Atenas 2004 – Blog Saída de Rede http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br Reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Tue, 31 Dec 2019 12:02:55 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Voleicast: Bernardinho e Zé Roberto não são amigos. E daí? http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2019/10/29/voleicast-bernardinho-e-ze-roberto-nao-sao-amigos-e-dai/ http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2019/10/29/voleicast-bernardinho-e-ze-roberto-nao-sao-amigos-e-dai/#respond Tue, 29 Oct 2019 09:00:59 +0000 http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/?p=18896

Bernardinho e Zé Roberto pouco interagiram na festa de lançamento da Superliga há uma semana, onde também entraram para o Hall da Fama do COB (Fotos: Gaspar Nobrega/Inovafoto/CBV)

Não é segredo para ninguém que acompanha voleibol que os dois principais técnicos brasileiros da modalidade, Bernardinho e José Roberto Guimarães, possuem uma relação distante e fria. Recentemente, por exemplo, o treinador do Sesc-RJ chegou a declarar que não existe chance de uma reconciliação com o colega de trabalho – o auge da briga entre ambos teria sido um pedido de Fernanda Venturini, esposa de Bernardinho, para que o marido analisasse um DVD da seleção durante a Olimpíada de Atenas, em 2004, quando ela era levantadora titular da seleção.

Mas será que a inimizade afeta o voleibol brasileiro? É isto que Carolina Canossa e Janaina Faustino discutem na 11ª edição do Voleicast, podcast dedicado ao vôlei feito pelo Saída de Rede. Para as jornalistas, a resposta é “não” e você vai entender os motivos ouvindo o episódio. No programa, também falamos sobre o lamentável caso de injúria racial envolvendo a americana Deja McClendon, contratação do Itambé/Minas para esta temporada, e o atraso no pagamento de salários que ameaça a participação do Botafogo na Superliga.

É só dar o play abaixo:

Também é possível ouvir o Voleicast no seu celular através dos principais agregadores de podcasts, caso do SpotifyGoogle Podcasts, Podcasts da AppleBreaker e PocketCasts.

Ouça mais:

Episódio 08 – Copa do Mundo mostra que seleção feminina tem muito a trabalhar até Tóquio 2020

Episódio 10 – Campeão da Copa do Mundo, Renan brilha no comando da seleção masculina

E você, concorda com as jornalistas? Quais as chances da seleção masculina em Tóquio 2020? Deixe sua opinião através da caixa de comentários abaixo, na nossa fanpage no Facebook, no nosso Twitter, no nosso Instagram ou pelo e-mail saidaderede@uol.com.br. Você também pode aproveitar esses contatos para dar sugestões, fazer críticas ou até mesmo elogiar o Voleicast.

 

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15 anos depois, Heller lembra ouro em Atenas: “Batalha contra nós mesmos” http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2019/08/29/15-anos-depois-heller-lembra-ouro-em-atenas-batalha-contra-nos-mesmos/ http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2019/08/29/15-anos-depois-heller-lembra-ouro-em-atenas-batalha-contra-nos-mesmos/#respond Thu, 29 Aug 2019 09:00:55 +0000 http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/?p=18189

André Heller integrou a seleção brasileira que dominou o vôlei mundial nos anos 2000 (Foto: Divulgação/FIVB)

Há exatos 15 anos, neste mesmo dia 29 de agosto, a seleção brasileira masculina de vôlei conquistou o segundo ouro de sua história na Olimpíada de Atenas, na Grécia. O ano era 2004 e aquela medalha representava o ápice para uma equipe, vista por muitos como a melhor de todos os tempos, que exerceu amplo domínio naquela década, se transformando em uma máquina de produção de títulos em série.

Neste aniversário de 15 anos, o Saída de Rede conversou com um dos “elos”, como ele mesmo coloca, daquele time. André Heller, meio de rede que se sagrou campeão de tudo com aquela geração e hoje atua como embaixador/coordenador do Vôlei Renata, de Campinas, relembrou alguns momentos daquela final contra a Itália, vencida por 3 a 1 (15-25, 26-24, 20-25 e 22-25), e falou, entre outros assuntos, sobre a importância da filosofia de trabalho e excelência implantada entre os atletas para que os objetivos fossem alcançados.

Confira a entrevista abaixo:

Saída de Rede – André, se você entrasse em uma espécie de túnel do tempo e voltasse ao dia daquela final, do que você mais se lembraria? Como foram as horas que antecederam aquela decisão contra uma Itália que tinha jogadores, como os opostos Andrea Sartoretti e Alessandro Fei, e que já tinha dado muito trabalho ao Brasil na fase classificatória [os brasileiros haviam derrotado os italianos apenas no tie-break na fase preliminar]?

André – Naquele momento, a final olímpica significava para nós muito mais do que uma vitória contra a Itália. Porque nós estávamos em um processo desde 2001 de conquistas de todos os campeonatos possíveis. Por mais que tenha acontecido a derrota no Pan-Americano de 2003, a gente encarava a nossa jornada até aquele dia como uma etapa de preparação para a “cereja do bolo”, o “grand finale”, que é o que todos os atletas do mundo almejam: uma medalha de ouro olímpica. Então, na verdade, a nossa maior batalha foi contra nós mesmos porque sabíamos que não éramos melhores do que os italianos, mas estávamos em um momento melhor do que eles.

O nosso período de preparação foi muito intenso e a nossa entrega foi tão grande que acredito que nenhum de nós tinha experimentado algo semelhante até então. Mesmo hoje, acho que nenhum de nós teve uma entrega parecida com aquela até hoje, cada um em sua atividade profissional. Era uma grande batalha, mas a gente tinha noção de que, fazendo o nosso melhor, seria só uma questão de tempo mesmo. Sem qualquer soberba, nós estávamos em um momento melhor e nos considerávamos muito merecedores daquilo tudo.

SdR – Então o nível de confiança estava lá em cima, né?

André – Sim, mas isso não significa que a gente estava com uma crença limitante, pensando ‘ok, nós vamos ganhar’. A confiança era na vitória e no que a gente tinha feito até então. Não era possível fazer melhor do que aquilo. Sendo assim, era só a gente colocar em prática que a gente iria ganhar. O foco total era nisso, na apresentação do nosso melhor e assim aconteceu.

E mais:

Ouça o Voleicast, o podcast de vôlei do Saída de Rede

Sem “trio de ferro”, seleção feminina faz testes no Sul-americano

Como os principais times masculinos estão montando seus elencos para a próxima temporada?

SdR – Não existia algum tipo de fantasma internamente? Por exemplo, a própria Itália teve grandes seleções nos anos 1990 e nunca chegou ao ouro olímpico. A seleção masculina de Cuba também não chegou quando teve grandes equipes. Não existia esse fantasma de que a Olimpíada, sendo um torneio de tiro curto, se vocês acordassem mal poderia acabar tudo?

André – Nós entramos em um processo – todos nós, atletas e comissão técnica – de alta performance e excelência, mas não em relação aos resultados. Era uma excelência em relação ao que a gente fazia repetidamente todos os dias. E nessa atmosfera que nós construímos não havia espaço para fantasma. Claro que tudo poderia acontecer, mas só considerávamos uma possibilidade que dependia apenas de nós para se tornar realidade. E foi assim que aconteceu.

SdR – E quando você lembra daquele jogo, o que vem à cabeça? Algum lance específico, a preparação? Qual a primeira coisa que vem à sua mente sobre aquele dia?

André – Eu só tenho lembranças gostosas e fico até emocionado. Um jogo com muita alegria, muita confiança. Estávamos todos mais sincronizados do que nunca, a nossa comunicação ia muito além das palavras, os nossos olhares estavam conectados. Acho que essa é a palavra: conectados. Estávamos todos na mesma frequência e com a energia lá em cima, sabendo que tínhamos vivido uma jornada de quatro anos de muita entrega mesmo. Não vou falar de sacrifício porque eu não gosto dessa palavra, mas fizemos muitas escolhas importantes. Era uma corrente muito forte em que cada um de nós representava um elo. A probabilidade de dar errado, por mais que existisse, era muito pequena e a gente sabia disso.

SdR – E essa corrente não quebrou nem quando a Itália ganhou o segundo set, que foi o mais equilibrado daquela final, né?

André – Não, porque a gente tinha conhecimento de que a dificuldade fazia parte do caminho. E estávamos totalmente preparados, pois havíamos treinado quatro anos, enfrentando todo tipo de adversidade.

SdR – Então você poderia dizer que aquele 29 de agosto de 2004 foi o melhor dia da sua vida?

André – Em termos esportivos, sim, sem dúvida nenhuma. É difícil comparar com o nascimento dos filhos e outros eventos pessoais. É complicado comparar e separar. Não tem como me desconectar dessa questão. É muito profundo para mim porque a seleção e o voleibol transformaram a minha vida. E um componente bastante importante dessa transformação foi a medalha olímpica porque ela representa muito mais do que simplesmente uma medalha, um título ou uma conquista.

Ela representa um processo de excelência, doação, dedicação, engajamento. Representa tudo o que eu posso reproduzir e aplicar em outros contextos da minha vida. É como se a gente tivesse uma receitinha nas mãos, sabe? É uma coisa que a gente guarda de entrega, compromisso, saber trabalhar junto, entender como a gente se complementava e se completava. Para mim, isso é muito profundo. Essa medalha olímpica vai muito além.

Parece que eu estou romântico, mas, de alguma maneira, do nosso jeito, nós sentimos amor uns pelos outros lá dentro. Isso não nos impedia de brigar, discutir, ficar bravo um com o outro. Mas, dentro da quadra, com a sincronia, a comunicação… Isso não tem preço e é muito difícil explicar. Eu podia não estar no melhor dos meus dias, mas tinha certeza de que todos os meus outros companheiros me levariam junto. E isso acontecia com todos nós. A gente sabia que a força da equipe era bem maior do que os indivíduos. Era muito especial.

SdR – E isso não foi só um torneio, foi algo que durou muitos anos, né? Abrangeu Olimpíada, Liga Mundial, Campeonato Mundial, Copa do Mundo. Não foi esporádico, foi duradouro.

