Marianne Steinbrecher – Blog Saída de Rede http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br Reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Tue, 31 Dec 2019 12:02:55 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Karpol, 80 anos de uma lenda do vôlei http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/05/01/karpol-80-anos-de-uma-lenda-do-volei/ http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/05/01/karpol-80-anos-de-uma-lenda-do-volei/#respond Tue, 01 May 2018 09:00:22 +0000 http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/?p=13134

“Quando perguntam minha profissão, é com orgulho que digo ‘professor'” (fotos: FIVB e Reprodução/Internet)

Naquela noite de 29 de setembro de 1988, em Seul, Coreia do Sul, tudo parecia fora de controle para a seleção de vôlei feminino da União Soviética. Na disputa da medalha de ouro nos Jogos Olímpicos, o time comandado pelo técnico Nikolay Karpol estava perdido em quadra diante das aguerridas peruanas. As sul-americanas lideravam a partida por dois sets a zero e ganhavam o terceiro por 12-6 – as parciais iam até 15 pontos. Foi então que aconteceu o pedido de tempo mais comentado da história da modalidade e que marcou para sempre a imagem de Karpol. Ele exortou suas atletas a lutarem e deu início a uma das viradas mais incríveis na história do esporte.

Nikolay Karpol completa 80 anos neste 1º de maio e segue na ativa, à frente do Uralochka, em Ekaterimburgo, na Rússia, clube que treina desde 1969, quando começou uma carreira que soma 49 anos. Os berros para suas jogadoras em diversos torneios ecoam na memória dos fãs de voleibol, mas o técnico vai muito além de gritos e expressões faciais raivosas.

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Nikolay Vasiliyevich Karpol nasceu em 1938 em Brzeznica (hoje Bereznitsa), na época parte da Polônia, mas que na década seguinte seria incorporada pela União Soviética como uma cidade da Bielorrússia (atualmente Belarus). Adolescente, foi com a família para Nizhny Tagil, na Rússia, até se mudar de vez para Ekaterimburgo no início da vida adulta. Desde o fim da URSS, em 1991, tem dupla cidadania: bielorrussa e russa.

Praticava voleibol na juventude, mas ganhava a vida como professor. Lecionava matemática, física e astronomia no ensino médio. Antes, enquanto ainda era estudante, em 1959, criou um time de vôlei feminino que ele orientava na própria escola. Em 1966, ajudou a fundar o Uralochka, onde jogava sua futura esposa, Galina Duvanova, com quem se casaria naquele mesmo ano. Assumiria a função de técnico do clube três anos depois e o voleibol passou a ser sua única atividade profissional.

O técnico russo com a seleção durante a Olimpíada de Sydney, em 2000

Nada de palavrões
Ele garante que nesses anos todos como técnico nunca disse um palavrão e, bem humorado, costuma repetir que jamais soube de nenhum torcedor que tenha deixado o ginásio por causa de seus gritos. Na final de 1988 contra o Peru, no famoso pedido de tempo, Karpol se virou para a ponta Irina Smirnova, que havia sido criada pela avó e sempre falava nela, e perguntou, aos berros, o que a atacante faria quando voltasse para casa e encontrasse a avó depois de perder a final. Repetiu a pergunta. A ponteira caiu em prantos. Porém, passou a jogar muito melhor.

Karpol é reconhecido pela maioria das grandes atletas que, sob suas ordens, vestiram a camisa da URSS ou da Rússia, após a dissolução da União Soviética. A universal Lioubov Sokolova, que quase teve sua carreira encerrada por causa de uma disputa na justiça com o treinador em 2002, reconheceu depois que ele foi fundamental na sua vida de atleta.

A levantadora Irina Kirillova afirma que sem Karpol o voleibol feminino russo não teria mantido sua grandeza. A meio de rede Elizaveta Tishchenko faz questão de enfatizar que o treinador elevou o nível do seu jogo.

Karpol e o time da URSS durante pedido de tempo na final de Seul 1988

Críticos
Não faltam críticas ao estilo ortodoxo dele e há até quem minimize suas duas medalhas de ouro olímpicas. Karpol levou a URSS ao ponto mais alto do pódio em Moscou 1980 e em Seul 1988, duas edições dos Jogos Olímpicos marcadas pelo boicote. O da primeira, em massa, liderado pelos Estados Unidos. No segundo ouro, as soviéticas não tiveram que medir forças com Cuba, grande favorita, que não foi a Seul por discordar do tratamento dado pela Coreia do Sul à vizinha do Norte.

Os críticos também apontam falhas em seu sistema defensivo, com ênfase apenas no alto bloqueio e uma cobertura frágil que permitia muitas vezes que largadas fáceis de defender caíssem.

Reclamam até do fato de ele aceitar que suas levantadoras joguem com bolas altíssimas, sem muita criatividade. Disso Nikolay Karpol se defendeu dizendo que trabalha com o que tem. De fato, quando contava com Kirillova, a quem ele comparou diversas vezes a uma bailarina e chama de “a maior levantadora de todos os tempos”, sua equipe tinha mais variação e velocidade. Algo parecido, com menos brilhantismo, pôde ser visto quando ele contava com Elena Vassilevskaia como armadora. Fora isso, tome bola no teto com atletas medíocres na posição como Tatiana Gratcheva ou Marina Sheshenina.

Treinador teve problemas com algumas atletas, que inclusive se recusaram a jogar, como Vassilevskaia

Desentendimentos
Vassilevskaia entrou para o time das que se desentenderam com o técnico a ponto de não mais voltar – depois da prata em Sydney 2000. A ex-ponta/oposta Liudmila Malofeeva, com passagem pela seleção russa após a saída do treinador, jogou pelo Uralochka e não tem boas lembranças de Karpol. “Ele divide as atletas em três categorias: suas favoritas, as medíocres e as que ele despreza”, comentou Malofeeva à imprensa russa, dizendo ainda que ele a tratava como alguém do terceiro grupo.

A queda da URSS em 1991, o colapso do comunismo no leste europeu e o impacto dessa mudança no esporte irritavam o técnico. “Tudo mudou, até a motivação das atletas, agora é só dinheiro, dinheiro… Com a chegada do capitalismo, vieram os empresários. Há muita interferência, tivemos que mudar tudo, até a forma de nos aproximarmos das jogadoras, agora é muito diferente dos tempos da URSS e não mudou para melhor”, contou numa entrevista concedida na década passada.

