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Tifanny, 1ª trans da Superliga, se diz preparada para provocações em quadra

Carolina Canossa

07/12/2017 16h34

Tifanny jogou um torneio feminino pela 1a vez na Série B Italiana (Foto: Divulgação)

Primeira transexual brasileira autorizada pela Federação Internacional de Vôlei (FIVB) a jogar em equipes femininas, a ponteira/oposta Tifanny Abreu sabe que estará fazendo história assim que pisar em quadra pela Superliga 2017/2018 vestindo o uniforme de seu time, o Vôlei Bauru. A data de estreia ainda não está definida, mas a jogadora garante: está preparada para ouvir hostilidades dos torcedores, especialmente os adversários.

"Ali somos todas jogadoras de vôlei. O (lado) pessoal a gente deixa em casa, até porque, se for trazer isso pra quadra, a gente não joga", comentou a atleta, em entrevista exclusiva ao Saída de Rede. Na visão de Tifanny, as provocações contra ela não serão diferentes das recebidas por qualquer outra jogadora de vôlei. "Não sou diferente delas, vão fazer o mesmo comigo. Mas, quando acontecer o apito final e sairmos de quadra, eu serei a Tifanny e eles serão os fãs. Seremos amigos, não quero misturar. Na quadra, podem falar o que quiserem que não vou me importar, mas fora de quadra já seria falta de respeito com a pessoa Tifanny", afirmou.

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Fazendo sua primeira temporada no Brasil desde que o processo de mudança de sexo foi concluído, Tifanny diz que, de um modo geral, a recepção a ela tem sido positiva. "Recebi muitas mensagens de carinho, tem ônibus que virão de longe só pra assistir os jogos. Estou muito feliz com a forma como estou sendo recebida. Até quando viajei para treinar fora da cidade, foi assim", garantiu.

Atacante vem treinando em Bauru desde o meio do ano

Aos 33 anos, Tifanny chega para reforçar um time que, atualmente na nona colocação entre os 12 participantes da Superliga, tem feito uma temporada abaixo das expectativas. "Quero ajudar a equipe, pois eles estão precisando bastante de mim. O Bauru é uma equipe muito boa, mas pro segundo turno vai estar melhor. E, como todo mundo, espero fazer o meu melhor e aparecer bastante como uma jogadora importante", analisou Tifanny, já totalmente recuperada de uma cirurgia na mão esquerda a que se submeteu no meio do ano. "Depois de quatro meses, estou plena e perfeita em termos mentais, além de ótima fisicamente. Fiz um trabalho de recuperação muito bom e estou prontinha para atuar, só esperando o nosso técnico me jogar lá dentro", brincou a bem-humorada atleta.

O Saída de Rede apurou que Tifanny Abreu ainda aguarda o ok da junta médica da CBV (Confederação Brasileira de Vôlei) para estrear. O Vôlei Bauru, porém, considera isso apenas um "trâmite burocrático", uma vez que a atleta está acordo com as regulamentações e legislações do Comitê Olímpico Internacional (COI) e da FIVB, que segue os preceitos do COI, sobre a participação de atletas transgêneros em competições oficiais.

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Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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