Londres 2012 – Blog Saída de Rede http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br Reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Tue, 31 Dec 2019 12:02:55 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Sob suspeita, vôlei russo poderá perder mais prestígio fora dos Jogos http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2019/12/10/sob-suspeita-volei-russo-podera-perder-mais-prestigio-fora-dos-jogos/ http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2019/12/10/sob-suspeita-volei-russo-podera-perder-mais-prestigio-fora-dos-jogos/#respond Tue, 10 Dec 2019 09:00:44 +0000 http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/?p=19435

Uma das candidatas ao ouro olímpico no Japão, a seleção russa masculina de vôlei se vê, mais uma vez, atingida por um escandaloso caso de doping (Fotos: Divulgação/FIVB)

Qual será o impacto da exclusão da Rússia, uma das mais tradicionais e vencedoras escolas de vôlei da história – incluindo o período como União Soviética – dos Jogos de Tóquio? Fãs da modalidade e jornalistas vêm tentando dar uma resposta a esta pergunta desde a divulgação da bomba que abalou o mundo esportivo nesta segunda-feira (9).

Seguindo uma recomendação de seu Comitê de Revisão de Conformidade, a Agência Mundial Antidoping (WADA) baniu o país de competições internacionais pelos próximos quatro anos. A proibição exclui os atletas russos não apenas da Olimpíada do ano que vem, como também dos Jogos de Inverno de 2022, em Pequim, da Copa do Mundo de futebol, que será realizada no mesmo ano, no Qatar, e de Campeonatos Mundiais de todos os esportes.

Além dos atletas, funcionários do governo russo também estão banidos de tais eventos por fazerem parte daquilo que a WADA considera ser um vasto sistema de doping institucionalizado e financiado pelo Estado, que já teria envolvido mais de mil atletas. De acordo com a resolução, o país também está proibido de sediar ou mesmo se candidatar a receber grandes torneios esportivos, o que compromete diretamente a realização do Campeonato Mundial masculino de vôlei, que aconteceria no país em 2022.

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A punição motivou reações. A lendária ponteira Lyubov Sokolova, bicampeã mundial com a Rússia e uma das maiores jogadoras de vôlei de todos os tempos, disse, em entrevista ao prestigiado site russo Sport-Express, que a decisão da WADA representa um duro golpe ao esporte no país.

“Isso é um horror, uma grande frustração. Não apenas para o atleta que está se preparando, mas também para os organizadores. Para treinadores e jogadores, para o marketing e a popularização do vôlei em geral. É uma tragédia. Nem consigo imaginar o que acontecerá daqui para frente, o que precisa ser alterado e corrigido. Sinto uma tristeza profunda”, lamentou.

Sokolova lamentou profundamente o banimento da Rússia dos Jogos

Mesmo antes do anúncio oficial da sanção imposta pela Agência, a oposta Nataliya Goncharova, uma das principais jogadoras da equipe russa na atualidade, já havia se manifestado no fim de semana questionando a indicação de exclusão de todos os atletas do país, o que acabou por se confirmar nesta segunda-feira.

“Há, em muitos países, atletas que testaram positivo, mas nem por isso puniram a delegação inteira. Se o atleta estiver limpo, ele deverá poder participar dos Jogos Olímpicos. Se for pego em doping, ele é desqualificado e não participa. É simples, você não pode banir todo mundo”, declarou a atacante ao mesmo Sport-Express, se referindo ao fato de que a tradição no Comitê Olímpico Internacional (COI) é impor a punição ao atleta envolvido no caso de doping, e não ao time.

Não é de hoje, entretanto, que o vôlei – e o esporte russo como um todo – é colocado sob grave suspeita. No final de 2016, por exemplo, a versão final do relatório da mesma WADA já incluía o nome do central Dmitriy Muserskiy – e de outros jogadores, que foram mantidos em sigilo – em uma lista com vários atletas de 30 modalidades diferentes que teriam feito uso de substâncias proibidas entre 2011 e 2015. Como ele foi pego duas vezes e as datas não foram divulgadas, não se sabe se alguma delas foi durante os Jogos de Londres, em 2012.

Para quem não lembra, o gigante de 2,18m foi um dos responsáveis pela histórica virada sobre a seleção brasileira na final daquela Olimpíada, o que acabou dando o ouro ao time russo. À época, a revelação motivou uma tentativa intempestiva de reivindicação da medalha por parte do ponteiro Giba, então capitão da seleção, junto à Federação Internacional de Vôlei (FIVB).

Um dos mais importantes jogadores da seleção russa, Muserskiy já havia sido citado em antigo relatório da Wada

Desta vez, entretanto, a recomendação pela exclusão, aceita por unanimidade pela organização, se baseou na constatação de que houve uma falsificação dos dados de controle de doping fornecidos pelo laboratório da Agência Antidopagem local (RUSADA) aos investigadores da WADA no mês de janeiro. O COI já tinha se posicionado a favor do banimento do país da Rio 2016 e dos Jogos de Inverno de Pyeongchang, de 2018, mas deixou que as federações nacionais resolvessem se executariam ou não a punição.

Assim, o COI manifestou total apoio à decisão tomada nesta segunda-feira, afirmando que dará pleno suporte às sanções impostas aos atletas. “Os representantes do Movimento Olímpico apoiam hoje a decisão unânime do Comitê Executivo da Wada, que está de acordo com a declaração feita pelo Comitê Executivo do COI e é endossada pela Cúpula Olímpica”, anunciou a entidade.

A resolução, no entanto, pondera que os competidores que estiverem comprovadamente “limpos” poderão atuar defendendo uma bandeira neutra, algo que contraria a solicitação da Comissão de Atletas da organização – o grupo havia pedido a eliminação total da Rússia de qualquer disputa. Mas o fato é que o país tem 21 dias para recorrer da decisão da Agência. Se optar pelo recurso, o caso será julgado em última instância pelo Tribunal Arbitral do Esporte (TAS, na sigla em francês).

Goncharova criticou a Wada por banir o país das competições internacionais

A Federação Internacional de Vôlei, por sua vez, ainda não se posicionou oficialmente sobre a resolução, que, se for confirmada, causará mudanças nunca vistas na configuração da disputa dos Jogos. Segundo a TASS, agência russa de notícias, a entidade não comentará a sanção até que o julgamento seja totalmente concluído. Não se sabe, por exemplo, como serão preenchidas as vagas das seleções feminina e masculina caso a decisão seja de fato avalizada pelo Tribunal Arbitral.

As equipes conseguiram a classificação nos Pré-Olímpicos realizados em agosto. Jogando em casa, na cidade de São Petersburgo, a seleção masculina, tetracampeã olímpica e atual bicampeã da Liga das Nações, carimbou o passaporte vencendo México, Cuba e Irã sem grandes sobressaltos. Com um conjunto de jogadores que inclui o oposto Maxim Mikhaylov e os ponteiros Egor Kliuka e Dmitry Volkov, entre outros, o time era visto como um dos favoritos ao ouro no Japão e, inclusive, seria um dos adversários do Brasil no grupo da morte.

Já entre as mulheres, apesar da tradição, a Rússia, bicampeã mundial, não figura entre as principais potências da modalidade há algum tempo. A equipe não fatura um título internacional desde 2010, quando superou a seleção brasileira no tie-break na decisão do Campeonato Mundial. Além disso, foi a medalha de prata no antigo Grand Prix de 2015 e ficou com o bronze na esvaziada Copa do Mundo deste ano.

Em baixa no cenário internacional, seleção feminina busca recuperar prestígio

Apesar dos tropeços em torneios relevantes, com uma mescla de atletas jovens, como a ponta Irina Voronkova, com outras mais experientes, como a própria Goncharova e a levantadora Evgeniya Startseva, se classificou na cidade de Kaliningrado, batendo México, Canadá e Coreia do Sul. Na chave B dos Jogos, a Rússia teria pela frente China e Estados Unidos como alguns dos rivais.

Com a Rússia de fora, quem herdaria as vagas? Se o critério adotado for escolher pela ordem de colocação nas chaves dos Pré-Olímpicos, Irã e Coreia do Sul serão os classificados, já que ambos terminaram na segunda posição nos naipes masculino e feminino, respectivamente. Outra possibilidade, entretanto, é que a repescagem europeia de janeiro distribua duas vagas em cada naipe e não apenas uma como preconiza o atual regulamento.

Todas estas definições, contudo, deverão ficar em suspenso até que o Tribunal Arbitral do Esporte julgue o caso e determine se, de fato, a Rússia será banida dos Jogos Olímpicos.

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Jaque relembra três momentos especiais com a seleção brasileira http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/07/23/aposentada-da-selecao-jaque-relembra-tres-momentos-especiais-com-o-brasil/ http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/07/23/aposentada-da-selecao-jaque-relembra-tres-momentos-especiais-com-o-brasil/#respond Mon, 23 Jul 2018 09:00:11 +0000 http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/?p=13907  

Jaque tem uma história profissional cheia de superações, vitórias e muita emoção (Crédito: Divulgação/FIVB)

 

13 de julho de 2018: nesta data, a ponteira Jaqueline surpreendeu ao anunciar sua aposentaria da seleção brasileira, poucos meses antes do início do Campeonato Mundial. Aos 34 anos, a mãe de Arthur Endres optou por acompanhar mais de perto o crescimento do filho, abrindo mão das viagens e treinamentos com o grupo comandado por José Roberto Guimarães, que terá a partir do final de setembro, seu compromisso mais importante da temporada no Japão.

Zé Roberto agradece dedicação de Jaqueline à seleção: “Jogadora diferenciada”

Com dois ouros olímpicos (Pequim-2008 e Londres-2012), cinco títulos do Grand Prix, uma Copa dos Campeões e três medalhas em Mundiais (duas pratas em 2006 e 2010 e o bronze em 2014) no currículo, Jaque tem uma história profissional cheia de superações, vitórias e muita emoção. Mas quais seriam os preferidos dela? Em conversa com o Saída de Rede, a atleta relembrou os três momentos mais especiais de sua carreira.

O primeiro deles aconteceu em 2001, na República Dominicana, quando a seleção brasileira juvenil conquistou o Mundial da categoria, com uma base formada por jogadoras que se tornariam referências do esporte no futuro, como Paula Pequeno, Fabíola, Sassá, Sheilla, entre outras. “Foi ali que começou tudo. A maior lembrança deste Mundial foi ter que sair de casa aos 14 anos e deixar minha família, sabendo das dificuldades que passamos no dia a dia. A conquista do campeonato representou muito para mim, porque eu pude mostrar pra minha mãe que eu não tinha ido por acaso, que eu fui por um algo a mais”, lembrou.

