Topo

Saída de Rede

A volta por cima do mais brasileiro dos canadenses

Sidrônio Henrique

26/07/2016 06h00

Winters: "O Brasil é um país especial para mim e para a minha mulher" (foto: Reprodução/Facebook)

O mais brasileiro dos canadenses está duplamente feliz, como a foto acima indica. Em menos de duas semanas, o ponteiro Fred Winters vai realizar o velho sonho de participar dos Jogos Olímpicos pela seleção de vôlei do Canadá e, ao mesmo tempo, fazer isso no Brasil, país que o acolheu durante as duas temporadas que jogou pelo multicampeão Sada Cruzeiro e pelo qual se afeiçoou, além de conquistar inúmeros fãs. Desde Gatineau, na província de Quebec, onde fica o centro de treinamento da equipe canadense, Winters conversou com o Saída de Rede.

Curta o Saída de Rede no Facebook

"O Brasil é um país especial para mim e para a minha mulher, nós adoramos o período que vivemos em Belo Horizonte. Visitamos o país de norte a sul, especialmente as praias, fizemos grandes amigos. Eu esperava poder jogar na Rio 2016, enfrentar alguns dos meus ex-colegas do Sada Cruzeiro, que são pessoas fora de série", afirmou, referindo-se aos amigos William Arjona, Éder Carbonera e Wallace Souza – o canadense foi dispensado e ainda não tem proposta para a próxima temporada, enquanto os dois últimos vão para o Funvic/Taubaté.

Susto
O ponta de 33 anos e 1,98m tomou um susto em maio deste ano. Quando foi anunciada a lista dos 14 atletas da seleção que iriam disputar uma vaga na Rio 2016 no Pré-Olímpico Mundial, Winters estava fora da equipe pela primeira vez desde 2003. A classificação veio e com ela a incerteza. "De vez em quando pintava a dúvida se eu seria capaz de dar a volta por cima, pois eles haviam se classificado sem mim e talvez eu não fosse mais necessário no Rio", contou o atacante. "Mas durante a Liga Mundial eu provei do que sou capaz, que sou importante para o time", completou.

Recebendo o troféu Viva Vôlei na Superliga (foto: Renato Araújo/Sada Cruzeiro)

Na sexta-feira passada (22), o fim da agonia. O técnico da seleção canadense, Glenn Hoag, anunciou os 12 jogadores que vão ao Rio de Janeiro e o nome de Fred Winters estava entre eles. "Ter sido excluído antes do Pré-Olímpico Mundial foi duro, mas não ia me impedir de tentar fazer o meu melhor. Estou perto de encerrar minha participação na seleção e eu não ia desistir tão facilmente", relembrou o capitão do Canadá. Ele aproveitou a oportunidade de voltar ao time na conquista da segunda divisão da Liga Mundial para mostrar que ainda pode oferecer algo.

Mais experiente do time, Winters disse que muita coisa mudou desde sua estreia na seleção, nos Jogos Pan-Americanos 2003. "Disputar a Liga Mundial todos os anos, por exemplo, nos tornou mais competitivos. Hoje em dia temos uns 18 atletas que poderiam representar o Canadá na Olimpíada. Na década passada tínhamos alguns talentos, mas os reservas estavam bem abaixo dos titulares".

Oportunidades
Durante sua carreira, Fred Winters teve a oportunidade de jogar em algumas das melhores ligas do mundo, além da brasileira, entre elas a italiana, a russa e a turca. Fez parte de duas das maiores equipes de todos os tempos no universo dos clubes: o italiano Sisley Treviso, em 2007, e o brasileiro Sada Cruzeiro, de 2014 a 2016. "Foram duas épocas bem distintas da minha vida. Eu cheguei ao Sisley com apenas 24 anos e não tinha ideia do que estava acontecendo (risos). Eu vinha da liga sul-coreana e tudo o que eu sabia era que estava numa equipe muito especial, cheia de craques, como Gustavo Endres, Papi, Fei, Vermiglio, entre outros. O Sada Cruzeiro é um time fantástico também".

Brasil é o principal favorito ao ouro, diz técnico do Canadá

E aí, Fred, quem ganharia o duelo hipotético entre aquele Sisley Treviso de 2007 e o Sada Cruzeiro da última temporada? "Acho que o Sada ganharia, pela química incrível entre os jogadores e por ter o William", cravou o ponteiro, rindo mais uma vez.

O ponteiro ataca durante aquecimento na Copa do Mundo 2015 (foto: FIVB)

Indagado sobre o que a seleção masculina de vôlei do Canadá espera na Rio 2016, ele diz que o time tem tanta chance de subir ao pódio quanto qualquer outro. "Ainda que uma medalha não seja nossa meta, nós vamos começar tentando passar de fase e dali até chegar a disputa por medalhas", acrescentou o capitão.

Programação
A seleção canadense, que no início do mês venceu a segunda divisão da Liga Mundial e subirá para a elite em 2017, desembarca em São Paulo nesta quarta-feira (27) e segue para Taubaté. Ficará na cidade treinando e fará dois amistosos contra a equipe local, nos dias 29 e 30. No dia 1º de agosto, o grupo viaja de ônibus para o Rio de Janeiro. A estreia na Olimpíada será no dia 7 de agosto, às 17h05, contra os Estados Unidos. O Canadá enfrentará o Brasil na rodada seguinte, no dia 9, às 22h35. Na sequência virão as partidas diante da França (dia 11, às 17h05), do México (dia 13, às 20h30) e da Itália (dia 15, às 20h30).

————-

Receba notícias de vôlei pelo WhatsApp

Quer receber notícias no seu celular sem pagar nada? 1) adicione este número à agenda do seu telefone: +55 11 94546-6166 (não esqueça do "+55″); 2) envie uma mensagem para este número por WhatsApp, escrevendo só: giba04

Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

Blog Saída de Rede