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Para agradar TV, FIVB estuda partidas com duração máxima de 90 minutos

Sidrônio Henrique

07/10/2016 14h00

O 35º Congresso Mundial da FIVB foi realizado de 4 a 6 de outubro em Buenos Aires (fotos: FIVB)

A Federação Internacional de Vôlei (FIVB) discute a possibilidade de adotar o limite de tempo nas partidas, com uma hora e meia como teto, para tornar a modalidade mais atrativa para a televisão. O tema foi o ponto alto do último dia do 35º Congresso Mundial da entidade, encerrado nesta quinta-feira (6), em Buenos Aires, Argentina. O tempo máximo de 90 minutos foi apenas debatido, porém mostra a preocupação da entidade em adequar seu produto às exigências do mercado. O terceiro e último dia do evento foi fechado à imprensa, mas o Saída de Rede teve acesso ao conteúdo dos painéis.

Embora a FIVB tenha a preocupação de se adaptar à televisão, ainda falta muito para um consenso quanto a mudanças que não afetem a dinâmica do voleibol. Na época em que as equipes precisavam ter a vantagem para marcar um ponto, era comum ver jogos com mais de três horas de duração, algo que sempre assustou as emissoras de TV – a final masculina da Olimpíada de Montreal, em 1976, vencida pela Polônia diante da antiga União Soviética por 3-2, por exemplo, demorou quatro horas e meia.

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A adoção de pontos corridos a partir de 1999 e o consequente fim da vantagem foi a maior alteração já feita no vôlei a fim de diminuir a duração das partidas. Os sets passaram de 15 para 25 pontos, exceto no tie break, que permaneceu com 15 – mantida a diferença mínima de dois pontos em todas as parciais. Mesmo assim, muitos confrontos ainda ultrapassam as duas horas, atormentando os canais de televisão. Diante do dilema de ampliar o valor de mercado do produto voleibol sem comprometer o jogo, os dirigentes quebram a cabeça.

Tentativa de popularização
Variações da modalidade, de forma recreativa, como o snow volley (vôlei na neve) e o street volley (vôlei de rua), foram apresentadas durante o congresso como meios de ampliar a popularidade do esporte. A primeira é praticada em países de inverno rigoroso, com sets de 15 pontos. Já o street volley é uma carona numa variedade do basquete, popularizada nos Estados Unidos e que ganhou adeptos ao redor do mundo.

Mundiais 2018
Também foi mostrada em Buenos Aires a fórmula dos Campeonatos Mundiais masculino e feminino 2018, que será a mesma utilizada em 2014: 24 seleções em quatro grupos de seis equipes, com 16 avançando à segunda fase, seis na terceira, para então termos as semifinais e a decisão do bronze e do ouro.

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O torneio masculino, como já se sabia desde o ano passado, terá sua primeira edição compartilhada por dois países-sede, Itália e Bulgária. A partir da terceira fase, a Itália segue sozinha com a organização da competição. A FIVB avalia a possibilidade da final ser realizada na Arena de Verona, um anfiteatro ao ar livre, construído no século I e famoso por receber grandes produções de ópera, com capacidade para 15 mil espectadores. A ideia é ambiciosa e pode esbarrar em questões estruturais, como a adequação do local histórico a um evento esportivo, além da interferência do vento e outros fatores externos em um jogo de tamanha importância.

O Mundial 2018 feminino, como havia sido definido em 2014, será realizado no Japão – pela quarta vez se observarmos apenas as seis edições mais recentes. A diferença em relação ao torneio disputado há dois anos na Itália é a divisão do número de participantes por confederações continentais: oito da Europa, sete da Norceca (Américas do Norte, Central e Caribe), cinco da Ásia, dois da América do Sul e dois da África. Em 2014 foram dez da Europa, seis da Norceca, quatro da Ásia, dois da América do Sul e dois da África.

A Europa, continente do país-sede do torneio feminino há dois anos, perdeu duas vagas. Uma, compreensivelmente, foi para a Ásia, uma vez que o Japão será o anfitrião em 2018. A outra foi parar nas mãos da Norceca, presidida pelo dominicano Cristóbal Marte, fiel escudeiro do presidente da FIVB, Ary Graça, ex-mandatário da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV). Graça era candidato único ao comando da FIVB e vai continuar à frente da entidade por mais oito anos – ele está na presidência desde 2012. O Congresso Mundial é realizado a cada dois anos.

Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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