Sokolova e Gamova foram atletas essenciais para Nikolay Karpol

Jogo ortodoxo
Nikolay Karpol admite que gosta de ter uma ou duas jogadoras como referência nas equipes que treina. Em mais de uma oportunidade, contou que costuma trabalhar com atacantes desde quando ainda são jovens e encaixá-las em seu plano de jogo. Foi assim, por exemplo, na seleção russa de Atenas 2004, que girava em torno da oposta Ekaterina Gamova e da ponteira Lioubov Sokolova, talhadas durante anos pelo irascível treinador.

É possível fazer uma longa lista de grandes atacantes cujo desenvolvimento teve a participação de Karpol. Além de Gamova e Sokolova, estiveram sob sua batuta Elena Godina, Evgenia Artamonova, Tatiana Menshova, Elizaveta Tishchenko, Irina Smirnova, Tatiana Sidorenko e Valentina Oguienko, entre outras. Ele ajudou também a formar a levantadora Irina Kirillova, que começou a ser treinada por ele quando tinha apenas 14 anos.

Professor
Karpol não pensa em parar. Em 2019 completa meio século de carreira. Ele diz que 50 anos de atividade profissional parece um número bom, mas deixa no ar que pode ir além disso.

Quando querem saber qual é a profissão dele, nunca responde técnico de voleibol. “Eu sou um professor. Foi assim que comecei a trabalhar e ainda é assim que me vejo. Além disso, ser professor é algo muito nobre. Por isso, quando perguntam minha profissão, é com imenso orgulho que digo ‘professor’”.

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Momentos de Nikolay Karpol:

Mari na fatídica semifinal de Atenas 2004: bloqueando Gamova e chorando ao final

Defendendo Zé Roberto e Mari
Além da virada na final de Seul 1988, Karpol também ficou conhecido por outra, 16 anos mais tarde, na semifinal de Atenas 2004. A vítima desta vez foi o Brasil. Depois do jogo, durante a entrevista coletiva, o técnico José Roberto Guimarães era massacrado pela imprensa brasileira, que tentava entender o inexplicável: a derrota após sete match points desperdiçados.

Karpol pegou o microfone e pediu que tivessem mais respeito por Zé Roberto, pois ali estava um campeão olímpico (já havia conquistado o ouro com a seleção masculina em Barcelona 1992). O russo também rebateu as críticas à oposta Mari, que vinha sendo injustamente apontada como a grande responsável pelo resultado. “O voleibol é um esporte coletivo e essa menina jogou absurdamente bem numa semifinal olímpica, não é justo criticá-la”, enfatizou Karpol. Uma das raras vezes em que saiu em defesa de adversários.

Dançando com Márcia Fu
Forli, Itália, 1988. URSS e Brasil haviam ficado com as duas vagas do pré-olímpico, superando as donas da casa, as canadenses e as neozelandesas. A organização do torneio promoveu uma festa numa boate após o encerramento. Lá estavam as equipes. A então central Márcia Fu, 19 anos, decidiu chamar o carrancudo técnico soviético para dançar. Karpol aceitou, sob os olhares atônitos de suas atletas. Dizem que a dupla Karpol e Fu fez sucesso na pista.

“Sim, cometi erros, mas não grandes erros”

Karpol e o bom senso
A Rússia enfrentava a Holanda pelas quartas de final em Atlanta 1996. Quase no final da partida, que as russas venceriam por 3-1, a ponteira Evgenia Artamonova desmaiou, exausta com tantos ataques. Apreensão em quadra, Karpol chama uma substituta, mas o segundo árbitro queria que Artamonova, que estava desacordada, viesse para segurar a placa. O treinador começou a rir do juiz auxiliar e a bater palmas. No final, prevaleceu o bom senso.

Sobre os equívocos
“Sim, cometi erros, mas não grandes erros. Talvez alguns pequenos. Eu certamente apostei em jogadoras (sem citar nomes) que não deveria. Errei na preparação para alguns jogos, mas tenho orgulho em dizer que jamais errei ao tentar preparar alguém para ser uma boa pessoa”.

Os fãs
“Hoje em dia os fãs vão a um jogo como quem vai a um show. Muitos sequer entendem voleibol. Tem gente que nem sabe quantos toques são permitidos por time. Muitas pessoas que estão trabalhando nas federações ao redor do mundo não são profissionais e isso resulta em falhas na atração de novos fãs e de fazer o jogo acessível a quem já tem interesse. Os japoneses já foram muito bons em atrair fãs, hoje em dia nem tanto. Brasil e China estão fazendo um trabalho muito bom nesse sentido. A Rússia até que vai bem. A melhor nisso é a Polônia, que faz algo fenomenal”.

Com Kirillova (esquerda) e Tishchenko, em evento realizado em 2014

Hall da Fama
“Estar ali (ele entrou em 2009) é o reconhecimento pelo que tenho feito no voleibol. Eu diria que 99% das pessoas que merecem estar no Hall da Fama já estão ali. Fazer parte desse universo é uma honra muito grande para mim”.

Estragando a despedida de Lang Ping
Além de técnica campeã olímpica, Lang Ping foi uma das maiores jogadoras de todos os tempos. Acostumada com o alto do pódio, já estava aposentada quando, em 1990, para a disputa do Mundial na China, o governo daquele país pediu que voltasse. Heroína nacional, ela seria o grande trunfo numa seleção que vinha patinando.

Lang Ping retornou. As cubanas Mireya Luis e Magaly Carvajal estavam contundidas, mas os chineses não contavam com a URSS de Karpol, que colocou água no chope das anfitriãs. Diante de um ginásio lotado em Pequim, as comandadas de Nikolay Karpol fizeram 3-1 sobre a China, deixando Ping com a prata em sua despedida definitiva.

Biografia
Em 2010, o croata Tomislav Birtic lançou, em inglês, a biografia Karpol: Lunatics – That’s what I need (“Karpol: Lunáticos – É disso que preciso”, numa tradução livre). O livro conta a história do técnico e traz algumas das ideias de Karpol sobre o esporte que o consagrou.

Derrotas de virada em finais olímpicas
“Em Sydney foi difícil fazer algo depois que as cubanas entraram no jogo. Já em Atenas a FIVB trabalhou contra a gente, não queria que ganhássemos”, disse Karpol sobre as duas derrotas de virada, por 2-3, nas finais olímpicas de Sydney 2000 (contra Cuba) e de Atenas 2004 (diante da China). Ele não explicou por que ou quem queria a derrota russa na Grécia. Na época, a FIVB era presidida pelo mexicano Ruben Acosta.