André – A nossa jornada durou dois ciclos olímpicos, né? E a gente nunca perdeu essa vontade de entregar todos os dias. As pessoas não tinham acesso aos bastidores e o que elas viam pela TV da nossa entrega e preparação, fazíamos em um nível muito superior no dia a dia. Isso permitia que a gente entrasse nos jogos com adversários, torcida e arbitragem, totalmente preparados e confortáveis. Porque a gente tinha se preparado para isso. Esses oito anos foram realmente muito especiais e eu não tenho dúvida de que foi para todos. A maioria não joga mais, mas tenho certeza de que, cada um na sua atividade, tem essa memória muito viva.

O ex-atleta hoje atua como embaixador/coordenador do Vôlei Renata (Foto: Divulgação/André Heller)

SdR – O vôlei é um esporte coletivo onde um depende fundamentalmente do outro para que aconteça uma jogada. Mas, individualmente falando, que conselho você dá para os jovens atletas que te procuram hoje?

André – Vou responder contando o meu caso. Desde o início da minha carreira, eu sabia que não era um talento do voleibol. Não estou brincando. Se você conversar com os meus técnicos vai comprovar isso. Só que em determinado momento da minha carreira eu pensei: ‘ok, eu posso não ter um talento nato, mas eu tenho a capacidade de construir o meu talento através das minhas escolhas’. Então escolhi treinar muito, me capacitar, me preparar, ser bastante disciplinado.

Eu sempre escolhi seguir à risca o que os professores e treinadores me falavam. E isso foi me condicionando, elevando o meu nível até que consegui chegar à seleção brasileira e aconteceu tudo. Então a primeira mensagem que eu gostaria de deixar para todo mundo é que nós somos humanos e não é a maioria de nós que nasce com super talentos. Mas isso não impede que a gente construa o nosso talento e uma caminhada de excelência. E, de novo, excelência não é só um resultado, uma conquista. É o que a gente faz todos os dias repetidamente.

Isso é muito evidente no esporte. Frequentemente jogadores talentosos se perdem pelo caminho. Enquanto que outros, não tão talentosos, mas conscientes do nível de entrega, preparação, disciplina e estudo necessários, seguem em frente. Não tenho dúvida de que esses atletas que possuem esses conceitos bem claros, se sobressaem e até ultrapassam aqueles com talento nato. Tenho certeza porque sou um exemplo disso.

SdR – O Bernardo costuma falar sobre isso.

André – Sim, ele era um talento nato, foi medalhista olímpico e depois se tornou um dos maiores técnicos do mundo, se não for o maior. Então ele também é um caso de construção de talento. Eu acredito muito nisso porque já vi centenas de casos de profissionais que, através das suas escolhas, alcançaram sucesso, excelência e realização. Ao contrário de pessoas de talento que, por uma concepção equivocada de que aquilo é suficiente, acabam ficando para trás.

Colaborou Carolina Canossa

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Virna: “Dani sempre foi uma jogadora muito disciplinada e íntegra” http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/11/22/virna-dani-sempre-foi-uma-jogadora-muito-disciplinada-e-integra/ http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/11/22/virna-dani-sempre-foi-uma-jogadora-muito-disciplinada-e-integra/#respond Thu, 22 Nov 2018 08:00:56 +0000 http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/?p=15064

Virna e Danielle Scott jogaram juntas por três temporadas (Foto: Reprodução/Instagram)

“Fiquei muito assustada quando, de manhã muito cedo, um fã me mandou o link da notícia”. Foi deste modo, com pavor, que a ex-jogadora Virna Piovesan, bronze nos Jogos Olímpicos de Atlanta (1996) e Sidney (2000), recebeu a trágica notícia do caso de violência sofrida pela norte-americana Danielle Scott no último domingo (18), no estado da Louisiana, Estados Unidos. Em entrevista ao Saída de Rede, Virna se disse bastante aliviada por ter conhecimento de que a ex-central passou por procedimento cirúrgico e se recupera bem após ter sido esfaqueada pelo cunhado. Além disso, falou com muito carinho sobre a colega com quem jogou durante três temporadas no Brasil e na Itália.

Segundo a ponteira, Danielle sempre teve como características principais a disciplina e a religiosidade. “Ela sempre foi uma pessoa muito correta. Uma jogadora muito disciplinada, íntegra e bastante religiosa. Sempre muito voltada para Deus. (…) Gosto muito dela, da família, que é muito querida. A gente sempre se deu muito bem”, afirmou a ex-atleta. “Não mantivemos mais contato com frequência, mas sim por rede social até porque depois eu voltei para o Brasil, parei de jogar, me casei. Mas tenho um grande amor por ela”, complementou Virna, que jogou com a norte-americana por duas temporadas no BCN/Osasco e, depois, em outra oportunidade no Chieri, da Itália.

Danielle Scott participou de cinco edições dos Jogos Olímpicos (Foto: Divulgação/FIVB)

Um episódio bastante ilustrativo da generosidade da central ficou marcado na memória da ex-jogadora brasileira. De acordo com Virna, por terem atuado juntas, ambas construíram um vínculo muito forte. Assim, depois do traumático 24-19, quando a seleção de José Roberto Guimarães desperdiçou seis match points no quarto set da semi, perdendo para a Rússia a chance de chegar à final olímpica pela primeira vez, em Atenas, ela encontrou consolo em Danielle Scott:

“Quando a gente perdeu aquele jogo, [depois de estar vencendo o quarto set] por 24-19, eu fiquei muito abalada e ela foi uma das primeiras pessoas que eu encontrei saindo para o vestiário. Ela me abraçou, ficou um bom tempo ali comigo, me acolheu, sabe? E ela me disse: ‘poxa, vocês ainda têm uma chance de medalha e nós vamos sair daqui da olimpíada sem nada, sem nenhuma medalha’. Obviamente, como a gente era rival, a gente vestia a camisa do país, né? Mas sempre que o Brasil não jogava contra os EUA ela torcia por nós. Ela tinha um carinho muito grande pelas jogadoras brasileiras”, relembrou a jogadora. Já eliminada dos jogos naquela fase, a seleção norte-americana não ganhou nenhuma medalha em Atenas. Danielle Scott realizaria o sonho de conquistar duas pratas olímpicas nas edições seguintes, quando perdeu as duas finais para o Brasil, em 2008 e 2012, já sem a participação de Virna.

Virna conta que, ao saber da tragédia, logo tentou contato com o brasileiro Eduardo “Pezão” Arruda, ex-marido da atleta, que lhe tranquilizou. “Graças a Deus, consegui ter a notícia com o Pezão de que ela está no hospital, fez uma cirurgia, mas está bem. Não está correndo risco de vida. (…) Isso me deixou mais tranquila”, completou.

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Por onde anda? Ex-seleção, Bia Chagas usa experiência para orientar novatas http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/06/11/por-onde-anda-ex-selecao-bia-chagas-usa-experiencia-para-orientar-novatas/ http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/06/11/por-onde-anda-ex-selecao-bia-chagas-usa-experiencia-para-orientar-novatas/#respond Mon, 11 Jun 2018 09:00:04 +0000 http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/?p=13621

Bia foi peça importante no tricampeonato da Superliga conquistado pelo Osasco entre as temporadas 2002/2003 e 2004/2005 (Foto: Divulgação)

Em um esporte que preza pela estatura, Bia Chagas fez carreira medindo apenas 1,79 m. Não, ela não era levantadora e muito menos líbero, posições que costumam acolher os “baixinhos” que se arriscam no vôlei. Oposta, ou seja, responsável pela bola de segurança, Bia foi uma das principais atacantes do Brasil no começo dos anos 2000. A medalha olímpica em Atenas 2004 escapou por pouco, mas não por “culpa” dela: na disputa do bronze contra Cuba, a atacante foi a maior pontuadora, com 23 pontos, mas o abalo psicológico das colegas por conta do fatídico 24-19 na semifinal contra a Rússia foi fundamental para a derrota por 3 sets a 1.

Aposentada logo após a temporada 2008/2009, Bia agora tenta passar a receita que a fez chegar longe à nova geração. Ao lado dos também ex-jogadores Carlos Alberto Toaldo e Ligia Reis, possui uma agência que administra a carreira de atletas como Rosamaria e Douglas Souza, ambos atualmente na seleção brasileira. Mais do que fechar contratos, a função dela é orientar quem ainda está se habituando ao que é ser um atleta de alto rendimento.

Bia diz que não era craque: “Eu era bem treinada e me cobrava muito pelo meu tamanho” (Foto: Arquivo Pessoal)

Altos e baixos marcam desempenho da seleção masculina na Rússia

Passe complica, mas Tandara e bloqueio garantem dois pontos para o Brasil

“A altura quase me barrou, mas sempre digo para os nossos atletas que eu treinava muito, o dobro das minhas rivais, porque tinha que me manter dentro de quadra. Me mantive (entre as melhores) porque saltava bem e tinha velocidade de braço”, conta a ex-atleta, que diz que não era craque, apesar de ter ultrapassado a marca dos dois mil pontos na Superliga. “Nunca tive aquela característica de uma Ana Moser ou de uma Fernanda Venturini, eu chegavam e faziam o que queria com a bola. Eu era bem treinada e me cobrava muito pelo meu tamanho. Treinei e me dediquei muito para conseguir ir para uma Olimpíada, passava noites sem dormir. Era treino de tarde, treino de manhã… se tivesse parado sem ir para uma Olimpíada, me sentiria frustrada”, admite.

Fazer seus agenciados chegarem à disputa da maior festa do esporte é a grande meta de Bia na nova carreira. “É a melhor coisa que pode acontecer para o jogador, mas tem que se dedicar muito aqui em baixo para conseguir”, explica. Ela vê em sua trajetória nos clubes características que usa nos bastidores do vôlei. “Sempre tentei dar suporte, tinha paciência com as novinhas, como a Fabizona, Mari, Dani Lins, Adenízia… Eu já estive no lugar delas e sei como é difícil. Se não tem alguém para te dar a mão, você se perde”, comenta.

