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Carrasco do Brasil em Pequim 2008 dá adeus ao vôlei

Sidrônio Henrique

02/09/2016 06h00

Além do ataque matador, Clayton Stanley disparava mísseis quando sacava (foto: FIVB)

Naquele começo de tarde do dia 24 de agosto de 2008, em Pequim, na China, a seleção brasileira masculina de vôlei começou bem a final do torneio olímpico, abrindo 1-0 sobre os Estados Unidos. A alegria brasileira parou por ali. Logo no início do segundo set, o oposto americano Clayton Stanley ia servir e, sacando aberto, com uma potência poucas vezes vista, deixou seu time com uma vantagem de 6-0. Sequências como aquela foram comuns ao longo da competição em Pequim 2008. No ataque, suas cortadas eram difíceis de serem contidas. Os EUA venceram a final por 3-1, conquistando seu terceiro ouro olímpico, e Stanley foi o melhor jogador, o maior pontuador e o melhor sacador do torneio. O carrasco do Brasil.

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Esta semana, aos 38 anos, Clayton Stanley deu adeus ao voleibol, depois de lutar por quatro anos para se recuperar de uma lesão no joelho direito, que ele machucou exatamente contra a seleção brasileira, na primeira fase de Londres 2012. "Tentamos de tudo desde então, mas chegou a um ponto em que vimos que não dava mais", disse o atacante, por meio de uma nota da USA Volleyball, organização que dirige a modalidade nos Estados Unidos.

Tentativa de recuperação
No ciclo olímpico recém-encerrado, Stanley não jogou pela seleção. Ficou uma temporada de clubes na liga japonesa, depois tentou recuperar-se fisicamente em Anaheim, na Califórnia, no centro de treinamento da USA Volleyball. Uma fonte da organização disse ao Saída de Rede que desde o ano passado o oposto estava em processo de recuperação intensiva em Anaheim e que o técnico da seleção, John Speraw, queria contar com ele entre os 12 atletas na Rio 2016, a exemplo do também veterano Reid Priddy, ponteiro que veio ao Rio de Janeiro e foi essencial na virada sobre a Rússia na decisão do bronze.

Stanley foi um dos melhores opostos de todos os tempos (foto: USA Volleyball)

"O que mais me impressionou no Clay, e ele fez muitas coisas impressionantes, foi o quanto ele trabalhou para se desenvolver, para melhorar seu jogo. Quando ele se juntou à seleção, no início da década passada, ele era um diamante bruto. O braço era incrível e ele podia bater forte na bola, mas não havia muito além disso. Em 2008 eram tantas coisas que ele podia fazia em alto nível, ele se tornou um dos melhores do mundo na sua posição", comentou Hugh McCutcheon, técnico da seleção masculina dos EUA no ciclo 2005-2008 e assistente no período 2001-2004.

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Quem levou Clayton a praticar voleibol foi o pai, Jon Stanley, que havia feito parte da seleção americana nos Jogos Olímpicos da Cidade do México, em 1968. Além do ouro em Pequim 2008, Clayton Stanley competiu em outras duas Olimpíadas – foi quarto lugar em Atenas 2004 e eliminado nas quartas de final em Londres 2012. Entre suas conquistas pela seleção estão o ouro na Liga Mundial 2008, edição cujas finais foram disputadas no Maracanãzinho, no Rio de Janeiro, além de prata no mesmo torneio em 2012 e bronze em 2007. Participou de três Campeonatos Mundiais (2002, 2006 e 2010) e sua melhor colocação foi um sexto lugar em 2010. É considerado um dos melhores opostos e sacadores de todos os tempos. Ele, a esposa e a filha vão morar em Honolulu, no estado do Havaí, terra natal do atacante de 2,05m.

Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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