Se jogar como franco-atiradora, boa geração argentina pode vencer o Brasil
Brasil x Argentina nas quartas era um confronto que muita gente imaginou quando foram confirmados os grupos da primeira fase da Rio 2016. De fato, é esse o jogo que teremos na noite desta quarta (17), às 22h15 (horário de Brasília), mas curiosamente ele aconteceu "por linhas tortas": quem passou em primeiro na chave foram os hermanos, enquanto os donos da casa ficaram com a última vaga de seu grupo, com direito a vitória dramática diante da França para conseguir a classificação.
Isso, por si só, é motivo mais que suficiente para termos cuidado com os argentinos, apesar de eles atualmente ainda lutarem para se estabelecer na elite do voleibol masculino mundial. As quedas e dificuldades de vários favoritos nessa Rio 2016, como a própria seleção brasileira feminina, é outro fator que seguramente preocupa Bernardinho. Mas não sejamos hipócritas: depois de tudo o que passou, a Argentina é o adversário "menos pior" que os brasileiros poderiam encarar nessas quartas.
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A sorte parece ter virado, mas de forma alguma isso significa que a vaga na semi esteja quase garantida. Será preciso fazer um bom jogo contra o melhor time argentino desde a saída do excepcional Marcos Milinkovic do time – Milinkovic, aliás, foi um dos destaques e o responsável pelo ponto final na última vez que o Brasil ficou pelas quartas na Olimpíada, em Sidney 2000. Não há remanescentes do time brasileiro na ocasião (nem mesmo Bernardinho era o técnico e sim Radamés Lattari), mas a base que se consagraria com o ouro em Atenas 2004 estava lá, com Maurício, Giba, Dante, Gustavo, Giovane e Nalbert.
Ponto forte
O grande nome da Argentina está fora da quadra: o técnico Julio Velasco. Não é exagero falar que ele é uma das pessoas que mais entende de voleibol no mundo, com excelentes trabalhos no voleibol italiano (foi bicampeão mundial e prata nos anos 90), além de Espanha e Irã. Eleito pela FIVB o melhor treinador do século XX, assumiu a seleção de seu país em 2014 após até a então presidenta Cristina Kirchner participar das negociações. É um gênio que tem em mãos uma mescla de jogadores bem estabelecidos na Europa (como o ponteiro Facundo Conte, o central Sebastian Solé e o levantador Luciano De Cecco) com jovens promissores (caso do oposto Bruno Lima).
Ponto fraco
Falta experiência aos argentinos em jogos tão importantes como este e isso pode pesar. Além disso, a recepção costuma falhar com constância maior que a aceitável. É verdade que o líbero Alexis González está fazendo uma grande Olimpíada, mas ele nunca foi uma unanimidade na posição. Por fim, o time também sofre no bloqueio contra adversários que atacam bolas rápidas.
Qual a chance de ganhar do Brasil?
Apesar de os números da Rio 2016 dizerem o contrário, o Brasil é favorito: no último confronto entre os times, durante a Liga Mundial, a equipe de Bernardinho foi superior e conseguiu um 3 a 0. Porém, a Argentina não teve Conte e, se assumir a condição de franco-atiradora sabendo jogar com a pressão de resultados em cima da seleção brasileira, pode sair do Maracanãzinho com a vitória.
Fique de olho
O ponteiro Facundo Conte tem apenas 26 anos, mas já é um veterano com pasagens por clubes do gabarito de Macerata, Dínamo Krasnodar e PGE Skra Belchatów. Sofreu com uma lesão no ombro recentemente, mas voltou muito bem e está entre os melhores atacantes e sacadores da Liga Mundial. É perigosíssimo.
Elenco (em negrito, o provável time titular)
Levantadores: Luciano de Cecco (camisa 15) e Demian Gonzalez (8)
Opostos: Bruno Lima (12) e Jose Luis Gonzalez (10)
Centrais: Pablo Crer (14), Sebastian Sole (11) e Martin Ramos (4)
Ponteiros: Facundo Conte (7), Cristian Poglajen (6), Nicolas Bruno (1) e Ezequiel Palacios (13)
Líbero: Alexis Gonzalez (16)
Desempenho no ciclo olímpico
Os últimos quatro anos da Argentina podem ser divididos em duas partes: antes e depois do Mundial 2014, justamente a época em que Velasco assumiu o time após uma crise entre os jogadores e o antigo técnico, Javier Weber. Sem ter muito o que fazer por falta de tempo, Velasco não conseguiu levar os argentinos além da 11ª posição, mas depois chegou a um interessante quinto lugar na Copa do Mundo, engrossando jogos com equipes mais fortes. Também levou o ouro no Pan de 2015 (ocasião em que enfrentou o time C do Brasil na final).
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