Na estreia, Tifanny mostra força física adequada ao vôlei feminino
Liberada pela CBV (Confederação Brasileira de Vôlei) para atuar na Superliga feminina, a atleta transexual Tifanny Abreu fez sua estreia pelo Vôlei Bauru já neste domingo (10), diante do São Cristóvão Saúde/São Caetano. A princípio colocada na reserva pelo técnico Fernando Bonatto, a atacante ganhou espaço ao longo da partida e, apesar de ter conseguido 15 pontos, não conseguiu evitar a derrota de sua equipe por 3 sets a 2, parciais de 22-25, 25-17, 22-25, 23-25 e 15-13.
Usada apenas nas inversões nas duas primeiras parciais, Tifanny ficou em quadra em definitivo a partir da metade do terceiro set. Livre para atuar como oposta, recebeu 35 oportunidades de ataque, pontuando em 14 delas, um aproveitamento de 40%, além de ter conseguido um ponto de bloqueio. Trata-se de um índice razoável, mas que não indica, em um primeiro momento, qualquer vantagem inata por ter nascido homem.
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Para exemplificar, sua companheira de equipe, Paula Pequeno, foi a maior pontuadora do Bauru ao colocar 19 bolas no chão, chegando a 45% de efetividade no ataque. É difícil fazer qualquer tipo de comparação sem medições diretas, mas, a julgar pela transmissão da TV, os ataques de Tifanny não me pareceram desproporcionais para o vôlei feminino. Evidentemente, ela é uma jogadora que possui no físico um dos pontos fortes (tem 1,91m), mas, altura por altura, há jogadoras maiores, como Thaisa, de 1,96 m. Ou seja, não é uma aberração.
Em termos de potência, Tifanny não deu sinais de ser mais forte que, por exemplo, Tandara, a atleta mais admirada desta Superliga. Se voltarmos no tempo, tenho a sensação que a própria Paula Pequeno batia mais forte na bola durante o seu auge, na segunda metade dos anos 2000. Novamente repito: é difícil fazer comparações sem dados precisos em mãos, mas o reforço do Vôlei Bauru não aparenta ter qualquer tipo de privilégio sobre as adversárias.
Tecnicamente falando, Tifanny é um tanto quanto desajeitada, mas possui bons golpes, com destaque para a diagonal curta. Falta a ela, porém, uma leitura melhor de jogo, uma vez foca apenas na força em algumas cortadas, o que lhe faz tomar bloqueios com frequência. Seleção feminina, por enquanto, é uma realidade bem distante para Tifanny.
Com três vitórias em 11 jogos, o Vôlei Bauru termina o primeiro turno da Superliga feminina na nona colocação entre os 12 participantes do torneio, uma posição atrás do São Caetano. O time do interior paulista volta a jogar no dia 19, contra o Pinheiros.
RedeTV! de novo frustra os fãs
A estreia de Tifanny foi transmitida pela RedeTV!, mas de novo os telespectadores não puderam acompanhar a partida completa. Na reta final do quarto set, as imagens do jogo foram substituídas pela programação da emissora – em São Paulo, os fãs de vôlei ficaram com "Berenice e Você", um programa que, confesso, nunca havia ouvido falar antes.
Ao menos desta vez a interrupção foi comunicada com antecedência e a transmissão continuou através da internet. Porém, o streaming no site da RedeTV! não estava exatamente fácil de ser encontrado. Para piorar, não houve sequer um pós-jogo com entrevistas (ouvir Tifanny e seus adversários seria de grande interesse hoje). Infelizmente, mais um episódio de falta de respeito com o esporte.
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