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Kiraly convoca seleção americana e deixa Destinee Hooker de fora

Sidrônio Henrique

04/05/2017 20h15

Hooker jogou pela seleção americana pela última vez nos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012 (fotos: FIVB)

Não foi desta vez – se é que ela ainda terá alguma chance na seleção americana. A oposta Destinee Hooker, 29 anos, 1,93m, está fora da lista inicial divulgada pelo técnico Karch Kiraly para esta temporada.

A relação tem 18 nomes (veja aqui), dos quais apenas a oposta Kelly Murphy esteve na Rio 2016. No entanto, segundo a USA Volleyball (USAV) informou ao Saída de Rede, será acrescida, como era esperado, de jogadoras experientes que ainda estão atuando por seus clubes, como a ponteira Jordan Larson e a central Rachael Adams (ambas do Eczacibasi), a ponta Kim Hill (VakifBank) e a central Foluke Akinradewo (Volero Zurich) – elas participarão, na próxima semana, do Mundial de Clubes, em Kobe, no Japão. A USAV é a organização que administra o voleibol nos Estados Unidos.

Outras quatro que devem se juntar ao grupo são a ponta Kelsey Robinson, a oposta Nicole Fawcett, a levantadora Carly Lloyd e a central Lauren Gibbemeyer – todas estavam jogando na liga italiana e receberam folga antes de se apresentar ao técnico ao longo deste mês. A oposta Karsta Lowe, que disputou a Rio 2016 e nesta temporada de clubes estava na liga chinesa, não foi convocada.

Karch Kiraly levou os EUA ao título do Mundial 2014 e ao bronze na Copa do Mundo 2015 e na Rio 2016

"Muito cedo para falar algo"
Há menos de um mês, em entrevista exclusiva ao SdR, Karch Kiraly disse que "é muito cedo para falar algo", quando questionado sobre a possibilidade de Hooker voltar à seleção. Destaque na Superliga 2016/2017 jogando pelo Camponesa/Minas, Destinee Hooker surpreendeu a muitos ao mostrar um bom voleibol, após anos apagada.

A oposta havia sido um dos grandes nomes da modalidade no mundo, de 2010 a 2012, e foi peça essencial na campanha que culminou com a prata na Olimpíada de Londres. Karch Kiraly era um dos assistentes do técnico Hugh McCutcheon e não tinha um bom relacionamento com Hooker.

Indisciplina
Ela ficou conhecida pelos fãs e pela imprensa não apenas por suas potentes cortadas, mas também em razão do histórico de indisciplina. Jogou pelo clube italiano Pesaro no período 2010/2011 e colecionou desafetos, tendo uma saída tumultuada da equipe.

No Brasil, na temporada seguinte, viveu momentos turbulentos no Sollys/Osasco (atual Vôlei Nestlé). Chegou a ficar fora de algumas partidas por ter machucado a mão direita depois de esmurrar uma mesa, após uma discussão ao telefone. O treinador da seleção americana na época, Hugh McCutcheon, veio ao país para conversar com sua principal atacante, preocupado com seu comportamento. Osasco venceu aquela edição da Superliga numa atuação memorável de Hooker na final – até hoje ela é lembrada com carinho pelos torcedores do clube paulista.

Hooker ajudou o Camponesa/Minas a chegar à semifinal da Superliga (foto: Orlando Bento/MTC)

Queda e ressurgimento
Depois de Londres 2012, Hooker decaiu. O treinador da seleção americana no ciclo 2013-2016, Karch Kiraly, montou sua equipe sem ela e revelou opostas menos atléticas, porém mais velozes como Karsta Lowe, Kelly Murphy e Nicole Fawcett.

Na passagem pelo Camponesa/Minas, Destinee Hooker procurou afastar sua fama de indisciplinada. Seu comportamento foi elogiado pela diretoria do clube e pela comissão técnica. Antes do Minas, houve duas gravidezes que interromperam sua carreira. Ela, que havia sido estrela de primeira grandeza, chegou a jogar em 2014 em um clube da inexpressiva liga de Porto Rico, seguindo depois para o apenas razoável campeonato da Coreia do Sul.

Apesar de não ter tido chance com Kiraly no comando da seleção, Hooker afirmou ao SdR em janeiro que não havia mágoa da parte dela. "Fiquei desapontada, claro, mas no final das contas não tenho controle algum sobre a convocação", afirmou. Quando perguntada se Tóquio 2020 estaria em seus planos, a atleta foi incisiva: "Definitivamente". Resta saber se ainda terá alguma oportunidade com o atual técnico da seleção americana, que não parece disposto a ceder.

Resultados
No ciclo passado, sob o comando de Karch Kiraly, os Estados Unidos foram campeões mundiais em 2014 e bronze na Copa do Mundo 2015 e nos Jogos Olímpicos 2016. O técnico tem contrato com a USAV para dirigir a seleção feminina até Tóquio 2020.

Este ano os EUA disputam, como competições oficiais, o Grand Prix, o campeonato da Norceca (Confederação da América do Norte, Central e Caribe) e a Copa dos Campeões – como preparação para esta última, que será em setembro, enfrentará o Brasil em dois amistosos, nos dias 27 e 29 de agosto, em Anaheim, Califórnia. No terceiro fim de semana do GP 2017, a equipe americana virá a Cuiabá (MT), onde enfrentará, além da seleção brasileira, a Bélgica e a Holanda.

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Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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