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Liga Mundial: quem é quem nas finais em Curitiba?

João Batista Junior

20/06/2017 06h00

Brasil e Canadá abrem a semana decisiva da Liga Mundial em Curitiba (fotos: FIVB)

A fase classificatória da primeira Liga Mundial deste ciclo olímpico terminou no domingo, dia 18, e só na última rodada é que Rússia, Canadá e EUA carimbaram o passaporte para Curitiba, juntando-se a Brasil, França e Sérvia. Entre as seis seleções, apenas a canadense nunca levantou o título da competição.

O Brasil deve abrir a semana de jogos encarando a seleção do Canadá, no próximo dia 4, terça-feira, às 15h05. Na quinta-feira, no mesmo horário, o time verde-amarelo enfrenta os russos. Franceses, sérvios e norte-americanos, os três últimos vencedores do torneio, estão no outro grupo.

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Wallace em ação contra Sérvia

Com a missão de levantar o título da competição pela décima vez, o Brasil terminou como a segunda melhor campanha da fase inicial – seis vitórias, três derrotas, 19 pontos na conta. O técnico Renan Dal Zotto promoveu um revezamento entre os líberos Tiago Brendle e Thales, acionou os levantadores Murilo Radke e Raphael, o central Otávio, o oposto Renan Buiatti e o ponta Rodriguinho, mas jogou, mesmo, com base da seleção campeã olímpica.

Titulares na entrada de rede, Lucarelli, com 47,1% de aproveitamento no ataque, e Maurício Borges, com 41,6%, são os dois únicos da equipe ranqueados entre os melhores atacantes, ainda que em posições relativamente modestas – Lucarelli foi o 11º mais eficiente e Borges, o 22º. Nesse quesito, o aproveitamento de Wallace, embora ele não figure no ranking da FIVB, foi superior: o oposto só disputou as três últimas partidas da fase e pontuou em 54% das tentativas efetuadas no ataque.

O rendimento discreto de Borges nas cortadas é compensado pelo trabalho de fundo de quadra: o ponta foi o terceiro jogador melhor na defesa e o melhor da fase classificatória na recepção.

Outro fundamento em que jogadores da seleção aparecem entre os melhores é – curiosamente – o saque: se a equipe tem encontrado dificuldade para impor seu ritmo de jogo a partir do serviço, Mauricio Souza e Lucarelli foram, respectivamente, terceiro e quarto colocados no ranking desse quesito. O detalhe é que Souza, com seu flutuante, é um dos raros jogadores na competição com mais aces (14) do que erros de saque (dez).

Como ponto negativo ficou o bloqueio da equipe: Mauricio Souza, com média de 0,44 pontos por set, foi o melhor do time nesse fundamento e o 15º no geral. Lucão, o outro central titular, foi apenas o quatro maior pontuador do Brasil nesse quesito e o 39º entre todos os jogadores inscritos.

Numa chave contra renovadas equipes da Rússia e do Canadá, é pouco provável que o Brasil não alcance as semifinais da competição. Isso não quer dizer, contudo, que não ofereçam risco à seleção.

Sem título na competição, Canadá é franco-atirador nas finais da Liga

O Canadá, a quem o Brasil venceu por 3 a 1 na segunda semana do torneio, foi quinto colocado na classificação (cinco vitórias e quatro derrotas). Com vitórias sobre rivais de expressão, como os EUA (3 a 2) e a eliminada Itália (3 a 1), os canadenses voltaram às finais da Liga Mundial depois de quatro anos.

Sem o oposto Gavin Schmitt, aposentado da seleção, a força ofensiva do time está na entrada de rede. O técnico francês Stéphane Antiga, que faz nesta Liga Mundial sua estreia pelo Canadá, tem tido nos ponteiros Stephen Maar e Gord Perrin os atacantes mais efetivos: ambos estão entre os dez melhores da competição neste fundamento, à frente, portanto, da dupla de pontas brasileiros.

Além disso, os centrais Daniel Jansen VanDoorn e Grahan Vigrass foram, respectivamente, quarto e quinto melhores bloqueadores da primeira fase do torneio.

Rússia: força no bloqueio

A Rússia é a única equipe desse grupo que já começou a Liga Mundial com ritmo de jogo, já que, uma semana antes da estreia, estava disputando um hexagonal que lhe valeu vaga no mundial do ano que vem.

Depois de dois anos em que caiu na primeira fase – lanterna em 2015 e o sexto lugar em 2016, quando teve de ceder lugar à Polônia, que era sede das finais –, a equipe russa se classificou para Curitiba mesmo não tendo em quadra o oposto Mikhaylov e o levantador Grankin (que devem voltar ao time para jogar o Campeonato Europeu, em agosto), nem o central Muserskiy, em atrito com a federação de seu país.