Na ocasião, três jogadoras da equipe brasileira foram chamadas para compor a seleção do torneio: Jaque, a oposta Ciça e a central Andreia Sforzin. A ponteira pernambucana também foi eleita a melhor jogadora do Mundial, fato que considera um divisor de águas de sua carreira, que ali começava. “Quando eu ganhei este título individual, sabia que muitas coisas boas aconteceriam a partir daquele momento, como realmente aconteceu”, destacou.

Anos mais a frente, ocorreu a conquista do primeiro ouro olímpico da seleção feminina, em Pequim, 2008. Mesmo entre as reservas, Jaqueline lista o triunfo como inesquecível e muito importante para sua formação. “Foi uma experiência de muito aprendizado para mim. Queria levar tudo aquilo como ensinamentos em coisas boas, como eu levei. A Mari, a Paula, Fofão, Walewska, a própria Virna e Fernanda Venturini, lá no início (do ciclo olímpico), foram atletas com quem aprendi muito na convivência, independente de cada uma ter seu pensamento. Assim como trabalhar com profissionais como Bernardo e Zé Roberto, que me levaram a ser o que eu sou hoje. Sou muito honrada e muito feliz”, enfatizou.

Anos mais a frente, ocorreu a conquista do primeiro ouro olímpico da seleção feminina, em Pequim, 2008 (Crédito: Divulgação/FIVB)

O último momento, e talvez o mais importante para a esposa do líbero Murilo, foram os Jogos Olímpicos de Londres, em 2012: “Era um ano muito difícil para nós, pois não tínhamos ganho dos Estados Unidos nenhum um jogo, em nenhum campeonato. Sabíamos que seria um desafio muito grande. Já havia sido uma classificação contra a Rússia (quartas-de-final) muito complicada. E eu sabia que teríamos que fazer o algo a mais. Graças a Deus, no dia da final eu estava muito inspirada. Olhava para Dani e falava: ‘É o meu momento e, se sobrar bola, coloca pra mim que vai dar certo’. Todo o grupo se olhava e confiava que, independente de termos perdido o primeiro set da final, poderíamos reverter aquela situação em coisas boas e foi o que aconteceu”.

Olhava para Dani e falava: “É o meu momento e, se sobrar bola, coloca pra mim que vai dar certo” (Crédito: Divulgação/FIVB)

Como resultado de tamanha confiança, Jaque foi o grande destaque da final contra as americanas, com 18 pontos. A ponteira destacou a alegria e o orgulho de sua atuação: “Sair como a melhor jogadora daquela final olímpica foi algo inexplicável, na minha vida e na minha carreira. Vou guardar para o resto da vida. Farei questão de mostrar esse jogo para meu filho, para ele lembrar da mamãe jogando”. Acostumada a ser lembrada como uma jogadora especialista no fundo de quadra, ela rebate. “Em outras ocasiões já me destaquei atacando. As pessoas sempre me viram como jogadora de preparação, realmente uma responsabilidade que eu tinha dentro da seleção, mas também fazia diferença também no ataque. Lógico que não era igual a uma oposta, que está ali só para fazer isso, mas eu tinha responsabilidade de passar, defender, atacar, bloquear, sacar e um pouquinho mais. Sempre fui muito feliz em fazer tudo isso e sou grata”, finalizou.

 

Colaborou Daniel Rodrigues

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Bernardinho: há um ano terminava a era mais vitoriosa do vôlei brasileiro http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/01/11/bernardinho-ha-um-ano-terminava-a-era-mais-vitoriosa-do-volei-brasileiro/ http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/01/11/bernardinho-ha-um-ano-terminava-a-era-mais-vitoriosa-do-volei-brasileiro/#respond Thu, 11 Jan 2018 08:00:49 +0000 http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/?p=11326

Bernardo Rezende na Rio 2016: técnico comandou a seleção masculina em quatro ciclos olímpicos (foto: FIVB)

Não chegou a ser uma surpresa, a espera já se arrastava havia quase cinco meses, até que no dia 11 de janeiro de 2017, há exatamente um ano, a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) anunciou que a seleção masculina não seria mais treinada por Bernardo Rezende. Era o fim de uma era iniciada em 2001. Foram 45 torneios oficiais, 28 títulos, incluindo dois ouros olímpicos e três mundiais. Sob seu comando, o Brasil subiu ao pódio 42 vezes. Bernardinho é, em toda a história da modalidade, o técnico mais vencedor. Sua despedida, em grande estilo, foi com um ouro em casa, nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016.

Bernardo Rezende chegou ao time masculino credenciado pelo bom trabalho com a seleção feminina (1994-2000), que sob sua batuta evoluiu de coadjuvante para uma das grandes equipes do mundo, conquistando dois bronzes olímpicos (1996 e 2000), um vice-campeonato mundial (1994) e três títulos do Grand Prix (1994, 1996 e 1998).

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O voleibol masculino do Brasil já havia sido campeão olímpico antes dele, pelas mãos de José Roberto Guimarães, na Olimpíada de Barcelona, em 1992. No entanto, foi após a chegada de Bernardinho que a seleção brasileira atingiu um nível de excelência difícil de ser igualado por qualquer equipe no mundo.

A constelação da década passada, com nomes como Giba, Ricardinho, Dante, Gustavo, Serginho, Nalbert, entre outros craques, foi um time esférico, beirando a perfeição, meticulosamente armado pelo treinador. Logo de cara, no primeiro torneio, a Liga Mundial 2001, um ouro. Da conquista do Mundial 2002 até a da Copa do Mundo 2007, o Brasil venceu simplesmente todos os torneios globais que disputou.

Carismático e brilhante, ele é sinônimo de vôlei de alta qualidade. Em quatro ciclos, o homem marcado pela tensão quase constante e pelos gestos crispados, foi a todas as finais de Mundiais e Jogos Olímpicos, um feito incrível, somando cinco ouros e três pratas.

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Seu sucessor, Renan Dal Zotto, teve uma primeira temporada positiva, com dois ouros (Sul-Americano e Copa dos Campeões) e uma prata (Liga Mundial), mas foi pouco exigido em 2017, um ano morno, com a maioria dos adversários competindo com equipes B, como analisamos aqui.

Para lembrar a era Bernardinho, um ano depois do seu fim, o Saída de Rede destaca seis momentos marcantes da passagem do treinador pela seleção masculina.

Nalbert, Maurício, Giovane e Ricardinho no pódio da Liga Mundial 2001 (FIVB)

LIGA MUNDIAL 2001
O próprio Bernardo sempre ressaltou a importância que o primeiro título teve para o grupo. Sua estreia com os homens foi no dia 4 de maio de 2001, em um amistoso contra a frágil Noruega, em Portugal, vencido por 3-0. A partida valia como preparação para a disputa da Liga Mundial daquele ano. O Brasil havia passado quase em branco no ciclo anterior, com Radamés Lattari como treinador, tendo vencido, além de dois Sul-Americanos e de duas Copas América, apenas a desimportante Copa dos Campeões 1997, diante de rivais desfalcados. No Mundial 1998, quarto lugar. Na Olimpíada de Sydney, em 2000, a seleção foi despachada nas quartas de final pela esforçada Argentina.

A expectativa não era muito alta para a Liga Mundial 2001, mas o Brasil deslanchou. Perdeu apenas uma partida na fase de classificação – um apertado 2-3 para os Estados Unidos, como visitante. Na final, em Katowice, na Polônia, num rápido 3-0, atropelou a Itália, melhor time da década anterior e vinda de um tricampeonato mundial. A seleção brasileira mostrava ao mundo seu cartão de visita, agora sob nova direção.

Ocupar o lugar mais alto do pódio seria uma constante para aquela geração. Somente na Liga Mundial viriam mais sete títulos (2003, 2004, 2005, 2006, 2007, 2009 e 2010). Antes, em 1993, com Zé Roberto, a seleção havia obtido seu primeiro ouro na competição. O Brasil, com nove conquistas, foi o maior vencedor do torneio, extinto em 2017 e substituído a partir deste ano pela Liga das Nações.

Treinador abraça Giovane logo após o ace que fechou a decisão e deu ao Brasil o ouro do Mundial 2002 (FIVB)

CAMPEONATO MUNDIAL 2002
A seleção de Bernardinho havia conquistado a Liga Mundial 2001. Naquele mesmo ano, desfalcada de Giba, Gustavo e Serginho, foi vice-campeã na Copa dos Campeões. Veio a temporada 2002 e, em pleno Mineirinho, em Belo Horizonte, o Brasil caiu por 1-3 contra a Rússia. Surgia a dúvida se aquele time seria capaz de trazer o tão esperado título mundial.

Vinte anos antes, em Buenos Aires, na Argentina, a equipe treinada por Bebeto de Freitas, na qual Bernardo Rezende era levantador reserva, havia batido na trave, ficando com a prata ao perder para a União Soviética. A história, em 2002, foi diferente. Na decisão, diante dos russos, herdeiros dos títulos da antiga URSS, o Brasil venceu uma das partidas mais emocionantes de todos os tempos, no mesmo palco de duas décadas atrás, o histórico ginásio Luna Park. O jogo foi decidido apenas no tie break, pela diferença mínima, com um ace inesquecível do ponteiro Giovane Gavio no match point. A seleção brasileira fez uma campanha quase impecável, perdendo apenas uma partida na primeira fase, em cinco sets, contra os EUA – eles outra vez.

No caminho para o título, uma das sequências mais difíceis já encaradas. Nas quartas de final, a tricampeã mundial Itália (vitória por 3-2). Na semifinal, a campeã olímpica Iugoslávia (3-1). Finalmente os russos na final.

A conquista foi o triunfo de um grupo fantástico e deu a Bernardinho um título de primeira grandeza – ele que havia sido barrado do lugar mais alto do pódio em Mundiais e Olimpíadas com a seleção feminina por uma lendária geração cubana.

O bicampeonato viria em 2006 e o tri em 2010. Mas o primeiro ouro em um Mundial teve, é claro, um sabor especial.

Grupo campeão olímpico em Atenas. Bernardinho está à direita na imagem (FIVB)

ATENAS 2004
O Brasil chegou aos Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004, como favorito absoluto ao ouro e não decepcionou. Ao longo daquele ciclo, o time havia provado que era, de fato, o melhor do mundo. Na Copa do Mundo 2003, uma competição difícil com 12 seleções jogando entre si em duas semanas, a equipe havia cedido apenas quatro sets em 11 partidas. Na Liga Mundial 2004, também de forma invicta, outro título, desta vez superando, em Roma, a arquirrival Itália por 3-1 na final.

A seleção de Bernardinho sobrou em Atenas. Se deu ao luxo de, já classificada para as quartas de final como primeira da chave, colocar reservas em quadra e perder por 1-3 para os EUA na fase de grupos. Reencontrou os americanos na semifinal e aplicou uma surra por 3-0, na sua melhor exibição na capital grega. Na decisão, o aguardado confronto contra a Itália, já derrotada na etapa inicial em cinco sets. Na final, 3-1 para o Brasil e a consagração definitiva daqueles atletas e do treinador e sua comissão técnica.

