Topo

Saída de Rede

Na seleção, Drussyla ainda se adapta à nova fase: “Tudo aconteceu muito rápido”

Carolina Canossa

06/06/2017 06h00

Drussyla revela ter sentido um "frio na barriga" quando soube que seria titular nos amistosos contra a República Dominicana (Foto: Oswaldo Forte/MPIX/CBV)

Se há dois meses você falasse para Drussyla Costa que hoje ela estaria vestindo a camisa da seleção adulta feminina de vôlei, a ponteira lhe acharia uma pessoa com ótimo senso de humor. Ou, na melhor das hipóteses, excessivamente otimista. Apesar de ser uma das jogadoras de mais destaque nas categorias de base verde-amarelas nos últimos anos, a atleta que está prestes a completar 21 anos era apenas reserva no Rexona-Sesc, com eventuais participações nas partidas da Superliga.

** Clubes não aceitam calendário e podem abandonar Superliga ainda este ano **

Três pontos positivos e três negativos do começo do ciclo da seleção feminina

Rússia e Itália se garantem no Mundial feminino. Já a Holanda…

Foi então que começou a semifinal contra o Camponesa/Minas. O cenário equilibrado e as inconstantes atuações da holandesa Anne Buijs fizeram com que o técnico Bernardinho bancasse a aposta e colocasse Drussyla pra valer em quadra no terceiro jogo da série melhor-de-cinco. Deu certo: com boa atuação da ponteira tanto no passe quanto no ataque, o Rexona não só garantiu a vaga na final como foi campeão da Superliga. No Mundial de clubes, foi uma das chaves para que a equipe carioca chegasse à decisão, onde perdeu para o milionário time do VakifBank, cujo orçamento permitiu a montagem de uma espécie de seleção do mundo.

Para Zé Roberto, jogadora precisa de tempo para ganhar experiência e rodagem internacional (Foto: Divulgação/CBV)

Foi o suficiente para que o técnico José Roberto Guimarães resolvesse dar uma chance à jovem que teve uma infância pobre e até sofreu preconceito por não ter conseguido manter os estudos.

"Nós ficamos muito felizes quando aparece um talento como a Drussyla. Ela fez uma boa fase final da Superliga e também teve atuações consistentes no Mundial de clubes. É uma jogadora jovem que precisa de tempo para ganhar experiência e rodagem internacional com a camisa da seleção. É importante que tenha os pés no chão, saber que tem muita coisa para aprender e nunca esquecer as dificuldades que enfrentou para chegar até aqui. Esse ano ela também vai jogar o Mundial sub-23, pois achamos importante a sua participação no torneio", comentou Zé Roberto com exclusividade para o Saída de Rede.

A convocação do experiente treinador foi uma surpresa para a própria Drussyla. "As coisas aconteceram muito rápido", admitiu.

Tão rápido que ela teve que cancelar os planos de férias, trocadas por um pequeno período de cinco dias de descanso entre o Mundial de clubes e a apresentação à seleção brasileira. "Estava planejando outras coisas pra mim, desmarquei tudo. Mas estou muito feliz porque é uma oportunidade única, tenho que aproveitar. Vale a pena o sacrifício", destacou.

Curta o Saída de Rede no Facebook!

Siga-nos no Twitter: @saidaderede

Sacrifício que fica mais claro quando se olha o calendário: Drussyla segue com a seleção principal até o fim do Grand Prix, nos primeiros dias de agosto. Depois, se apresenta à seleção sub-23, que entre 10 e 17 de setembro irá defender o título no Mundial da categoria, na Eslovênia. Na volta, já iniciará a temporada 2017/2018 com o Rexona, que passou a se chamar apenas Sesc após saída do então patrocinador principal.

Nesta nova fase, enfrentar as melhores atletas do mundo será uma constante. E Drussyla já sentiu a diferença no Mundial de clubes. "Lá a bola foi mais alta enquanto na Superliga temos um jogo de mais velocidade. As jogadoras também são maiores, mas nós brasileiras temos que tentar igualar essa diferença de altura com habilidade e um jogo mais inteligente", destacou a jogadora de 1,85 m. "O Mundial foi uma experiência única, pois nunca tinha jogado com meninas tão boas, altas. Por mais que nas categorias de base eu tenha enfrentado atletas da Europa, da Rússia, a exigência é outra. Foi bem difícil, mas tentei dar o meu melhor. Teve dias que consegui, outros não, mas queria manter o foco no time pra ajudar as meninas da melhor forma possível", contou.

Ponteira teve que abdicar das férias planejadas: "Vale o sacrifício" (Foto: Oswaldo Forte/MPIX/CBV)

Agora, na seleção, o momento é de desfrutar o sonho que virou realidade.

"Está sendo um grande aprendizado o dia a dia com as jogadoras e a comissão técnica. Os dois amistosos, em Manaus e Belém, contra a República Dominicana foram muito especiais. No vestiário, quando o Zé avisou que eu seria titular no primeiro jogo, me deu um frio na barriga, mas procurei ficar calma, lembrei de todos os treinamentos feitos até aquele momento e procurei aproveitar ao máximo a oportunidade", afirmou a atleta.

Drussyla e as demais jogadoras da seleção feminina estarão em quadra nesta terça-feira (6), às 13h45 (horário de Brasília), quando o Brasil enfrenta a Polônia pelo torneio amistoso de Montreux, na Suíça. O duelo terá transmissão do SporTV 2.

* Colaborou Sidrônio Henrique

Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

Blog Saída de Rede