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Com regulamento estranho, TV só se interessa pelo Paulista nos playoffs

João Batista Junior

12/10/2016 06h01

Concilig Vôlei Bauru: força máxima só nos playoffs do estadual (foto: Marina Beppu)

Concilig Vôlei Bauru: força máxima só nos playoffs do estadual (foto: Marina Beppu)

A bola subiu para o Campeonato Paulista 2016 na última semana de agosto, mas a televisão só começou a transmitir o certame no primeiro fim de semana de outubro, quando começaram os playoffs. Trata-se de uma disputa em que cinco dos seis participantes do naipe masculino e seis dos sete no feminino competem na Superliga, e mesmo assim, foi solenemente ignorada pela grade de programação da TV por mais de um mês.

Dito dessa maneira, parece mais um caso em que o esporte olímpico foi relegado a segundo plano pela mídia, mas isso seria não enxergar um problema ainda mais grave do que o da falta de partidas transmitidas ao vivo: por que a Federação Paulista de Volleyball (FPV) não trata bem da competição que está promovendo?

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Não é difícil recordar ocasiões em que a TV falhou com o fã do voleibol. Ano passado, por exemplo, a ESPN transmitiu ao vivo os campeonatos europeus masculino e feminino, mas só exibiu as decisões em VT. Já o SporTV não transmitiu a segunda rodada da fase classificatória da Superliga feminina passada, uma jornada que teve a surpreendente vitória do Concilig Vôlei Bauru sobre o Rexona, e cinco sets disputados entre São Cristóvão Saúde/São Caetano e Camponesa/Minas e entre Rio do Sul e Sesi. Porém, no Campeonato Paulista, é preciso entender a parcela de culpa da própria federação na fraca cobertura da mídia.

Não bastasse ter um site pouco informativo, que não traz, sequer, o placar das parciais na página de resultado dos jogos, a FPV promove um campeonato cujo turno classificatório não serve para quase nada.

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Sem eliminar absolutamente ninguém, a primeira fase do Paulista nos dois naipes serviu somente para apontar quem estaria classificado diretamente às semifinais (Vôlei Nestlé, no feminino, e Sesi e Funvic Taubaté, no masculino) e quais os confrontos nos mata-matas. Ninguém precisava ganhar nenhuma partida para chegar aos playoffs da competição – aliás, no caso da equipe feminina do São Bernardo, a "classificação" aconteceu sem ganhar um set sequer nos jogos classificatórios.

Nessa esteira, não espanta que o time de Bauru, com derrota em cinco dos seis jogos que disputou na primeira fase, tenha eliminado o Sesi nas quartas de final. A equipe do interior trouxe reforços da seleção dominicana (a líbero Brenda Castillo e a ponta Prisilla Rivera), repatriou a atacante Mari – que só deve estrear no decorrer da Superliga -, mas só escalou o time titular quando o resultado da partida realmente importava.

Diga-se também que o Concilig Vôlei Bauru não foi o único clube a disputar a maior parte do torneio com time misto, já que muitos jogadores voltando das férias – especialmente, os que disputaram as Olimpíadas do Rio – viram boa parte da competição da arquibancada – foi o caso, por exemplo, do Sesi, que não contou com Bruno, Lucão e Serginho nas três primeiras rodadas.

É lógico que, em termos jornalísticos, até o fato de o Campeonato Paulista ter um regulamento que diminui o valor de um mês inteiro de disputas deveria despertar o interesse da TV. Também é claro que o estadual não é o ponto alto da temporada e, por isso, não é pecado os clubes pouparem um ou outro jogador em alguma partida.

Mas, pensando no público que acompanha o vôlei e no lado esportivo da competição, é salutar repensar na fórmula de disputa para o ano que vem: é necessário oferecer algum risco de eliminação aos participantes antes dos mata-matas para que não disputem um mês de jogos quase amistosos. Se o campeonato for interessante desde o início, e não apenas na reta final, quem sabe assim não haja mais partidas transmitidas pela TV, com o consequente (e tão desejado) aumento da exposição das marcas dos patrocinadores?

Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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