Oposta foi bem na disputa do bronze em Atenas, mas Brasil perdeu para Cuba (Foto: Reuters)

Observar para orientar tecnicamente e, de vez em quando, até dar broncas por conta de uma eventual desmotivação fazem parte do cotidiano da empresária. Na visão dela, as redes sociais e os aplicativos de mensagens são um dos vilões da nova geração. “Acaba o treino e, no lugar de tentar um acerto de bola, muita gente vai correndo para o celular. Na minha época, era mais disciplinado, tinha mais aquela coisa de tentar dar uma força para tua amiga. Hoje você não vê muito isso”, opina.

O atual trabalho não deixa também de ser uma maneira de enterrar de vez um fantasma do passado: “O que 24 a 19 já passou, não dá mais para voltar. Então, hoje se uma das minhas atletas ganhar uma medalha e eu souber que ajudei, vou ficar bem feliz. Sentirei o gosto da medalha por ele. Trabalho com várias jogadoras com potencial e falo para elas: ‘Calma que o caminho é por aqui’”.

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Karpol, 80 anos de uma lenda do vôlei http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/05/01/karpol-80-anos-de-uma-lenda-do-volei/ http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/05/01/karpol-80-anos-de-uma-lenda-do-volei/#respond Tue, 01 May 2018 09:00:22 +0000 http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/?p=13134

“Quando perguntam minha profissão, é com orgulho que digo ‘professor'” (fotos: FIVB e Reprodução/Internet)

Naquela noite de 29 de setembro de 1988, em Seul, Coreia do Sul, tudo parecia fora de controle para a seleção de vôlei feminino da União Soviética. Na disputa da medalha de ouro nos Jogos Olímpicos, o time comandado pelo técnico Nikolay Karpol estava perdido em quadra diante das aguerridas peruanas. As sul-americanas lideravam a partida por dois sets a zero e ganhavam o terceiro por 12-6 – as parciais iam até 15 pontos. Foi então que aconteceu o pedido de tempo mais comentado da história da modalidade e que marcou para sempre a imagem de Karpol. Ele exortou suas atletas a lutarem e deu início a uma das viradas mais incríveis na história do esporte.

Nikolay Karpol completa 80 anos neste 1º de maio e segue na ativa, à frente do Uralochka, em Ekaterimburgo, na Rússia, clube que treina desde 1969, quando começou uma carreira que soma 49 anos. Os berros para suas jogadoras em diversos torneios ecoam na memória dos fãs de voleibol, mas o técnico vai muito além de gritos e expressões faciais raivosas.

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Nikolay Vasiliyevich Karpol nasceu em 1938 em Brzeznica (hoje Bereznitsa), na época parte da Polônia, mas que na década seguinte seria incorporada pela União Soviética como uma cidade da Bielorrússia (atualmente Belarus). Adolescente, foi com a família para Nizhny Tagil, na Rússia, até se mudar de vez para Ekaterimburgo no início da vida adulta. Desde o fim da URSS, em 1991, tem dupla cidadania: bielorrussa e russa.

Praticava voleibol na juventude, mas ganhava a vida como professor. Lecionava matemática, física e astronomia no ensino médio. Antes, enquanto ainda era estudante, em 1959, criou um time de vôlei feminino que ele orientava na própria escola. Em 1966, ajudou a fundar o Uralochka, onde jogava sua futura esposa, Galina Duvanova, com quem se casaria naquele mesmo ano. Assumiria a função de técnico do clube três anos depois e o voleibol passou a ser sua única atividade profissional.

O técnico russo com a seleção durante a Olimpíada de Sydney, em 2000

Nada de palavrões
Ele garante que nesses anos todos como técnico nunca disse um palavrão e, bem humorado, costuma repetir que jamais soube de nenhum torcedor que tenha deixado o ginásio por causa de seus gritos. Na final de 1988 contra o Peru, no famoso pedido de tempo, Karpol se virou para a ponta Irina Smirnova, que havia sido criada pela avó e sempre falava nela, e perguntou, aos berros, o que a atacante faria quando voltasse para casa e encontrasse a avó depois de perder a final. Repetiu a pergunta. A ponteira caiu em prantos. Porém, passou a jogar muito melhor.

Karpol é reconhecido pela maioria das grandes atletas que, sob suas ordens, vestiram a camisa da URSS ou da Rússia, após a dissolução da União Soviética. A universal Lioubov Sokolova, que quase teve sua carreira encerrada por causa de uma disputa na justiça com o treinador em 2002, reconheceu depois que ele foi fundamental na sua vida de atleta.

A levantadora Irina Kirillova afirma que sem Karpol o voleibol feminino russo não teria mantido sua grandeza. A meio de rede Elizaveta Tishchenko faz questão de enfatizar que o treinador elevou o nível do seu jogo.

Karpol e o time da URSS durante pedido de tempo na final de Seul 1988

Críticos
Não faltam críticas ao estilo ortodoxo dele e há até quem minimize suas duas medalhas de ouro olímpicas. Karpol levou a URSS ao ponto mais alto do pódio em Moscou 1980 e em Seul 1988, duas edições dos Jogos Olímpicos marcadas pelo boicote. O da primeira, em massa, liderado pelos Estados Unidos. No segundo ouro, as soviéticas não tiveram que medir forças com Cuba, grande favorita, que não foi a Seul por discordar do tratamento dado pela Coreia do Sul à vizinha do Norte.

Os críticos também apontam falhas em seu sistema defensivo, com ênfase apenas no alto bloqueio e uma cobertura frágil que permitia muitas vezes que largadas fáceis de defender caíssem.

Reclamam até do fato de ele aceitar que suas levantadoras joguem com bolas altíssimas, sem muita criatividade. Disso Nikolay Karpol se defendeu dizendo que trabalha com o que tem. De fato, quando contava com Kirillova, a quem ele comparou diversas vezes a uma bailarina e chama de “a maior levantadora de todos os tempos”, sua equipe tinha mais variação e velocidade. Algo parecido, com menos brilhantismo, pôde ser visto quando ele contava com Elena Vassilevskaia como armadora. Fora isso, tome bola no teto com atletas medíocres na posição como Tatiana Gratcheva ou Marina Sheshenina.

Treinador teve problemas com algumas atletas, que inclusive se recusaram a jogar, como Vassilevskaia

Desentendimentos
Vassilevskaia entrou para o time das que se desentenderam com o técnico a ponto de não mais voltar – depois da prata em Sydney 2000. A ex-ponta/oposta Liudmila Malofeeva, com passagem pela seleção russa após a saída do treinador, jogou pelo Uralochka e não tem boas lembranças de Karpol. “Ele divide as atletas em três categorias: suas favoritas, as medíocres e as que ele despreza”, comentou Malofeeva à imprensa russa, dizendo ainda que ele a tratava como alguém do terceiro grupo.

A queda da URSS em 1991, o colapso do comunismo no leste europeu e o impacto dessa mudança no esporte irritavam o técnico. “Tudo mudou, até a motivação das atletas, agora é só dinheiro, dinheiro… Com a chegada do capitalismo, vieram os empresários. Há muita interferência, tivemos que mudar tudo, até a forma de nos aproximarmos das jogadoras, agora é muito diferente dos tempos da URSS e não mudou para melhor”, contou numa entrevista concedida na década passada.

Sokolova e Gamova foram atletas essenciais para Nikolay Karpol

Jogo ortodoxo
Nikolay Karpol admite que gosta de ter uma ou duas jogadoras como referência nas equipes que treina. Em mais de uma oportunidade, contou que costuma trabalhar com atacantes desde quando ainda são jovens e encaixá-las em seu plano de jogo. Foi assim, por exemplo, na seleção russa de Atenas 2004, que girava em torno da oposta Ekaterina Gamova e da ponteira Lioubov Sokolova, talhadas durante anos pelo irascível treinador.

É possível fazer uma longa lista de grandes atacantes cujo desenvolvimento teve a participação de Karpol. Além de Gamova e Sokolova, estiveram sob sua batuta Elena Godina, Evgenia Artamonova, Tatiana Menshova, Elizaveta Tishchenko, Irina Smirnova, Tatiana Sidorenko e Valentina Oguienko, entre outras. Ele ajudou também a formar a levantadora Irina Kirillova, que começou a ser treinada por ele quando tinha apenas 14 anos.

Professor
Karpol não pensa em parar. Em 2019 completa meio século de carreira. Ele diz que 50 anos de atividade profissional parece um número bom, mas deixa no ar que pode ir além disso.

Quando querem saber qual é a profissão dele, nunca responde técnico de voleibol. “Eu sou um professor. Foi assim que comecei a trabalhar e ainda é assim que me vejo. Além disso, ser professor é algo muito nobre. Por isso, quando perguntam minha profissão, é com imenso orgulho que digo ‘professor’”.

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Momentos de Nikolay Karpol:

Mari na fatídica semifinal de Atenas 2004: bloqueando Gamova e chorando ao final

Defendendo Zé Roberto e Mari
Além da virada na final de Seul 1988, Karpol também ficou conhecido por outra, 16 anos mais tarde, na semifinal de Atenas 2004. A vítima desta vez foi o Brasil. Depois do jogo, durante a entrevista coletiva, o técnico José Roberto Guimarães era massacrado pela imprensa brasileira, que tentava entender o inexplicável: a derrota após sete match points desperdiçados.

Karpol pegou o microfone e pediu que tivessem mais respeito por Zé Roberto, pois ali estava um campeão olímpico (já havia conquistado o ouro com a seleção masculina em Barcelona 1992). O russo também rebateu as críticas à oposta Mari, que vinha sendo injustamente apontada como a grande responsável pelo resultado. “O voleibol é um esporte coletivo e essa menina jogou absurdamente bem numa semifinal olímpica, não é justo criticá-la”, enfatizou Karpol. Uma das raras vezes em que saiu em defesa de adversários.

