próxima temporada.

Carol no ataque na semifinal da Superliga 2016/2017, decidida no último jogo da série (Orlando Bento/MTC)

Saída de Rede – Até onde você acha que o Camponesa/Minas pode chegar nesta Superliga? No ano passado vocês surpreenderam, levaram a série semifinal contra o então Rexona Sesc até o quinto jogo, quase foram à final. O que esperar do time desta vez?
Carol Gattaz –
A gente perdeu a Jaqueline, mas a Pri Daroit vem jogando bem. Por causa de algumas lesões e também porque a Hooker chegou um pouco depois, o time está se encaixando agora. O chato é que perdemos muitos jogos que não poderíamos ter perdido. Mas a equipe tem todas as condições de chegar a uma final e brigar pelo título. Claro que vários adversários são muito fortes, essa tem sido talvez a Superliga mais equilibrada de todas. Não há um favorito disparado. O Praia Clube, que está invicto no torneio, perdeu de 3-0 para o Vôlei Nestlé na Copa Brasil. Não tem nada definido.
[Nota do SdR: o Minas está em terceiro na classificação, com um ponto a mais do que o quarto colocado, Vôlei Nestlé, que tem uma partida a menos.]

Saída de Rede – Você teve a chance de trabalhar com os dois técnicos que são os mais vitoriosos da história do voleibol brasileiro, duas referências no mundo todo, Bernardinho e Zé Roberto. Tem um preferido?
Carol Gattaz –
Eu tenho, mas não vou contar (risos). São dois técnicos espetaculares, perfeccionistas, dois seres humanos incríveis, cada um com suas características, suas qualidades, seus defeitos. Eu tive o privilégio de trabalhar não apenas com eles, mas com outros grandes técnicos, como o Paulo Coco e o Luizomar de Moura, pessoas por quem tenho muito respeito. Fui treinada pelo Hairton Cabral, que é outro profissional sensacional, um cara fantástico. Todos eles ajudaram a criar essa bagagem que eu tenho.

Oposta Tifanny, do Bauru, tira foto com fã após partida contra o Minas (Guilherme Cirino/Camponesa/Minas)

Saída de Rede – Você já enfrentou a Tifanny, do Bauru, a primeira transexual da história da Superliga. Como você vê a participação dela?
Carol Gattaz –
Ela foi liberada para jogar. As pessoas discutem se ela pode, se não pode… Isso não cabe a nós jogadoras decidir, mas às entidades que regem o esporte. Claro que isso foi estudado e deve seguir sendo avaliado porque ela é uma pioneira. O importante é que a definição seja boa para o esporte e para as atletas, afinal isso é a nossa vida, nossa carreira. Mas é importante também que a Tifanny não seja prejudicada. Espero que isso possa ser resolvido da melhor maneira.

Saída de Rede – Depois que você expôs na mídia seu relacionamento com a Ariele, em 2016, sentiu alguma mudança de tratamento? Houve alguma hostilidade?
Carol Gattaz –
Nos tratam de uma maneira quase sempre positiva, há até quem nos agradeça por mostrarmos que somos um casal como qualquer outro, duas pessoas que se amam. E nós duas levamos nosso relacionamento adiante de uma forma muito leve, não queremos chocar ninguém, não queremos levantar bandeira nenhuma. O que nós queremos é ser felizes. Não importa se o relacionamento é entre um homem e uma mulher, entre dois homens ou entre duas mulheres, as pessoas têm que ser felizes.

Gattaz salva bola com o pé, observada por Hooker e Mara (Orlando Bento/MTC)

Saída de Rede – Com toda a bagagem que você acumulou e sendo a capitã do Camponesa/Minas, você se preocupa em dividir isso com as jogadoras mais novas?
Carol Gattaz –
Eu gosto de ser líder, mas procuro dar exemplo pelas minhas ações, não sou muito de falar. Não sou aquele tipo de atleta veterana que senta ao lado de uma juvenil e que fica um tempão batendo papo, eu prefiro ir pra quadra e mostrar jogando o que eu quero que ela entenda. Às vezes, na academia, eu quero que elas vejam que eu estou ali ralando, pegando pesado porque isso é importante. Comigo não tem tempo ruim, não faço corpo mole. Eu gostaria de ser mais didática, mas não é o meu perfil.

Saída de Rede – Você já pensou quando vai parar e o que vai fazer depois que deixar de jogar?
Carol Gattaz –
Eu amo jogar vôlei. Fico triste quando penso que não vou poder jogar muitos anos mais, que é o que eu gostaria, pois o corpo vai pedir para parar um dia. Agora que eu estou aprendendo caminhos que me facilitam jogar, eu penso “por que não aprendi isso há dez anos?”. Nunca estabeleci um prazo para parar, quero jogar enquanto eu tiver lugar em um time competitivo, que possa brigar por um lugar na parte de cima da tabela. Ainda não pensei o que vou fazer quando parar de jogar, mas vai ter que ser algo que eu goste.

Saída de Rede – Sem ter didática, seguir a carreira de técnica não é algo que passe pela sua cabeça, certo?
Carol Gattaz –
Deus me livre! Não quero isso pra mim nunca, não é uma coisa que me empolgue (risos). Eu gostaria de aprender a trabalhar nos bastidores, com gestão esportiva, acho que poderia contribuir bastante.

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