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Saída de Rede

WhatsApp e conselhos unem meios de rede da seleção a promessa do vôlei

Carolina Canossa

01/08/2016 15h55

Saraelen passou por Pinheiros e São Caetano antes de chegar ao Vôlei Nestlé (Foto: João Pires/Fotojump)

Saraelen passou por Pinheiros e São Caetano antes de chegar ao Vôlei Nestlé (Foto: João Pires/Fotojump)

"Ah, pra que Gamova? A Saraelen é quem manda nessa p…a!". Quem frequentou o ginásio José Liberatti, em Osasco, na última temporada provavelmente ouviu os fãs do Vôlei Nestlé cantarem a bem humorada rima que compara uma jovem a um dos maiores nomes da história do vôlei. Aos 22 anos, a central Saraelen Leandro Ferreira Lima sequer joga na mesma posição da gigante russa, recém-aposentada, mas já virou xodó da torcida graças às boas atuações no período em que substituiu Thaísa, operada dos dois joelhos, no time. E é justamente os passos da compatriota que ela sonha em seguir.

"Da compatriota", não. Para falar de Saraelen, é melhor usar o plural: "das compatriotas". Prestes a iniciar sua segunda temporada na equipe da Grande São Paulo, Saraelen fala com o carinho de uma irmã mais nova quando o assunto é Thaísa, Adenízia e Juciely, três jogadoras que vão defender a seleção brasileira na Olimpíada do Rio a partir de sábado (6). Trata-se de gratidão por uma série de conselhos que ganhou delas nos últimos meses, dentro e fora das quadras.

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"Quando vim pra cá, a Thaísa tinha recém-operado e me deu muita força. Eu saía do treino e ela vinha me perguntar se tinha treinado bem, me dava dicas. Tudo o que eu joguei no Paulista e na Superliga foi graças a ela", comenta Saraelen, que conversou com o Saída de Rede antes de um treino visando a Copa São Paulo, primeiro torneio da temporada de clubes brasileiros. "A Adenízia também me ajudou muito. Ela me falava dentro de quadra: 'Olha, se você não fechar pra cá, não vai me bloquear' ou 'Se você não fizer assim, os outros vão montar em cima de você'. Foi onde eu pude crescer muito. Elas fazem isso por amor ao esporte, para ajudar quem está vindo", destaca.

Com o início da preparação para a Rio 2016, o contato passou a ser feito por WhatsApp. E foi justamente através do aplicativo que Saraelen estreitou os laços com Juciely, amiga que defende o rival Rexona-Sesc e que também vai tentar o ouro olímpico. "Ela já me disse: 'Você vai conquistar muita coisa e tem que ser muito forte porque, a cada degrau que subir, dez mil vão atirar pedra pra te fazer voltar"', conta a novata, que em 2015 foi um dos destaques da campanha que levou o Brasil ao título mundial sub-23. Na ocasião, ela marcou 16 pontos na final, que foi acompanhada ao vivo pelas atletas da seleção principal graças à internet.

Saraelen marcou 16 pontos na final do Mundial sub-23, vencida pelo Brasil (Foto: Divulgação/FIVB)

Saraelen marcou 16 pontos na final do Mundial sub-23, vencida pelo Brasil (Foto: Divulgação/FIVB)

Com a transferência de Thaísa e Adenízia para times do exterior, Saraelen provavelmente terá ainda mais chances de jogar ao longo dos próximos meses em um dos principais times do país, algo que até pouco tempo atrás nem passava pela cabeça de uma menina que só começou a jogar vôlei aos 15 anos após ser escolhida em uma peneira para a qual foi, inicialmente, apenas acompanhar uma amiga. Hoje, com a carreira já engatilhada, diz "se cobrar demais", mas nem por isso se considera uma substituta das recém-saídas centrais da seleção. "A Natália e a Bia, que são as outras centrais que estão aqui, são extremamente competentes e já atuaram de titulares na Superliga. Será uma briga de igual pra igual e a vaga está aí para quem estiver melhor", analisa.

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E a musiquinha da torcida? Com um sorriso no rosto, Saraelen lembra que precisou se concentrar quando ouviu o canto pela primeira vez, durante uma partida. Alvo de brincadeiras das próprias colegas de equipe, naquele dia teve que colocar a mão no rosto para não correr o risco de rir na frente das adversárias e ser mal- interpretada. "No começo eu não entendi nada do que cantavam. Depois quando eu entendi, eu falava: 'Gente, mas não faz sentido!'. Deve ser por causa da rima…", despista.
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Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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