Abaixo dos rivais, o que o Brasil precisa mudar para o Mundial masculino?

Renan terá muito trabalho para corrigir questões técnicas e motivar os cansados veteranos até o Mundial (Foto: Divulgação/FIVB)

A quarta colocação na Liga das Nações deixou claro: a seleção brasileira masculina de vôlei não pode ser colocada como uma das favoritas ao título do Campeonato Mundial, programado para setembro na Itália e na Bulgária. França, Rússia e Estados Unidos compõem esse grupo atualmente, enquanto Sérvia, Polônia, Canadá e Itália orbitam em um segundo grupo ao lado dos atuais campeões olímpicos, o dos times que correm por fora para abocanhar uma medalha na competição.

É fato que o calendário maluco feito pela FIVB prejudicou o time brasileiro, que se desgastou demais fisicamente e teve que gastar em deslocamentos horas que seriam melhor aplicadas na quadra, em treinamentos. O azar com as lesões entre os ponteiros também foi uma péssima notícia para o técnico Renan Dal Zotto, mas há muitos fatores que podem ser melhorados nos dois meses que faltam para o início do campeonato mais importante da temporada. O SdR aponta quatro deles:

Ponteiros

Sem poder contar com Lipe, Maurício Borges e Ricardo Lucarelli, todos com problemas físicos, a seleção masculina entrou na disputa de medalhas da Liga das Nações com Lucas Loh e Douglas Souza como titulares nas pontas. Nenhum dos dois, porém, mostrou nível técnico suficiente para dividir a responsabilidade no ataque com Wallace, a ponto de os levantadores Bruno e William terem seguidamente forçado bolas com os centrais na tentativa de minimizar o prejuízo. Apesar de a chegada de Loh ter melhorado a recepção brasileira, deixar de contar com duas possibilidades de ataque torna bastante difícil a vida de qualquer equipe de elite. Agora, é correr contra o tempo para recuperar os machucados e dar ritmo a eles, além de aguardar ansiosamente a chegada do cubano naturalizado brasileiro Yoandy Leal no ano que vem, já pensando em Tóquio 2020.

Sistema defensivo

Bloqueio pontuando pouco e defesa lenta ou mal posicionada: esse foi o panorama do sistema defensivo brasileiro na segunda metade da Liga das Nações. Sem eficiência neste quesito, oportunidades de contra-ataques sequer existiram, minando uma tradicional arma verde-amarela. Para resolver o problema, o segredo é só um: treino, treino e treino.

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Saque

Outro fator que prejudicou o sistema defensivo brasileiro foi o saque inconstante do time, já que a vida do levantador adversário era muitas vezes facilitada por um passe A do outro lado da quadra, tornando a proteção mais difícil. Exceção feita a Wallace e a Isac, os jogadores brasileiros pouco conseguiram incomodar os rivais. Em muitas partidas, inclusive, qualquer possibilidade de reação era minada por erros no fundamento, que, para piorar, significam um ponto grátis para os adversários.

Cansaço mental

A opção de Renan Dal Zotto em convocar, sempre que possível, os campeões olímpicos em 2016 é compreensível pelo aspecto de quem precisa de resultados rápidos para se firmar no cargo, especialmente em um país que só valoriza as vitórias. O preço desta escolha, porém, é um grupo visivelmente desgastado especialmente no aspecto mental. Há pelo menos três anos sem um bom período de férias, os principais jogadores da seleção dão a impressão de terem perdido o apetite de tempos passados e os jogos, inclusive os tempos técnicos, pareciam se arrastar dia a dia. Como não haverá muito tempo de descanso até o Mundial, motivar os jogadores é um dos grandes desafios da comissão técnica nas próximas semanas.