Dançando com Márcia Fu
Forli, Itália, 1988. URSS e Brasil haviam ficado com as duas vagas do pré-olímpico, superando as donas da casa, as canadenses e as neozelandesas. A organização do torneio promoveu uma festa numa boate após o encerramento. Lá estavam as equipes. A então central Márcia Fu, 19 anos, decidiu chamar o carrancudo técnico soviético para dançar. Karpol aceitou, sob os olhares atônitos de suas atletas. Dizem que a dupla Karpol e Fu fez sucesso na pista.

“Sim, cometi erros, mas não grandes erros”

Karpol e o bom senso
A Rússia enfrentava a Holanda pelas quartas de final em Atlanta 1996. Quase no final da partida, que as russas venceriam por 3-1, a ponteira Evgenia Artamonova desmaiou, exausta com tantos ataques. Apreensão em quadra, Karpol chama uma substituta, mas o segundo árbitro queria que Artamonova, que estava desacordada, viesse para segurar a placa. O treinador começou a rir do juiz auxiliar e a bater palmas. No final, prevaleceu o bom senso.

Sobre os equívocos
“Sim, cometi erros, mas não grandes erros. Talvez alguns pequenos. Eu certamente apostei em jogadoras (sem citar nomes) que não deveria. Errei na preparação para alguns jogos, mas tenho orgulho em dizer que jamais errei ao tentar preparar alguém para ser uma boa pessoa”.

Os fãs
“Hoje em dia os fãs vão a um jogo como quem vai a um show. Muitos sequer entendem voleibol. Tem gente que nem sabe quantos toques são permitidos por time. Muitas pessoas que estão trabalhando nas federações ao redor do mundo não são profissionais e isso resulta em falhas na atração de novos fãs e de fazer o jogo acessível a quem já tem interesse. Os japoneses já foram muito bons em atrair fãs, hoje em dia nem tanto. Brasil e China estão fazendo um trabalho muito bom nesse sentido. A Rússia até que vai bem. A melhor nisso é a Polônia, que faz algo fenomenal”.

Com Kirillova (esquerda) e Tishchenko, em evento realizado em 2014

Hall da Fama
“Estar ali (ele entrou em 2009) é o reconhecimento pelo que tenho feito no voleibol. Eu diria que 99% das pessoas que merecem estar no Hall da Fama já estão ali. Fazer parte desse universo é uma honra muito grande para mim”.

Estragando a despedida de Lang Ping
Além de técnica campeã olímpica, Lang Ping foi uma das maiores jogadoras de todos os tempos. Acostumada com o alto do pódio, já estava aposentada quando, em 1990, para a disputa do Mundial na China, o governo daquele país pediu que voltasse. Heroína nacional, ela seria o grande trunfo numa seleção que vinha patinando.

Lang Ping retornou. As cubanas Mireya Luis e Magaly Carvajal estavam contundidas, mas os chineses não contavam com a URSS de Karpol, que colocou água no chope das anfitriãs. Diante de um ginásio lotado em Pequim, as comandadas de Nikolay Karpol fizeram 3-1 sobre a China, deixando Ping com a prata em sua despedida definitiva.

Biografia
Em 2010, o croata Tomislav Birtic lançou, em inglês, a biografia Karpol: Lunatics – That’s what I need (“Karpol: Lunáticos – É disso que preciso”, numa tradução livre). O livro conta a história do técnico e traz algumas das ideias de Karpol sobre o esporte que o consagrou.

Derrotas de virada em finais olímpicas
“Em Sydney foi difícil fazer algo depois que as cubanas entraram no jogo. Já em Atenas a FIVB trabalhou contra a gente, não queria que ganhássemos”, disse Karpol sobre as duas derrotas de virada, por 2-3, nas finais olímpicas de Sydney 2000 (contra Cuba) e de Atenas 2004 (diante da China). Ele não explicou por que ou quem queria a derrota russa na Grécia. Na época, a FIVB era presidida pelo mexicano Ruben Acosta.

Morte do filho
Em 1993, seu único filho, Vasily, 25 anos, morreu ao lado da esposa em um acidente de carro. Nikolay Karpol e sua mulher, Galina, passaram a criar o neto, que tinha 4 anos.

Karpol sendo condecorado por Vladimir Putin, em Moscou

Condecoração
Na semana passada, Nikolay Karpol foi condecorado pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin, como “Herói do Trabalho”. A honraria é concedida aos cidadãos que se destacam em atividades públicas, elevando o nome do país. O técnico recebeu outras cinco condecorações ao longo da carreira, incluindo a Ordem por Mérito à Pátria.

Colecionador de títulos
Karpol é bicampeão olímpico (1980 e 1988) e três vezes medalha de prata (1992, 2000 e 2004), tendo sido treinador em seis edições dos Jogos Olímpicos – saiu sem medalha apenas em Atlanta 1996, quando a Rússia ficou na quarta colocação. Campeão mundial em 1990, foi sete vezes campeão europeu e tricampeão do Grand Prix.

Comandou a URSS de 1978 a 1982 (demitido após um decepcionante sexto lugar no Mundial) e de 1987 a 1991. Seguiu à frente da seleção feminina em 1992 com a Comunidade dos Estados Independentes (CEI) e depois com a Rússia de 1993 a 2004. Foi ainda técnico da Belarus no período 2009-2010, mas esbarrou na escassez de material humano.

Com o clube Uralochka, conquistou mais de duas dezenas de títulos nacionais e oito edições da Champions League.

Colaborou Ekaterina Semenova

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Mari vira empresária em ano sabático, mas não descarta volta ao vôlei http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/02/24/mari-vira-empresaria-em-ano-sabatico-mas-nao-descarta-volta-ao-volei/ http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/02/24/mari-vira-empresaria-em-ano-sabatico-mas-nao-descarta-volta-ao-volei/#respond Sat, 24 Feb 2018 09:00:23 +0000 http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/?p=12146

Realizada no vôlei, Mari se dedica a um novo projeto profissional (Foto: Reprodução/Instagram)

Enquanto a temporada 2017/2018 do vôlei de clubes se encaminha para a reta final, os fãs se perguntam: onde está a atacante Mari Steinbrecher? Depois de defender o Vôlei Bauru até o meio do ano passado, teria ela se aposentado das quadras de maneira discreta?

A resposta é não. Na verdade, Mari apenas decidiu se afastar momentaneamente do vôlei para se dedicar a outro projeto profissional: virar empresária. Aos 34 anos, a ponteira/oposta se uniu a uma sócia e abriu uma loja de alimentação saudável em Moema, zona sul de São Paulo.

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“Esse timing que eu dei do vôlei não quer dizer que eu me aposentei oficialmente. Foi uma pausa para eu dar esse gás como empresária. Não ia dar certo jogar e abrir empresa, pois eu sou muito dedicada ao que estou fazendo. Precisava ir atrás deste sonho que era abrir algo de alimentação saudável”, comentou Mari, em entrevista ao canal do YouTube “Fora de Quadra”, do jornalista Sérgio Santana.

A jogadora, inclusive, fez questão de convidar os fãs a visitarem seu empreendimento, batizado como “Essen 7”, número que ela se consagrou no esporte. “Estou sempre aqui, a gente toma um cafezinho… para quem quiser, tiro foto, bato um papo, vai ser bem legal. Teremos o maior amor e carinho de receber vocês”, garantiu.

Confira abaixo o trecho em que Mari fala sobre o novo momento de sua vida:

Durante o bate papo, Mari foi instigada a dar sua opinião sobre os recentes resultados da seleção feminina, mas esquivou-se com uma justificativa bastante sincera: “No ano que eu tirei folga de vôlei, eu tirei folga de vôlei literalmente. Fiz questão de não saber de nada”. Além da loja, ela revelou que tem preenchido o tempo livre cuidando da forma física, da casa e em viagens curtas. “Não estou tendo uma rotina e isso é o que eu queria. Estou tendo uma vida tranquila”, confessou.

Na entrevista, que foi dividida em quatro partes, Mari também fala sobre como superou as críticas que recebeu após o 24 a 19 de Atenas (“Fui massacrada injustamente”), a redenção com o ouro em Pequim 2008 (“Quando eu vi que a final seria no dia do meu aniversário, meio que tudo encaixou para mim. Já sabia que a gente iria ganhar a Olimpíada”), vaidade, a relação com José Roberto Guimarães, propostas de jogar no vôlei de praia, entre outras coisas. Para quem quiser conferir, seguem os vídeos:

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Bernardinho: há um ano terminava a era mais vitoriosa do vôlei brasileiro http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/01/11/bernardinho-ha-um-ano-terminava-a-era-mais-vitoriosa-do-volei-brasileiro/ http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/01/11/bernardinho-ha-um-ano-terminava-a-era-mais-vitoriosa-do-volei-brasileiro/#respond Thu, 11 Jan 2018 08:00:49 +0000 http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/?p=11326

Bernardo Rezende na Rio 2016: técnico comandou a seleção masculina em quatro ciclos olímpicos (foto: FIVB)

Não chegou a ser uma surpresa, a espera já se arrastava havia quase cinco meses, até que no dia 11 de janeiro de 2017, há exatamente um ano, a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) anunciou que a seleção masculina não seria mais treinada por Bernardo Rezende. Era o fim de uma era iniciada em 2001. Foram 45 torneios oficiais, 28 títulos, incluindo dois ouros olímpicos e três mundiais. Sob seu comando, o Brasil subiu ao pódio 42 vezes. Bernardinho é, em toda a história da modalidade, o técnico mais vencedor. Sua despedida, em grande estilo, foi com um ouro em casa, nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016.

Bernardo Rezende chegou ao time masculino credenciado pelo bom trabalho com a seleção feminina (1994-2000), que sob sua batuta evoluiu de coadjuvante para uma das grandes equipes do mundo, conquistando dois bronzes olímpicos (1996 e 2000), um vice-campeonato mundial (1994) e três títulos do Grand Prix (1994, 1996 e 1998).

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O voleibol masculino do Brasil já havia sido campeão olímpico antes dele, pelas mãos de José Roberto Guimarães, na Olimpíada de Barcelona, em 1992. No entanto, foi após a chegada de Bernardinho que a seleção brasileira atingiu um nível de excelência difícil de ser igualado por qualquer equipe no mundo.

