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Saída de Rede

Ex-levantador do Brasil Kirin realiza de última hora sonho olímpico

Sidrônio Henrique

02/08/2016 16h00

O argentino Demián González jogou pelo Brasil Kirin na temporada 2015/2016 (foto: Brasil Kirin)

Aos 33 anos, o veterano levantador argentino Demián González havia desistido do sonho de disputar uma Olimpíada. Logo após a final da Superliga, quando seu clube, o Brasil Kirin, de Campinas, perdeu para o Sada Cruzeiro, ele dizia ao Saída de Rede que já se conformava ao saber que Luciano De Cecco e Nicolás Uriarte seriam os escolhidos pelo técnico da Albiceleste, Julio Velasco, para a posição. Os dois também haviam sido a escolha do então treinador Javier Weber há quatro anos, para os Jogos de Londres. Um desentendimento entre Velasco e Uriarte há algumas semanas abriu espaço para o veterano González, coroando um dos melhores momentos em sua carreira.

Depois da bem sucedida temporada na Superliga 2015/2016, quando foi um dos principais jogadores do vice-campeão Brasil Kirin e um dos melhores levantadores do torneio, González já havia assinado com o time turco Halkbank Ankara para a próxima temporada quando soube que iria aos Jogos Olímpicos. Sem dúvida, um grande ano para ele.

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Com o Mundial 2010 no currículo e ainda oito edições da Liga Mundial, sempre como segundo ou terceiro levantador, Damién González tinha seu talento reconhecido pelos técnicos do país, mas via a chance de disputar as Olimpíadas esbarrar nas qualidades da dupla De Cecco-Uriarte. "Estar em uma Olimpíada era o meu sonho, muito mais do que em um Campeonato Mundial, era meu grande sonho desde pequeno", afirmou.

A Argentina está no grupo B, que tem ainda Rússia, Polônia, Irã, Egito e Cuba. Os argentinos estreiam no dia 7, às 22h35, contra os iranianos. Será a sétima participação olímpica do vôlei masculino da Argentina, que conquistou uma medalha de bronze em Seul 1988.

Veja o que disse González sobre alguns temas escolhidos pelo Saída de Rede:

Primeira Olimpíada
Eu estou em um momento incrível. Dois meses atrás, parecia muito difícil, mas agora estou muito feliz. Estar em uma Olimpíada era o meu sonho, muito mais do que em um Campeonato Mundial, era meu grande sonho desde pequeno. Dou graças a Deus, falta pouco para cumprir esse sonho. Sou grato a aqueles que tiveram confiança em mim estes anos, todas as equipes pelas quais passei. Agora é o momento de desfrutar, mas é um tempo de muita responsabilidade também. Tenho muita expectativa de que a seleção vá bem, esta equipe tem grandes jogadores e isso é algo que há muito não acontecia, termos tantos jogadores em alto nível. Espero que possamos refletir na Olimpíada o que fizemos em nossos treinamentos.

Ao lado de De Cecco, na concentração (foto: Somos Vóley)

O que ele pode acrescentar
O Luciano (De Cecco) é um fenômeno, um dos melhores levantadores do mundo. Eu acho que posso contribuir com a minha experiência, precisão, tranquilidade… Eu sou um dos mais antigos da seleção, sou velho (risos), então me parece que a maturidade é a minha grande contribuição. Durante a Liga Mundial vimos, nos momentos difíceis, que podíamos permanecer calmos, jogar bem e fechar sets equilibrados.

Jogar na Superliga
É um campeonato muito competitivo, o voleibol no Brasil está em alto nível há muitos anos, o que faz com que o torneio cresça continuamente. A Superliga foi muito importante na minha carreira, me ajudou muito ter estado ali, jogando pelo Brasil Kirin. Talvez não soe muito humilde, mas eu realmente acho que fiz uma grande temporada, chegamos à final e caímos diante do Sada Cruzeiro, que é campeão mundial. Lutamos muito, cometemos alguns erros nos finais de set. Sem esses erros, talvez, o resultado poderia ter sido diferente. Também foi um desafio para mim deixar o UPCN (clube argentino). Eu fui com a minha família para o Brasil e esse grande desafio felizmente correu bem. Agora, infelizmente, o Brasil enfrenta um momento economicamente difícil e eu não pude continuar na equipe. Queria continuar e eles me queriam. Faço questão de destacar que o clube nos deu liberdade diante da crise econômica para procurarmos o melhor para nós, foram muito profissionais. Tive uma temporada muito boa, vou guardar essa recordação do Brasil, fiquei muito satisfeito com a experiência. E ainda vou guardar para sempre ter tido a chance de conhecer André Heller e Maurício Lima pessoalmente.

Demián González durante a Liga Mundial 2016 (foto: FIVB)

Chances da Argentina na Rio 2016
A equipe está muito bem, está em evolução após uma grande Liga Mundial, que nos serviu para perceber que, se jogarmos bem, podemos encarar os melhores do mundo em condições de igualdade. Provamos isso. Nós temos chances, mas temos que encarar partida a partida, não podemos pensar muito adiante, nos precipitarmos. Estamos em um grupo complicado. Se passarmos de fase, então vamos pensar nas quartas de final. Aí sim, vai ser ainda mais difícil, pois a chance de chegar às semifinais será decidida em um confronto. Estamos tentando encontrar o equilíbrio que nos permita jogar o nosso melhor por um longo tempo. Isso é parte do que conseguimos na Liga Mundial. Nos serviram de lição tanto as vitórias quanto as derrotas porque vimos que com pequenos ajustes poderíamos ter fechado alguns sets.

Colaborou Sergio López, do site argentino Somos Vóley

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Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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