No Dia da Mulher, trabalhemos por mais Domingas, Maras e Drussylas
Flores, poesias, chocolates, presentes… O 8 de março, Dia Internacional da Mulher, mais uma vez é marcado por uma série de homenagens a quem nasceu com dois cromossomos X. Nada contra, mas prefiro mesmo usar a data em sua concepção original: fortalecer o feminino.
Quem trabalha (ou pelo menos acompanha constantemente) com esporte sabe: o espaço para elas ainda é pequeno perto dos homens. Pesquisas apontam que o interesse das meninas em praticar alguma atividade física vai sendo minado ao longo dos anos por imposições culturais, falta de estrutura e falta de referências. É muito mais fácil ser atleta quando se nasce homem.
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Apesar de ser um dos esportes que mais abrem espaço para elas, o vôlei não escapa desta dura realidade: há apenas dois anos, atletas brigavam para que os valores de premiações em torneios organizados pela Federação Internacional (FIVB) fossem iguais independente do gênero. O pedido foi atendido, mas ainda há muito a ser feito para meninas ao redor do mundo.
Meninas como Domingas, ponteira do Vôlei Osasco-Audax e Mara, central do Itambé Minas. Negras e de origem muito pobre, elas só conseguiram fazer do vôlei uma carreira graças a uma junção quase improvável de fatores e muita ajuda recebida pelo caminho. Domingas, por exemplo, foi vítima de trabalho infantil, enquanto Mara, em um arroubo de inocência que hoje chega a ser engraçado, apareceu para um teste em trajes de gala, pois não sabia o que era vôlei.
Nem mesmo quando consolidam a carreira, elas estão livres das dificuldades impostas por uma sociedade preconceituosa. Que o diga Drussyla, do Sesc RJ, que em maio de 2017 foi definida por um internauta em um grupo de vôlei no Facebook como alguém que "se não se matar de jogar, não trabalha nem de doméstica".
Que essas histórias de sucesso inspirem o aparecimento de mais Domingas, Maras e Drussylas, assim como outras Isabeis, Ana Mosers, Fofões, Marcias Fu, Fernandas Venturinis, Maris, Jaquelines (Silvas e Carvalhos), Fabianas, Sheillas, Gabis, entre outras jogadoras que tantas alegrias já trouxeram para o Brasil. Mais do que homenagens de um dia só, é preciso apoiá-las no dia a dia, para que sigam sonhando e cumprindo seus desejos. Ainda há muito a evoluir (quantas técnicas mulheres você conhece?), mas é pouco a pouco que se chega lá.
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