A constelação da década passada, com nomes como Giba, Ricardinho, Dante, Gustavo, Serginho, Nalbert, entre outros craques, foi um time esférico, beirando a perfeição, meticulosamente armado pelo treinador. Logo de cara, no primeiro torneio, a Liga Mundial 2001, um ouro. Da conquista do Mundial 2002 até a da Copa do Mundo 2007, o Brasil venceu simplesmente todos os torneios globais que disputou.

Carismático e brilhante, ele é sinônimo de vôlei de alta qualidade. Em quatro ciclos, o homem marcado pela tensão quase constante e pelos gestos crispados, foi a todas as finais de Mundiais e Jogos Olímpicos, um feito incrível, somando cinco ouros e três pratas.

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Celebridades, times mistos e escândalo: o vôlei já chamou a atenção nos EUA

Seu sucessor, Renan Dal Zotto, teve uma primeira temporada positiva, com dois ouros (Sul-Americano e Copa dos Campeões) e uma prata (Liga Mundial), mas foi pouco exigido em 2017, um ano morno, com a maioria dos adversários competindo com equipes B, como analisamos aqui.

Para lembrar a era Bernardinho, um ano depois do seu fim, o Saída de Rede destaca seis momentos marcantes da passagem do treinador pela seleção masculina.

Nalbert, Maurício, Giovane e Ricardinho no pódio da Liga Mundial 2001 (FIVB)

LIGA MUNDIAL 2001
O próprio Bernardo sempre ressaltou a importância que o primeiro título teve para o grupo. Sua estreia com os homens foi no dia 4 de maio de 2001, em um amistoso contra a frágil Noruega, em Portugal, vencido por 3-0. A partida valia como preparação para a disputa da Liga Mundial daquele ano. O Brasil havia passado quase em branco no ciclo anterior, com Radamés Lattari como treinador, tendo vencido, além de dois Sul-Americanos e de duas Copas América, apenas a desimportante Copa dos Campeões 1997, diante de rivais desfalcados. No Mundial 1998, quarto lugar. Na Olimpíada de Sydney, em 2000, a seleção foi despachada nas quartas de final pela esforçada Argentina.

A expectativa não era muito alta para a Liga Mundial 2001, mas o Brasil deslanchou. Perdeu apenas uma partida na fase de classificação – um apertado 2-3 para os Estados Unidos, como visitante. Na final, em Katowice, na Polônia, num rápido 3-0, atropelou a Itália, melhor time da década anterior e vinda de um tricampeonato mundial. A seleção brasileira mostrava ao mundo seu cartão de visita, agora sob nova direção.

Ocupar o lugar mais alto do pódio seria uma constante para aquela geração. Somente na Liga Mundial viriam mais sete títulos (2003, 2004, 2005, 2006, 2007, 2009 e 2010). Antes, em 1993, com Zé Roberto, a seleção havia obtido seu primeiro ouro na competição. O Brasil, com nove conquistas, foi o maior vencedor do torneio, extinto em 2017 e substituído a partir deste ano pela Liga das Nações.

Treinador abraça Giovane logo após o ace que fechou a decisão e deu ao Brasil o ouro do Mundial 2002 (FIVB)

CAMPEONATO MUNDIAL 2002
A seleção de Bernardinho havia conquistado a Liga Mundial 2001. Naquele mesmo ano, desfalcada de Giba, Gustavo e Serginho, foi vice-campeã na Copa dos Campeões. Veio a temporada 2002 e, em pleno Mineirinho, em Belo Horizonte, o Brasil caiu por 1-3 contra a Rússia. Surgia a dúvida se aquele time seria capaz de trazer o tão esperado título mundial.

Vinte anos antes, em Buenos Aires, na Argentina, a equipe treinada por Bebeto de Freitas, na qual Bernardo Rezende era levantador reserva, havia batido na trave, ficando com a prata ao perder para a União Soviética. A história, em 2002, foi diferente. Na decisão, diante dos russos, herdeiros dos títulos da antiga URSS, o Brasil venceu uma das partidas mais emocionantes de todos os tempos, no mesmo palco de duas décadas atrás, o histórico ginásio Luna Park. O jogo foi decidido apenas no tie break, pela diferença mínima, com um ace inesquecível do ponteiro Giovane Gavio no match point. A seleção brasileira fez uma campanha quase impecável, perdendo apenas uma partida na primeira fase, em cinco sets, contra os EUA – eles outra vez.

No caminho para o título, uma das sequências mais difíceis já encaradas. Nas quartas de final, a tricampeã mundial Itália (vitória por 3-2). Na semifinal, a campeã olímpica Iugoslávia (3-1). Finalmente os russos na final.

A conquista foi o triunfo de um grupo fantástico e deu a Bernardinho um título de primeira grandeza – ele que havia sido barrado do lugar mais alto do pódio em Mundiais e Olimpíadas com a seleção feminina por uma lendária geração cubana.

O bicampeonato viria em 2006 e o tri em 2010. Mas o primeiro ouro em um Mundial teve, é claro, um sabor especial.

Grupo campeão olímpico em Atenas. Bernardinho está à direita na imagem (FIVB)

ATENAS 2004
O Brasil chegou aos Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004, como favorito absoluto ao ouro e não decepcionou. Ao longo daquele ciclo, o time havia provado que era, de fato, o melhor do mundo. Na Copa do Mundo 2003, uma competição difícil com 12 seleções jogando entre si em duas semanas, a equipe havia cedido apenas quatro sets em 11 partidas. Na Liga Mundial 2004, também de forma invicta, outro título, desta vez superando, em Roma, a arquirrival Itália por 3-1 na final.

A seleção de Bernardinho sobrou em Atenas. Se deu ao luxo de, já classificada para as quartas de final como primeira da chave, colocar reservas em quadra e perder por 1-3 para os EUA na fase de grupos. Reencontrou os americanos na semifinal e aplicou uma surra por 3-0, na sua melhor exibição na capital grega. Na decisão, o aguardado confronto contra a Itália, já derrotada na etapa inicial em cinco sets. Na final, 3-1 para o Brasil e a consagração definitiva daqueles atletas e do treinador e sua comissão técnica.

Ricardinho e Bernardinho fizeram as pazes em 2012 (FIVB)

CORTE DE RICARDINHO
“O Brasil tem um time excepcional, mas Ricardo faz a diferença. Ele consegue sempre, mais do que qualquer outro levantador no mundo, deixar o time em condição de matar a jogada, distribui a bola como ninguém, numa velocidade incrível”. A frase dita em 2004 pelo americano Doug Beal, técnico campeão olímpico com a seleção masculina dos EUA em 1984 e que redefiniu a estrutura dos times de voleibol, demonstra bem a genialidade do levantador Ricardinho. Mas em meados de 2007, o maestro daquela estelar equipe brasileira e o comandante Bernardinho viviam às turras.

Até que antes da estreia do Brasil nos Jogos Pan-Americanos do Rio veio a notícia surpreendente: Ricardo Garcia havia sido cortado. O reserva Marcelinho foi elevado à condição de titular e Bruno, então com 21 anos, convocado para a vaga aberta. O SdR relembrou essa história, que você pode conferir aqui. Ricardinho havia sido o MVP da Liga Mundial 2007, mas o desgaste era muito grande. Na campanha do bicampeonato mundial, em 2006, levantador e técnico haviam discutido asperamente diante das câmeras, durante a segunda fase, mas ninguém imaginava que a tensão entre eles pudesse crescer a ponto de Ricardo ser dispensado.

O atleta ainda retornaria, mas somente em 2012. Participou da Liga Mundial daquele ano, porém longe da melhor forma física não conseguiu tirar a titularidade de Bruno, que também permaneceu no sexteto principal no vice-campeonato na Olimpíada de Londres. Com a prata olímpica no peito, entrando pouco em quadra, encerrou de forma discreta sua trajetória na seleção.

O corte de Ricardinho gerou um imenso desgaste para Bernardinho, tanto entre os torcedores quanto na mídia. Principalmente no ano seguinte, quando o time perdeu o ouro nos Jogos Olímpicos de Pequim para os EUA.

Deslocado para a saída de rede, Muserskiy foi o grande nome da final de Londres 2012 (AFP)

VIRADA INESQUECÍVEL EM LONDRES 2012
O central russo Dmitriy Muserskiy, 2,18m, povoa o imaginário dos fãs brasileiros de vôlei. Numa bela sacada do técnico Vladimir Alekno, o gigante mudou de função após sua seleção estar perdendo por 0-2 para o Brasil na final da Olimpíada de Londres, em 2012. Muserskiy foi deslocado do meio de rede para a saída e se transformou no carrasco da equipe comandada por Bernardinho. Vitória épica russa por 3-2, numa das derrotas mais doloridas para o técnico multicampeão. Os brasileiros chegaram a ter dois match points no terceiro set.

Quatro anos antes, em Pequim 2008, o time perdeu de virada por 1-3 para os EUA, mas os americanos chegaram àquela final em melhor forma física e técnica. A Rússia de 2012 estava no mesmo nível do Brasil. Dmitriy Muserskiy já havia atuado na saída em seu clube, o Belogorie Belgorod, mas nunca na seleção.

Na decisão em Londres, depois de marcar apenas quatro pontos pelo meio de rede nos dois primeiros sets, Muserskiy fez outros 27 nas três parciais seguintes como oposto. O titular da posição, Maxim Mikhaylov, foi para a entrada de rede. Uma contusão no joelho direito do ponteiro brasileiro Dante Amaral agravou-se durante a partida e colaborou para o triunfo russo, mas a atuação de Muserskiy foi excepcional.

Jogadores e comissão técnica jogam Bernardinho para o alto depois da conquista do ouro na Rio 2016 (FIVB)

DESPEDIDA EM GRANDE ESTILO NA RIO 2016
Tendo conquistado seu último grande título no Mundial 2010, Bernardinho chegou aos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016, sob muita pressão. O único ouro desde então era o da secundária Copa dos Campeões 2013. Ao longo desta década, o Brasil seguia como presença constante nas finais dos grandes torneios, algo extremamente importante, mas agora colecionava medalhas de prata. Havia sido assim na final do Mundial 2014, quando o tetra escapou. Semanas antes da Rio 2016, na decisão da Liga Mundial, mais um vice-campeonato – a exemplo de 2011, 2013 e 2014.

