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Perto de despedida da seleção, Murilo se prepara para voltar a ser "chato"

Carolina Canossa

09/05/2016 13h16

Murilo assume a função de cobrar os demais companheiros de seleção (Foto: Divulgação/Olympikus)

Murilo assume a função de cobrar os demais companheiros de seleção (Foto: Divulgação/Olympikus)

O ciclo olímpico iniciado logo após a prata em Londres-2012 foi difícil para Murilo. Não bastasse o maior equilíbrio no cenário internacional, que afastou a seleção brasileira do primeiro lugar nos pódios pelo mundo, o ponteiro ainda viu seu desempenho ser minado por duas cirurgias no ombro. Mas, ao contrário do que muitos previram, o atacante chega às vésperas da Olimpíada do Rio de Janeiro em sua melhor forma desde então, o que lhe permite sonhar com o protagonismo na busca de mais uma medalha de ouro na carreira.

Medalha de ouro que pode ser a última vestindo a camisa da seleção – em recente entrevista ao jornal "O Globo", Murilo admitiu pela primeira vez que 2016 deve ser seu último ano no time nacional. Aos 34 anos, diz que pode eventualmente ajudar "em uma competição isolada", mas o físico torna muito difícil que faça um novo ciclo completo. Até lá, porém, pretende voltar a ser "chato" com os companheiros de equipe, algo que não conseguiu nos últimos anos devido à queda de rendimento.

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"O Bernardo me dizia que eu era o líder e tinha que cobrar, mas não me sentia tão à vontade. Antes (das lesões), eu enchia o saco de todo mundo, pegava no pé. Eu era muito chato, na verdade. Então, deixei de ser um pouco chato, ranzinza, mas tenho que voltar um pouco a isso. Querendo ou não, é uma responsabilidade que eu possuo dentro de quadra. Eu tenho a função de passar, atacar e sacar, mas tenho que reclamar também", comentou o jogador.

Ser chato, para Murilo, significa também aproveitar a oportunidade de passar a jogadores mais jovens como Ricardo Lucarelli, Lucas Lóh e Douglas Souza, toda a experiência que possui, adquirida em anos de convívio com ídolos como Giba, Nalbert, Giovane e Dante. Ele se diz otimista quanto às chances da seleção no Rio-2016, mas prevê sofrimento para a torcida.

"Esse grupo está querendo demais, não tenho dúvida de que todos vão se dedicar ao máximo, só que vamos precisar botar isso em prática. Temos consciência de que seis seleções que vem pra Olimpíada para brigar não só pelo pódio, mas pelo ouro. A gente não está falando da boca pra fora, vai ser muito difícil. Então, vamos tentar nos preparar da melhor maneira possível", explicou.

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Mais velho de todos os ponteiros que atualmente treinam em Saquarema, ele acredita que seus companheiros não sentirão a pressão de jogar uma Olimpíada. O recado é válido especialmente para Lucarelli, que apesar de ter defendido a seleção constantemente nos últimos anos, terá no Rio de Janeiro sua primeira oportunidade de jogar uma edição dos Jogos.

"Para ser sincero, não tem muito o que moldá-lo, até porque ele ficou treinando com a gente em 2012. O principal para o Lucarelli é não sentir essa responsabilidade de ser uma Olimpíada. É uma competição importante, mas ele tem que entrar e jogar voleibol. Não pode ficar pensando "ah, é uma Olimpíada, olha os arquinhos lá". Se hoje ele é o principal atacante da seleção e fazia 20 pontos, agora tem que ter vontade de fazer 25. É assim que tem que encarar Olimpíada, sem pensar no que pode ou não acontecer. Entrar para jogar e se divertir", destacou.

* Carolina Canossa foi a Saquarema a convite da Olympikus

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Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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