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Praia Clube e Minas superam dificuldades e chegam à final da Copa Brasil

Janaína Faustino

02/02/2019 01h00

Praia Clube sofreu, mas conseguiu bater Sesi Bauru no tie-break (Foto: Carlos Borges)

Com o fim da Copa Brasil masculina de vôlei, que consagrou, mais uma vez, o multicampeão Sada Cruzeiro, chegou a hora de descobrirmos quem levará o título da competição no naipe feminino. E, em quadra, no ginásio Perinão, em Gramado (RS), Dentil Praia Clube e Itambé Minas, as duas equipes de maior investimento na temporada, saíram vencedoras nos confrontos das semifinais.

Deste modo, assim como no masculino, que teve a final "caseira" entre o Fiat Minas e o Cruzeiro, a grande decisão feminina será também um clássico estadual entre Praia Clube e Minas, os times que lideram o mais importante torneio nacional com 38 pontos (com a equipe de Uberlândia em primeiro lugar, levando ligeira vantagem por ter perdido menos sets do que o arquirrival).

É fundamental frisar, contudo, que para chegar à decisão, ambos sofreram bastante. O time de Uberlândia venceu o Sesi Bauru em um confronto nervoso e de baixo nível técnico por 3 sets a 2, com parciais de 24-26, 25-21, 25-14, 21-25 e 15-11. Da mesma maneira aconteceu com o Minas, que derrotou o Osasco Audax, atual campeão da competição, por 3 sets a 1 (25-21, 17-25, 25-22 e 25-16) em uma partida onde a equipe de Belo Horizonte esteve bem aquém do que vinha apresentando ao longo da temporada. A final será neste sábado (2), às 21h30, com transmissão do SporTV2.

Na primeira semifinal, o time do campeão olímpico Anderson Rodrigues largou na frente. Em uma parcial disputada ponto a ponto, as comandadas de Paulo Coco "caçaram" a ponteira improvisada Tiffany no passe, procurando minar as ações ofensivas da atacante e, claro, dificultar o trabalho da recepção rival. Contudo, foi o saque bauruense que acabou fazendo a diferença, escancarando as dificuldades que a equipe praiana ainda apresenta na recepção.

Em busca do primeiro troféu da Copa Brasil, o atual líder da Superliga voltou mais consistente para a segunda parcial, abrindo uma vantagem de 10 a 5 no placar. No entanto, os problemas na recepção mineira fizeram com que a equipe de Bauru equilibrasse o set. Sem o passe nas mãos, a armadora Lloyd optou por bolas marcadas pelas extremidades e fora da rede.

Mas o Praia Clube empatou o jogo se beneficiando das falhas de ataque cometidas pelo adversário na reta final. Vale ressaltar que o bloqueio mineiro também teve papel decisivo para a vitória na parcial e em todo o confronto.

Assim como no masculino, a final da Copa Brasil feminina também será um clássico estadual entre Praia Clube e Minas (Foto: Carlos Borges)

A recepção bauruense teve uma notável queda técnica na terceira parcial, facilitando o trabalho do time de Paulo Coco, que chegou a anotar 17 a 7 no marcador. Enquanto Fabiana – que teve grande atuação – e Fernanda Garay comandaram o ataque por um lado, por outro, a atacante Diouf, que vinha sendo, ao lado de Tiffany, a bola de segurança da levantadora Fabíola, caiu assustadoramente de produção.

Assim, apesar de ter esboçado uma reação com três bloqueios consecutivos no momento em que a equipe mineira tinha o set point, o campeão paulista não teve fôlego para reverter a parcial.

Repetindo a estratégia do primeiro set, quando procurou forçar o saque, a equipe paulista voltou a colocar a recepção mineira em dificuldades. Além disso, o side out praiano também teve uma queda expressiva na quarta parcial, sobretudo com Fernanda Garay, que teve problemas para virar as bolas imprecisas da armadora Lloyd pelas pontas. As comandadas de Paulo Coco equilibraram o set em função da limitação ofensiva de Bauru, que perdeu Tiffany, com câimbras, e Diouf, que permaneceu em quadra mas demonstrou visível queda física e técnica.