Ricardinho e Bernardinho fizeram as pazes em 2012 (FIVB)

CORTE DE RICARDINHO
“O Brasil tem um time excepcional, mas Ricardo faz a diferença. Ele consegue sempre, mais do que qualquer outro levantador no mundo, deixar o time em condição de matar a jogada, distribui a bola como ninguém, numa velocidade incrível”. A frase dita em 2004 pelo americano Doug Beal, técnico campeão olímpico com a seleção masculina dos EUA em 1984 e que redefiniu a estrutura dos times de voleibol, demonstra bem a genialidade do levantador Ricardinho. Mas em meados de 2007, o maestro daquela estelar equipe brasileira e o comandante Bernardinho viviam às turras.

Até que antes da estreia do Brasil nos Jogos Pan-Americanos do Rio veio a notícia surpreendente: Ricardo Garcia havia sido cortado. O reserva Marcelinho foi elevado à condição de titular e Bruno, então com 21 anos, convocado para a vaga aberta. O SdR relembrou essa história, que você pode conferir aqui. Ricardinho havia sido o MVP da Liga Mundial 2007, mas o desgaste era muito grande. Na campanha do bicampeonato mundial, em 2006, levantador e técnico haviam discutido asperamente diante das câmeras, durante a segunda fase, mas ninguém imaginava que a tensão entre eles pudesse crescer a ponto de Ricardo ser dispensado.

O atleta ainda retornaria, mas somente em 2012. Participou da Liga Mundial daquele ano, porém longe da melhor forma física não conseguiu tirar a titularidade de Bruno, que também permaneceu no sexteto principal no vice-campeonato na Olimpíada de Londres. Com a prata olímpica no peito, entrando pouco em quadra, encerrou de forma discreta sua trajetória na seleção.

O corte de Ricardinho gerou um imenso desgaste para Bernardinho, tanto entre os torcedores quanto na mídia. Principalmente no ano seguinte, quando o time perdeu o ouro nos Jogos Olímpicos de Pequim para os EUA.

Deslocado para a saída de rede, Muserskiy foi o grande nome da final de Londres 2012 (AFP)

VIRADA INESQUECÍVEL EM LONDRES 2012
O central russo Dmitriy Muserskiy, 2,18m, povoa o imaginário dos fãs brasileiros de vôlei. Numa bela sacada do técnico Vladimir Alekno, o gigante mudou de função após sua seleção estar perdendo por 0-2 para o Brasil na final da Olimpíada de Londres, em 2012. Muserskiy foi deslocado do meio de rede para a saída e se transformou no carrasco da equipe comandada por Bernardinho. Vitória épica russa por 3-2, numa das derrotas mais doloridas para o técnico multicampeão. Os brasileiros chegaram a ter dois match points no terceiro set.

Quatro anos antes, em Pequim 2008, o time perdeu de virada por 1-3 para os EUA, mas os americanos chegaram àquela final em melhor forma física e técnica. A Rússia de 2012 estava no mesmo nível do Brasil. Dmitriy Muserskiy já havia atuado na saída em seu clube, o Belogorie Belgorod, mas nunca na seleção.

Na decisão em Londres, depois de marcar apenas quatro pontos pelo meio de rede nos dois primeiros sets, Muserskiy fez outros 27 nas três parciais seguintes como oposto. O titular da posição, Maxim Mikhaylov, foi para a entrada de rede. Uma contusão no joelho direito do ponteiro brasileiro Dante Amaral agravou-se durante a partida e colaborou para o triunfo russo, mas a atuação de Muserskiy foi excepcional.

Jogadores e comissão técnica jogam Bernardinho para o alto depois da conquista do ouro na Rio 2016 (FIVB)

DESPEDIDA EM GRANDE ESTILO NA RIO 2016
Tendo conquistado seu último grande título no Mundial 2010, Bernardinho chegou aos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016, sob muita pressão. O único ouro desde então era o da secundária Copa dos Campeões 2013. Ao longo desta década, o Brasil seguia como presença constante nas finais dos grandes torneios, algo extremamente importante, mas agora colecionava medalhas de prata. Havia sido assim na final do Mundial 2014, quando o tetra escapou. Semanas antes da Rio 2016, na decisão da Liga Mundial, mais um vice-campeonato – a exemplo de 2011, 2013 e 2014.

Se a geração anterior, da qual o líbero Serginho então com quase 41 anos era o único remanescente, foi composta de gênios, Bernardinho definia a atual como “um time de operários”. E foi assim, mesmo perdendo duas vezes na fase de grupos, contra Itália e EUA, classificando-se de forma dramática para a etapa seguinte numa vitória por 3-1 em um jogo intenso contra a França, tendo dificuldade nas quartas de final contra uma aguerrida Argentina, que o Brasil foi galgando degraus. Triturou a Rússia em sets diretos na semifinal. Na decisão, mais emocionante do que o placar de 3-0 pode fazer supor, superou a Itália e levou o Maracanãzinho ao delírio.

Após duas pratas seguidas, seu segundo ouro olímpico finalmente havia chegado. Era a hora de sair de cena na seleção. Durante os meses seguintes, Bernardinho dava a entender que poderia deixar o cargo, mas não confirmava. Até que veio o adeus, sem fazer alarde.

Ele deixou o PSDB e filiou-se ao Novo em abril de 2017 (Reprodução/YouTube)

Candidato a governador?
O treinador mais vitorioso da história do voleibol segue à frente da equipe feminina do Sesc, time com o qual venceu 12 vezes a Superliga e alcançou dois vice-campeonatos mundiais.

Filiado desde abril do ano passado ao Partido Novo, fundado em 2015, ele, que já foi do PSDB, admitiu que pode ser candidato a governador do Estado do Rio de Janeiro nas eleições de 2018. Há outra possibilidade. Bernardinho também foi sondado para sair em uma chapa como o vice do banqueiro João Amoêdo, fundador do Novo e pré-candidato à vaga na corrida presidencial este ano. Bernardo Rezende em Brasília? Seu futuro estará na política, seja no Rio ou na capital federal? Mesmo que não ganhe nas urnas, vai deixar de vez o vôlei? Incertezas.

Mas o que quer que venha a fazer, onde quer que esteja, ele será lembrado sempre como um dos maiores nomes da modalidade. Sua presença no Hall da Fama é apenas uma questão de tempo. Porém, o maior reconhecimento, aquele que vem dos fãs do esporte, aqui ou no exterior, ele já tem. Com talento, inteligência e uma dedicação inquebrável, Bernardinho é o cara que tantas vezes transformou em ouro o sonho do torcedor brasileiro.

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“Sada Cruzeiro não é favorito desta vez”, dispara Mikhaylov http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2017/12/15/sada-cruzeiro-nao-e-favorito-desta-vez-dispara-mikhaylov/ http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2017/12/15/sada-cruzeiro-nao-e-favorito-desta-vez-dispara-mikhaylov/#respond Fri, 15 Dec 2017 08:00:41 +0000 http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/?p=10793

Maxim Mikhaylov, do Zenit Kazan: “Nossa equipe é experiente, está bem preparada” (foto: CEV)

O oposto/ponta Maxim Mikhaylov, do Zenit Kazan e da seleção russa, acumula diversos títulos e prêmios individuais em grandes competições, mas ainda não conseguiu subir ao lugar mais alto do pódio no Mundial de Clubes. Ficou no quase nas duas últimas temporadas, recebendo a medalha de prata em ambas após seu clube ser derrotado pelo Sada Cruzeiro na decisão. Este ano, o time russo e o brasileiro se encontrarão na semifinal do torneio, disputado na Polônia. “O Sada Cruzeiro não é favorito desta vez”, afirmou Mikhaylov nesta quinta-feira (14), referindo-se ao fator torcida como essencial para as vitórias da equipe mineira, que jogava em casa nas duas ocasiões.

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Cruzeiro e Zenit se enfrentam na primeira semifinal, no sábado (16), às 14h30 (horário de Brasília), em Cracóvia. Na sequência, às 17h30, o italiano Lube Civitanova enfrenta o polonês Skra Belchatow. O SporTV mostra as duas partidas.

O time brasileiro, antes dos dois títulos conquistados sobre o Zenit Kazan em 2015 e em 2016, venceu também como anfitrião o Mundial 2013, derrotando na final outra equipe russa, o Lokomotiv Novosibirsk. Agora o Sada, que tem ainda uma prata da edição de 2012, tenta ganhar a competição pela primeira vez longe dos seus domínios. Já o clube rival acumula duas pratas e dois bronzes no torneio – além dos dois vice-campeonatos, Mikhaylov participou da campanha do bronze em 2011.

O atacante foi MVP da Champions League e do Europeu de seleções este ano (FIVB)

Elogio ao rival
Apesar de confiante, o atacante russo de 29 anos e 2,02m, dono de duas medalhas olímpicas (ouro em Londres 2012 e bronze em Pequim 2008), não arrisca um palpite sobre quem ficará com o título no domingo (17). Ele reconheceu a força do Sada Cruzeiro e apontou o ataque e o saque como os pontos fortes do adversário. “O Sada tem mais de um jogador capaz de decidir uma partida”, completou, sem citar nomes.

Maxim Mikhaylov aposta no saque, o principal trunfo do Zenit Kazan na avaliação dele, para barrar o tricampeão mundial no sábado. Na final do Mundial 2016, por exemplo, o clube russo optou pelo flutuante no primeiro set, sem sucesso. Depois começou a forçar. Porém, não bastassem os inúmeros erros na execução do serviço pelo Zenit, o Sada passou com eficiência – vitória brasileira por 3-0. “Quando nosso saque entra, fica muito difícil nos parar”, disse Mikhaylov, que está no Zenit desde 2010.

Na estreia do Mundial 2017, o Sada Cruzeiro viu sua linha de passe desmoronar com os petardos do Civitanova no serviço e caiu por 0-3. Mas o time mineiro se recuperou e derrotou, também em sets diretos, o iraniano Sarmayeh Bank e o bicampeão polonês Zaksa Kedzierzyn-Kozle, com uma atuação demolidora neste último jogo. O Zenit, pentacampeão da Champions League, não perdeu sets até aqui, mas teve um grupo mais fácil, com o argentino Bolívar, o chinês Shanghai Volleyball e o polonês Skra Belchatow. O Sada será sua primeira prova de fogo.

Vladimir Alekno é o técnico do Zenit Kazan (FIVB)

Experiência
“Nossa equipe é experiente, sabe ajustar a forma de jogar de acordo com o adversário, está bem preparada”, comentou Maxim Mikhaylov. O time tem ainda como destaques o ponta cubano naturalizado polonês Wilfredo León e o ponta/oposto americano Matt Anderson. O técnico é Vladimir Alekno, bastante conhecido pelo torcedor brasileiro – era ele quem comandava a seleção russa em Londres 2012, quando conseguiu uma virada histórica contra o Brasil na disputa da medalha de ouro.

