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Houve doping “legalizado” no vôlei da Rio 2016? Hackers dizem que sim

João Batista Junior

23/09/2016 18h45

Prata no Rio, sérvia Popovic tinha permissão para usar prednisolona (fotos: FIVB)

Prata no Rio, sérvia Popovic tinha permissão para usar prednisolona (fotos: FIVB)

Os hackers que invadiram a base de dados da Agência Mundial Antidoping (Wada) trouxeram à luz, nesta sexta-feira, três casos envolvendo o voleibol. Não são flagrantes de testes positivos, mas autorizações médicas com finalidade terapêutica para que três atletas do vôlei utilizassem, por certo período, substância considerada dopante. Um desses casos, inclusive, ocorreu durante a Rio 2016.

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De acordo com o site do grupo, a líbero sérvia Silvija Popovic foi autorizada a utilizar uma dosagem diária durante três dias de 40mg de prednisolona. O certificado da comissão data do dia 3 de agosto deste ano – antevéspera, portanto, da abertura dos Jogos – e expirou no dia 10 de agosto (data em que a Sérvia perdeu por 3 a 1 para os EUA, na terceira rodada da fase classificatória).

Segundo o próprio site, as tenistas norte-americanas Venus e Serena Williams também receberam autorização para uso dessa mesma substância. De acordo com o site Tua Saúde, a prednisolona é "um composto esteroide", sendo um medicamento indicado para tratar problemas como reumatismo, alterações hormonais, alergias, inchaços.

Entre 2010 e 2011, Alisha Glass recebeu permissão para utilizar prednisolona

Entre 2010 e 2011, Alisha Glass também pôde utilizar prednisolona

Além de Popovic, o grupo expôs a levantadora da seleção norte-americana Alisha Glass e o central da Itália Emanuele Birarelli. Os dois também foram medalhistas na Rio 2016, e receberam a aval para uso de substâncias proibidas em ocasião anterior.

Com passagem pelo vôlei brasileiro, Glass recebeu quatro laudos permitindo uso do mesmo composto de Popovic, a predsnisolona, entre julho de 2010 e abril de 2011.

Já o capitão da seleção masculina medalhista de prata, Birarelli teve permissão para utilizar 4mg de betametasona (durante três dias) e 25 mg de prednisona (por 12 dias), entre os dias 2 e 23 de setembro do ano passado. Embora o período em questão seja o mesmo da Copa do Mundo, o jogador não integrou o grupo da seleção italiana vice-campeã no Japão. O site Tua Saúde indica que são dois anti-inflamatórios, sendo a prednisona um corticoide

Birarelli em ação na Rio 2016

Birarelli foi o capitão da Itália na Rio 2016

(O corticoide foi banido pelo COI por mascarar contusões, o que possibilita atletas a atuarem mesmo lesionados.)

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Como já foi dito acima, não são casos de testes positivos de doping. São "certificados de aprovação para uso terapêutico" de determinada substância. Supostamente, a motivação dos hackers para expor os arquivos confidenciais e embaraçar atletas e dirigentes da WADA é uma represália às severas punições que o esporte russo tem sofrido nos últimos meses por conta de escândalos de doping.

Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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