Vale registrar que Garay também sofreu com dores na panturrilha a partir da metade do set, o que prejudicou sua performance. Deste modo, as falhas técnicas e as escolhas equivocadas da levantadora norte-americana, aliadas às falhas de ataque do time como um todo propiciaram o crescimento da equipe do interior paulista.

Se a levantadora praiana não esteve em uma noite feliz, sua rival Fabíola soube, com toda a sua experiência, utilizar bem todas as suas atacantes, inclusive a oposta Diouf, que parecia por vezes apática no jogo. Entretanto, a ótima atuação da levantadora de Bauru não foi suficiente para conter o ímpeto de um Praia Clube brigador no quinto e decisivo set.

Lutando contra suas dificuldades físicas e técnicas, o time de Paulo Coco soube se recuperar e contou com um erro de ataque do adversário para vencer o confronto, chegando à segunda final da Copa Brasil (o time perdeu o título na temporada passada para o Osasco).

Com altos e baixos, Minas conseguiu derrotar Osasco Audax (Foto: Orlando Bento/MTC)

Na segunda semifinal, o time osasquense teve um início animador com uma estratégia de saque que quebrou a boa linha de passe da equipe de Belo Horizonte. A levantadora Macris, com isso, não conseguiu colocar suas atacantes nas melhores condições de ataque. O bloqueio paulista também funcionou bem, intimidando as mineiras.

Aos poucos, no entanto, o sistema de recepção das vice-campeãs mundiais foi se ajustando e a virada de bola passou a fluir com mais facilidade. Além disso, o bloqueio – que vinha se destacando pelo lado adversário – passou a amortecer bolas, gerando contra-ataques bem aproveitados. Deste modo, o Minas reverteu o placar, ganhando o set.

Atuando como franco-atiradora diante de um rival que vinha tendo desempenho superior na temporada, a equipe de Luizomar de Moura voltou ainda mais agressiva no saque na segunda parcial e chegou a abrir 13 a 3. Completamente perdido em quadra e apresentando falhas técnicas e táticas espantosas, o time belo-horizontino sofreu muito tanto na recepção quanto na virada de bola principalmente com a oposta Bruna Honório.

Entre outras alterações, o técnico Stefano Lavarini sacou a levantadora Macris e escalou Bruninha, tentando mudar o ritmo e a leitura do jogo pelo rival. Contudo, apesar de uma pequena melhora no rendimento, suas comandadas seguiram cometendo erros em excesso. Destaque negativo para a ponteira Gabi, uma das referências minastenistas, que esteve apagada tanto no ataque quanto no passe em todo o cotejo. Assim, em uma parcial com nível técnico muito ruim, as paulistas viraram o jogo.

Em um confronto repleto de oscilações, na terceira parcial foi a vez do Minas retornar mais concentrado e consistente com o seu time titular. Mais regulares no side out e eficientes no sistema defensivo – aliás, como o rival paulista, que salvou bolas difíceis principalmente com a líbero Camila Brait -, as mineiras colocaram uma vantagem de seis pontos no marcador (12 a 7).

A equipe da Grande São Paulo ainda emparelhou o jogo a partir da metade do set – sobretudo com a performance da ponteira Mari Paraíba -, mas não soube aproveitar as oportunidades de ataque, cometeu falhas significativas e as adversárias ganharam a parcial.

O quarto set, por outro lado, foi aquele com desempenho técnico um pouco melhor. A levantadora Macris, que não conseguiu impor seu ritmo e padrão em boa parte do cotejo, colocou em prática a sua estratégia, jogando com velocidade e driblando o bloqueio rival. Destaque para Natália e Carol Gattaz, que se sobressaíram em momentos cruciais, colaborando para o êxito mineiro.

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Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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