MVP da Champions League e do Europeu de seleções este ano, entre outros prêmios de melhor jogador ao longo da carreira, Mikhaylov destacou o nível desta edição da competição. “Este é sem dúvida o Mundial de Clubes mais forte já realizado. Praticamente todas as equipes são muito boas”.

Colaborou Anna Daniluk, de Lodz

Veja a tabela do Mundial de Clubes 2017, na Polônia (horário de Brasília):

Grupo A – em Opole
12.12 – Zaksa (POL) 3-2 Sarmayeh Bank (Irã)
12.12 – Sada Cruzeiro (BRA) 0-3 Civitanova (ITA)
13.12 – Zaksa (POL) 2-3 Civitanova (ITA)
13.12 – Sada Cruzeiro (BRA) 3-0 Sarmayeh Bank (Irã)
14.12 – Sada Cruzeiro (BRA) 3-0 Zaksa (POL)
14.12 – Sarmayeh Bank (Irã) 0-3 Civitanova (ITA)

Grupo B – em Lodz
12.12 – Zenit Kazan (RUS) 3-0 Personal Bolívar (ARG)
12.12 – Skra Belchatow (POL) 3-0 Shanghai (CHN)
13.12 – Zenit Kazan (RUS) 3-0 Shanghai (CHN)
13.12 – Skra Belchatow (POL) 3-1 Personal Bolívar (ARG))
14.12 – Personal Bolívar (ARG) 2-3 Shanghai (CHN)
14.12 – Skra Belchatow (POL) 0-3 Zenit Kazan (RUS)

Semifinais – em Cracóvia
16.12 – 14h30: Sada Cruzeiro (BRA) vs. Zenit Kazan (RUS)
16.12 – 17h30: Skra Belchatow (POL) vs. Civitanova (ITA)

Finais – em Cracóvia
17.12 – 14h30: decisão do 3º lugar
17.12 – 17h30: decisão do 1º lugar

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Gênio das quadras, Sokolova completa 40 anos http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2017/12/04/genio-das-quadras-sokolova-completa-40-anos/ http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2017/12/04/genio-das-quadras-sokolova-completa-40-anos/#respond Mon, 04 Dec 2017 08:00:10 +0000 http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/?p=10549

Sokolova comemora o bicampeonato mundial em 2010: atleta universal admirada pelos oponentes (fotos: FIVB)

Numa época em que o voleibol já avançava firmemente na especialização dos atletas, ela era a perfeita tradução do termo universal. Foi ponteira, oposta, central e, segundo alguns dos maiores técnicos do mundo, poderia facilmente ter sido levantadora ou líbero. Hoje é dia de Lioubov Sokolova. A craque russa nasceu nesta data, 4 de dezembro, há 40 anos, em Moscou.

Pipe, china, tempo atrás, ataque pela posição um? Fazia tudo isso. Virar de qualquer lugar na rede, claro, não era problema. Bloqueava com eficiência. Grande passadora e defensora apesar do seu 1,92m, Sokolova esbanjava técnica, mesmo tendo sido formada numa escola de voleibol que sempre deu ênfase à força. Chegou à seleção adulta ainda adolescente. Quase abandonou a carreira no início deste século por causa de uma briga com o técnico Nikolai Karpol sobre questões contratuais no clube Uralochka. Ficou 11 meses parada entre 2001 e 2002, mas para a alegria dos fãs e o bem do voleibol, retornou. Ela se mantém grata a Karpol pelas oportunidades que ele lhe deu.

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O vôlei entrou na sua vida cedo, aos 8 anos, por influência do pai, que praticava a modalidade como diversão no quintal de casa. A menina Lyuba (apelido para Lioubov) não se apaixonou de início pelo esporte, gostava mesmo era de brincar. Mas, aos poucos, o voleibol a envolveu.

Bicampeã mundial (2006 e 2010), conquistou ainda duas pratas olímpicas (2000 e 2004), entre várias idas ao pódio em diversos torneios, e muitas vezes cruzou o caminho do Brasil. Ao lado da oposta Ekaterina Gamova, de características tão distintas, se destacou como o grande nome da Rússia na década passada.

Relembre o especial sobre os 50 anos de Mireya Luis
Brasil encara França na 1ª fase do Mundial Masculino

Foi o carrasco da seleção de Zé Roberto na fatídica semifinal dos Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004, a do inesquecível placar 24 a 19 no quarto set – Sokolova salvou quatro dos sete match points que a Rússia teve de superar nas duas últimas parciais. Oito anos depois, contra o Brasil nas quartas de final de Londres 2012, sobrecarregada no passe, falhou duas vezes seguidas na recepção no final do tie break e, apesar de ter sido a maior pontuadora da partida (28 pontos), deu adeus à sua quinta Olimpíada. Nas vitórias ou nas derrotas, sempre se manteve admirada pelas adversárias e pelos torcedores. Uma rara unanimidade. Elegante, jamais provocava as oponentes.

Ao lado da oposta Gamova, ela foi o grande destaque da Rússia na década passada

Treinar pra quê, se eu já sei o que fazer?
Para muitos, beirou a perfeição. “A jogadora mais completa que eu vi em toda a minha vida. Se eu tivesse que botar um defeito na Sokolova, seria o fato de ela não gostar muito de treinar”, disse ao Saída de Rede o técnico José Roberto Guimarães, que a treinou de 2010 a 2012 no clube turco Fenerbahçe. A ex-levantadora Fernanda Venturini, que jogou com a russa em 2007 no Murcia, da Espanha, confirmou: “Era muito talentosa, mas preguiçosa para treinar”.

Para o lendário Karpol, com quem o SdR falou, “Sokolova foi uma jogadora que o público amava ver jogar e não se cansava de admirar”. A ex-levantadora Fofão definiu a colega russa, com quem jogou no período 2010-2011 no Fenerbahçe: “Nasceu para jogar voleibol. Ela fazia o que queria com a bola, era muito craque”. A oposta polonesa Kasia Skowronska, que atuou com Lyuba ao lado de Fofão, afirmou que a atacante russa “foi perfeita”.

Despedida
Há um ano e meio, por causa de uma lesão no pé direito, Sokolova se despediu das quadras. Queria ajudar a Rússia na Rio 2016 e disputar sua sexta Olimpíada, igualando a marca de outra importante jogadora russa, a ponta Evgenia Artamonova. Não deu. Hoje vive em Krasnodar com o terceiro marido e a filha de 10 meses – o filho de 17 anos do primeiro casamento estuda na Suíça. Quem a viu em ação, na seleção russa ou nos clubes, certamente não a esquecerá.

Para comemorar os 40 anos da super craque, o Saída de Rede procurou técnicos e atletas que enfrentaram e/ou conviveram com a universal russa. Também entramos em contato com Lyuba, que agradeceu e se disse surpresa com o interesse, mas por estar ocupada com questões familiares prometeu conversar com o SdR noutra oportunidade.

Veja o que técnicos e jogadoras disseram ao Saída de Rede sobre Sokolova:

“Aprendi muito com ela”
“Uma jogadora que eu sempre admirei, desde quando a vi jogar pela primeira vez pela seleção russa. Uma atleta extremamente técnica que poderia jogar em qualquer posição. Sokolova tinha uma habilidade incrível em todos os fundamentos, um controle de bola impecável. Ela defendia muito bem, mesmo com seu 1,92m. Se resolvesse se tornar levantadora ou líbero, seria excepcional também nessas duas funções. Como atacante, foi hors concours, uma das melhores do mundo, esbanjando habilidade e técnica.

A Lyuba atacava todos os tipos de bola com uma facilidade incrível, sabia esconder o movimento, era extremamente inteligente, tinha uma leitura de jogo que poucas vezes se viu. Era completa em todos os sentidos: atacava bolas altas, de velocidade, china, tempo atrás, desmico… A jogadora mais completa que eu vi em toda a minha vida. Tive a felicidade de treiná-la por duas temporadas e, consequentemente, aprendi muito com ela. Uma pessoa amável, educada, extremamente gentil.

Quis trazê-la para jogar no Amil/Campinas em 2013, mas o Dínamo Krasnodar fez uma proposta a ela que não tínhamos condição de cobrir.

Se eu tivesse que botar um defeito na Sokolova, seria o fato de ela não gostar muito de treinar. Talvez ela tivesse treinado muito quando jovem. Era uma jogadora que, pela habilidade, pelo talento, achava que treinar pouco era suficiente porque ela tinha uma técnica e uma condição física excepcional. Nossa convivência foi muito agradável, vencemos a Champions League, ela jogando como oposta e passando. Foi um grande aprendizado para mim”.
Zé Roberto, técnico tricampeão olímpico e que a treinou no clube turco Fenerbahçe de 2010 a 2012

Técnico Nikolai Karpol

“A melhor com quem tive a oportunidade de trabalhar”
“Lioubov Sokolova é definitivamente a melhor jogadora com quem tive a oportunidade de trabalhar. Uma atleta completíssima, que despertava minha admiração. Dona de um ataque fenomenal, tinha todos os golpes, podia atacar de qualquer lugar da quadra. Bloqueava, sacava, passava e defendia em alto nível. Sokolova foi uma jogadora que o público amava ver jogar e não se cansava de admirar”.
Nikolai Karpol, técnico russo, bicampeão olímpico (1980 e 1988), campeão mundial (1990) e que foi técnico de Sokolova na seleção a partir de 1996 até 2004 e no Uralochka na temporada 1999-2000

Fofão em ação contra a Rússia na final do Mundial 2006

“Nasceu para jogar voleibol”
“Foi um prazer conhecer e conviver com essa grande jogadora que foi a Sokolova. Jogar com ela foi muito importante para a minha carreira, foi algo marcante para mim. A Sokolova é uma pessoa especial, muito querida. Primeiro, foi uma surpresa porque eu nunca tinha sido apresentada a ela e encontrei uma pessoa totalmente diferente do que esperava dos russos. Ela é divertida, alegre, sempre sorrindo, com um senso de humor incrível, aquele tipo de pessoa que todo mundo gosta de ter por perto, esbanjava carisma.

Foi uma das melhores jogadoras do mundo. Tinha muita facilidade para jogar, era muito habilidosa, nasceu para jogar voleibol. Tudo o que ela fazia, era muito bem feito. Todos os movimentos, os gestos técnicos dela eram muito bonitos. Por ela ter tido essa facilidade, esse controle, esse domínio de bola, a Sokolova se destacou tanto e por muito tempo. A inteligência dela na hora de executar as jogadas era algo excepcional. Tinha uma visão de jogo diferenciada”.
Fofão, campeã olímpica em Pequim 2008. Jogou com Sokolova no Fenerbahçe na temporada 2010-2011

“A jogadora mais admirável que eu vi em minha vida”
“Lioubov Sokolova foi um exemplo para todos. A jogadora mais completa, a mais admirável que eu vi em toda a minha vida. Recepção perfeita, saque viagem incrível, muito boa na defesa. No ataque ela combinava uma dosagem perfeita de potência, técnica e habilidade. Aliás, atacava de qualquer posição da quadra. Foi ponteira, oposta e central. Se quisesse ter sido levantadora ou líbero, teria tido muito sucesso também. Um talento raro.