Na primeira fase da Liga Mundial, a Rússia perdeu quatro dos cinco primeiros jogos que disputou e precisou vencer os quatro últimos compromissos para conquistar uma vaga em Curitiba – na última semana do torneio, jogando na Polônia, além do 3-0 aplicado sobre o Irão, bateu o time da casa em sets diretos e superou os EUA no tie break.

O oposto Maxim Zhigalov é o sexto maior anotador da competição, com 128 acertos, mas seu percentual de aproveitamento no ataque é apenas o 17º mais alto.

Os maiores destaques da equipe em termos estatísticos foram os centrais Ilyas Kurkaev, de 23 anos de idade, e Ilia Vlasov, que completa 22 no mês que vem: eles foram, respectivamente, segundo e oitavo melhores jogadores do torneio no bloqueio.

Além deles, ressalte-se a boa participação do ponta Dmitry Volkov, segundo melhor sacador dessa fase e atacante mais eficiente da equipe.

Na outra chave, parecem estar os mais fortes concorrentes da seleção brasileira ao troféu na Arena da Baixada.

EUA: suada classificação para as finais

Com a tradição de sempre se sobressair contra o Brasil em jogos decisivos (as semifinais de Barcelona 1992 e de Atenas 2004 foram exceção a essa regra), os EUA claudicaram um bocado na fase classificatória: avançaram às finais com mais derrotas do que vitórias (4-5), depois de vencerem a Polônia por 3-1 em Lodz e torcerem pelo triunfo da Argentina sobre a Bulgária.

Os senões da campanha, diga-se, são bastante aceitáveis, já que o técnico John Speraw tem usado a competição para preparar o time para o ciclo olímpico e deu oportunidade a atletas como o oposto Benjamin Patch, que completa 23 nesta sexta e ainda joga na liga universitária dos Estados Unidos. (Nesse caso, a aposta do treinador deu certo, já que Patch acabou sendo o terceiro atacante mais eficiente da fase classificatória.)

O destaque do time, como se podia esperar, foi o ponta Talyor Sander (MVP da competição em 2014), que foi ranqueado pela FIVB como top 10 em cinco quesitos – segundo maior pontuador do certame, quinto atacante mais eficiente, sétimo melhor sacador, décimo no passe e quinto melhor na defesa.

Os favoritos deste grupo, porém, são França e Sérvia.

Destaque da França, Boyer investe contra block italiano

Dona da melhor campanha na competição, com oito vitórias e uma derrota (3-2 contra a Itália, quando até poupou o levantador Benjamin Toniutti nas quatro últimas parciais), a França parece firme no caminho rumo ao segundo troféu na Liga Mundial, o segundo no Brasil.

Sem o ponteiro Earvin N'Gapeth, que passou a competição se recuperando de uma lesão abdominal sofrida no mês passado e só entrou para fazer fundo de quadra diante da Bélgica, no domingo, o sexteto dirigido por Laurent Tillie encontrou equilíbrio nos pontas Trevor Clevenot e Julien Lyneel, e eficiência no oposto Stephen Boyer, de 21 anos.

Com a responsabilidade de substituir Antonin Rouzier, aposentado da seleção depois da Rio 2016, Boyer foi o maior pontuador da fase classificatória, segundo atacante mais eficiente e melhor sacador do torneio.

Sérvios vão a Curitiba tentar defender o título do ano passado

Já a Sérvia, terceira colocada na classificação, com seis vitórias, três derrotas e com um ponto a menos que o Brasil, não sabe se contará com Aleksandar Atanasijevic em Curitiba. Depois de jogar no primeiro fim de semana da Liga (na cidade sérvia de Novi Sad), o oposto, como ele próprio explicou nas redes sociais, fez um acordo com o técnico Nikola Grbic e entrou de férias, deixando em aberto a possibilidade de disputar as finais. Mas vale lembrar que, no ano passado, contundido, ele desfalcou a seleção na fase decisiva e isso não impediu os sérvios de se sagrarem campeões.

Na falta de Atanasijevic, a força do ataque sérvio está na entrada de rede: o ponta Marko Ivovic, MVP do torneio em 2016 e que vai jogar na Funvic/Taubaté na próxima temporada, foi o atacante mais eficiente da competição e Uros Kovacevic, o nono.

O veterano central Marko Podrascanin e o levantador Nikola Jovovic também figuram entre os melhores nas estatísticas da FIVB.

Enquanto Podrascanin é o sexto melhor bloqueador no ranking, Jovovic parece disputar com Bruno, nos números da federação internacional, o posto de melhor levantador do torneio: o sérvio é o segundo mais eficiente em levantamentos (o campeão olímpico é o primeiro) e o sexto melhor defensor do campeonato (o brasileiro vem logo em seguida, em sétimo).

As semifinais da Liga Mundial serão disputadas na sexta-feira, 7, em jogos às 15h05 e 17h10. No sábado, será a vez das disputas por medalha: às 20h, a partida que define o bronze e às 23h05, a final.

Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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