Morte do filho
Em 1993, seu único filho, Vasily, 25 anos, morreu ao lado da esposa em um acidente de carro. Nikolay Karpol e sua mulher, Galina, passaram a criar o neto, que tinha 4 anos.

Karpol sendo condecorado por Vladimir Putin, em Moscou

Condecoração
Na semana passada, Nikolay Karpol foi condecorado pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin, como “Herói do Trabalho”. A honraria é concedida aos cidadãos que se destacam em atividades públicas, elevando o nome do país. O técnico recebeu outras cinco condecorações ao longo da carreira, incluindo a Ordem por Mérito à Pátria.

Colecionador de títulos
Karpol é bicampeão olímpico (1980 e 1988) e três vezes medalha de prata (1992, 2000 e 2004), tendo sido treinador em seis edições dos Jogos Olímpicos – saiu sem medalha apenas em Atlanta 1996, quando a Rússia ficou na quarta colocação. Campeão mundial em 1990, foi sete vezes campeão europeu e tricampeão do Grand Prix.

Comandou a URSS de 1978 a 1982 (demitido após um decepcionante sexto lugar no Mundial) e de 1987 a 1991. Seguiu à frente da seleção feminina em 1992 com a Comunidade dos Estados Independentes (CEI) e depois com a Rússia de 1993 a 2004. Foi ainda técnico da Belarus no período 2009-2010, mas esbarrou na escassez de material humano.

Com o clube Uralochka, conquistou mais de duas dezenas de títulos nacionais e oito edições da Champions League.

Colaborou Ekaterina Semenova

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Qual é a situação de Sheilla, Mari, Jaqueline e Paula no mercado? http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2017/05/29/qual-e-a-situacao-de-sheilla-mari-jaqueline-e-paula-no-mercado/ http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2017/05/29/qual-e-a-situacao-de-sheilla-mari-jaqueline-e-paula-no-mercado/#respond Mon, 29 May 2017 09:00:22 +0000 http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/?p=7413

Paula, Sheilla e Jaqueline, bicampeãs olímpicas. Mari, ouro em Pequim 2008 (fotos: FIVB)

Elas estiveram presentes em grandes momentos do voleibol brasileiro, têm lugar cativo na memória do torcedor e ainda animam uma legião de fãs, que constantemente perguntam ao Saída de Rede onde as quatro irão jogar na temporada 2017/2018. A oposta Sheilla Castro, 33 anos, a ponta/oposta Marianne Steinbrecher, 33, e as ponteiras Jaqueline Carvalho, 33, e Paula Pequeno, 35, estão à disposição no mercado e a gente conta para você, sem revelar valores, qual é a situação de cada uma.

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Sheilla Castro
Bicampeã olímpica, Sheilla Castro não jogou na temporada de clubes recém-encerrada. Após a eliminação do Brasil pela China nas quartas de final da Rio 2016, ela deu adeus à seleção e anunciou que tiraria um ano sabático. Nos dois períodos anteriores, havia jogado pelo time turco VakifBank. Foi titular no primeiro ano, mas no segundo ficou como reserva da holandesa Lonneke Sloetjes – às vezes sequer era escalada como suplente pelo técnico Giovanni Guidetti.

Um dos maiores empecilhos à contratação de Sheilla no Brasil é o alto valor pedido pela atleta, fora do alcance mesmo dos clubes de maior orçamento. O Vôlei Nestlé já tem duas opostas, Paula Borgo e Lorenne. O Dentil/Praia Clube busca uma estrangeira para a posição e, de qualquer forma, já conta com o máximo de duas atletas ranqueadas pela Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) com o teto da pontuação (sete pontos), a central Fabiana Claudino e a ponta Fernanda Garay – Sheilla e outras oito jogadoras estão no topo do ranking. O Sesc RJ (antigo Rexona-Sesc) já renovou com a oposta Monique e não tem espaço para a veterana. O Camponesa/Minas, desde o fim da temporada, tinha a americana Destinee Hooker como prioridade e renovou com ela. O Hinode/Barueri aguarda um co-patrocinador e foca numa estrangeira para a posição – o técnico José Roberto Guimarães tem à disposição uma relação com quatro nomes, todas com custo inferior ao de Sheilla, sendo uma europeia a primeira da lista.

Segundo uma fonte consultada pelo SdR, ainda que fosse reduzido pela metade, o valor pedido por Sheilla Castro “seria considerado irreal”. A mesma fonte comentou que, embora a prioridade dela seja permanecer no país, os mercados italiano e asiático não foram descartados.

Jaqueline entrou em quadra no returno da Superliga 2016/2017 e ajudou o Minas (foto: Orlando Bento/MTC)

Jaqueline Carvalho
Outra do grupo das bicampeãs olímpicas e das ranqueadas com sete pontos pela CBV, a ponta Jaqueline Carvalho não tem pressa. Embora seja considerada uma das principais ponteiras-passadoras do mundo por técnicos do quilate de Bernardinho, Zé Roberto e do americano Karch Kiraly, seu custo comprometeria a maioria dos orçamentos no Brasil e ela não tem interesse em voltar a jogar no exterior agora.

Na temporada passada, a exemplo do período 2014/2015, pegou o bonde andando, mas mesmo assim ajudou o Camponesa/Minas a chegar às semifinais da Superliga. Entre uma e outra, na edição 2015/2016, teve um desempenho abaixo do usual no Sesi. Em entrevista ao Saída de Rede, publicada em fevereiro, ela avisou que não pretende parar e que, inclusive, segue à disposição da seleção. Além de enfatizar que quer acompanhar o dia a dia do filho – Arthur completou 3 anos em dezembro –, Jaqueline dá apoio ao marido, o bicampeão mundial Murilo Endres, que permanece no Sesi, agora como líbero. Ele foi pego no teste antidoping no início deste mês. A contraprova do exame de Murilo confirmou o resultado positivo para furosemida, um diurético que consta na lista de substâncias proibidas pela Agência Mundial Antidoping (Wada).

Paula Pequeno
MVP de Pequim 2008 e presente na campanha de Londres 2012, a ponteira Paula Pequeno jogou as últimas quatro temporadas no Brasília Vôlei. A veterana despertou a atenção do Bauru, mas assim como o seu atual clube, o time paulista tem limitações orçamentárias. O Bauru perdeu a Genter como patrocinador master e busca outro parceiro – o anterior segue apoiando, mas agora apenas com uma cota. Na capital federal, a equipe de PP4 renovou com o Banco de Brasília (BRB), mas ainda aguarda a confirmação da permanência do co-patrocinador, a Terracap.