Se a geração anterior, da qual o líbero Serginho então com quase 41 anos era o único remanescente, foi composta de gênios, Bernardinho definia a atual como “um time de operários”. E foi assim, mesmo perdendo duas vezes na fase de grupos, contra Itália e EUA, classificando-se de forma dramática para a etapa seguinte numa vitória por 3-1 em um jogo intenso contra a França, tendo dificuldade nas quartas de final contra uma aguerrida Argentina, que o Brasil foi galgando degraus. Triturou a Rússia em sets diretos na semifinal. Na decisão, mais emocionante do que o placar de 3-0 pode fazer supor, superou a Itália e levou o Maracanãzinho ao delírio.

Após duas pratas seguidas, seu segundo ouro olímpico finalmente havia chegado. Era a hora de sair de cena na seleção. Durante os meses seguintes, Bernardinho dava a entender que poderia deixar o cargo, mas não confirmava. Até que veio o adeus, sem fazer alarde.

Ele deixou o PSDB e filiou-se ao Novo em abril de 2017 (Reprodução/YouTube)

Candidato a governador?
O treinador mais vitorioso da história do voleibol segue à frente da equipe feminina do Sesc, time com o qual venceu 12 vezes a Superliga e alcançou dois vice-campeonatos mundiais.

Filiado desde abril do ano passado ao Partido Novo, fundado em 2015, ele, que já foi do PSDB, admitiu que pode ser candidato a governador do Estado do Rio de Janeiro nas eleições de 2018. Há outra possibilidade. Bernardinho também foi sondado para sair em uma chapa como o vice do banqueiro João Amoêdo, fundador do Novo e pré-candidato à vaga na corrida presidencial este ano. Bernardo Rezende em Brasília? Seu futuro estará na política, seja no Rio ou na capital federal? Mesmo que não ganhe nas urnas, vai deixar de vez o vôlei? Incertezas.

Mas o que quer que venha a fazer, onde quer que esteja, ele será lembrado sempre como um dos maiores nomes da modalidade. Sua presença no Hall da Fama é apenas uma questão de tempo. Porém, o maior reconhecimento, aquele que vem dos fãs do esporte, aqui ou no exterior, ele já tem. Com talento, inteligência e uma dedicação inquebrável, Bernardinho é o cara que tantas vezes transformou em ouro o sonho do torcedor brasileiro.

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Gênio das quadras, Sokolova completa 40 anos http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2017/12/04/genio-das-quadras-sokolova-completa-40-anos/ http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2017/12/04/genio-das-quadras-sokolova-completa-40-anos/#respond Mon, 04 Dec 2017 08:00:10 +0000 http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/?p=10549

Sokolova comemora o bicampeonato mundial em 2010: atleta universal admirada pelos oponentes (fotos: FIVB)

Numa época em que o voleibol já avançava firmemente na especialização dos atletas, ela era a perfeita tradução do termo universal. Foi ponteira, oposta, central e, segundo alguns dos maiores técnicos do mundo, poderia facilmente ter sido levantadora ou líbero. Hoje é dia de Lioubov Sokolova. A craque russa nasceu nesta data, 4 de dezembro, há 40 anos, em Moscou.

Pipe, china, tempo atrás, ataque pela posição um? Fazia tudo isso. Virar de qualquer lugar na rede, claro, não era problema. Bloqueava com eficiência. Grande passadora e defensora apesar do seu 1,92m, Sokolova esbanjava técnica, mesmo tendo sido formada numa escola de voleibol que sempre deu ênfase à força. Chegou à seleção adulta ainda adolescente. Quase abandonou a carreira no início deste século por causa de uma briga com o técnico Nikolai Karpol sobre questões contratuais no clube Uralochka. Ficou 11 meses parada entre 2001 e 2002, mas para a alegria dos fãs e o bem do voleibol, retornou. Ela se mantém grata a Karpol pelas oportunidades que ele lhe deu.

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O vôlei entrou na sua vida cedo, aos 8 anos, por influência do pai, que praticava a modalidade como diversão no quintal de casa. A menina Lyuba (apelido para Lioubov) não se apaixonou de início pelo esporte, gostava mesmo era de brincar. Mas, aos poucos, o voleibol a envolveu.

Bicampeã mundial (2006 e 2010), conquistou ainda duas pratas olímpicas (2000 e 2004), entre várias idas ao pódio em diversos torneios, e muitas vezes cruzou o caminho do Brasil. Ao lado da oposta Ekaterina Gamova, de características tão distintas, se destacou como o grande nome da Rússia na década passada.

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Foi o carrasco da seleção de Zé Roberto na fatídica semifinal dos Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004, a do inesquecível placar 24 a 19 no quarto set – Sokolova salvou quatro dos sete match points que a Rússia teve de superar nas duas últimas parciais. Oito anos depois, contra o Brasil nas quartas de final de Londres 2012, sobrecarregada no passe, falhou duas vezes seguidas na recepção no final do tie break e, apesar de ter sido a maior pontuadora da partida (28 pontos), deu adeus à sua quinta Olimpíada. Nas vitórias ou nas derrotas, sempre se manteve admirada pelas adversárias e pelos torcedores. Uma rara unanimidade. Elegante, jamais provocava as oponentes.

Ao lado da oposta Gamova, ela foi o grande destaque da Rússia na década passada

Treinar pra quê, se eu já sei o que fazer?
Para muitos, beirou a perfeição. “A jogadora mais completa que eu vi em toda a minha vida. Se eu tivesse que botar um defeito na Sokolova, seria o fato de ela não gostar muito de treinar”, disse ao Saída de Rede o técnico José Roberto Guimarães, que a treinou de 2010 a 2012 no clube turco Fenerbahçe. A ex-levantadora Fernanda Venturini, que jogou com a russa em 2007 no Murcia, da Espanha, confirmou: “Era muito talentosa, mas preguiçosa para treinar”.

Para o lendário Karpol, com quem o SdR falou, “Sokolova foi uma jogadora que o público amava ver jogar e não se cansava de admirar”. A ex-levantadora Fofão definiu a colega russa, com quem jogou no período 2010-2011 no Fenerbahçe: “Nasceu para jogar voleibol. Ela fazia o que queria com a bola, era muito craque”. A oposta polonesa Kasia Skowronska, que atuou com Lyuba ao lado de Fofão, afirmou que a atacante russa “foi perfeita”.

Despedida
Há um ano e meio, por causa de uma lesão no pé direito, Sokolova se despediu das quadras. Queria ajudar a Rússia na Rio 2016 e disputar sua sexta Olimpíada, igualando a marca de outra importante jogadora russa, a ponta Evgenia Artamonova. Não deu. Hoje vive em Krasnodar com o terceiro marido e a filha de 10 meses – o filho de 17 anos do primeiro casamento estuda na Suíça. Quem a viu em ação, na seleção russa ou nos clubes, certamente não a esquecerá.

Para comemorar os 40 anos da super craque, o Saída de Rede procurou técnicos e atletas que enfrentaram e/ou conviveram com a universal russa. Também entramos em contato com Lyuba, que agradeceu e se disse surpresa com o interesse, mas por estar ocupada com questões familiares prometeu conversar com o SdR noutra oportunidade.

Veja o que técnicos e jogadoras disseram ao Saída de Rede sobre Sokolova:

“Aprendi muito com ela”
“Uma jogadora que eu sempre admirei, desde quando a vi jogar pela primeira vez pela seleção russa. Uma atleta extremamente técnica que poderia jogar em qualquer posição. Sokolova tinha uma habilidade incrível em todos os fundamentos, um controle de bola impecável. Ela defendia muito bem, mesmo com seu 1,92m. Se resolvesse se tornar levantadora ou líbero, seria excepcional também nessas duas funções. Como atacante, foi hors concours, uma das melhores do mundo, esbanjando habilidade e técnica.

A Lyuba atacava todos os tipos de bola com uma facilidade incrível, sabia esconder o movimento, era extremamente inteligente, tinha uma leitura de jogo que poucas vezes se viu. Era completa em todos os sentidos: atacava bolas altas, de velocidade, china, tempo atrás, desmico… A jogadora mais completa que eu vi em toda a minha vida. Tive a felicidade de treiná-la por duas temporadas e, consequentemente, aprendi muito com ela. Uma pessoa amável, educada, extremamente gentil.

Quis trazê-la para jogar no Amil/Campinas em 2013, mas o Dínamo Krasnodar fez uma proposta a ela que não tínhamos condição de cobrir.

Se eu tivesse que botar um defeito na Sokolova, seria o fato de ela não gostar muito de treinar. Talvez ela tivesse treinado muito quando jovem. Era uma jogadora que, pela habilidade, pelo talento, achava que treinar pouco era suficiente porque ela tinha uma técnica e uma condição física excepcional. Nossa convivência foi muito agradável, vencemos a Champions League, ela jogando como oposta e passando. Foi um grande aprendizado para mim”.
Zé Roberto, técnico tricampeão olímpico e que a treinou no clube turco Fenerbahçe de 2010 a 2012

Técnico Nikolai Karpol

“A melhor com quem tive a oportunidade de trabalhar”
“Lioubov Sokolova é definitivamente a melhor jogadora com quem tive a oportunidade de trabalhar. Uma atleta completíssima, que despertava minha admiração. Dona de um ataque fenomenal, tinha todos os golpes, podia atacar de qualquer lugar da quadra. Bloqueava, sacava, passava e defendia em alto nível. Sokolova foi uma jogadora que o público amava ver jogar e não se cansava de admirar”.
Nikolai Karpol, técnico russo, bicampeão olímpico (1980 e 1988), campeão mundial (1990) e que foi técnico de Sokolova na seleção a partir de 1996 até 2004 e no Uralochka na temporada 1999-2000

Fofão em ação contra a Rússia na final do Mundial 2006

“Nasceu para jogar voleibol”
“Foi um prazer conhecer e conviver com essa grande jogadora que foi a Sokolova. Jogar com ela foi muito importante para a minha carreira, foi algo marcante para mim. A Sokolova é uma pessoa especial, muito querida. Primeiro, foi uma surpresa porque eu nunca tinha sido apresentada a ela e encontrei uma pessoa totalmente diferente do que esperava dos russos. Ela é divertida, alegre, sempre sorrindo, com um senso de humor incrível, aquele tipo de pessoa que todo mundo gosta de ter por perto, esbanjava carisma.