Nunca vi ninguém como ela: pipe perfeita, china rapidíssima, atacava da posição um, além da entrada, do meio e da saída também, em todas com muita qualidade. Batia uma paralela muito precisa e sua diagonal curta era dificílima de ser marcada. Tinha uma variedade de largadas como nenhuma outra atacante.

Jamais vi uma jogadora tão perfeita em minha vida, com tanta técnica. Imagine alguém que seria titular em qualquer grande seleção do mundo por mais de 10 anos… Esse alguém é a Sokolova”.
Giovanni Guidetti, técnico da seleção feminina da Turquia e do clube turco VakifBank. É treinador de vôlei desde 1994 e começou a acompanhar a modalidade nos anos 1980

Venturini tenta bloquear Sokolova, na semifinal de Atenas 2004, mas a russa vence o bloqueio

“Completa”
“A Sokolova era muito talentosa, mas preguiçosa para treinar. Uma jogadora que sacava, passava e atacava muito bem. Ela era completa e por isso se destacou tanto”.
Fernanda Venturini, ex-levantadora da seleção brasileira, finalista na eleição das melhores jogadoras do século XX realizada pela FIVB. Jogou com a russa no clube espanhol Murcia em 2007

“Torneio impecável”
“Infelizmente, não vi a Sokolova jogar tanto quanto gostaria, mas guardo na memória as atuações dela no Campeonato Mundial 2010, quando fez um torneio impecável e ajudou a Rússia a derrotar o Brasil na final”.
Karch Kiraly, técnico da seleção feminina dos Estados Unidos, foi assistente no ciclo 2009-2012

Central Walewska Oliveira

“Bastante habilidosa”
“Ela se destacava muito por ser bastante habilidosa. Sokolova, como as demais atacantes russas, é alta e era bastante forte, mas chamava a atenção pela técnica, tinha uma recepção excelente, todos os golpes no ataque. Joguei ao lado dela na liga russa, foi muito importante para mim”.
Walewska, central campeã olímpica em Pequim 2008, jogou ao lado de Lyuba no Odintsovo, na temporada 2008-2009

“Uma leitura que fazia a diferença, foi perfeita”
“Sokolova tinha uma visão extraordinária, enxergava o jogo como poucas, tinha uma leitura que fazia a diferença na quadra, foi perfeita. Muito técnica, foi feita para praticar esse esporte: um físico extraordinário, altura muito boa. A habilidade dela era impressionante. Além disso, é uma graça de pessoa, esperta, inteligente, generosa, sempre disposta a ajudar os outros. Ela é minha amiga e eu a adoro”.
Kasia Skowronska, oposta polonesa, jogou com Sokolova no Fenerbahçe no período 2010-2011

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Fofão ressalta as qualidades de Lioubov Sokolova

Fofão relembra momento marcante ao enfrentar Sokolova: “Ela fazia o que queria com a bola, era muito craque”
“Houve um momento marcante, quando éramos adversárias em nossas seleções. Foi no Grand Prix 1998. Nós, claro, estudávamos os outros times, víamos vídeos, dávamos ênfase a essa ou aquela jogadora. Era a minha primeira vez jogando contra ela, então você ainda está conhecendo a jogadora, sabendo como é que é, quais as características.

O saque era nosso e eu estava na rede, na posição dois, a saída, e ela estava na mesma rotação, ou seja, eu estava posicionada numa diagonal em relação a Sokolova. O levantamento da Rússia foi justamente para ela, na saída de rede delas. Lembro bem que olhei para a Sokolova e ela estava com o corpo todo virado para a paralela e eu não tive dúvida, pensei ‘esse ataque só pode ser feito no corredor’ e confesso que fiquei desprevenida. Eu não acreditava que ela pudesse atacar aquela bola noutra direção, então nem me posicionei direito para defender.

Para minha surpresa, a Sokolova achou uma diagonal fechada, por cima da minha cabeça, e fez o ponto. Eu continuei não acreditando, tanto pelo gesto técnico dela, que foi sensacional, como pela capacidade de esconder o movimento até o último momento.

Daquele dia em diante, tratei de ficar bem esperta quando a Sokolova ia atacar, tinha que esperar tudo daquela mulher. Ela fazia o que queria com a bola, não o que a gente achava que ela podia fazer. Olha há quanto tempo foi isso e não me esqueço. Não tem como esquecer porque realmente me marcou muito, tamanha a habilidade, pois é dificílimo alguém fazer o que ela conseguiu naquele lance. Sokolova era muito craque”.

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NVA vem aí! Dará certo uma liga americana de vôlei? http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2017/12/03/nva-vem-ai-dara-certo-uma-liga-americana-de-volei/ http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2017/12/03/nva-vem-ai-dara-certo-uma-liga-americana-de-volei/#respond Sun, 03 Dec 2017 12:00:49 +0000 http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/?p=10520

O Team Pineapple, do levantador Lloy Ball (à esquerda), será uma das oito equipes da NVA (foto: divulgação)

Não é a primeira tentativa e ainda não há nada que leve a crer que será desta vez, mas segue vivo o sonho de alguns americanos ligados ao voleibol de concretizar uma liga profissional nos Estados Unidos. Anunciada em setembro, despertando a curiosidade dos fãs na Ásia, na Europa e na América do Sul, a National Volleyball Association (NVA) surge sem a chancela da USA Volleyball (USAV), organização que administra a modalidade naquele país. No próximo fim de semana, de 8 a 10 de dezembro, a NVA será lançada, com um torneio reunindo seus oito times (veja lista abaixo), na Universidade de Nevada, em Las Vegas (UNLV) – a equipe vencedora ganhará 50 mil dólares. A temporada começará mesmo em janeiro, em data a ser definida, e seguirá até maio.

Os times que fazem parte da recém-criada NVA são, na maioria, remanescentes da Premier Volleyball League (PVL). Essa foi mais uma malsucedida tentativa, iniciada em 2012, então com apoio da USAV, de implantar o vôlei profissional nos EUA. A falta de patrocinadores, a ausência da TV e os problemas com a logística em um país de dimensões continentais sufocaram a PVL, que deu seu último suspiro no ano passado. Nas equipes, diversos atletas vindos das universidades americanas ou com experiência em ligas secundárias da Europa, como as da Romênia, Finlândia e Áustria.

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Afinal, quais as chances de dar certo essa aposta no voleibol profissional nos EUA? Como superar os obstáculos? Para responder essas e outras perguntas, o Saída de Rede conversou com Bill Li, presidente da NVA, e ainda com Lloy Ball, campeão olímpico em Pequim 2008, e Russell Holmes, ex-jogador da seleção americana que atuou pelo Minas Tênis Clube – os dois estarão em quadra na liga e são figuras importantes na promoção da NVA. O SdR procurou ainda a USA Volleyball, para saber como a organização vê o surgimento da National Volleyball Association, uma vez que a USAV quer conduzir sua própria liga.

Bill Li é um empresário chinês radicado nos EUA (arquivo pessoal)

Bill Li
A nova liga é, por enquanto, exclusivamente deles. Embora o vôlei feminino atraia um pouco mais de público nos EUA, mesmo sem ser exatamente popular, a opção foi pelo masculino. “Pretendemos começar uma liga feminina em 2019”, disse Bill Li ao blog, esquivando-se quando perguntado sobre mais detalhes. Ainda não há estrangeiros, mas Li quer vê-los na NVA em 2019 nos dois naipes. “Somos profissionais desde o início, que fique claro. Quem joga em qualquer um dos oito times tem salário”, enfatizou, sem revelar o valor médio recebido pelos atletas. A nova liga quer, além de atrair estrangeiros, reter talentos. “Os profissionais americanos são obrigados a jogar na Ásia, na Europa, no Brasil ou em Porto Rico. Não havia opção aqui”, lamentou o presidente da NVA. Segundo a USAV, 358 jogadores americanos (261 mulheres e 97 homens) estão no exterior nesta temporada.

Os exemplos para a NVA, cuja sede fica na cidade de Lake Forest, na Califórnia, são as bem sucedidas ligas norte-americanas em diversas modalidades – do estelar basquete ao razoavelmente popular hóquei. Todas elas, nos seus diferentes níveis, com investimento, organização e prestígio que são apenas sonho para o voleibol. Se vai dar certo, o tempo dirá.

A aproximação de Li com o voleibol começou em 1984, ainda em Guangzhou, na China, onde nasceu. Tinha 9 anos quando viu a seleção feminina de vôlei do seu país, comandada pela ponteira Lang Ping, conquistar o ouro nos Jogos Olímpicos de Los Angeles. Era o início de uma paixão. Dois anos depois, sua família mudou-se para os EUA e foi viver próximo a Los Angeles. O garoto Li, que praticou tênis na escola, nunca demonstrou habilidade para o voleibol, mas não deixava de acompanhar a modalidade.

Empresário do ramo imobiliário, Bill Li, 42 anos, é o principal investidor do Blizzard Volleyball, time da Califórnia que será um dos oito participantes da nova liga. Ele foi um dos fundadores e é o presidente da NVA. Para manter o projeto de pé, tratou de utilizar seus contatos para atrair patrocinadores. As cifras ele mantém em sigilo. A linha de frente inclui a Mikasa, grande fornecedor de material esportivo com sede no Japão, que tem na produção de bolas o seu carro-chefe e que há anos tenta abocanhar uma fatia do mercado americano, dominado pela concorrente Molten.

Outros patrocinadores são FameStar United, Singpoli e Gear International, respectivamente empresas das áreas de marketing, imóveis e turismo. A primeira temporada, segundo Li, deve servir como vitrine para atrair novos investidores, possibilitando a vinda de atletas estrangeiros. Um parceiro importante neste início, que tem divulgado o evento de apresentação na UNLV no próximo fim de semana em Las Vegas, é o MGM Grand Casino, um dos principais hotéis-cassino da cidade.

Ball durante partida nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008 (FIVB)

Lloy Ball
O levantador Lloy Ball foi um dos grandes nomes do vôlei americano nos anos 1990 e 2000. Na sua quarta e última Olimpíada, Pequim 2008, conquistou o tão sonhado ouro – justamente em cima da seleção brasileira, numa final vencida de virada pelos EUA por 3-1. Praticou a modalidade dos 15 aos 40 anos, quando parou de jogar profissionalmente, em 2012. Agora, aos 45 anos, vem emprestando seu prestígio e conhecimento ao Pineapple Team, clube do qual já era diretor e ainda técnico das categorias de base. Na NVA, estará em quadra.