Tanto no interior paulista como no Planalto Central, Paula teria ainda a opção de trazer, caso consiga, um patrocinador e jogar pela equipe. Bauru terá certamente um time mais competitivo, mas ela é de Brasília, está bem instalada na cidade e isso também pode pesar. Parar não está nos planos da atacante, que foi peça importante para seu clube na última edição da Superliga. Em janeiro, ela disse ao SdR: “Enquanto meu físico aguentar e eu amar o voleibol do jeito que amo, vou estar aqui dentro”.

Mari durante aquecimento numa partida da Superliga 2016/2017 (foto: Neide Carlos/Vôlei Bauru)

Marianne Steinbrecher
Titular na campanha do ouro olímpico em 2008, Marianne Steinbrecher também não pensa em parar. “Eu acho que fisicamente, apesar dos contratempos, ainda tô super tranquila pra jogar”, disse ao Saída de Rede, numa entrevista veiculada em março. Mari, que não renovou com Bauru, tem outras questões que dependem de ajustes com seu futuro clube. “Eu tenho que ver minha mãe, que agora é uma senhora paraplégica que mora sozinha, eu tenho todo um esquema um pouco diferente”, explicou na época ao blog. A mãe dela vive em Rolândia, no interior do Paraná, cidade onde a paulistana Mari foi criada. Quando a equipe do interior paulista a contratou, o técnico Marcos Kwiek deu seu aval para que ela se ausentasse quando fosse preciso. A ponta/oposta foi reserva de Bruna Honório na Superliga 2016/2017. Seu destino na próxima temporada permanece indefinido.

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No dia 1º de abril, seis fatos do vôlei que parecem mentira, mas não são http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2017/04/01/no-dia-1o-de-abril-seis-fatos-do-volei-que-parecem-mentira-mas-nao-sao/ http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2017/04/01/no-dia-1o-de-abril-seis-fatos-do-volei-que-parecem-mentira-mas-nao-sao/#respond Sat, 01 Apr 2017 17:00:41 +0000 http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/?p=6099

No Dia da Mentira, o Saída de Rede relembra seis fatos ligados ao voleibol que parecem difíceis de acreditar, mas que são incontestáveis. De uma cubana voadora a um francês marrento, passando por partidas que ainda mexem com a torcida brasileira, além de um Mundial esvaziado, dá uma conferida na lista abaixo.

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A baixinha Mireya assombrou o mundo (foto: Tasso Marcelo/Ag. Estado)

Salta, chica!
Suponha que você, fã de vôlei, nunca ouviu falar sobre Mireya Luis. De repente, alguém te diz que uma ponteira com mero 1,75m teve o maior alcance da história, chegando a 3,36m, e que foi a maior atacante de todos os tempos. Dá para acreditar? Parece mentira, mas não é.

De 1983 a 2000, essa ponta cubana brilhou nas quadras mundo afora. Sua impulsão era de 1,10m. Lá do alto, distribuía petardos que assombravam as adversárias. Na tentativa de contê-la, os bloqueios atrasavam um tempo na hora de subir, na esperança de amortecer a bola. Bloqueá-la, só se ela atacasse para baixo, e às vezes nem assim. Em mais de uma oportunidade, sepultou o sonho do ouro das brasileiras. O duelo mais notório foi a semifinal da Olimpíada de Atlanta, em 1996, quando Mireya, depois de um começo opaco, foi crescendo até destruir o Brasil no tie break. Deixou sua seleção como tricampeã olímpica e bi mundial, entre outros títulos, à frente de um timaço apontado por muitos como o maior de todos os tempos.

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A tristeza de Mari, Virna e Zé Roberto após a derrota para as russas (FIVB)

24 a 19 na semifinal de Atenas
Olimpíada de Atenas, 26 de agosto de 2004. Faltava um, apenas um ponto para a seleção brasileira feminina de vôlei chegar a uma inédita final olímpica, após ter parado na semifinal nas três edições anteriores. O time comandado pelo técnico José Roberto Guimarães vencia a Rússia na semifinal do vôlei feminino por dois sets a um e liderava o quarto set por 24-19 quando a levantadora Fernanda Venturini foi para o saque. A virada de bola russa na sequência, com a ponta Lioubov Sokolova, parecia normal, afinal ainda restariam outros quatro match points, com o Brasil recebendo o serviço e tendo três atacantes na rede.

O que parecia mera formalidade virou um pesadelo. Uma a uma, a seleção brasileira foi desperdiçando suas chances, até que as russas fecharam a parcial em 28-26, levando a decisão para o tie break. No quinto set, o Brasil voltou a liderar, mas sucumbiu no final e perdeu por 16-14. Foram sete match points jogados fora (seis na quarta parcial e um na última). A oposta Marianne Steinbrecher, 21 anos recém-completados, marcou impressionantes 37 pontos na partida. No entanto, foi injustamente rotulada por alguns como símbolo da derrota, que ocorreu como fruto do desequilíbrio coletivo. Um desastre, que mesmo depois de dois ouros olímpicos (Pequim 2008 e Londres 2012) ainda vive na memória do torcedor.

Zé Roberto dá um peixinho: seis match points salvos diante da Rússia (Lalo de Almeira/Folhapress)

Quartas de final de Londres
Mais uma vez a Rússia, de Lioubov Sokolova e Ekaterina Gamova, aparecia no caminho da seleção brasileira feminina. O retrospecto era péssimo em jogos decisivos. Além da semifinal de Atenas 2004, as adversárias haviam sido algozes do Brasil nas decisões dos Mundiais 2006 e 2010 – a oposta Gamova marcou, nessas duas partidas, 28 e 35 pontos, respectivamente. É verdade que em Pequim 2008 as brasileiras massacraram as russas, mas como o próprio Zé Roberto ressaltou, a superioridade do Brasil afastava qualquer equilíbrio e o jogo foi na primeira fase.

Thaisa decide jogar com joelho machucado e piora lesão: “Bomba relógio”

Para aumentar o drama em Londres 2012, a seleção brasileira avançou às quartas de final após ficar em um modesto quarto lugar em seu grupo, tendo perdido por 0-3 para a Coreia do Sul. As russas estavam invictas. Fim da linha para o Brasil? Que nada! O jogo foi ao tie break e, para apimentar ainda mais a rivalidade entre brasileiras e russas, estas últimas tiveram seis match points. Poderiam ter fechado a partida num contra-ataque pela entrada com Nataliya Goncharova, mas Jaqueline Carvalho defendeu e entregou na mão da levantadora Dani Lins. Era dia de Sheilla Castro. A oposta brasileira salvou cinco dos seis match points – o outro foi num ataque pelo meio com Thaisa Menezes.

