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No Rio, campanha similar a Atenas mantém vôlei brasileiro no topo

João Batista Junior

23/08/2016 06h00

Seleção brasileira comemora o terceiro título olímpico no vôlei masculino (fotos: FIVB)

Seleção brasileira comemora o terceiro título olímpico no vôlei masculino (fotos: FIVB)

A medalha de ouro conquistada pelo time comandado por Bernardinho, no domingo, chamou a atenção para o intervalo de 12 anos entre um título e outro do Brasil no vôlei de quadra masculino. Com as vitórias em 1992, 2004 e 2016, só os brasileiros, nos últimos 24 anos, subiram mais de uma vez ao ponto mais alto do pódio olímpico da modalidade – a Holanda venceu em 1996, a Iugoslávia, em 2000, os EUA, 2004 e a Rússia levou o ouro em 2012.

Noutro aspecto, somando as disputas no Maracanãzinho e em Copacabana, com duas medalhas de ouro e uma de prata, o Brasil repetiu a campanha de Atenas 2004, inclusive, nos prêmios por modalidade e naipe – ouro na quadra e na areia com os homens, prata na praia com as mulheres. Só os EUA, com três medalhas de bronze, se igualaram à delegação brasileira no total das medalhas, mas ninguém conquistou tantos ouros. Dessa forma, assim como em Atlanta 1996, Atenas 2004 e Londres 2012, o Brasil ficou no topo do quadro de medalhas do vôlei.

Veja nossa rápida retrospectiva sobre o vôlei na Rio 2016.

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Dois tricampeonatos no Maracanãzinho
Com cada grupo nos torneios olímpicos classificando quatro de seis seleções para a fase subsequente, é comum haver quem diga que a primeira fase (do vôlei, do handebol, do basquete) é mero protocolo para os favoritos e que a disputa só esquenta, mesmo, na segunda semana, com os mata-matas. Mas isso não funcionou no vôlei da Rio 2016: derrotas das chinesas dentro da chave classificatória e um surpreendente Canadá subverteram a lógica das apostas e derrubaram favoritos – direta ou indiretamente.

Para conquistar o ouro, as chinesas venceram a seleção brasileira nas quartas

Para conquistar o ouro, as chinesas venceram a seleção brasileira nas quartas

No torneio feminino, a China recuperou-se dos três reveses sofridos nas cinco primeiras rodadas com uma vitória espetacular sobre o Brasil. Aquele 3 a 2 das quartas de final foi provavelmente a mais dolorosa derrota sofrida por uma seleção brasileira na Rio 2016, e, por outro lado, deu impulso e confiança às chinesas para conquistarem o ouro pela terceira vez – também venceram em 1984 e 2004.

A prata ficou com a Sérvia, que frustrou os EUA nas semifinais. Desde o segundo lugar da Rússia em Atenas 2004 um time europeu não subia ao pódio do vôlei olímpico feminino. Às norte-americanas, prateadas nas duas últimas Olimpíadas, coube a medalha de bronze conquistada em vitória contra a Holanda.

Ressalte-se que foi a melhor participação olímpica de sérvias e holandesas no vôlei feminino, e que a Sérvia perdeu os cinco jogos que fez em Londres 2012, enquanto a Holanda não participava desde Atlanta 1996.

A competição masculina, por sua vez, teve na seleção canadense o fator de desequilíbrio. Muito por conta da vitória do Canadá sobre os EUA na rodada inaugural – aliada à boa campanha da Itália, que não tomou conhecimento dos favoritos que enfrentou, e à recuperação dos próprios estadunidenses –, o duelo entre Brasil e França, último jogo da última rodada, que, antes, tinha cara de prévia da decisão olímpica, virou um mata-mata antecipado.

Sobrevivente no confronto e fortalecido pela torcida, o Brasil suou a camisa para vencer a Argentina nas quartas de final – num jogo em que quase perdeu Lucarelli e Lipe, lesionados – e passou pela Rússia nas semifinais. O ouro veio numa final apoteótica contra a Itália, o terceiro título da história olímpica do voleibol masculino brasileiro, encerrando um jejum de grandes títulos que perdurava desde o Mundial de 2010.

O bronze ficou com os EUA, que reverteram um placar de 2 sets a 0 para os russos na decisão do terceiro lugar.

Elevador olímpico tem Brasil em estado de graça e decepção russa

No Rio, Alison e Bruno confirmaram o favoritismo e conquistaram o ouro

No Rio, Alison e Bruno confirmaram o favoritismo e conquistaram o ouro

Brasileiros e alemãs ganham em Copacabana
Havia quem projetasse três, havia quem acreditasse em quatro medalhas para o vôlei de praia brasileiro no Rio. Havia quem sonhasse com dois ouro, havia quem alertasse que, no feminino, era preciso tomar cuidado com Walsh e Ross, dos EUA. O certo é que Alison e Bruno Schmidt foram a previsão que se confirmou na areia.

Na chave masculina, Evandro e Pedro Solberg chegaram como a parceria menos cotada entre as equipes brasileiras e saíram ainda mais cedo do que se previa, nas oitavas de final, com três derrotas em quatro jogos. Com a queda também precoce dos dois times norte-americanos, que, a exemplo, de 2012, não emplacaram nenhuma dupla entre as quatro melhores, três times europeus chegaram às semifinais, mas foram incapazes de frear Alison e Bruno.

Os campeões mundiais superaram vários percalços no meio do caminho, como uma derrota na segunda partida, uma lesão de Alison no terceiro jogo, forte ventania nas quartas de final, para chegarem à decisão e baterem os italianos Nicolai e Lupo.

No lado feminino, as alemãs Ludwig e Walkenhorst, invictas e primeiras do ranking mundial, tiraram Larissa e Talita nas semifinais e superaram Ágatha e Bárbara Seixas na decisão. O bronze ficou com Walsh/Ross, o que rendeu a Walsh sua quarta medalha – foi tricampeã ao lado de Misty May.

Mesmo sem título, o vôlei de praia feminino do Brasil, que conquistou seu único ouro há 20 anos, com Jacqueline e Sandra, pôde comemorar a volta a uma final olímpica depois de 12 anos, e o fato de que desde Sydney 2000 não classificava duas parcerias entre as quatro primeiras colocadas.

Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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