Foi uma das melhores jogadoras do mundo. Tinha muita facilidade para jogar, era muito habilidosa, nasceu para jogar voleibol. Tudo o que ela fazia, era muito bem feito. Todos os movimentos, os gestos técnicos dela eram muito bonitos. Por ela ter tido essa facilidade, esse controle, esse domínio de bola, a Sokolova se destacou tanto e por muito tempo. A inteligência dela na hora de executar as jogadas era algo excepcional. Tinha uma visão de jogo diferenciada”.
Fofão, campeã olímpica em Pequim 2008. Jogou com Sokolova no Fenerbahçe na temporada 2010-2011

“A jogadora mais admirável que eu vi em minha vida”
“Lioubov Sokolova foi um exemplo para todos. A jogadora mais completa, a mais admirável que eu vi em toda a minha vida. Recepção perfeita, saque viagem incrível, muito boa na defesa. No ataque ela combinava uma dosagem perfeita de potência, técnica e habilidade. Aliás, atacava de qualquer posição da quadra. Foi ponteira, oposta e central. Se quisesse ter sido levantadora ou líbero, teria tido muito sucesso também. Um talento raro.

Nunca vi ninguém como ela: pipe perfeita, china rapidíssima, atacava da posição um, além da entrada, do meio e da saída também, em todas com muita qualidade. Batia uma paralela muito precisa e sua diagonal curta era dificílima de ser marcada. Tinha uma variedade de largadas como nenhuma outra atacante.

Jamais vi uma jogadora tão perfeita em minha vida, com tanta técnica. Imagine alguém que seria titular em qualquer grande seleção do mundo por mais de 10 anos… Esse alguém é a Sokolova”.
Giovanni Guidetti, técnico da seleção feminina da Turquia e do clube turco VakifBank. É treinador de vôlei desde 1994 e começou a acompanhar a modalidade nos anos 1980

Venturini tenta bloquear Sokolova, na semifinal de Atenas 2004, mas a russa vence o bloqueio

“Completa”
“A Sokolova era muito talentosa, mas preguiçosa para treinar. Uma jogadora que sacava, passava e atacava muito bem. Ela era completa e por isso se destacou tanto”.
Fernanda Venturini, ex-levantadora da seleção brasileira, finalista na eleição das melhores jogadoras do século XX realizada pela FIVB. Jogou com a russa no clube espanhol Murcia em 2007

“Torneio impecável”
“Infelizmente, não vi a Sokolova jogar tanto quanto gostaria, mas guardo na memória as atuações dela no Campeonato Mundial 2010, quando fez um torneio impecável e ajudou a Rússia a derrotar o Brasil na final”.
Karch Kiraly, técnico da seleção feminina dos Estados Unidos, foi assistente no ciclo 2009-2012

Central Walewska Oliveira

“Bastante habilidosa”
“Ela se destacava muito por ser bastante habilidosa. Sokolova, como as demais atacantes russas, é alta e era bastante forte, mas chamava a atenção pela técnica, tinha uma recepção excelente, todos os golpes no ataque. Joguei ao lado dela na liga russa, foi muito importante para mim”.
Walewska, central campeã olímpica em Pequim 2008, jogou ao lado de Lyuba no Odintsovo, na temporada 2008-2009

“Uma leitura que fazia a diferença, foi perfeita”
“Sokolova tinha uma visão extraordinária, enxergava o jogo como poucas, tinha uma leitura que fazia a diferença na quadra, foi perfeita. Muito técnica, foi feita para praticar esse esporte: um físico extraordinário, altura muito boa. A habilidade dela era impressionante. Além disso, é uma graça de pessoa, esperta, inteligente, generosa, sempre disposta a ajudar os outros. Ela é minha amiga e eu a adoro”.
Kasia Skowronska, oposta polonesa, jogou com Sokolova no Fenerbahçe no período 2010-2011

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Fofão ressalta as qualidades de Lioubov Sokolova

Fofão relembra momento marcante ao enfrentar Sokolova: “Ela fazia o que queria com a bola, era muito craque”
“Houve um momento marcante, quando éramos adversárias em nossas seleções. Foi no Grand Prix 1998. Nós, claro, estudávamos os outros times, víamos vídeos, dávamos ênfase a essa ou aquela jogadora. Era a minha primeira vez jogando contra ela, então você ainda está conhecendo a jogadora, sabendo como é que é, quais as características.

O saque era nosso e eu estava na rede, na posição dois, a saída, e ela estava na mesma rotação, ou seja, eu estava posicionada numa diagonal em relação a Sokolova. O levantamento da Rússia foi justamente para ela, na saída de rede delas. Lembro bem que olhei para a Sokolova e ela estava com o corpo todo virado para a paralela e eu não tive dúvida, pensei ‘esse ataque só pode ser feito no corredor’ e confesso que fiquei desprevenida. Eu não acreditava que ela pudesse atacar aquela bola noutra direção, então nem me posicionei direito para defender.

Para minha surpresa, a Sokolova achou uma diagonal fechada, por cima da minha cabeça, e fez o ponto. Eu continuei não acreditando, tanto pelo gesto técnico dela, que foi sensacional, como pela capacidade de esconder o movimento até o último momento.

Daquele dia em diante, tratei de ficar bem esperta quando a Sokolova ia atacar, tinha que esperar tudo daquela mulher. Ela fazia o que queria com a bola, não o que a gente achava que ela podia fazer. Olha há quanto tempo foi isso e não me esqueço. Não tem como esquecer porque realmente me marcou muito, tamanha a habilidade, pois é dificílimo alguém fazer o que ela conseguiu naquele lance. Sokolova era muito craque”.

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Giba aponta os cinco maiores momentos da sua carreira http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2017/09/24/giba-aponta-os-cinco-maiores-momentos-da-sua-carreira/ http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2017/09/24/giba-aponta-os-cinco-maiores-momentos-da-sua-carreira/#respond Sun, 24 Sep 2017 09:00:36 +0000 http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/?p=9425

Giba foi MVP de uma Olimpíada, de um Mundial e todas as competições importantes com a seleção (foto: CBV)

Campeão olímpico, tricampeão mundial e eleito melhor do mundo mais de uma vez, o ex-ponteiro Giba, 40 anos, destacou, em entrevista ao Saída de Rede, os cinco maiores momentos da sua vitoriosa carreira. Para ele, que os citou em ordem cronológica, “porque dificilmente o momento seguinte teria ocorrido sem o anterior”, os acontecimentos abaixo representam o que de mais marcante ocorreu numa vida de atleta repleta de glórias.

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Esses momentos são o ápice da trajetória esportiva de Gilberto Amauri de Godoy Filho, que nos primeiros seis meses de vida venceu uma leucemia e aos 16 anos foi rejeitado em um grande clube por ser considerado baixo demais para a modalidade. Ele acostumou-se a superar obstáculos e foi um dos maiores de todos os tempos, numa carreira encerrada em 2014.

Confira os maiores momentos de Giba:

Chegada ao Círculo Militar, em Curitiba
“O primeiro grande momento da minha carreira, sem dúvida, foi minha chegada ao Círculo Militar, em Curitiba, clube onde tudo começou, em 1991, quando eu vim de Londrina. Quer dizer, eu havia começado a treinar no Canadá Country Club, lá mesmo em Londrina, mas foram apenas seis meses. Minha família se mudou para Curitiba e morávamos a duas quadras do Círculo Militar. Eu queria muito treinar ali e consegui”.

Em 17 anos na seleção adulta, o ponteiro conquistou 26 títulos (foto: CBV)

Campeão mundial infantojuvenil
“O dia 11 de setembro de 1993, quando o Brasil ganhou o campeonato mundial infantojuvenil, em Istambul, na Turquia, foi especial. Naquele ano eu tinha sido cortado numa peneira no Banespa, em São Paulo, disseram que eu não poderia jogar vôlei porque eu era baixinho (Nota do SdR: Giba tinha 16 anos, 1,87m e chegaria a 1,92m, altura modesta para a modalidade, mas que não o impediu de ser craque). Aí eu voltei para Curitiba e fui indicado para a seleção brasileira infantojuvenil, entre 36 atletas. Eu lembro que me disseram, ‘vai lá andar de avião pela primeira vez que na semana que vem você já está de volta’. Mas eu fui e fiquei. Em fevereiro eu fui cortado na peneira no Banespa, em abril fui para a seleção infanto e em setembro fui campeão mundial, sendo o melhor atacante e MVP da competição”.

Primeira convocação para a seleção adulta
“Era 1995, tinha 18 anos quando recebi minha primeira convocação para a seleção principal, o Zé Roberto me chamou. Fui para a Centennial Cup, em Atlanta, nos EUA, ganhamos da Itália, que naquela época era o time a ser batido. Era um evento-teste para a Olimpíada de Atlanta, no ano seguinte, e para comemorar os cem anos da criação do voleibol. Jogaram EUA, Itália, Japão e Brasil. Ficamos em segundo. Ganhamos da Itália na fase classificatória, mas na final perdemos para eles. Para mim, aquilo foi um sonho, pois eu estava enfrentando craques como Andrea Giani, Luca Cantagalli, Andrea Zorzi… Era demais”. (Nota do SdR: muito jovem, Giba não foi a Atlanta 1996, tinha 19 anos, mas participaria das quatro Olimpíadas seguintes.)