Para advogado, briga judicial entre atletas e CBV terá definição em um mês

No final, dois saques certeiros da ponta Fernanda Garay sobre Sokolova, sobrecarregada no passe. No primeiro, ace. No seguinte, uma bola de graça, convertida em ponto numa china com Fabiana Claudino. Brasil 21-19. A semifinal de Atenas pode não ter sido esquecida, mas foi vingada.

Giba consola Bruno após a derrota na final de Londres 2012 (AP)

Final masculina de Londres
A seleção brasileira masculina esteve muito perto do seu terceiro ouro olímpico antes de conquistá-lo na Rio 2016. Chegou a ter dois match points na final de Londres 2012 diante da Rússia. O Brasil começou atropelando e, com relativa facilidade, abriu 2-0.

A partir do terceiro set, dois fatores mudaram o jogo. Do lado russo, o único oposto de ofício da equipe, Maxim Mikhaylov, devidamente marcado pelo time de Bernardinho, foi deslocado para a entrada. Em seu lugar na saída de rede, o técnico Vladimir Alekno colocou o central Dmitriy Muserskiy, um gigante de 2,18m que às vezes desempenhava essa função em seu clube, o Belogorie Belgorod, mas nunca havia sido testado nela em jogos da seleção. Pelo Brasil, o ponta Dante Amaral começou a sentir fortes dores em seu joelho direito, o que prejudicou sua mobilidade e comprometeu o esquema tático da equipe.

Novo astro do vôlei alcança 80 cm acima do aro de basquete

Estava traçada ali uma das viradas mais espetaculares da história. Some à queda no desempenho do Brasil uma atuação de gala de Muserskiy e o resultado foi Rússia 3-2. O central transformado em oposto saiu da condição de coadjuvante para protagonista na final. Nos dois primeiros sets, como meio de rede, havia marcado apenas quatro pontos. Marcaria outros 27 a partir da terceira parcial para se consagrar. Parecia mentira, mas infelizmente foi verdade.

A imprevisibilidade de N’gapeth
Há os que o amam e aqueles que não o suportam. Só não há um fã desse esporte que seja indiferente ao marrento ponta francês Earvin N’gapeth. Também não se pode negar o talento daquele que é um dos maiores jogadores da década. À sua irreverência e jeito provocativo, acrescente uma dose de imprevisibilidade que garantem lances incríveis, como que tirados da cartola por esse atacante que desde 2014 joga pelo Modena, da Itália.

Parece mentira que o craque de 1,94m, atualmente com 26 anos, tenha decidido arriscar, enquanto girava, uma bola de gancho no match point da decisão do Campeonato Europeu 2015, diante da valente Eslovênia, quando o placar dava apenas um ponto de vantagem para a França. A cada rodada da liga italiana, surgem nas redes sociais clipes com jogadas geniais (como as do vídeo acima) de um cara que desde os tempos de juvenil era apontado como detentor de um talento que lhe garantiria projeção internacional. Momentos que só vendo para crer.

Japonesas conquistaram o troféu num campeonato reduzido (FIVB)

Mundial com quatro equipes
Onde já se viu isso? Culpa da Guerra Fria. O Saída de Rede já te contou essa história, em janeiro deste ano, quando o evento completou 50 anos. Por causa de diferenças políticas, o Mundial feminino 1967 teve apenas quatro países participantes: Japão, Coreia do Sul, Estados Unidos e Peru.

O torneio deveria ter tido a presença de 11 seleções, mas o país-sede, o Japão, capitalista, advertiu que não hastearia a bandeira nem executaria o hino nacional da Coreia do Norte e da Alemanha Oriental, duas novas nações surgidas depois da II Guerra Mundial, integrantes do bloco comunista. Como outros cinco participantes eram alinhados com aqueles dois, o boicote dos sete fez o evento virar um simples quadrangular, vencido com facilidade pelo anfitrião. Um fiasco que parece história inventada, mas que de fato aconteceu.

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Mari: “Acho difícil surgirem tantas jogadoras boas como na minha geração” http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2017/03/18/mari-acho-dificil-surgirem-tantas-jogadoras-boas-como-na-minha-geracao/ http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2017/03/18/mari-acho-dificil-surgirem-tantas-jogadoras-boas-como-na-minha-geracao/#respond Sat, 18 Mar 2017 09:00:07 +0000 http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/?p=5740

A oposta do Bauru diz que está super tranquila (foto: Guilherme Cirino/Instagram @guilhermectx)

A silhueta esguia surge no corredor que dá acesso à quadra e os fãs que aguardam a loira de 1,90m se agitam ao vê-la de longe, chegando para o treino. Quase cinco anos depois de ter vestido a camisa da seleção brasileira pela última vez, a ponta/oposta Marianne Steinbrecher, 33 anos, ainda causa frisson entre os aficionados por voleibol. É quase impossível ignorá-la, seja por sua simples presença, seja por sua história representando o Brasil.

Foi do céu ao inferno mais de uma vez. Muito jovem, 21 anos recém-completados, marcou 37 pontos na tragédia de Atenas, em 2004, a semifinal olímpica em que o Brasil desperdiçou sete match points e viu a Rússia avançar à final. Começava ali um calvário que acabaria quatro anos depois, na sua maior conquista, o ouro olímpico em Pequim. Calou seus detratores como titular absoluta em uma equipe esférica, beirando à perfeição. Contusões, cirurgias, o corte antes de Londres 2012… Uma carreira atribulada, mas Mari sempre ressurge.

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A forma atual, ela admite, não é a ideal, mas segue se esforçando, lutando contra as limitações físicas. “Eu tive lesões sérias que afetaram minha forma de jogar. Hoje em dia eu tenho que me arrumar muito mais para atacar uma bola, pensar muito mais para saltar, para cair. Em alto nível, qualquer diferença é muito grande”, disse ao Saída de Rede.

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O modo como o voleibol feminino é jogado atualmente não a agrada muito. “Eu acho o vôlei um esporte muito bonito, muito técnico. O vôlei feminino era pra ser muito mais assim e não está sendo”. Sobre a renovação na seleção, Mari torce pelo sucesso do time, mas foi taxativa: “Acho difícil surgirem tantas jogadoras boas como na minha geração”.

Atualmente revezando-se com Bruna Honório na saída de rede, ela tenta ajudar o Genter Vôlei Bauru, clube que passou a integrar em novembro do ano passado, a chegar à semifinal da Superliga, na segunda temporada da equipe na primeira divisão. Logo mais, às 20h30, em Belo Horizonte, o Bauru entra em quadra como visitante contra o Camponesa/Minas para a primeira partida da série melhor de três das quartas de final.