Porém, engana-se quem pensa que ele estava parado. “Na verdade, eu nunca deixei de jogar porque estava com o Pineapple me apresentando em uns três eventos por ano, trato de treinar pelo menos três vezes por semana. Não sou bobo, né (risos). Não vou fazer um papelão na NVA. Tudo bem, estou com 45 e sei que já não tenho o nível de antes. Mas tenho uma equipe jovem e forte com a qual posso contar. Além do mais, temos um bom levantador, Omar Rivera, e eu não vou ficar o tempo todo em quadra”, contou ao SdR.

Russell Holmes ataca contra a Rússia na Olimpíada de Londres, em 2012 (FIVB)

Russell Holmes
O central Russell Holmes, 35 anos, é um velho conhecido da torcida brasileira. Jogou pelo Minas Tênis Clube na temporada 2010/2011. Fez parte da seleção americana durante vários anos e disputou os Jogos Olímpicos de Londres, em 2012, quando os EUA caíram nas quartas de final diante da Itália. Seguiu sendo convocado até a Liga Mundial 2016 e foi o penúltimo atleta a ser cortado antes da Rio 2016. Sua última passagem no vôlei internacional foi na liga francesa, na temporada passada, pelo Paris Volley – atuou ainda nas ligas polonesa e turca, entre outras. Agora, faz parte do Blizzard Volleyball, time de Bill Li, e é um dos rostos mais utilizados para difundir a nova liga.

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O Saída de Rede conversou separadamente com Li, Ball e Holmes sobre a NVA e as dificuldades enfrentadas pelo voleibol para se popularizar nos EUA. Confira o que eles disseram:

Saída de Rede – Esse torneio de três dias em Las Vegas é o lançamento da NVA. Quando ela começa para valer? Quais os objetivos dos organizadores?
Bill Li
– A NVA começa mesmo em janeiro, com essas mesmas oito equipes, mas ainda não temos a data ou a tabela, que será apresentada em breve. No curto prazo, queremos que a NVA seja uma liga profissional autossustentável nos Estados Unidos, que ganhe popularidade. No longo prazo, queremos que a marca NVA se torne tão conhecida quanto outras ligas profissionais existentes aqui.
Lloy Ball – No primeiro ano da NVA a meta é fortalecer nossa infraestrutura. Queremos que a liga seja uma opção para os jogadores americanos quando eles chegarem ao alto rendimento e também que atraia estrangeiros, para que possa ser cada vez mais atrativa, gerando lucro.
Russell Holmes – Queremos garantir que a NVA se mantenha em todos os aspectos, nos mínimos detalhes, a exemplo do que ocorre com outros esportes aqui nos EUA. O primeiro passo é reforçar nossa infraestrutura e também atrair a atenção de atletas americanos e estrangeiros, para que assim possamos crescer continuamente, elevando o nível da liga a cada ano.

Saída de Rede – Quais as razões para a falta de interesse do público americano no vôlei?
Bill Li
– Dinheiro, é preciso mais investimento. Além disso, o público precisa ser exposto ao esporte, entendê-lo. Quando você compreende algo, tem chance de gostar. Resultados já existem, pois as seleções americanas são boas, sobem no pódio. Eu tinha 9 anos, vivia na China e fiquei maluco vendo Lang Ping liderar a seleção feminina chinesa e ganhar o nosso primeiro ouro no vôlei. Assim como eu, muitos chineses descobriram o voleibol durante a Olimpíada de Los Angeles, em 1984, mas a exposição foi mantida, havia jogos na TV, o voleibol tornou-se notícia. Falta isso nos EUA.
Lloy Ball – O vôlei sempre vai ser um produto difícil de vender nos EUA. Ainda que seja popular como recreação, não tem o mesmo apelo de outras modalidades que são consideradas grandes no nosso mercado.
Russell Holmes – Se as pessoas não conhecem ou não entendem, não pode haver interesse. É preciso criar essa oportunidade para chamar a atenção do público, para que eles olhem para vôlei, ao mesmo tempo em que vão se habituando, compreendendo a modalidade. Se isso for feito da maneira correta, gerando interesse e entusiasmo, podemos pensar em massificação. Claro que precisamos de recursos, grandes patrocinadores.

Saída de Rede – Como encarar desafios como logística, falta de espaço na programação da TV, falta de conhecimento e de interesse do público?
Bill Li
– Há vontade, empenho e certamente há um caminho para contornar esses problemas. Será que teremos forças para vencer esses desafios? Digo que sim. O primeiro ponto é garantir exposição, atrair atenção, mostrar o potencial desse esporte maravilhoso.
Lloy Ball – A principal razão pela qual uma liga profissional de vôlei nunca deu certo aqui nos EUA, na minha opinião, é a falta de interesse da TV. Em vez de lutar contra isso, nós vamos investir nas redes sociais e nas transmissões via internet para promover o nosso produto, com a intenção de chamar a atenção da TV para sua viabilidade, aí sim tentaremos garantir o nosso nicho na televisão. Sem uma estrutura já consolidada, sem uma história que dê referência a qualquer esporte, a TV nunca vai levar o vôlei a sério aqui. Então é preciso fazer esse esforço. Os demais problemas são mais fáceis de contornar. Temos um plano muito bom que é investir parte do dinheiro em clubes que tenham programas de voleibol para crianças e jovens, mantendo o surgimento de talentos. Novas pessoas vão se interessando e os clubes responderão a isso com boa estrutura, técnicos, chegando inclusive a áreas dos EUA onde o voleibol ainda não recebe nenhum estímulo.
Russell Holmes – Não há dúvida que a NVA definitivamente terá de encarar muitos desafios. Mas eu tenho convicção que a NVA está fazendo tudo ao seu alcance e colocando as pessoas certas em cada posto para driblar os problemas.

Saída de Rede – Esportes como o hóquei e o futebol têm boa audiência e prestígio nos EUA, ainda que em um nível inferior ao do futebol americano, beisebol e basquete. Você acredita que o vôlei poderá, no longo prazo, atingir o nível de popularidade do hóquei e do futebol?
Bill Li
– Eu não tenho a menor dúvida. Se alguém me dissesse há 10 anos que a Major League Soccer (futebol) seria tão bem sucedida como é hoje, eu não acreditaria. Por que não o voleibol? Claro que tem que haver um esforço tremendo, muita determinação e pelo menos uns 10 anos de investimento para garantir um lugar ao sol.
Lloy Ball – Esse é o momento. Há um projeto no meio universitário como o Motor MVB, tendo à frente o John Speraw (técnico da seleção americana masculina), cuja meta é divulgar os programas de voleibol da NCAA (entidade que organiza competições nacionais em mais de 30 esportes nos EUA em nível universitário), oferecendo bolsas de estudo, para atrair mais talentos para a modalidade. É hora de pegar carona e levar o vôlei adiante.
Russell Holmes – Eu acredito que o vôlei pode conquistar espaço entre os americanos. Vai exigir muito de nós, que estamos tentando promovê-lo, e teremos que ter em mente que vai levar tempo. Precisamos de paciência. O vôlei é muito dinâmico, com muita explosão e velocidade. Eu diria que, se o público em geral tiver acesso e parar para observar, vai sentir a energia e se deixar tocar. Quando você compreende o voleibol, ele se torna interessante. Um aspecto muito importante é o conteúdo, isso é crucial para atrair as pessoas. Por acaso há vôlei nos EUA para ser oferecido ao público? Não. Então não há como sequer pensar em chamar a atenção. À medida que a NVA vá se fortalecendo, que a liga cresça, isso vai criar potencial para atrairmos a audiência, cativarmos as pessoas. E os envolvidos nessa empreitada são pessoas capacitadas, com larga experiência no meio, capazes de compreender o que pode chamar a atenção do público.

Saída de Rede – Que tipo de apoio a NVA tem recebido da USA Volleyball?
Bill Li
– Falamos com a USAV, que mantém a ideia de criar sua própria liga até 2020. Bom, por enquanto somos independentes, não temos nada a ver com eles.
Lloy Ball – O vermelho, o branco e o azul correm nas minhas veias. Joguei pela seleção americana em quatro Olimpíadas. Sou fã do diretor executivo da USAV, Jamie Davis, e da diretoria, sei que eles querem uma liga profissional nos EUA. Mas como atleta veterano e como diretor de uma equipe, eu não poderia esperar para ver o que iriam fazer. Torço para que a NVA seja bem sucedida e que, em algum momento, a USAV e a NVA possam trabalhar juntas para o desenvolvimento do voleibol nos Estados Unidos.
Russell Holmes – Somos independentes. A USAV quer uma liga profissional tanto quanto nós queremos. Tomara que num futuro próximo os dois lados possam caminhar juntos para fazer o vôlei crescer no país.

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Lloy Ball arma jogada em partida do Team Pineapple (divulgação)

USA VOLLEYBALL QUER OUTRA LIGA
O SdR procurou o diretor executivo da USA Volleyball, Jamie Davis, mas ele não quis dar entrevista. Perguntamos sobre o andamento do projeto, anunciado no início deste ano, para o lançamento de uma liga pela USA Volleyball e como a organização via o surgimento da NVA. Por meio da assessoria de imprensa, a USAV respondeu o seguinte: “A USA Volleyball está desenvolvendo uma estratégia para uma bem sucedida liga profissional nos Estados Unidos. Houve várias tentativas falhas e nós queremos tempo para garantir que faremos a coisa certa. Nossa meta é lançar a liga ainda neste ciclo olímpico (até Tóquio 2020) e o projeto será apresentado quando for concluído. Já houve várias tentativas de criação de uma liga profissional sem o apoio da USAV, mas nenhuma delas foi bem sucedida”.

EQUIPES DA NVA (e os estados onde ficam suas sedes):
Academy United, da Califórnia
Arizona Sizzle, do Arizona
Blizzard Volleyball, da Califórnia
Lights Out VBC, de Illinois
Ice Men, de Illinois
Rising Tide, da Califórnia
Team LVC, de Nova York
Team Pineapple, de Indiana

ONDE VER AS PARTIDAS?
Tanto o torneio de três dias em Las Vegas (de 8 a 10 de dezembro) quanto a liga que começa em janeiro serão transmitidos, conforme Bill Li, via YouTube, em um canal ainda a ser lançado pela NVA, e também na página da National Volleyball Association no Facebook. A tabela do torneio de apresentação da associação e também a da liga ainda não foram divulgadas.

A entrada para cada dia de jogos na UNLV custa apenas 10 dólares. Mas, para garantir público na apresentação no próximo fim de semana, a NVA optou pela distribuição da maioria dos ingressos entre convidados dos patrocinadores.

