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Técnico do Sada Cruzeiro vê Mundial mais difícil e nível alto na Superliga

Sidrônio Henrique

14/11/2017 06h00

Treinador argentino Marcelo Mendez, 53 anos, 38 deles dedicados ao voleibol (foto: Divulgação/Sada Cruzeiro)

Sob o comando do técnico argentino Marcelo Mendez, o Sada Cruzeiro virou um papa-títulos: tricampeão mundial, tetracampeão sul-americano, pentacampeão brasileiro, para citar os mais importantes. De 12 a 17 de dezembro, a equipe mineira, uma constelação temida internacionalmente, vai em busca do seu quarto título mundial – o primeiro fora de casa. Por enquanto, segue na disputa da Superliga 2017/2018 e, embora líder, teve um começo menos empolgante do que, por exemplo, na temporada anterior. "Disputamos a maior parte dos jogos do primeiro turno fora de casa e isso atrapalha um pouco. Outro aspecto relevante é que o nível da Superliga subiu, agora há mais times fortes. Sobre o Mundial, nunca tivemos uma edição com tantos adversários tão difíceis, vai ser complicado", diz Mendez, em entrevista ao Saída de Rede.

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O cenário, tanto aqui quanto lá fora, desperta preocupação, mas o treinador argentino, 53 anos, 38 deles dedicados ao voleibol, mantém a tranquilidade. "Agora vamos focar mais no Mundial. Falta pouco menos de um mês para a estreia. Nessas quatro semanas creio que teremos tempo suficiente para colocar o time física, técnica e mentalmente apto para a competição na Polônia", comenta, ainda misturando espanhol e português, embora viva no Brasil desde 2009 – começou no Montes Claros e no ano seguinte foi para o Cruzeiro.

Repleto de astros, o Civitanova é o adversário da estreia do Sada no Mundial (Divulgação/Lube Civitanova)

Pedreiras no Mundial
A tarefa na Polônia não será nada fácil. De cara, a equipe enfrenta o Civitanova, atual campeão italiano. Na sequência, o Sada Cruzeiro pega o iraniano Sarmayeh Bank Teheran, campeão asiático. Fecha a primeira fase enfrentando o local Zaksa Kedzierzyn-Kozle, bicampeão polonês. Todas essas partidas na cidade de Opole. Se ficar em primeiro ou em segundo lugar no grupo, avança às finais e segue para Cracóvia. Na outra chave, em Lodz, os mais fortes são o russo Zenit Kazan, pentacampeão europeu e derrotado pelo Sada nas duas últimas decisões do Mundial, e o polonês Skra Belchatow. O SporTV transmitirá o torneio.

"Tem muito time bom, todos os adversários são difíceis. Os mais complicados são o italiano Civitanova, o russo Zenit Kazan e os dois poloneses. Mas os clubes do Irã e da Argentina (Bolívar) também jogam muito bem. Não dá para apontar um favorito", pondera Mendez. A quantidade de jogos em tão pouco tempo o preocupa, mas ele vem preparando o time para a maratona polonesa, que afinal será um problema para todos os participantes. "Estamos impondo uma carga mais longa de treinos, mais puxada, para que nossos jogadores encarem bem esses cinco jogos num período de tempo tão curto no Mundial. Precisamos nos adaptar a isso". O time mineiro chegará a Opole cinco dias antes da estreia.

Mendez com Medioli e Leal: técnico evitou temas envolvendo a seleção brasileira (Divulgação/Sada Cruzeiro)

Cansaço na Superliga
Questionado sobre o rendimento do Sada Cruzeiro na Superliga, Marcelo Mendez, além de ter apontado o crescimento do nível dos adversários, com os reforços no EMS Funvic Taubaté e a chegada do Sesc-RJ à primeira divisão, ressalta o desgaste da sua equipe. "Adiantamos duas partidas por causa do Mundial, viajamos bastante, com certeza o cansaço atrapalhou, a quantidade de jogos. Mas prefiro que atrapalhe agora do que mais tarde, no Mundial de Clubes", brinca o técnico. O Sada lidera a Superliga com 21 pontos. São sete vitórias até aqui em oito partidas – seis foram disputadas fora de casa.

O time conta com nomes de peso como o central cubano Robertlandy Simon, o competente levantador argentino Nicolás Uriarte e ainda selecionáveis como o oposto Evandro, o central Isac e o ponta Rodriguinho, que retorna após uma lesão. As recentes críticas do presidente do clube, Vittorio Medioli, ao modo como os atletas são tratados na seleção brasileira não tiveram eco no treinador, que evitou o tema.

Outro assunto que ele não quis abordar foi o recente imbróglio envolvendo o nome do maior astro do seu time, o ponta cubano naturalizado brasileiro Yoandy Leal. Num lance de comédia pastelão, a Federação Internacional de Vôlei (FIVB) anunciou que Leal poderia defender a seleção brasileira a partir de 2018, mas no dia seguinte disse que tudo não passou de um "erro administrativo" e que o atleta só estaria à disposição da seleção em 2019. Não tem jeito, sobre seleção brasileira, onde parte da imprensa e da torcida especulou que ele poderia estar, após a saída de Bernardinho, o argentino não fala mais. O cargo está nas mãos de Renan Dal Zotto. O experiente e multicampeão Mendez, que chegou a ser sondado para comandar a seleção polonesa (e recusou), mantém o foco no Sada Cruzeiro.

Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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