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Volta de veteranas é aposta "tudo ou nada" da seleção feminina

Carolina Canossa

30/06/2019 12h00

Sheilla e Fabiana foram fundamentais no bicampeonato olímpico do Brasil, mas rendimento delas caiu nos últimos anos (Foto: Divulgação FIVB)

A notícia foi divulgada pela CBV (Confederação Brasileira de Vôlei) no início da noite de sexta (28), já começo da manhã de sábado (29) na China, onde a seleção feminina faz os últimos preparativos para a fase final da Liga das Nações: depois de quase três anos sem servir o time nacional, Fabiana, 34, e Sheilla, 36, se apresentam em Saquarema nesta segunda-feira (1) visando aos demais torneios da temporada.

Trata-se de uma vitória pessoal do técnico José Roberto Guimarães, que durante todo esse período jamais escondeu sua vontade de continuar contando com ambas na seleção. As duas, que até então insistiam que apenas se dedicariam aos clubes na reta final de suas carreiras, foram convencidas a mudar de ideia obviamente visando à Olimpíada de Tóquio.

Mas até que ponto o retorno das veteranas é bom para o voleibol brasileiro? Ninguém aqui discute o talento de ambas, mas é improvável que, neste biênio 2019-2020, elas voltem a render o que renderam no auge, entre 2008 e 2012. Não é nem uma questão de idade (Carol Gattaz, 37, provou nos últimos anos que a data de nascimento pode ser um mero detalhe), mas sim do que temos visto nas quadras: no Dentil/ Praia Clube, Fabiana fez uma temporada apenas mediana, enquanto Sheilla é uma incógnita, dado que não disputa uma partida profissional desde agosto de 2016, com direito a uma cesárea que trouxe suas filhas gêmeas ao mundo no ano passado. Vale destacar, porém, que, mesmo suas últimas apresentações, apresentaram um nível claramente abaixo daquelas que a fizeram ser uma das atacantes mais badaladas do planeta.

A volta delas também abre espaço para o retorno de outras veteranas: Jaqueline e Thaisa, por exemplo, deram declarações recentes nas quais se mostraram dispostas a abdicar da aposentadoria da seleção nos próximos meses.

É uma aposta de alto risco: se der certo, Zé Roberto vai acumular mais uma medalha em sua vitoriosa carreira e o país irá se encher de moral, motivando jovens atletas. Se der errado, o Brasil entrará no novo ciclo olímpico com talentos desmotivados pelo fracasso e sob a pressão de trabalhar e ganhar experiência em apenas quatro anos (dois se nossa referência for o Mundial) para partidas grandes.

Isso tudo em um momento no qual talentos natos, como o das jogadoras citadas acima, parecem estar rareando no país, um claro indicativo de que o trabalho de renovação tem sido abaixo do esperado. É o caminho inverso feito pela China, campeã olímpica, Sérvia e Itália, finalistas do último Mundial.

Pode dar certo? Sim. Mas, se der errado, vai dar muito errado.

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Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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