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Sistema de classificação para Tóquio 2020 será anunciado em fevereiro http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2017/09/27/sistema-de-classificacao-para-toquio-2020-sera-anunciado-em-fevereiro/ http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2017/09/27/sistema-de-classificacao-para-toquio-2020-sera-anunciado-em-fevereiro/#respond Wed, 27 Sep 2017 09:00:39 +0000 http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/?p=9479

A FIVB promoveu mudanças no método de classificação para os Jogos Olímpicos (foto: FIVB)

O novo sistema de classificação do voleibol para os Jogos Olímpicos, válido para Tóquio 2020, será anunciado oficialmente em fevereiro do próximo ano, informou a Federação Internacional de Vôlei (FIVB) ao Saída de Rede. A fórmula, no entanto, já foi divulgada pela mídia europeia e deve tornar os torneios da modalidade ainda mais competitivos. Em fevereiro de 2018 as mudanças serão apresentadas à diretoria executiva do Comitê Olímpico Internacional (COI), mas a aprovação será mera formalidade, pois cabe à FIVB definir como são distribuídas as vagas.

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A Copa do Mundo, como o SdR antecipou em primeira mão em setembro do ano passado, perde sua condição de torneio classificatório. Os cinco torneios continentais voltam a valer vaga para os Jogos Olímpicos, algo que não ocorria desde Barcelona 1992. A famigerada repescagem, criada para a Rio 2016 e que beneficiou equipes sem expressão como o México no masculino e Porto Rico no feminino, tirando espaço de seleções mais fortes, foi extinta.

Veja como será a classificação para Tóquio 2020 (válida para a competição masculina e a feminina):

Qualificatório mundial
Será disputado no início de 2019, em sede a ser definida pela FIVB, com a participação de 12 times: o anfitrião, o campeão mundial 2018 e, tendo como base o ranking mundial, os dois melhores colocados de cada confederação (CSV – América do Sul, Norceca – América do Norte, Central e Caribe, CEV – Europa, AVC – Ásia e CAVB – África). Vale três vagas.

Qualificatório intercontinental
Realizado em meados de 2019 com os 12 melhores colocados do ranking mundial que ainda não tenham garantido presença em Tóquio 2020 no primeiro pré-olímpico. Vale três vagas.

Torneios continentais
Como forma de voltar a valorizar os campeonatos continentais, que já foram classificatórios para as Olimpíadas, a FIVB definiu que os torneios da CSV, Norceca, CEV, AVC e CAVB valerão uma vaga cada um.

Essas 11 seleções se juntarão ao país-sede para a disputa em Tóquio 2020.

O Brasil mantém assim três chances de classificação, a exemplo do que vinha ocorrendo antes da Rio 2016, quando foi sede. Anteriormente, as seleções brasileiras disputavam a Copa do Mundo. Se não conseguissem a vaga, tinham o pré-olímpico sul-americano. Na ocorrência de um eventual desastre como uma derrota para um rival continental, ainda haveria a chance de disputar o pré-olímpico mundial.

Nas últimas três edições dos Jogos Olímpicos antes da Rio 2016, a seleção masculina obteve a classificação na Copa do Mundo. Já a feminina precisou disputar o pré-olímpico sul-americano para ir a Londres 2012, mas carimbou o passaporte na Copa do Mundo para as quatro Olimpíadas anteriores.

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Atanasijevic: “O grande desafio é manter o foco” http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2017/08/29/atanasijevic-o-grande-desafio-e-manter-o-foco/ http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2017/08/29/atanasijevic-o-grande-desafio-e-manter-o-foco/#respond Tue, 29 Aug 2017 09:00:35 +0000 http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/?p=9097

Aleksandar Atanasijevic: “Com o vôlei tão intenso, a perda de foco pode custar muito” (fotos: FIVB)

Varsóvia, Polônia – Ele já foi o menino-prodígio do voleibol sérvio, o cara que surgiu ainda adolescente para cumprir a árdua tarefa de substituir ninguém menos do que uma lenda como Ivan Miljkovic. Atualmente, prestes a completar 26 anos, o oposto Aleksandar Atanasijevic é visto pelos colegas como um veterano, alguém que tem mais bagagem do que a idade pode fazer supor. Exigido tanto na seleção sérvia quanto no clube, ele luta contra lesões e o cansaço para se manter em alta, mas minimiza dizendo que isso faz parte da vida de um atleta de elite. “O grande desafio é manter o foco, não se deixar dispersar. Com o vôlei tão intenso, com adversários fortes, tanto entre clubes quanto seleções, a perda de foco pode custar muito”, afirmou Atanasijevic, em entrevista exclusiva ao Saída de Rede, após um treino durante o Campeonato Europeu.

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O esgotamento de mais uma estafante temporada na liga italiana, onde desde 2013 joga pelo Perugia, fez com que recebesse folga a maior parte da Liga Mundial 2017 – depois de disputar a primeira semana, voltou somente para as finais. O revezamento com Drazen Luburic, 23 anos, na saída de rede da seleção aparentemente não o incomoda. “Somos um grupo forte, queremos vencer e o treinador (Nikola Grbic) sabe o que é melhor. Além disso, meu jogo não está 100%”, ponderou o oposto de 2,00m.

O oposto sérvio completa 26 anos no dia 4 de setembro

Convivendo com a dor
Quando a Sérvia finalmente ganhou a Liga Mundial, em 2016, após cinco vice-campeonatos na história do torneio, foi Luburic quem jogou, pois Atanasijevic se recuperava de uma lesão na tíbia esquerda, que o deixou três meses afastado das quadras. “É puxado, doloroso, aborrece qualquer atleta, mas temos que aprender a conviver com esses problemas físicos”, comentou.

Bastante aplaudido pela torcida polonesa (jogou na liga local de 2011 a 2013, pelo Skra Belchatow) na apresentação da seleção sérvia antes da partida de abertura, no Estádio Nacional de Varsóvia, Atanasijevic acabou não sendo acionado, mas voltou a ser titular nas duas partidas seguintes pela chave A, contra a Estônia e a Finlândia. “É um campeonato difícil, vencer esse torneio nunca foi fácil. Na edição passada, a Eslovênia surpreendeu e foi vice-campeã. Quem poderia esperar isso? O nível das seleções na Europa é muito alto, mas eu espero ser campeão de novo”, afirmou o atacante, que ganhou o ouro em 2011, além do bronze em 2013. A Sérvia ficou em primeiro lugar no grupo e está nas quartas de final – aguarda o vencedor de Bulgária  vs. Finlândia.

Entre os favoritos
Atanasijevic vê sua seleção mais forte a cada temporada e ficou decepcionado em não poder participar da Olimpíada do Rio de Janeiro, em 2016. Faz planos, claro, de ir a Tóquio 2020. “Fui a Londres 2012, mas éramos muito novos, um time em formação, não passamos da primeira fase, caímos numa chave muito dura. Muita coisa mudou desde então, tanto na escalação como no comando (saiu o técnico Igor Kolakovic e entrou Nikola Grbic). Hoje, em qualquer competição que entramos, temos chance de medalha, estamos entre os favoritos, embora haja muitas seleções bastante fortes”.

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Polonês Bartman a caminho da Argentina http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2017/06/24/polones-bartman-a-caminho-da-argentina/ http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2017/06/24/polones-bartman-a-caminho-da-argentina/#respond Sat, 24 Jun 2017 09:00:33 +0000 http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/?p=7875

O atacante Zbigniew Bartman viveu seu auge na seleção polonesa de 2011 a 2013 (fotos: FIVB)

Um dos jogadores mais populares desta década, ainda que não atue pela seleção de seu país desde 2013, o ponta/oposto polonês Zbigniew Bartman, 30 anos, 1,98m, está prestes a vir jogar aqui do lado. O atacante deve assinar com o UPCN, da Argentina, segundo a mídia do país vizinho, informação confirmada pelo Saída de Rede com jornalistas poloneses. Ele iria para jogar na entrada de rede.

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Bartman estava no Galatasaray, da Turquia, na temporada 2016/2017. Foi sua segunda passagem nessa liga, ele que jogou pelo Halkbank no período 2007/2008. O atleta atuou também, além da liga polonesa, na Itália, Rússia, China, França e Qatar.

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Ponteiro de origem, com passagem pelo vôlei de praia nos tempos de juvenil, Zbigniew Bartman foi convocado pela primeira vez para a seleção adulta aos 22 anos, em 2009, época em que a equipe era treinada pelo argentino Daniel Castellani – agora novo treinador do Funvic Taubaté. Mas foi somente em 2011, quando o italiano Andrea Anastasi assumiu o cargo de técnico da Polônia, que Bartman ganhou mais espaço. De ponta reserva com pouca participação, ele foi deslocado para a saída de rede e virou titular. Sua popularidade disparou.

Desolado após a eliminação em Londres 2012, Bartman sentado ao lado do líbero Ignaczak

Alvo de críticas
Seu desempenho nos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012, foi considerado medíocre. A equipe, que chegou a capital inglesa com status de favorita, após conquistar a esvaziada Liga Mundial daquele ano, perdeu para a Bulgária e até para a Austrália na fase de grupos, o que lhe fez cruzar com a Rússia nas quartas de final, sendo eliminada em sets diretos. Bartman, que nunca havia sido unanimidade na entrada ou na saída de rede entre os comentaristas da modalidade, foi um dos principais alvos das críticas da imprensa polonesa – na Olimpíada ele foi oposto.

Como Anastasi seguiu no comando da seleção no ano seguinte, Zbigniew Bartman foi convocado mais uma vez. No entanto, depois da chegada do técnico francês Stephane Antiga em 2014, o atacante não teve mais chances. Com seu voleibol em decadência, já era esperado que não fosse considerado pelo novo treinador da Polônia, o italiano Ferdinando Di Giorgi, que assumiu o cargo este ano – o nome de Bartman não constou nem mesmo numa pré-lista com 62 atletas.

No auge da popularidade, quando era titular da seleção polonesa, de 2011 a 2013, ia constantemente a programas de TV e estrelava diversas campanhas publicitárias em seu país – de óculos a cerveja. Atualmente, com menos prestígio, ainda é convidado para talk shows.

O atleta polonês de 30 anos segue participando de programas de entrevistas (Reprodução/YouTube)

Mais estrangeiros na Argentina
A liga argentina vem tentando atrair mais estrangeiros. A partir da próxima temporada, o limite por equipe passa de dois para três jogadores nascidos fora do país. O UPCN soma seis títulos na competição, conquistados consecutivamente, de 2011 a 2016, mas perdeu a edição mais recente para o arquirrival Bolívar. O destaque do UPCN é justamente um estrangeiro, o oposto búlgaro Nikolay Uchikov, que joga pelo clube desde 2014. Outro que vem de fora é o central brasileiro Pedrão, que foi das categorias de base do Sada Cruzeiro e teve passagem pelo Montes Claros. Ele estava novamente no Sada na temporada encerrada em maio.

