Topo

Saída de Rede

Superliga espanhola também terá jogadora trans: “Sonho realizado”

Carolina Canossa

27/08/2018 06h00

Omaira joga como central e tem 1,87 m de altura (Foto: Reprodução/Marca)


Tifanny Abreu
foi a primeira mulher transgênero a receber autorização para jogar torneios de elite de vôlei feminino, mas não será a última. Aos 18 anos, a espanhola Omaira Perdomo recebeu o OK da Federação local a jogar a próxima temporada pelo CV CCO 7 Palmas, equipe das ilhas Canárias que chegou à semifinal do último Campeonato Espanhol.

"É um sonho realizado", comentou a jogadora, em entrevista ao jornal "Marca". Aos 18 anos, ela já havia atuado recentemente pela liga juvenil feminina e chegou a defender o CV CCO 7 Palmas em um fim de set de um jogo da fase classificatória da edição 17/18 da Superliga espanhola em fevereiro, mas ainda sofria com a indefinição a respeito de sua situação. Agora, ela garante estar acostumada a ser o centro das atenções. "Encaro isso com naturalidade e tenho a consciência de que não posso perder a cabeça ou ficar irritada cada vez que alguém me olha", afirmou a central de 1,87m.

Anderson sobre Tifanny candidata a deputada: "Estou contando com ela como jogadora"

Tifanny em números: a estratégia do Vôlei Bauru

Diferentemente de Tifanny, que só iniciou a transição para o sexo feminina já adulta e depois de ter jogado contra homens na elite do voleibol, Omaira começou a mudança ainda na adolescência com o apoio da mãe. "O processo foi feito pouco a pouco. Não sabia bem o que era a transexualidade, mas tinha bem claro do que eu gostava. Me sinto uma mulher dos pés à cabeça", declarou.

Jogadora já participou de um jogo da Superliga da Espanha, mas liberação total para jogar só veio agora (Foto: Reprodução/El Diario.es)

Quando iniciou no vôlei, a espanhola se viu obrigada a atuar com meninos: "Não me deixavam nem treinar com as garotas. Queria pelo menos isso, mas me diziam que ou eu jogava com os meninos ou não poderia jogar".

Primeira mulher transgênero a atuar na elite de um esporte olímpico na Espanha, a meio de rede se diz bem tratada pelas colegas de equipe e recebendo o carinho de todos, mas quer virar um exemplo. "Sei que muitas pessoas são como eu, mas não há uma referência no esporte para ajudá-las. Lutei por mim e acho que minha história pode ajudar outras meninas e meninos", destacou a jogadora.

Tecnicamente falando, a jogadora ainda acredita ter muito a evoluir no voleibol: "Minhas companheiras já estão há muito tempo neste nível de jogo e preciso estar à altura delas em aspectos físicos e de jogo". Omaira Perdomo já tem participado da pré-temporada do CV CCO 7 Palmas, cuja estreia na Superliga espanhol está marcada para o dia 13 de outubro, contra o Emevé, da cidade de Lugo.

Curta o Saída de Rede no Facebook!

Siga-nos no Twitter: @saidaderede

Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

Blog Saída de Rede