Giba deixou a seleção após Londres 2012 e parou de jogar em 2014 (Reprodução/Instagram)

Conquista do Mundial 2002
“Outro momento inesquecível é a conquista do Mundial 2002, na Argentina, que foi quando ganhamos o primeiro dos nossos três mundiais. Foi um momento mágico, onde a gente realmente se consagrou, se firmou. Tínhamos vencido a Liga Mundial 2001, mas naquele mesmo ano perdemos a Copa dos Campeões (Brasil foi prata, Cuba ficou com o ouro), num torneio que Gustavo, Serginho e eu não jogamos, pois era o nosso primeiro ano na liga italiana. Aí perdemos a final da Liga Mundial 2002, em casa, para a Rússia. A gente foi para o Mundial 2002 bem mordido mesmo. Foi um campeonato super difícil porque a gente pegou a Itália nas quartas de final, a (antiga) Iugoslávia na semifinal e a Rússia na final, não tivemos vida fácil. Ganhamos de todos eles”.

O ouro em Atenas 2004
“A Olimpíada de Atenas, em 2004, foi a consagração da nossa geração. Uma Olimpíada é tudo o que um atleta quer. Só em estar numa Olimpíada você já está ganhando alguma coisa, é uma emoção indescritível. Eu já havia participado em Sydney 2000, mas acabamos eliminados nas quartas de final, perdendo para a Argentina, porém serviu como aprendizado. Aí veio o Bernardo (Rezende) com a comissão técnica dele, profissionais fantásticos, comandando atletas que tinham alguma experiência, a maioria vinha do ciclo anterior, com o Radamés Lattari. Então foram quatro anos tomando porrada para depois a gente começar a ganhar. Aquela conquista em Atenas foi tudo de bom, o resultado de um imenso esforço coletivo”.

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Liga Mundial tem gafe, expulsão, W.O. e até Phelps em quadra http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2017/06/05/liga-mundial-tem-gafe-expulsao-w-o-e-ate-phelps-em-quadra/ http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2017/06/05/liga-mundial-tem-gafe-expulsao-w-o-e-ate-phelps-em-quadra/#respond Mon, 05 Jun 2017 09:00:26 +0000 http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/?p=7516

Houve vários fatos curiosos na semana inicial da Liga Mundial (Imagens: FIVB e reprodução/YouTube e Twitter)

A Liga Mundial 2017 já teve sua primeira semana e com ela, além de mais de 50 partidas, uma série de fatos curiosos, alguns deles absurdos, que o colega João Batista Junior, aqui do Saída de Rede, e eu selecionamos para vocês. Confiram:

Mau começo dos EUA
Desde a edição de 1994, quando foram derrotados nas 12 partidas que disputaram na Liga Mundial, os Estados Unidos não perdiam os três jogos iniciais no torneio. Era esperado que a estreia, na sexta-feira (2), contra a Sérvia, time da casa, trouxesse pouca expectativa de vitória para os americanos, que estão com uma equipe renovada. Porém, após perder por 1-3 para os anfitriões, o time comandado por John Speraw acumulou mais duas derrotas – primeiro para o Canadá (2-3), depois para a surpreendente Bélgica (1-3).

Com apenas um ponto em três partidas, as esperanças de classificação dos EUA para as finais parecem pequenas já na largada: no ano passado, o último classificado para a etapa decisiva, a seleção italiana, obteve 19 pontos e seis vitórias em nove duelos, o que indica que os norte-americanos, se quiserem o tricampeonato da Liga Mundial (venceram em 2008 e 2014), provavelmente vão precisar de uma sequência perfeita daqui para frente. Mas, para quem poupou alguns veteranos e está usando a competição apenas como parte da preparação neste ciclo olímpico, ganhar parece secundário.

Bandeira portuguesa invertida antes da execução do hino nacional em jogo na Eslováquia (Reprodução/YouTube)

Gafe com a bandeira portuguesa
A organização da etapa de Poprad, na Eslováquia, se esmerou: colocou um DJ e um animador em ação no pequeno ginásio para receber, além do time da casa, Austrália, Japão e Portugal pela segunda divisão. A estrutura foi elogiada, o público compareceu. Mas logo na partida de abertura do quadrangular, na sexta-feira (2), entre australianos e portugueses, uma gafe daquelas. Antes da execução dos hinos nacionais, as crianças que entravam com as bandeiras carregavam a de Portugal invertida. Alguns jogadores lusitanos olhavam incrédulos, enquanto outros riam. Até que o líbero Ivo Casas não se conteve e foi ele mesmo ensinar às crianças escaladas pelos organizadores qual era a posição correta (confira aqui o momento da gafe), sendo depois ajudado por alguns colegas de seleção.

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Ativista expulsa na Itália
Enquanto Itália e Irã se enfrentavam na quadra, na sexta-feira (2), a iraniana Darya Safai era expulsa do ginásio pela polícia local (veja vídeo acima). O fato – ultrajante, sob qualquer aspecto – surpreende ainda mais por isso não ter ocorrido na terra dos aiatolás, onde as mulheres não são bem-vindas nas partidas masculinas, mas em Pesaro, Itália.

Ativista política que mora atualmente na Bélgica, Darya costuma ir aos ginásios mundo afora levando mensagens da “Let Iranian Women Enter Their Stadiums” (Deixem as Mulheres Iranianas Entrarem nos Estádios, numa tradução livre), organização que ela representa. Foi assim, por exemplo, na Rio 2016, quando a faixa que ela carregava foi removida por voluntários dos Jogos Olímpicos. Ela foi vista também em Cracóvia, Polônia, durante a primeira fase do Mundial Masculino 2014, onde pôde se manifestar em paz.

Comentarista turco exagera
Uma das mudanças implantadas pela Federação Internacional de Vôlei (FIVB) em 2014 foi a inclusão de comentários online durante as partidas, geralmente feitos por profissionais de comunicação da federação do país que recebe o evento. É um ponto a ponto, meramente descritivo, em inglês, para quem acompanha os jogos no site da FIVB. A norma é ser imparcial, pois a página é vista em todo o mundo.

Pela segunda divisão da Liga Mundial, os turcos receberam em Ancara, neste fim de semana, Holanda, China e Egito. No domingo, na última rodada do quadrangular, a Turquia venceu a seleção holandesa em um disputado 3-2 – com 17-15 no tie break. O comentarista, que vinha descaradamente apoiando sua equipe ao longo da partida, praticamente virou um torcedor fanático (veja imagem acima). Se pudesse, colocaria emoticons para celebrar a suada vitória turca.

Saque brasileiro faz a diferença na vitória sobre a Itália
Três pontos positivos e três negativos do começo de temporada da seleção feminina

W.O. venezuelano
O primeiro jogo da seleção da Áustria na história da Liga Mundial foi vencido por 3-0, parciais de 25-0, 25-0, 25-0. O motivo? O adversário, a Venezuela, não embarcou a tempo para disputar a partida, marcada para sexta-feira (2), em Frankfurt, Alemanha, pela terceira divisão do torneio. A Federação Internacional de Vôlei (FIVB) deu a vitória aos austríacos por W.O. Foi o primeiro resultado desse gênero na Liga Mundial.

Nas rodadas seguintes, venezuelanos e austríacos, por coincidência, tiveram desempenhos iguais contra a Alemanha, que bateu as duas seleções por 3-1, e contra o Cazaquistão, a quem venceram em quatro sets.

No vôlei olímpico, em Montreal 1976, a equipe masculina do Egito perdeu na estreia por 3-1 para o Brasil e, em seguida, num ato político que abrangeu todo o continente africano, retirou-se do torneio e perdeu para União Soviética, Japão e Itália por W.O.

O central Phelipe Martins no momento em que entrava em quadra contra o Japão (Reprodução/YouTube)

Tem Phelps no vôlei
Não, o supercampeão americano de natação Michael Phelps, recordista de medalhas olímpicas (23 ouros, três pratas e dois bronzes), já aposentado das piscinas, não migrou para outra modalidade. Também não é nenhum parente dele. O Phelps em questão é o central português Phelipe Martins, 26 anos, 2,01m.

O apelido, ele contou ao SdR, é de infância, não tem nada a ver com o nadador, que se tornou mundialmente famoso nas Olimpíadas de Atenas, em 2004. “Phelps foi uma brincadeira de um treinador. Ele tinha muitos atletas que se chamavam Filipe e, como meu nome é com ‘ph’, surgiu essa ideia para me distinguir dos outros”, disse Phelipe. Como apelido na camisa (ou camisola, como dizem lá em Portugal) não é exclusividade dos brasileiros, o meio de rede joga com o seu estampado nas costas.

O ponta brasileiro Renan Ribeiro (camisa 4) é o capitão da seleção do Qatar (foto: FIVB)

Brasileiros no Qatar
A naturalização de atletas não é novidade no Qatar – que até foi vice-campeão mundial masculino de handebol, em 2015, com um time majoritariamente composto por estrangeiros. Nesta Liga Mundial, a seleção do Oriente Médio, que também é uma verdadeira legião estrangeira, com jogadores vindos da Bósnia, da Sérvia, da Síria, do Senegal, de Montenegro, inscreveu três brasileiros: o central Thiago Guimarães e os pontas Geraldo Graciano e Renan Ribeiro.

Neste primeiro fim de semana de disputas, apenas Renan Ribeiro, entre os brasileiros-cataris, entrou em quadra. Ponteiro titular, capitão da equipe, ele foi o maior pontuador do time na derrota por 1-3 para a Espanha, marcando 12 vezes – o Qatar fechou a primeira semana de jogos com uma vitória de 3-0 sobre a Grécia e um revés para o México em sets diretos.

Depois de várias temporadas com a Mizuno, a seleção americana agora utiliza uniformes da Adidas (foto: FIVB)

EUA com novo fornecedor, mas sem contrato
Após vestir uniformes da japonesa Mizuno por mais de dez anos, as seleções americanas têm novo fornecedor: a multinacional de origem alemã Adidas. A equipe masculina entrou em quadra na Liga Mundial, em Novi Sad, na Sérvia, vestindo a conhecida marca das três listras. Só um problema: como a mudança foi feita de última hora, a USA Volleyball, organização que administra o vôlei nos Estados Unidos, sequer teve tempo de assinar o contrato com a Adidas, o que deverá ser feito nos próximos dias. Os atletas aprovaram tanto o conforto quanto o design do novo material.

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