O Bolívar, que perdeu o oposto australiano Thomas Edgar, MVP da liga 2016/2017, para o voleibol japonês, o substituiu pelo brasileiro Théo (ex-Sesi e que jogou no UPCN no período 2013/2014). O ponta brasileiro Piá, outro que deixou o time, foi substituído pelo sérvio Milos Nikic, campeão europeu em 2011 e da Liga Mundial em 2016. O clube chegou a anunciar também a contratação do ponta francês Julien Lyneel, mas antes de assinar o contrato o jogador decidiu trocar o campeonato argentino pela curta, porém mais rica, liga chinesa.

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Juciely desafia o tempo e segue como referência no esporte http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2017/04/29/juciely-desafia-o-tempo-e-segue-como-referencia-no-esporte/ http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2017/04/29/juciely-desafia-o-tempo-e-segue-como-referencia-no-esporte/#respond Sat, 29 Apr 2017 09:00:10 +0000 http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/?p=6812

Juciely conquistou mais uma Superliga este ano (foto: Guilherme Cirino/Instagram @guilhermectx)

Com velocidade e tempo de bloqueio impressionantes, eficiente no ataque, Juciely Barreto é, aos 36 anos, referência entre as meios de rede brasileiras. Não se surpreenda se o técnico José Roberto Guimarães convocá-la para a seleção neste ciclo. Juciely desafia o tempo. Terá 39 anos em Tóquio 2020. Mesma idade que a também central americana Danielle Scott tinha em Londres 2012. “Eu penso nela, viu”, diz ao Saída de Rede a mineira da cidade de João Monlevade, admitindo que a estrangeira duas vezes vice-campeã olímpica é um exemplo. “Quando reflito sobre quanto chão teremos até lá, pergunto a mim mesma: ‘será que dá?’ Hoje em dia a resposta é ‘não sei’, mas até bem pouco tempo era ‘não’. Se o Zé Roberto me chamar, vamos conversar”.

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Quem acompanhou a decisão da Superliga 2016/2017, domingo passado, com a vitória do Rexona-Sesc por 3-2 sobre o Vôlei Nestlé, a viu fazer a diferença na reta final da partida. Só no tie break foram seis pontos, o último deles marcado quando sua equipe chegou a nove no placar e ela foi para o saque. Ao longo do torneio, a veterana esbanjou regularidade e muitas vezes foi o desafogo da levantadora Roberta Ratzke. “Eu peço bola mesmo, quero ajudar. Ali no tie break era a nossa temporada resumida em 15 pontos”, relembra.

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Jucy sabe que a renovação deve ser a tônica na seleção, mas sem deixar de lado a experiência de algumas peças, numa mescla que possa garantir sucesso. Contra si, além do tempo que ela insiste em desafiar, a exigência constante de esforço extra diante dos ataques e bloqueios mais altos no cenário internacional. Se a convocação não vier, segue a vida no clube. Já são sete temporadas no atual Rexona-Sesc – venceu seis Superligas com o time carioca (já havia ganhado uma com o Minas Tênis Clube) e deve permanecer. Parar não está em seus planos.

Vôlei entrou tarde em sua vida
Ser apontada como uma das principais centrais do País parece estranho para alguém com um minguado 1,84m e que descobriu o voleibol tão tarde. Tinha 18 anos quando, em 1999, começou no Usipa, clube de Ipatinga (MG), a pouco mais de 100 quilômetros de João Monlevade, onde vivia com os pais, que moram lá até hoje. “Eu brincava de vôlei na escola, gostava, mas não pensava em ser jogadora. Até que alguém me viu e fui parar no Usipa, achavam que eu tinha que ser central”, conta a atleta.

Zé Roberto chama nove jogadoras em sua 1ª convocação pós-Olimpíada

Em 2000 foi para o Macaé. Chamou a atenção do Minas Tênis Clube e no ano seguinte seguiu para a tradicional equipe de Belo Horizonte – um timaço onde jogavam, entre outras, Fofão, Cristina Pirv, Ângela Moraes, Érika, Elisângela e Ana Maria Volponi, além das juvenis Fabiana e Sheilla, sob o comando do treinador Antônio Rizola. Ganharam a Superliga derrotando o BCN Osasco de José Roberto Guimarães na final.

Ângela Moraes lidera volta olímpica em 2002 no Mineirinho: ídolo de Juciely (foto: CBV)

Pouco experiente, estando apenas na sua terceira temporada na modalidade, treinava mais do que jogava. Encontrou naquele time, na época MRV Minas, seu grande ídolo no vôlei: a central Ângela Moraes, de 1,81m. “Eu parava só para ficar olhando ela treinar. A Ângela me influenciou de todas as formas, eu ficava tentando fazer tudo igualzinho a ela, que atacava uma china linda, incrível na velocidade de perna e de braço. Ela tinha também uma bola de dois tempos que era única: ela quicava no tempo frente e atacava uma chutada. Essa eu tentei fazer muitas vezes e nunca consegui”, conta Juciely.

Oposta?
No segundo ano no MRV Minas não jogou, apenas treinava. “Queriam me transformar em oposta, diziam que eu era baixa demais para ser meio de rede, mas eu não levava jeito para atacar na saída. Tenho todos os cacoetes de atacante de meio, tinha que ser central, apesar de pequena”. A baixa estatura é compensada com velocidade e impulsão. Aliás, a jogadora do Rexona-Sesc diz que não sabe o quanto salta. “Não sei qual é a minha impulsão ou o meu alcance, mas sei que salto bastante”. Os dados no site da Federação Internacional de Vôlei (FIVB) estão longe da realidade.

Fique por dentro do mercado do vôlei

Passou uma temporada em Osasco, depois foram duas no Brasil Telecom, de Brasília. Voltou ao Minas para mais um ano. Então, no período seguinte, 2008/2009, novamente no Brasil Telecom, desta vez em Brusque (SC), ela acredita que explodiu de vez. “A partir daquela temporada em Brusque, comecei a jogar bem mesmo”. A equipe contava com jogadoras como Fabíola e Elisângela. Ao lado de Nati Martins, atualmente no Vôlei Nestlé, Juciely formava a dupla de centrais titulares.

Com o troféu da Superliga 2016/2017 (foto: Guilherme Cirino/Instagram @guilhermectx)

Despertando o interesse de Bernardinho
O Brasil Telecom quase foi responsável por uma das maiores zebras da história da Superliga. Após eliminar o Pinheiros nas quartas de final, o time de Brusque encarou simplesmente na série melhor de três partidas da semifinal a equipe de Bernardinho, na época Rexona-Ades. O primeiro jogo, em Santa Catarina, foi vencido pelo Brasil Telecom por 3-2. No seguinte, em pleno Tijuca Tênis Clube, no Rio, a equipe visitante abriu 2-0, para desespero do técnico multicampeão. O Rexona viraria a partida e venceria o jogo seguinte, mas o adversário impôs respeito. Jucy chamou tanto a atenção que recebeu um convite de Bernardinho para jogar no Rio de Janeiro.

Wiiliam pede dispensa, mas quer voltar à seleção ainda este ano

“Minha pontuação no ranking das atletas não me ajudou e eu não me encaixava no Rexona. Fui jogar na temporada seguinte no São Caetano/Blausiegel, que tinha também a Fofão, a Sheilla, a Mari”, recorda a central.

Que times foram bem e que times decepcionaram na Superliga

Porém, no período 2010/2011, finalmente pôde jogar no Rexona. “Aquele time patrocinado pela Blausiegel acabou e fomos Sheilla, Mari e eu jogar no Rio, treinadas pelo Bernardinho”. Começava para Juciely uma história que segue até hoje. Várias atletas entraram e saíram da equipe, mas a meio de rede mineira segue firme.

Recebendo prêmio de melhor central no GP 2015 (foto: FIVB)

Primeira convocação e cortes
Após sua temporada inicial no Rexona, veio também sua primeira convocação para a seleção adulta – jamais havia sido chamada nas categorias de base. “Com o Bernardo cresci a ponto de me tornar uma atleta da seleção brasileira. O Zé Roberto apontou muitos caminhos, me deu soluções quando comecei a disputar jogos internacionais, onde a realidade é completamente diferente. São grandes técnicos”, elogia Jucy, sem esquecer de afagar os dois.

Dos cortes sofridos na seleção, ela fala com resignação. “É algo doloroso, é um sonho que fica para trás, mas é um risco com o qual o atleta convive”.

Ficar fora da Olimpíada de Londres, em 2012, “doeu demais”, admite a atleta, que no entanto ressalta: “Apesar de ter sofrido, tinha consciência que a Adenízia estava melhor, ela vinha jogando muito bem”. O corte da lista de jogadoras que foi ao Mundial 2014 era esperado, pois Juciely sofria com uma lesão no joelho esquerdo.

Alegria e tristeza na Rio 2016
A participação na Rio 2016, apesar do desfecho triste, com a queda diante da China nas quartas de final, é lembrada com carinho por ser a única em Jogos Olímpicos. “Quando você entra na vila olímpica, percebe que aquele sonho se realizou”. A presença dos pais e dos amigos no Maracanãzinho foi extremamente importante para ela.

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Questionada se a chave muito tranquila da primeira fase na Olimpíada havia preparado suficientemente o time para o duelo nas quartas, ela rebate: “Tínhamos consciência de que o mata-mata seria muito difícil. A (ponteira) Ting Zhu saiu do passe no segundo set, a (técnica) Lang Ping fez umas mudanças e a gente não conseguiu mais acompanhar o ritmo delas”.

Juciely comemora um ponto durante a Rio 2016 (foto: FIVB)

Saque perdido
A central fica com a voz embargada quando relembra o saque desperdiçado no final do tie break diante da China. O Brasil perdia por 11-12 das orientais e Juciely, no serviço, buscou uma paralela, mas a bola foi para fora – a oposta Sheilla Castro erraria outro no rodízio seguinte.

“O meu erro ainda me revolta. Como pude errar aquele saque? Não dormi aquela noite, chorei muito. Nos dias seguintes, sempre que alguém me abordava, falando do jogo, eu caía no choro. Fui pro interior do Rio, um lugar onde ninguém me conhecia, depois fui pra Minas, ficar com meus pais. Nós todas (jogadoras) procuramos respostas para aquela derrota contra a China e não temos. As chinesas jogaram demais”, afirma Jucy.

Mundial de Clubes
O foco agora é o Mundial de Clubes, de 9 a 14 de maio, em Kobe, no Japão. A chave, com o VakifBank da Turquia e o Dínamo Moscou, é complicada, mas ela se mantém otimista, mesmo sabendo o quanto é difícil enfrentar bloqueios mais elevados ou tentar conter atacantes mais altas. “É outro nível, muito puxado, tenho que me desdobrar. No Grand Prix 2015 ganhei o prêmio de melhor central e fiquei me perguntando como poderia ter sido a melhor no meio de tanta mulher alta”. Às vezes não é preciso ser alta para ser grande.

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