Veja a entrevista que Marianne Steinbrecher concedeu ao SdR:

Saída de Rede – Os fãs ficam muito agitados quando te veem. Faz tempo que você não joga pela seleção, mas segue sendo assunto nas redes sociais e chama muita atenção nos ginásios. A que você atribui isso?
Mari – Acho que simpatizam comigo porque sou uma jogadora diferente. Mas sou mais séria na quadra, fora dela sou completamente diferente do que quando estou jogando. As pessoas não sabem, acham que sou assim o tempo todo e não é verdade, sou brincalhona. Quem me conhece, sabe. Então eu acho que esse jeito diferente, aparentemente mais frio, causa essa curiosidade, né. Também o fato de eu não ser uma brasileira típica. Essas coisas me deixam bem diferente da maioria das jogadoras.

Mari na semifinal de Atenas 2004: bloqueando Gamova e no chão após a derrota (fotos: FIVB)

Saída de Rede – Como avalia seu atual momento na carreira? Está jogando do jeito que gostaria? Como vê sua participação no Bauru?
Mari – Tô voltando numa situação atípica, fiquei muito tempo parada depois da morte do meu pai (1º de abril de 2016). Eu vim num esquema diferente delas (aponta para as colegas de time, na quadra). Eu tenho alguns, não digo privilégios, mas algumas coisas que eu resolvo com o Marcos (Kwiek, treinador do Bauru). Eu tenho que ver minha mãe, que agora é uma senhora paraplégica que mora sozinha (vive em Rolândia-PR, cidade onde a paulistana Mari foi criada), eu tenho todo um esquema um pouco diferente. Mas eu não deixo de treinar, eu treino igual a todo mundo. Eu vim depois, né. Cheguei ao time em novembro, então até eu entrar em ritmo de novo… Até hoje eu não peguei ritmo de jogo. Eu vinha jogando, mas aí eu machuquei o abdome, fiquei um bom tempo parada. Agora tô voltando a treinar. Ainda não estou como eu gostaria, por não ter ritmo de jogo e ter tido também essa lesão no abdome, que me deixou um tempo afastada.

Redenção em Pequim 2008: ouro (foto: FIVB)

Saída de Rede – Você teve muitas lesões ao longo da carreira. O quanto elas te atrapalharam? Te fizeram mudar a forma de jogar?
Mari – Eu tive lesões sérias que afetaram minha forma de jogar. Eu tive uma lesão na perna esquerda (joelho esquerdo, em 2013) que eu nunca mais pude cair me apoiando nela como fazia antes, isso me deixou muito travada. Hoje em dia eu tenho que me arrumar muito mais para atacar uma bola, pensar muito mais para saltar, pensar muito mais para cair. Em alto nível, qualquer diferença é muito grande. Então foi toda uma adaptação, levou pelo menos dois anos para hoje estar um movimento mais natural. Eu tive vários problemas que a maioria das jogadoras não teve. Tive uma cirurgia no ombro direito ainda muito nova, depois demorou a recuperar. Em 2008 eu já estava OK, mas você tem que ficar sempre cuidando. Teve a cirurgia no joelho direito em 2010, que me tirou do Mundial. Leva sempre um ano (de recuperação) para você estar bem. E nunca mais você fica 100%, você volta bem, mas nunca mais é o joelho como a gente nasceu. Foram várias coisas… Eu aprendi muito a ter superação diante desses problemas. Isso me fez crescer muito como atleta, como pessoa.

Saída de Rede – A temporada anterior, parte na Itália, depois na Indonésia, onde o nível é mais baixo, te atrapalhou de alguma forma?
Mari – Não, foi ótima. O nível delas (jogadoras indonésias) não é o nosso nível, mas o das estrangeiras que vão para lá é muito bom. Tinha as chinesas, jogadoras da seleção delas, que disputaram duas Olimpíadas, e jogaram lá também. A Logan Tom (ponta americana), que estava no meu time, ela estava muito bem. As estrangeiras são diferenciadas, a cobrança em cima da gente na Indonésia era muito grande. Lá a gente atacava 80, 90 bolas por jogo. Se fizéssemos menos de 30 pontos, eles achavam que a gente jogou mal. É um outro tipo de pressão, então fisicamente você tem que estar o tempo inteiro bem. Treinava e jogava sexta, sábado e domingo, não tinha folga… Eles são assim, um pouco fora do normal. (Risos)

No ataque: lesões mudaram sua forma de jogar (fotos: Neide Carlos/Genter Vôlei Bauru)

Saída de Rede – Você ficou decepcionada por não ter sido lembrada na convocação da seleção no ano passado?
Mari – Não chegou a ser decepção porque não esperava nada, não espero nada, mas eu acho que poderia ter sido lembrada pela fase em que eu estava. Eu vinha bem, fisicamente muito bem. Fui pra Indonésia por falta de pagamento (na Itália), não por opção minha. Naquele período não tinha um time pra eu poder me encaixar. Até havia outros times, mas financeiramente não estava valendo a pena em comparação com o que a Indonésia me ofereceu. E eu estava vindo de uma situação sem receber, então não podia pensar só onde jogar, mas na parte financeira também. Eu fiquei mais de cinco meses sem salário na Itália, tendo despesas em euro, e o euro estava quatro e pouco em relação ao real… Tive que optar pela situação financeira que a Indonésia estava oferecendo.

Saída de Rede – O Bolzano (clube italiano pelo qual ela jogou metade da temporada passada) pagou tudo o que te devia?
Mari – Não, não…

Saída de Rede – Eles propuseram algum acordo?
Mari – Eles tão pagando muito picado, sabe. Já tem mais de um ano e até hoje eles me ligam e falam “vamos pagar um pouquinho aqui”. Eu já entendi que eu nunca vou ver a cor do dinheiro realmente.

(Nesse momento, Paula Pequeno, do Terracap/BRB/Brasília Vôlei, que havia treinado e se alongava noutro canto do ginásio do Sesi, em Taguatinga (DF), chega e dá um abraço e um beijo na ex-colega de seleção. As duas foram as ponteiras titulares em Pequim 2008, quando o Brasil conquistou seu primeiro ouro olímpico no vôlei feminino, numa campanha invicta, com oito vitórias e apenas um set perdido.)

