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Ex-indoor, Fê Berti comemora sucesso na praia: "Por que não vim antes?"

Carolina Canossa

07/05/2019 06h00

Ao lado de Bárbara Seixas, Fernanda Berti se sagrou campeã do Circuito Brasileiro em abril (Foto: Divulgação/FIVB)

Jaqueline Silva e Ana Paula Henkel, para ficar apenas nas brasileiras, já mostraram que é possível repetir no vôlei de praia uma bem sucedida carreira construída no indoor. Mas, a cada ano que passa, fica claro que as duas estavam mais para exceção do que para regra: graças a exigências e dinâmicas diferentes entre os esportes, é cada vez mais difícil que tal situação se repita.

Aos 33 anos, Fernanda Berti foi, na última década, a única atleta a se encaixar nestas características. Ainda que não tenha conquistado medalhas olímpicas e sido presença constante na seleção brasileira como Silva e Henkel, a ex-oposta teve uma carreira consistente no indoor, com passagens por times como Brasil Telecom, Pinheiros, Praia Clube e Vôlei Futuro, além de clubes da Coreia do Sul e da Itália.  Convidada em 2012 pela própria CBV (Confederação Brasileira de Vôlei) a mudar de modalidade, chegou ao auge da nova carreira no último mês de abril, quando conquistou o título do Circuito Nacional ao lado de Bárbara Seixas.

"Claro que eu tive uma carreira na quadra pela qual eu tenho muito a agradecer, fui muito feliz, mas realmente na praia eu me encontrei como jogadora", admitiu Fernanda, que chegou a ter passagens pela seleção feminina. Segundo ela, a vontade de jogar na praia sempre existiu, o que facilitou a decisão de mudar. "Nunca me bateu arrependimento, pelo contrário: sempre mantive uma certeza e até uma coisa como 'por que eu não vim antes?'", afirmou.

Ao lado de Barbara, prata na Rio 2016 com Ágatha, Fernanda sonha em disputar uma Olimpíada (Foto: Divulgação/FIVB)

A mudança, porém, não foi fácil: engana-se quem pensa que, entre o indoor e a praia, a mudança é apenas de piso, quantidade de atletas em quadra e, vá lá, o vento.

"No início, passei por uma grande adaptação, principalmente física, pois o vôlei de praia te exige muito do que a quadra. Agora, também executo fundamentos que antes eu não fazia, como levantamento, passe… na praia, você vira uma jogadora mais dinâmica, já que tem que atacar de todos os lados da quadra e defender metade dela. Foram várias coisas que eu tive que entender. É realmente outro esporte", destacou Fernanda.

Técnico da atleta, Rico de Freitas diz que a evolução de Fernanda Berti é fruto de um trabalho individualizado feito até hoje. "A confiança que eu tenho na minha comissão técnica é justamente essa: a gente trabalha cada ponto que as atletas precisam e a grande evolução dela se deu graças a esse trabalho específico. A Fernanda já veio com uma certa experiência da quadra e é, apesar de alta, muito técnica. A partir daí, foi se desenvolvendo", analisou.

Jogadora atuava pelo Vôlei Futuro quando recebeu o convite da CBV para mudar pra praia, em 2012 (Foto: Divulgação/Vipcomm)

Para Barbara Seixas, Fernanda ainda tem muito a evoluir, assim como a parceria. "Eu vejo nela um potencial absurdo. Na praia, se tornou uma jogadora característica, bem ofensiva, que é algo que trouxe da quadra. Além disso, é uma pessoa maravilhosa, que entrou de cabeça neste projeto e está muito comprometida com os ideais da dupla, sempre muito disposta a ouvir e melhorar", elogiou.

Nem um ponto negativo da praia, caso da falta de uma estrutura tão grande como no indoor, abala a confiança de Fernanda: "Na praia, se tem mais responsabilidade, mas isso é bom: quando conquista um título como o de agora, você se sente muito mais merecedora".

Fernanda Berti e Bárbara Seixas voltam à quadra a partir de 15 de maio, na etapa de Itapema (SC) do Circuito Mundial de vôlei de praia – o torneio é o segundo da corrida olímpica das duplas brasileiras rumo a Tóquio 2020.

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Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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