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Saída de Rede

Éder faz a diferença em vitória sobre os EUA

Sidrônio Henrique

19/06/2016 03h33

Éder se destacou no ataque, no bloqueio e no saque (fotos: Alexandre Loureiro/Inovafoto/CBV)

Há muito tempo não se via a seleção brasileira masculina tão bem ajustada em um começo de temporada, com um sistema defensivo consistente e um saque capaz de fazer a diferença. Na virada deste sábado para domingo (19), após ter passado em sets diretos pelo Irã e pela Argentina neste primeiro fim de semana da Liga Mundial, o Brasil demonstrou categoria diante dos Estados Unidos, rival na briga pelo ouro na Rio 2016. No seu primeiro teste de fogo na temporada, o time de Bernardinho venceu os americanos por 3-1 (25-19, 25-15, 22-25, 25-22), com destaque para o central Éder Carbonera, que além de atuações convincentes no ataque e no bloqueio, tirou o time do sufoco com o seu saque no final do quarto set, impedindo que a partida fosse para o tie break.

O oposto americano Matt Anderson, que começou a ser efetivo a partir do terceiro set, foi o maior pontuador do jogo, com 19, seguido pelos brasileiros Wallace Souza (oposto) e Ricardo Lucarelli (ponta), com 18 e 17 pontos, respectivamente. Mas foi Éder, com seus 16 (sete de ataque, cinco de bloqueio e quatro de saque), quem dominou a cena na Arena Carioca 1, no Rio de Janeiro, ginásio que será palco dos jogos de basquete na Olimpíada. Foi a estreia do central na competição. Se mantiver o ritmo, será impossível não vê-lo entre os 12 em agosto no Maracanãzinho. Destaque também para Wallace, que com 14 pontos no ataque (56% de aproveitamento) teve sua melhor atuação até aqui na Liga Mundial.

Bernardinho novamente fez mudanças, colocando em quadra Éder e Lipe, na sequência do rodízio com os centrais e os ponteiros. Completaram o time Wallace, Bruno, Lucão, Lucarelli e Serginho. Os EUA vieram com força máxima, sem poupar nenhum titular. As duas equipes estão na mesma chave na Olimpíada.

Começo tranquilo
O jogo pode ser dividido em duas partes. Na primeira, composta pelos dois primeiros sets, o Brasil sobrou em quadra, com o saque (forçado, flutuante curto ou longo) quebrando o passe dos EUA e a relação bloqueio-defesa próxima da perfeição. O time brasileiro defendia quase tudo, desgastando os atacantes norte-americanos. Sob pressão, a seleção comandada pelo técnico John Speraw tentava forçar o saque, cometendo muitos erros. O Brasil fechou as duas primeiras parciais sem esforço, dando a impressão que liquidaria a fatura no terceiro set.

Veio então a segunda parte. A equipe brasileira passou a errar mais, o saque parou de entrar. Por exemplo, até o primeiro tempo técnico do terceiro set, o Brasil já havia errado três serviços somente naquela parcial, enquanto nas duas primeiras, somadas, o total ficava em seis. Os EUA ganharam mais confiança e aí a linha de passe brasileira, que havia sido pouco testada até ali, apresentou falhas.

Bernardinho pede calma durante reação dos EUA

Na metade do set, o levantador Bruno Rezende, que vinha bem na partida, cometeu erros de precisão e de distribuição, como na sequência em que levantou duas vezes seguidas para Lucão, bloqueado em ambas por David Lee. Os americanos abriram 17-10. Bernardinho fez a inversão entre oposto e levantador, com a saída de Bruno e Wallace para a entrada de William Arjona e Evandro Guerra. O time até encostou no placar, mas acabou derrotado.

Éder vira o quarto set
A quarta parcial foi a mais equilibrada da partida. O saque brasileiro voltou a funcionar, mas os americanos também tinham bom aproveitamento nesse fundamento. Parecia que o jogo iria para o tie break. Em um erro absurdo, o video check deixou escapar um toque claro do ponteiro americano Reid Priddy na rede e o que seria 19-18 a favor dos americanos virou 20-17 – falha preocupante e que pode comprometer um resultado na Olimpíada. O Brasil rodou e foi aí que Éder fez a diferença, ele que já havia tido uma boa passagem no saque no segundo set.

O central gaúcho foi para o serviço com 18-20 e saiu de lá quando o placar marcava 22-21 para os brasileiros. Além dos quatro aces que fez ao longo da partida, várias vezes Éder quebrou o passe dos EUA. Some-se à sua habilidade no saque, a capacidade de resistir à pressão. Ele não reduziu a intensidade nem mesmo depois que John Speraw pediu tempo, no meio da sequência que mudou o rumo do set. A partida acabou com uma diagonal de Evandro, que outra vez havia entrado na inversão ao lado de William.

Boa arrancada
Mais do que as três vitórias na arrancada da Liga Mundial, o que deixa o torcedor animado a 47 dias do início dos Jogos Olímpicos é que a equipe apresentou um bom padrão de jogo, faltando apenas alguns cortes para a definição do elenco – Bernardinho deverá tirar um ponteiro, dois centrais e um líbero.

O time brasileiro saca, bloqueia e defende bem – ataque quase nunca foi problema para a seleção. O saque em alto nível, algo essencial em um cenário tão equilibrado, em que seis equipes (Brasil, EUA, França, Rússia, Itália e Polônia) devem chegar ao Rio com chances reais de ouro, é a grande novidade de um time que vinha tendo um desempenho apenas regular nesse fundamento. A defesa precisa, bem posicionada, com o auxílio do bloqueio, como a que vimos nestas três rodadas na Arena Carioca 1, pode resultar em contra-ataques mortais. Muita coisa pode acontecer nesse mês e meio até a Rio 2016, mas o começo de temporada é promissor.

A seleção brasileira viaja nesta segunda-feira para Belgrado, Sérvia, onde a partir de quinta-feira até sábado enfrentará os donos da casa, o Irã e a Bulgária.

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Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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