Batendo papo com as colegas de time durante intervalo do treino

Saída de Rede – Você já pensou em parar ou faz planos de jogar até uma determinada idade?
Mari – Hoje em dia não tô mais pensando muito nisso, não. Eu acho que fisicamente, apesar dos contratempos, ainda tô super tranquila pra jogar. Tudo depende mais da cabeça hoje em dia, né… Eu vou fazer 34 anos e o que pesa mais não é a parte física, mas sim a cabeça. Sabe, você estar querendo fazer outras coisas, estar descobrindo outras coisas e o vôlei passa a não ser mais o principal foco… Mas eu ainda não cheguei nesse ponto. Quando chegar nesse ponto, vai ser o momento em que vou falar “não quero mais”.

Saída de Rede – Seu contrato com o Bauru vai até o final desta temporada. Onde você se vê na próxima? Pensa em renovação com o clube?
Mari – Eu espero continuar.

Saída de Rede – O que acha da renovação na seleção feminina, das novas jogadoras que substituirão a sua geração?
Mari – Eu acho que o vôlei, comparando a nossa geração com essa de hoje, virou um voleibol masculino: só força, porrada, você não vê mais jogada, você não vê mais jogadoras habilidosas, não vê levantadoras como Fofão e Fernanda Venturini. Pra mim, o vôlei feminino virou um vôlei, digamos, um pouco mais feio. Mais forte, porém mais feio. Modo de dizer, não que seja um vôlei feio. (Risos)

Durante aquecimento na Superliga, ela aguarda sua vez de atacar

Saída de Rede – Com mais potência, com ênfase na parte física?
Mari – Exatamente. Eu acho o vôlei um esporte muito bonito, muito técnico. O vôlei feminino era pra ser muito mais assim e não está sendo. Então nossa renovação está… No mundo, né, no geral tá sendo muito isso.

Saída de Rede – Você acha que as jogadoras jovens cotadas para a seleção podem ajudar a manter o Brasil em alta?
Mari – Ai, prefiro não opinar porque a gente não sabe o que pode acontecer… Assim como minha geração foi um pouco desacreditada, de 2005 até ganhar o ouro olímpico em 2008… Depois na Olimpíada seguinte elas ganharam outro ouro, sabe, esse grupo em que ninguém acreditava, que era chamado de geração amarelona e tal. Isso pode acontecer com essa geração nova. Eu torço pra que isso aconteça, que vençam. Porém, acho difícil surgirem tantas jogadoras boas como na minha geração. É pouco provável ter tantas atletas naquele nível nessa geração que está chegando.

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Brasília, Bauru, Juiz de Fora e Montes Claros em alta na Superliga http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2016/11/29/brasilia-bauru-e-juiz-de-fora-sobem-no-elevador-da-superliga/ http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2016/11/29/brasilia-bauru-e-juiz-de-fora-sobem-no-elevador-da-superliga/#respond Tue, 29 Nov 2016 08:00:23 +0000 http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/?p=3649

Brasília em alta: time de Paula, Macris e Andreia vem de duas vitórias em sets diretos (fotos: CBV)

 

Times de porte médio estão em ascensão; deslize dos mesários, decepção carioca e briga no Paraná entre o que não vai bem na Superliga. Confira o sobe e desce da competição:

SOBE

Interior de Minas Gerais
Depois de começar a Superliga Masculina 2016/2017 com duas derrotas, o time de Juiz de Fora, que quase foi rebaixado para a Superliga B ao final da temporada passada, engrenou e venceu suas últimas quatro partidas. O destaque do JF Vôlei é o oposto Renan Buiatti, 26 anos, 2,17m, disparado o maior pontuador do torneio após seis rodadas, com 128 pontos. A equipe está em sexto na classificação.

O outro time do interior mineiro, o Montes Claros Vôlei, aprontou nesta segunda-feira (28): quebrou a invencibilidade do Funvic Taubaté na casa do adversário. De nada adiantou o elenco estelar do Taubaté, que conta com os campeões olímpicos Wallace, Lucarelli e Éder, além de selecionáveis como Raphael, Lucas Loh e Mário Jr. O Montes Claros, liderado pelo eficiente oposto Luan, venceu por 3-1, chegou aos 12 pontos e agora é o quinto na tabela, com quatro vitórias.

Brasília Vôlei
“Brasília Vôlei, eu acredito” é o verso que ecoa no pequeno ginásio do Sesi, em Taguatinga, no Distrito Federal, quando o time da MVP olímpica Paula Pequeno joga diante da sua torcida. Tem valido a pena acreditar. PP4 tem motivo de sobra para abrir aquele sorrisão famoso. Aliás, as meninas do Terracap/BRB/Brasília Vôlei podem sorrir bastante. O time está em terceiro lugar, atrás apenas do undecacampeão Rexona-Sesc e do estrelado Dentil/Praia Clube, deixando para trás, ao menos momentaneamente, o Vôlei Nestlé e seu orçamento parrudo. Nas duas últimas rodadas, a equipe treinada pelo campeão olímpico Anderson Rodrigues não perdeu sets. Primeiro, em casa, despachou exatamente o Vôlei Nestlé. Depois, foi a Belo Horizonte e passou pelo Camponesa/Minas.

Com 1,74m, Thaisinha é uma das maiores pontuadoras da Superliga

Genter Vôlei Bauru
Três vitórias seguidas e o quinto lugar na Superliga deixam leve a atmosfera no clube do interior paulista. A última vítima foi o modesto São Cristóvão Saúde/São Caetano, mas mesmo nesse esperado triunfo o time do técnico Marcos Kwiek mostrou consistência, não deu chance ao adversário. Conhecido por seu competente trabalho à frente da seleção feminina da República Dominicana, na qual se mantém como técnico, Kwiek assumiu o Bauru no meio da temporada passada, para apagar um incêndio. Nesta, tendo a chance de fazer suas contratações, ele repatriou a veterana ponta/oposta Mari Steinbrecher e trouxe duas dominicanas, a ponteira Prisilla Rivera e a líbero Brenda Castillo. Esta última, por sinal, é um dos destaques da Superliga. Aos poucos, o Bauru vai mostrando a cara e promete incomodar os grandes. Olho também na ponta Thaisinha, que mesmo com apenas 1,74m é a quarta maior pontuadora da competição, somando 89 pontos em seis rodadas.

