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Jaqueline volta para levantar o Camponesa/Minas mais uma vez

Sidrônio Henrique

16/12/2016 07h44

Jaqueline : "Eu me sinto em casa no Minas, adoro esse clube" (fotos: Divulgação/MTC)

O suspense acabou e esta semana a ponteira bicampeã olímpica Jaqueline Carvalho Endres foi apresentada à torcida do Camponesa/Minas, em Belo Horizonte. Uma das jogadoras mais completas do voleibol mundial volta, após pouco mais de dois anos, ao clube que a acolheu e ao qual ela ajudou sair de uma situação desfavorável para chegar à semifinal da Superliga 2014/2015. Será que Jaqueline poderá ser, mais uma vez, o fator que vai levar a tradicional equipe mineira, atualmente em sexto lugar, a alçar voos mais altos no torneio?

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Embora esteja se exercitando, a ponta passadora está há quatro meses sem jogar, desde a eliminação da seleção brasileira nas quartas de final da Rio 2016, e a expectativa é que só estreie no dia 10 de janeiro, diante do Genter Vôlei Bauru, na primeira rodada do returno. Há dois anos, ela ficou um mês e meio parada, depois de conquistar o bronze pelo Brasil no Campeonato Mundial. Naquele 29 de novembro de 2014, deu início a sua jornada no tradicional clube mineiro na sexta rodada do turno, contra o São José – foi a primeira vitória da equipe na Superliga 2014/2015. Jaqueline foi decisiva para apagar o incêndio provocado pelo mau começo do time, que só cairia nas semifinais diante do eventual campeão, o Rexona.

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Aquele time do Camponesa/Minas contava com centrais experientes como Walewska e Carol Gattaz, além de outro reforço importante na linha de passe, a ponta Mari Paraíba. Gattaz continua por lá – Walewska foi para o Dentil/Praia Clube e Mari Paraíba está no Volero Zurich, da Suíça.

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Carga dividida
Quem chegou para a temporada 2016/2017, também chamando a atenção da torcida minastenista, foi a oposta americana Destinee Hooker, vice-campeã olímpica em Londres 2012. Ela já disputou duas partidas e saiu vencedora em ambas, marcando 11 pontos diante do Fluminense e 17 contra o Praia Clube. Reforça ainda o time a selecionável Rosamaria Montibeller, que foi deslocada da saída para a entrada de rede após a contratação da americana. Eficiente no ataque, mas ainda irregular no passe, Rosamaria precisa da presença de Jaqueline na recepção, ao lado da líbero Léia, que esteve na Olimpíada do Rio, para que possa compor com Hooker o duo principal de referências para a levantadora Naiane na hora da armação de jogadas.

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No final de 2014, Jaqueline chegou ao Minas com quase 31 anos, depois de ser um dos destaques do Brasil no Mundial, inclusive no ataque. De lá para cá, passada aquela edição da Superliga, a ponteira, que sempre se apresentou como uma jogadora de preparação e não de definição, viu cair sua eficiência no fundamento. Esteve na reserva na seleção na temporada 2016. Várias contusões nas duas últimas temporadas a deixaram fora de quadra em diversas oportunidades na Superliga, mas dar a volta por cima não é novidade em se tratando desta atleta, que completa 33 anos no dia 31 de dezembro.

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O pior momento desde sua despedida do Camponesa/Minas foi, certamente, a Superliga 2015/2016, quando atuou pelo Sesi. Embora a equipe contasse, além dela, com a também bicampeã olímpica Fabiana (central) e outras jogadoras com passagens por clubes de ponta, o time não deu liga, mudou de treinador no meio da competição e terminou a fase de classificação em um modesto sétimo lugar, sendo eliminado pelo Praia Clube nas quartas de final.

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Segunda casa
No Minas, é verdade, a atmosfera parece bem mais leve. "Eu me sinto em casa no Minas, adoro esse clube que sempre me acolheu. Todos me recebem bem, me sinto feliz aqui. É como se fosse minha segunda casa", disse a ponteira à imprensa durante sua apresentação esta semana.

Diferentemente do cenário difícil que encontrou há dois anos, Jaqueline chega a uma equipe numa posição intermediária na tabela. Se está longe dos cinco primeiros, tem potencial e tempo para crescer. Outro ponto a favor da veterana é que desta vez divide a responsabilidade de dar impulso ao time com Hooker – juntas, as duas venceram a Superliga 2011/2012 no então Sollys/Nestlé, de Osasco, mas ao lado de outras estrelas. Claro que a americana é uma incógnita e ainda não se sabe se, uma vez adaptada ao time, será capaz de apresentar algo próximo do nível de 2012, mas isso não é problema de Jaqueline e sim da comissão técnica.

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Nesta sexta-feira (16), o Camponesa/Minas enfrenta, em casa, o líder Rexona-Sesc, às 20h (horário de Brasília), com transmissão do SporTV2. É a chance de finalmente acompanhar pela TV a oposta americana. Para ver Jaqueline, o torcedor terá que aguardar mais algumas semanas. Mas o saldo pode terminar sendo positivo outra vez para os minastenistas. Como disse este ano ao Saída de Rede o técnico do adversário de logo mais, Bernardinho, "no cenário internacional a Jaqueline é um ponto fora da curva, ela é a principal passadora do voleibol mundial". É esperar para ver aonde o Camponesa/Minas vai chegar.

Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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