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DESCE

Mesários na Hebraica
Neste sábado (26), mais um erro envolvendo a mesa e outra vez em um jogo em que o mando de quadra era do Fluminense, no ginásio da Hebraica, no Rio de Janeiro. No terceiro set da partida entre o time da casa e o Vôlei Nestlé, a mesa deu um ponto a mais para a equipe de Osasco. O erro foi corrigido, mas provocou certo tumulto. A falha lembra algo ocorrido na primeira rodada, quando o Rexona-Sesc encarou o Flu. No primeiro set, a mesa deu um ponto a mais para o tricolor, enlouquecendo o técnico adversário, Bernardinho, que com o punho crispado berrava impropérios. Ficou por aquilo mesmo. Erro bisonho!

Fluminense pressiona, mas ainda não decolou no torneio

Fluminense
Não que a equipe carioca, que voltou à elite do vôlei feminino brasileiro após mais de 30 anos, estivesse entre os favoritos. Longe disso. O time é “jogueiro”, como se diz na gíria do esporte, pressiona os adversários, a exemplo do que se viu diante do favorito Vôlei Nestlé, mas até agora não fez nada demais. Inclusive deixou escapar sets que poderia ter ganhado, como as duas últimas parciais contra a equipe de Osasco – depois de um bom momento na partida, no final do terceiro set a levantadora Pri Heldes desperdiçou uma bola de xeque concedendo match point ao adversário e em seguida encaixotou a central Letícia Hage diante do bloqueio paulista. O Fluminense, que surpreendeu ao vencer o Rexona no estadual, ainda está devendo na Superliga. Um time que tem potencial para chegar aos playoffs, mas que por enquanto amarga o nono lugar na tabela, com somente duas vitórias em seis jogos.

Briga no Paraná
A partida entre São Bernardo Vôlei e Caramuru Vôlei/Castro teria passado despercebida não fosse pelo clima belicoso que quase culminou numa troca de sopapos, como o SdR mostrou na semana passada, depois de ouvir os dois lados. A rivalidade vem desde a Superliga B. São Bernardo, do ABC paulista, e Caramuru, da cidade de Castro, no interior do Paraná, lutam para evitar o rebaixamento. Os paulistas estão em décimo lugar, com apenas uma vitória, justamente nessa partida, por 3-2. O estreante Caramuru segura a lanterna, com apenas aqueles dois sets vencidos em vinte disputados.

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Em Bauru, Mari volta a ser oposta e anima técnico: “Ela não desaprendeu” http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2016/09/25/em-bauru-mari-volta-a-ser-oposta-e-anima-tecnico-ela-nao-desaprendeu/ http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2016/09/25/em-bauru-mari-volta-a-ser-oposta-e-anima-tecnico-ela-nao-desaprendeu/#respond Sun, 25 Sep 2016 09:00:56 +0000 http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/?p=2576 Mari não defende a seleção desde 2012 (Foto: Divulgação/CBV)

Mari não defende a seleção desde 2012 (Foto: Divulgação/CBV)

A confirmação da volta de Mari ao voleibol brasileiro, agora defendendo as cores do Concilig Vôlei Bauru, animou os torcedores. Aos 33 anos, a atacante ainda colhe os frutos dos tempos em que brilhava na seleção e segue como uma das jogadoras mais populares do país. E, por mais que tenha vivido diversos altos e baixos nas últimas temporadas, ainda é capaz de ganhar a confiança de gente gabaritada no vôlei.

É o caso de Marcos Kwiek. Ex-assistente de José Roberto Guimarães e atual treinador da República Dominicana, o técnico foi importante para a decisão de Mari aceitar vestir a camisa do time do interior paulista. Em entrevista ao Saída de Rede, ele mostrou-se animado com o reforço, que se apresenta em Bauru no começo do próximo mês.

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“Lógico que ela não é a Mari de 10 anos atrás, mas ela não desaprendeu a jogar e continua sendo uma jogadora diferenciada. Ela vai ser muito importante dentro da competição”, comentou o treinador. “Conheço bem a Mari e sei o quando ela pode nos ajudar. Nosso objetivo é fazê-la jogar 100% motivada. Com isso, certamente teremos uma grande jogadora ao nosso lado”, destacou.

Titular na campanha do ouro olímpico em Pequim 2008, Mari desde então acumulou passagens pelo São Caetano, Unilever (atual Rexona), Fenerbahce, Dentil/Praia Clube e Molico (atual Vôlei Nestlé). Com cada vez mais dificuldades em se firmar no vôlei nacional, na última temporada ela teve passagens pelo Sudtirol Neruda Bolzano, da Itália, e pelo Jakarta Pertamina Energi, da Indonésia. No exterior, voltou a animar os fãs com boas atuações.

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Em Bauru, Kwiek pretende usar Mari no que ela sabe fazer de melhor: atacar. Por isso, a atleta atuará a princípio como oposta, posição em que inicialmente se destacou, mas que abandonou para virar ponteira a pedido de José Roberto Guimarães, que quis torná-la uma jogadora mais completa. “Hoje, no nosso elenco, só temos uma jogadora
especialista nessa posição, a Bruna Honório, uma jovem em crescimento. A vinda da Mari só vai ajudá-la a crescer e se estabelecer”, afirmou Kwiek.

Kwiek fala em levar Bauru à semifinal da Superliga: "Sonho distante, mas não impossível" (Foto: Divulgação/Conclig Bauru)

Kwiek fala em levar Bauru à semifinal da Superliga: “Sonho distante, mas não impossível” (Foto: Divulgação/Conclig Bauru)

Além de Mari, Bauru contará com outras duas atletas de destaque internacional. Ambas são dominicanas: a líbero Brenda Castillo, considerada uma das melhores do mundo, e a ponteira Prisilla Rivera. O restante do elenco conta ainda com jovens de destaque, caso da levantadora Juma e da central Valquiria. Apesar da interessante mescla, o técnico evita fazer projeções muito otimistas.

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“Somos uma equipe intermediária, que vai brigar para se classificar para os playoffs. Nossa ideia é crescer dentro da competição. Buscamos a melhor classificação possível e chegar em igualdade de condições com qualquer equipe nos playoffs. A ideia de investir em jovens talentos foi dar espaço para que elas possam jogar e desenvolver seu potencial. A mescla com jogadoras mais experientes foi justamente para dar equilíbrio nos momentos críticos. Chegar a uma semifinal de Superliga seria um sonho distante, mas não impossível”, analisou.

Para Kwiek, a força do conjunto é a maior qualidade de Bauru na luta para transformar esse sonho em realidade. “Somos um grupo forte, sem individualidades. Acho que temos um elenco equilibrado que está buscando o mesmo objetivo. Temos que melhorar em tudo sempre, não se acomodar. Somos um grupo de trabalhadores, de operários, que está lutando para se manter entre os melhores”, frisou.

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